Acessibilidade / Reportar erro

Ceras foliares epicuticulares de espécies congêneres da mata e do cerrado

Foliar epicuticular waxes of congeneric species from forest and cerrado vegetation

Resumos

Espécies de cerrado e mata foram analisadas quanto à sua composição em ceras foliares epicuticulares e de seus componentes hidrocarbonetos. Observou-se nas espécies de cerrado uma tendência a teores de ceras pouco maiores que os de espécies de mata estacionai semidecídua. A porcentagem de hidrocarbonetos nas ceras foi maior na maioria das espécies de mata que nas espécies congêneres de cerrado. Pela análise em CG, os hidrocarbonetos mostraram predominância de C29 e C31 apresentando um comprimento médio da cadeia de carbono dos homólogos menos variável em espécies de mata, em torno de 30,5, que de cerrado nas quais este valor variou de 28,5 a 31,3. Os resultados são discutidos em relação ao provável papel ecológico das ceras e sua aplicação como marcadores taxônomicos.

ceras epicuticulares; cerrado; floresta semidecídua; alcanos; ecologia


Four woody species of cerrado and five woody species of seasonal semideciduous forest were analysed concerning the contents of epicuticular waxes and their parafinic profiles. The cerrado species showed a tendency to higher contents of epicuticular waxes and lower proportion of hydrocarbons than the forest species. The C29 and C31 alkanes were dominant in all species and the average lenght of the hydrocarbon chains were around 30,5 in the forest species and from 28,5 to 31,3 in the cerrado species. The ecological and taxonomic aspects of this characteristics are discussed.

epicuticular waxes; cerrado and semideciduous forest; alcanes; ecology


Ceras foliares epicuticulares de espécies congêneres da mata e do cerrado*

Foliar epicuticular waxes of congeneric species from forest and cerrado vegetation

Elenice Mouro VarandaI; Déborah Yara Alves Cursino dos SantosII

IDepartamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, USP, Av. Bandeirantes 3900, 14040-901, Ribeirão Preto - SP, Brasil

IIDepartamento de Botânica, Instituto de Biociências, USP, Caixa Postal 11461, 05422-970, São Paulo - SP, Brasil

RESUMO

Espécies de cerrado e mata foram analisadas quanto à sua composição em ceras foliares epicuticulares e de seus componentes hidrocarbonetos. Observou-se nas espécies de cerrado uma tendência a teores de ceras pouco maiores que os de espécies de mata estacionai semidecídua. A porcentagem de hidrocarbonetos nas ceras foi maior na maioria das espécies de mata que nas espécies congêneres de cerrado. Pela análise em CG, os hidrocarbonetos mostraram predominância de C29 e C31 apresentando um comprimento médio da cadeia de carbono dos homólogos menos variável em espécies de mata, em torno de 30,5, que de cerrado nas quais este valor variou de 28,5 a 31,3. Os resultados são discutidos em relação ao provável papel ecológico das ceras e sua aplicação como marcadores taxônomicos.

Palavras chave: ceras epicuticulares; cerrado, floresta semidecídua; alcanos, ecologia.

ABSTRACT

Four woody species of cerrado and five woody species of seasonal semideciduous forest were analysed concerning the contents of epicuticular waxes and their parafinic profiles. The cerrado species showed a tendency to higher contents of epicuticular waxes and lower proportion of hydrocarbons than the forest species. The C29 and C31 alkanes were dominant in all species and the average lenght of the hydrocarbon chains were around 30,5 in the forest species and from 28,5 to 31,3 in the cerrado species. The ecological and taxonomic aspects of this characteristics are discussed.

Key words: epicuticular waxes; cerrado and semideciduous forest; alcanes, ecology.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Recebido em 06.09.95.

Aceito em 29.01.96.

  • Amaral, M. C. E.; Salatino, M. L. F. & Salatino, A. 1985. Teor de cera foliar epicuticular de dicotiledôneas do cerrado. Revta bras. Bot. 8: 127-130.
  • Arens, K. 1958. O cerrado como vegetação oligotrófica. Bolm Fac. Filos. Cienc. e Letr.Univ. São Paulo Bot. 15: 69-77.
  • Baker, E. A. 1982. Chemistry and morphology of plant epicuticular waxes. In: Cuttler, D.F., Alvin, K.L., Price, C.E. (ed.). The plant cuticle. Academic Press, London.
  • Barta, I. C. & Kómives, T. 1984. Gas chromatographic method for rapid analysis of epicuticular waxes composition of plants. J. Chromatog. 287: 438-441.
  • Blatt, C. T. T.; Salatino, M. L. F. & Salatino, A. 1991. Taxonomic implications of the distribution of alkanes of the foliar epicuticular waxes of Diplusodon Pohl. (Lythraceae). Proceedings of the 13th Int. Symp. on Capillary Chromatography 1: 661-667.
  • Bengtson, C.; Larsson, S. & Liljenberg, C. 1978. Effects of water stress on cuticular transpiration, rate and amount and composition of epicuticular wax in seedlings of six oat varieties. Physiol. Plant. 44: 319-324.
  • Coutinho, L. M. 1976. Contribuição ao conhecimento do papel ecológico das queimadas na floração de especies de cerrado. Tese de Livre-Docência, Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.
  • Douglas, A. G. & Eglinton, G. 1966. The distribution of alkanes. In: Swain, T. (ed.). Comparative Phistochemistry. Academic Press, London.
  • Eglinton, G.; Hamilton, R. J., Raphael, R. A. & Gonzalez, A. G. 1962. Hydrocarbon constituents of the wax coating of plant leaves: a taxonomic survey. Phytochemistry 1: 89-102.
  • Eglinton, G. & Hamilton, R. J. 1967. Leaf epicuticular waxes. Science 156: 1322-1335.
  • Ferri, M. G. 1944. Transpiração de plantas permanentes dos cerrados. Bolm Fac. Filos. Ciênc. e Letr. Univ. São Paulo Bot. 41:159-224.
  • Goodland, R. J. A. 1971. Oligotrofismo e alumínio no cerrado. In: Ferri, M.G. (ed.). III Simpósio sobre o cerrado. EDUSP e Ed. Edgard Blucher, São Paulo.
  • Hadley, N. F. 1981. Cuticular lipids of terrestrial plants and arthropods: a comparison of their structure, composition, and waterproofing function. Biol. Rev. 56: 23-47.
  • Harborne, J. B. & Turner, B. L. 1984. Plant chemosystematics. Academic Press, London.
  • Juniper, B. E. & Jefree, C. E. 1983. Plant surfaces. Edward Arnold, London.
  • Kreger, D. R. 1958. Wax. In: Ruhland, W.E. (ed.). Enciclopédia of plant physiology. Vol. 10. Springer Verlag, Berlin.
  • Lutz, C. & Gülz, P.G. 1985. Comparative analysis of epicuticular waxes from some high alpine plants species. Z. Naturforsch. 40: 599-605.
  • Martin, J. & Juniper, B. E. 1970. The cuticles of plants. St Martin's Press, New York.
  • Rachid, M. 1947. Transpiração e sistemas subterrâneos da vegetação de verão de campos cerrados de Emas. Bolm Fac. Filos. Ciênc. e Letr. Univ. São Paulo Bot. 5: 1-35.
  • Rawitscher, F. 1948. The water economy of the vegetation of the "campos cerrados" in Southern Brazil. J. Ecol. 36: 237-268.
  • Robinson, S. A.; Lovelock, C. E. & Osmond, C. B. 1993. Wax as a mechanism for protection against photoinhibition.- A study of Cotyledon orbiculata. Bot. Act. 106: 307-312.
  • Salatino, A. 1993. Chemical ecology and the theory ofoligotrophic scleromorphism. Anais da Academia Brasileira de Ciências 65: 1-13.
  • Salatino, M. L. F. & Salatino, A. 1983. Constituents of the unsaponifiable fraction of the foliar epicuticular wax and the systematics of Annonaceae. Revta Bras. Bot. 6: 23- 28.
  • Salatino, M. L. F.; Salatino, A.; Menezes, N. L. & Mello-Silva, R. 1989. Alkanes of foliar epicuticular waxes of Velloziaceae. Phytochemistry 28: 1105-1114.
  • Silva-Fernandes, A. M. S. 1965. Chemical and physical studies on plant cuticles. Ann. Appl. Biol. 56: 297-304.
  • Sugayama, R. L. & Salatino, A. 1995. Influence of leaf epicuticular waxes from cerrado species on substrate selection by Atta sexdens rubropilosa. Entomologia Experimentalis et Applicata 74: 63-69.
  • Tulloch, A. P. 1978. Epicuticular wax of Poa ampla leaves. Phytochemistry 17: 1613-1615.
  • Varanda, E. M.; Salatino, A.; Zúñiga, G. E.; Roque, A. & Corcuera, L. J. 1992. Effect of ursolic acid from epicuticular waxes of Jacaranda decurrens on Schizaphis graminum. J. Nat. Prod. 55: 800-803.
  • Vioque, J.; Pastor, J. & Vioque, E. 1994. Leaf wax alkanes in the genus Coincya. Phytochemistry 36: 349-352.
  • Zygadlo, J. A.; Abburra, R. E.; Maestri, D. M. & Guzman, C. A. 1992. Distribution of alkanes and fatty acids in the Condalia montana (Rhamnaceae) species complex. Pl. Syst. Evol. 179: 89-93.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Jun 2011
  • Data do Fascículo
    Jul 1996

Histórico

  • Aceito
    29 Jan 1996
  • Recebido
    06 Set 1995
Sociedade Botânica do Brasil SCLN 307 - Bloco B - Sala 218 - Ed. Constrol Center Asa Norte CEP: 70746-520 Brasília/DF. - Alta Floresta - MT - Brazil
E-mail: acta@botanica.org.br