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Morfologia polínica dos gêneros Curtia Cham. & Schltdl. e Hockinia Gardner (Gentianaceae Juss.)

Pollen morphology of the genera Curtia Cham. & Schltdl. and Hockinia Gardner (Gentianaceae Juss.)

Resumos

Estudou-se a morfologia polínica de Curtia Cham. & Schltdl. e Hockinia Gardner (Gentianaceae Juss.), gêneros neotropicais de Gentianaceae. Foram analisadas oito espécies: Curtia conferta (Mart.) Knobl., C. diffusa (Mart.) Cham., C. obtusifolia (Spruce ex Benth.) Knobl., C. patula (Mart.) Knobl., C. quadrifolia Maguire, C. tenella (Mart.) Cham., C. verticillaris (Sprengel) Knobl. e Hockinia montana Gardner. Os grãos de pólen foram tratados pelo método ACLAC, analisados em microscopia óptica e microscopia eletrônica de varredura. A investigação baseou-se em material herborizado. A heterostilia foi confirmada em Curtia obtusifolia, C. patula e Hockinia montana. O material polínico de todas as formas heterostílicas foi estudado separadamente. Os gêneros apresentaram grãos de pólen pequenos a médios, em mônades, colporados, sexina microrreticulada, microrreticulado-espinulosa, reticulada, reticulado-espinulosa ou perfurada. Os resultados mostraram certa heterogeneidade polínica para o gênero Curtia e foram observadas diferenças palinológicas, quanto ao tamanho, à ornamentação da exina e às aberturas entre as formas florais de cada espécie heterostílica. Os dois gêneros não demonstraram diferenças palinológicas significantes que os separem.

Gentianaceae; Curtia; Hockinia; grãos de pólen


The pollen morphology of the neotropical genera Curtia Cham. & Schltdl. and Hockinia Gardner (Gentianaceae Juss.) was here studied. Eight species have been analyzed: Curtia conferta (Mart.) Knobl., C. diffusa (Mart.) Cham., C. obtusifolia (Spruce ex Benth.) Knobl., C. patula (Mart.) Knobl., C. quadrifolia Maguire, C. tenella (Mart.) Cham., C. verticillaris (Sprengel) Knobl. and Hockinia montana Gardner. The pollen grains were prepared by the ACLAC method, analyzed in scanning electron microscope and light microscope. The investigation is based on herbarium material. The heterostyly was confirmed in Curtia obtusifolia, C. patula and Hockinia montana Gardner. The pollen material of every heterostylous forms was studied separately. The genera presented pollen grains small or medium, in monads; colparates, isopolars; sexine microrreticulate, microrreticulate-spinulose, reticulate, reticulate spinulose or perforate. The results demonstrated certain heterogeneity in the Curtia and, were observed palynological differences, in size, exine ornamentation and apertures, between floral morphs of every heterostylous species. The two genera showed no palynological differences useful to identify them both.

Gentianaceae; Curtia; Hockinia; pollen grains


Morfologia polínica dos gêneros Curtia Cham. & Schltdl. e Hockinia Gardner (Gentianaceae Juss.)

Pollen morphology of the genera Curtia Cham. & Schltdl. and Hockinia Gardner (Gentianaceae Juss.)

Sônia Regina de Melo CrespoI,* * Autor para correspondência: so.crespo@bol.com.br ; Washington Marcondes FerreiraII

IUniversidade Estácio de Sá, Campus Vargem Pequena, Estrada da Boca do Mato, 850, Vargem Pequena, CEP 22783-325, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

IIUniversidade Estadual de Campinas, Instituto de Biologia, Departamento de Botânica, Cidade Universitária, Barão Geraldo, CEP 13083-970, Campinas, SP, Brasil

RESUMO

Estudou-se a morfologia polínica de Curtia Cham. & Schltdl. e Hockinia Gardner (Gentianaceae Juss.), gêneros neotropicais de Gentianaceae. Foram analisadas oito espécies: Curtia conferta (Mart.) Knobl., C. diffusa (Mart.) Cham., C. obtusifolia (Spruce ex Benth.) Knobl., C. patula (Mart.) Knobl., C. quadrifolia Maguire, C. tenella (Mart.) Cham., C. verticillaris (Sprengel) Knobl. e Hockinia montana Gardner. Os grãos de pólen foram tratados pelo método ACLAC, analisados em microscopia óptica e microscopia eletrônica de varredura. A investigação baseou-se em material herborizado. A heterostilia foi confirmada em Curtia obtusifolia, C. patula e Hockinia montana. O material polínico de todas as formas heterostílicas foi estudado separadamente. Os gêneros apresentaram grãos de pólen pequenos a médios, em mônades, colporados, sexina microrreticulada, microrreticulado-espinulosa, reticulada, reticulado-espinulosa ou perfurada. Os resultados mostraram certa heterogeneidade polínica para o gênero Curtia e foram observadas diferenças palinológicas, quanto ao tamanho, à ornamentação da exina e às aberturas entre as formas florais de cada espécie heterostílica. Os dois gêneros não demonstraram diferenças palinológicas significantes que os separem.

Palavras-chave: Gentianaceae, Curtia, Hockinia, grãos de pólen

ABSTRACT

The pollen morphology of the neotropical genera Curtia Cham. & Schltdl. and Hockinia Gardner (Gentianaceae Juss.) was here studied. Eight species have been analyzed: Curtia conferta (Mart.) Knobl., C. diffusa (Mart.) Cham., C. obtusifolia (Spruce ex Benth.) Knobl., C. patula (Mart.) Knobl., C. quadrifolia Maguire, C. tenella (Mart.) Cham., C. verticillaris (Sprengel) Knobl. and Hockinia montana Gardner. The pollen grains were prepared by the ACLAC method, analyzed in scanning electron microscope and light microscope. The investigation is based on herbarium material. The heterostyly was confirmed in Curtia obtusifolia, C. patula and Hockinia montana Gardner. The pollen material of every heterostylous forms was studied separately. The genera presented pollen grains small or medium, in monads; colparates, isopolars; sexine microrreticulate, microrreticulate-spinulose, reticulate, reticulate spinulose or perforate. The results demonstrated certain heterogeneity in the Curtia and, were observed palynological differences, in size, exine ornamentation and apertures, between floral morphs of every heterostylous species. The two genera showed no palynological differences useful to identify them both.

Key words: Gentianaceae, Curtia, Hockinia, pollen grains

Introdução

No presente estudo, foram analisados os grãos de pólen de Curtia Cham. & Schltdl. e Hockinia Gardner, gêneros de Gentianaceae Juss. que apresentam o fenômeno da heterostilia. Os gêneros são neotropicais, Curtia, com sete espécies, ocorre da Guatemala a Argentina, tendo o seu centro de distribuição no Brasil, onde está representado em todas as regiões; Hockinia, um gênero monotípico (Hockinia montana), ocorre apenas no sudeste do Brasil. Ambos habitam, principalmente, os campos rupestres e cerrados.

Curtia e Hockinia foram estudados quanto os seus caracteres vegetativos e florais, morfologia polínica e pesquisa da heterostilia em "Revisão taxonômica do gênero Curtia Cham. & Schltdl." (Crespo & Marcondes-Ferreira, dados não publicados). Neste trabalho, foram confirmadas a distilia em Curtia obtusifolia (Spruce ex Benth.) Knobl. e a tristilia em Curtia patula (Mart.) Knobl. e Hockinia montana Gardner. As demais espécies, Curtia conferta (Mart.) Knobl., Curtia diffusa (Mart.) Cham., Curtia quadrifolia Maguire, Curtia tenella (Mart.) Cham. e Curtia verticillaris (Sprengel) Knobl.), foram confirmadas como homostílicas.

Hockinia montana teve seus grãos de pólen observados pela primeira vez por Gardner (1843) que, os descreveu como "globosos e espinhosos", não relacionando diferenças polínicas nas duas formas heterostílicas (longistila e brevistila) observadas por ele.

Gilg (1895), em sua classificação para as Gentianaceae, posicionou Hockinia na subtribo Tachiinae e Curtia na subtribo Erythraeinae (ambas da tribo Gentianeae) baseando-se no tamanho dos grãos de pólen considerado, pelo autor, pequeno em Curtia e grande em Hockinia. Na classificação mais recente para as Gentianaceae, Struwe & Albert (2002) posicionaram ambos os gêneros na mesma tribo, Saccifolieae, considerando os grãos de pólen em mônades, reticulados e a morfologia floral, principalmente, a corola tubulosa e a ausência de disco na base do ovário, como principais critérios utilizados para este posicionamento.

Estudos de grãos de pólen tratados pelo método acetolítico foram realizados para espécies de Curtia por Elias & Robyns (1975), que analisaram Curtia tenella (Mart.) Cham. e por Maguire (1981), que estudou Curtia obtusifolia (Spruce ex Benth.) Knobl., Curtia quadrifolia Maguire e Curtia tenuifolia (Aubl.) Knobl. (= Curtia patula (Mart.) Knobl.).

O presente estudo visou caracterizar polinicamente os gêneros Curtia e Hockinia com base em microscopia óptica, em grãos de pólen tratados pelo método da acetólise láctica de Raynal & Raynal (1971) e, em microscopia eletrônica de varredura.

Materiais e métodos

O material botânico foi obtido de exsicatas dos seguintes herbários: The Natural History Museum, Londres (BM); Botanical Museum and Herbarium, Copenhagen, (C); Herbário Leopoldo Krieger, Universidade Federal de Juiz de Fora (CESJ); Botanische Staatssammlung, Munique (M); Herbarium, The New York Botanical Garden (NY); Herbário do Museu Nacional, Rio de Janeiro (R); Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB); Herbário da Universidade de Brasília (UB); Herbário da Universidade Estadual de Campinas (UEC); National Museum of Natural History, Smithsonian Institution (US); Herbarium, Universidade Federal de Viçosa (VIC).

Microscopia óptica – Por serem os grãos de pólen frágeis ao método de Erdtman (1952), foi utilizado o método da acetólise láctica (ACLAC) de Raynal & Raynal (1971). O material foi observado e medido em microscópio óptico Zeiss com uma ocular micrométrica, dentro de um prazo de uma semana conforme o sugerido por Salgado-Labouriau (1973). As fotomicrografias foram feitas em um microscópio Hund. O estudo palinológico foi realizado no Laboratório de Palinologia do Museu Nacional-UFRJ, Rio de Janeiro.

Foram estudados para cada táxon homostílico cinco espécimes, sendo escolhido um como material padrão. Para cada táxon heterostílico foram escolhidos dois a três espécimes para cada forma heterostílica (um material padrão e um a dois espécimes de comparação para cada forma heterostílica), de acordo com a disponibilidade de material.

Para o material padrão foram realizadas 25 medidas do diâmetro equatorial em vista polar (D), dos quais foram calculados a média aritmética (x), o desvio padrão da amostra (s), o desvio padrão da média (sx), o coeficiente de variabilidade (CV%) e o intervalo de confiança a 95%. Foram obtidas dez medidas de: eixo polar (P) e diâmetro equatorial (E); lado da apocolpo (LA), comprimento e largura das aberturas polínicas (cólporos e endoaberturas); espessura total da exina e de suas camadas (sexina e nexina). As medidas de cólporos e endoaberturas incluem as margens. O tratamento estatístico seguiu Vieira (1981). Nos materiais de comparação foram realizadas dez medidas do eixo polar (P), do diâmetro equatorial (E) e do diâmetro equatorial em vista polar (D), obtendo-se as médias aritméticas.

Em espécies cujos grãos de pólen apresentaram variações no número de aberturas (2-3-4 cólporos) foram efetuadas 25 medidas (do grão de pólen em vista polar, no material padrão) para grãos de pólen com o número de aberturas predominante na lâmina (ou seja, 3-colporados); para grãos de pólen 2 ou 4-colporados foram realizadas dez medidas. A terminologia polínica adotada está de acordo com o glossário Punt et al. (2005). Os termos espínulos e espinulosos seguem Erdtman (1952). A seqüência das descrições polínicas e as tabelas para tamanho e forma dos grãos de pólen e para o índice da área polar (IAP) basearam-se no proposto por Barth & Melhem (1988).

Microscopia eletrônica de varredura (MEV) – A análise em MEV foi realizada no laboratório de Microscopia Eletrônica de Varredura, do Instituto de Biologia (UNICAMP). A preparação do material polínico para MEV seguiu Barth & Melhem (1988), foi utilizado metalizador Balzers SCD 050 e microscópio eletrônico de varredura JSM - 5800 LV - JEOL. As fotomicrografias e eletromicrografias foram obtidas do material padrão. Foi analisado em MEV todo o material padrão e, a fim de confirmar os resultados obtidos, material adicional, assinalado com o número 5 consta na relação de material analisado. As abreviaturas dos autores dos nomes científicos seguem Brummit & Powell (1992).

Material botânico analisado: Curtia conferta (Mart.) Konbl.: BRASIL. Minas Gerais: Poços de Caldas, s.d., fl. fr., 1 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. A.F. Regnell 897 (US). Paraná: Tijucas do Sul, 14/II/1978, fl. fr., R. Kummrow 1224 (C); Três Barras, 25/I/1916, fl., fr., P. Dusén 17521 (BM). Santa Catarina: Campo Alegre, Morro do Iquererim, 10/I/1958, fl. fr., Reitz & Klein 6114 (US); Porto União, fazenda Frei Gregório, 6/I/1962, fl. fr., 5 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. Reitz & Klein 11590 (NY). Curtia diffusa (Mart.) Cham.: BRASIL. Minas Gerais: Jaboticatuba, 14/II/1973, fl. fr., 1 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. G. Hatschbach 31566 (US); Santa Luzia, 18/II/1972, fl. fr., W.R. Anderson et al. 36218 (UB); Serra do Rio Grande, 4/V/1931, fl. fr., 5 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. Y. Mexia 5750 (M); Serro, fazenda Bocaina, 4/III/1999, fl. fr., F. Feres et al. 99/45 (UEC); sem localidade, II/1892, fl. fr., 5 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. E. Ule 2641 (US). Curtia obtusifolia (Spruce ex Benth.) Knobl.: BRASIL. Amazonas: Rio Curicuriary, 20/XI/1936 (fl. fr.), A. Duarte s.n. (RB 37602); Rio Purus, 21/X/1971, fl. fr., 3 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. G.T. Prance et al. 15500 (US); São Gabriel da Cachoeira, I/IV/1852, fl. fr., 2 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. R. Spruce 2011 (BM). VENEZUELA. Território Federal Amazonas, sudoeste do Cerro Yapacana, próximo à Savana El Venado, 23/XI/1953, fl. fr., 5 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. B. Maguire et al. 36339 (US). Curtia patula (Mart.) Knobl.: ARGENTINA. Corrientes, Concepción, 31/XII/1982, fl. fr., 5 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. T.M. Pedersen 13476 (C). BRASIL. Distrito Federal: Parque Nacional do Guará, Riacho Vicente Pires, 12/VII/1966, fl. fr., H.S. 5 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. Irwin et al. 18164 (UB). Goiás: Serra dos Cristais, 4/IV/1973, fl. fr., 3 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. W.R. Anderson 8125 (UB). Mato Grosso: Serra da Chapada, s.d., fl. fr., 2 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. Malme 3343 (R). Mato Grosso do Sul: Dourados, 42 km de Dourados próximo ao Rio Brilhante, 17/II/1970, fl. fr., 5 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. T.M. Pedersen 11084 (C). Minas Gerais: Buenópolis, Serra do Cabral, VIII/1998, fl. fr., 5 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. P. Seda s.n. (UEC 114289). COLOMBIA. Meta, Villa Vicencio, 26/31/VIII-1917, fl. fr., 4 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. F.W. Pennell 1415 (US). Curtia quadrifolia Maguire: VENEZUELA. Território Federal Amazonas, Maroa, 20/IV/1970, fl. fr., 5 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. J.A. Steyermark & G. Bunting 102828 (US); idem, Rio Guainia, 1 km leste de Maroa, 16/V/1953, fl. fr., B. Maguire & C. K. Maguire 35685 (US); idem, Savana Hechimoni, Rio Siapa, 25/VII/1959, fl. fr., 1 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. J.J. Wurdack & L.S. Adderley 43626 (RB). COLOMBIA. Bogotá, Rio Paranapichuna, VI/1953, fl. fr., R.E. Schults & I. Cabrera 19946 (US); Cerro Yapoboda, Rio Kuduyari, 3/X/1951, fl. fr., R.E. Schults & I. Cabrera 14200 (US). Curtia tenella (Mart.) Cham.: BRASIL. Mato Grosso: Chapada dos Guimarães, Casa de Pedra, IV/1911, fl. fr., F.C. Hohene 3793 (R). Minas Gerais: Lagoa Santa, s.d., fl. fr., 1 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. E. Warmig 1118 (C); Serra do Cabral, 30 km de Cantoni, 9/III/1970, fl. fr., 5 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. H.S. Irwin et al. 27222 (RB). COSTA RICA. Alajuela, San Pedro de Poas, 5/XI/1933, fl. fr., 5 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. A.M. Brenes 17360 (NY). GUIANA FRANCESA. sem localidade, 1835, fl. fr., Leprier s.n. (G8556-49). Curtia verticillaris (Sprengel) Knobl.: BRASIL. Bahia: Rio de Contas, Rio da Água Suja, 28/VIII/1993, fl. fr., W. Ganev 2145 (UEC); idem, 4 km ao N. de Rio de Contas, 21/VII/1979, fl. fr., 5 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. A. Mori et al. s.n. (UB 12375). Minas Gerais: Serra do Cipó, 18/II/1972, fl. fr., 1 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. W.R. Anderson et al. 36177 (UB); idem, km 109, 1/IV/1983, fl. fr., N.L. Menezes et al. 460 (VIC); Serra do Espinhaço, 28/III/1970, fl. fr., H.S. Irwin et al. 28526 (UB). Hockinia montana Gardner: BRASIL. Espírito Santo: Castelo, 18/V/1949, fl. fr., 2 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. ,3 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. Brade 19868 (RB). Minas Gerais: Carangola, Serra da Araponga, fazenda Neblina, 25/III/1993, fl. fr., L.S. Leoni 2165 (UEC); Serra do Caparaó, Parque Nacional do Caparaó, 3/X/1989, fl. fr., 5 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. L. Krieger et al. 23634 (CESJ). Rio de Janeiro: Serra de Macaé, II/1900, fl. fr., 5 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. E. Ule (R 14718); Serra dos Órgãos, 2/IV/1870, fl. fr., Glaziou 4065 (R); idem, 27/II/1932, fl. fr., 5 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. Brade 12462 (R); idem, Pedra do Sino, 27/II/1933, fl. fr., 4 1 Material padrão: material padrão, espécie homostílica; 2material padrão, forma longistila; 3material padrão, forma brevistila; 4material padrão, forma mesostila. 5Material adicional. Brade 12463 (R).

Resultados

Analisados em microscopia óptica, os grãos de pólen nos gêneros Curtia Cham. & Schltdl. e Hockinia Gardner são pequenos a médios; isopolares; ângulo-aperturados; (2)-3-(4) colporados (zonocolporados); o âmbito em grãos de pólen 3-colporados é subcircular a circular (Fig. 1, 4, 8, 21, 26, 37) ou, mais raramente, subtriangular (Fig. 11, 30, 42 ), em grãos de pólen 2-colporados o âmbito é elipsoidal (Fig. 15) e, em grãos de pólen 4-colporados, o âmbito varia de subcircular a quadrangular (Fig. 7, 14). As endoaberturas são lolongadas (Tab. 5; Fig. 3, 18, 25, 36 , 46 ), às vezes aproximadamente circulares; colpos e endoaberturas apresentam margens psiladas, com cerca de 1mm de espessura, ou levemente mais espessas (Fig. 3, 18). A exina variou entre microrreticulada (Fig. 12, 13, 22, 23, 27, 28, 38, 39) e microrreticulado-espinulosa, com espínulos sobre os muros do retículo, os quais não se distinguem claramente de grânulos (Fig. 31, 32, 43 , 44 ); a sexina é em geral mais espessa que a nexina (Tab. 5; Fig. 1, 21, 30, 37, 42 ), às vezes com espessura aproximadamente igual. A forma dos grãos de pólen variou de: suboblata, em Curtia verticillaris (Tab. 4 e 6 , Fig. 35 ), oblato-esferoidal, em C. diffusa, C. patula, C. quadrifolia, C. verticillaris e Hockinia montana (Tab. 4 e 6 , Fig. 17, 41 ), prolato-esferoidal, em Curtia conferta, C. diffusa, C. obtusifolia, C. patula, C. quadrifolia, C. tenella e Hockinia montana (Tab. 4 e 6 , Fig. 25) e, subprolata, em C. conferta e C. tenella (Tab. 4 e 6 , Fig. 3). O tamanho dos grãos de pólen é médio em C. verticillaris e em grãos de pólen 3-4-colporados de Hockinia montana, nas demais espécies, e em grãos de pólen 2-colporados de H. montana, o tamanho é pequeno (Tab. 1 e 3 ). Em grãos de pólen 3-colporados, de espécies homostílicas e heterostílicas, a área polar é pequena (Tab. 2).




O número de cólporos e o padrão da exina, quando analisados em microscopia óptica, variaram da seguinte forma: em espécies tristílicas (C. patula, em Hockinia montana) e nas formas longistilas, 3-(4)-colporados, microrreticulados (Fig. 11-14, 37-39); nas formas brevistilas, 3-colporados, microrreticulados-espinulosos (Fig. 43 , 44 ) e nas formas mesostilas, (2)-3 colporados (Fig. 15), microrreticulado-espinulosos. Na espécie distílica C. obtusifolia, nas suas formas longistilas 3(4)-colporados (Fig. 7, 8) e brevistilas, 3-colporados, sendo a exina micrroreticulada em ambas as formas. Nas espécies homostílicas, os grãos de pólen são 3-colporados (Fig. 1, 4, 21, 26, 30), microrreticulados (Fig. 27, 28) em C. conferta, C. diffusa, C. quadrifolia, C. tenella e microrreticulado-espinulosos (Fig. 31, 32) em C. verticillaris.

A análise em MEV possibilitou reconhecer, além de exina microrreticulada e microrreticulado-espinulosa, os padrões reticulado, reticulado-espinuloso e perfurado, em ambos os gêneros. Nas espécies homostílicas e nas formas longistilas de espécies heterostílicas, as quais apresentaram, em microscopia óptica grãos de pólen microrreticulados, freqüentemente, o padrão variou entre perfurado (Fig. 2, 9, 16, 19, 24, 29, 40) e reticulado (Fig. 5, 6); na forma brevistila da espécie distílica de C. obtusifolia a exina apresentou lumens maiores do que 1 µm, caracterizando um padrão reticulado, com elevações pronunciadas sobre os muros do retículo (Fig. 10) e, em C. verticillaris e nas formas brevistilas de C. patula e de H. montana foram observados, em MEV, grãos de pólen reticulado-espinulosos (Fig. 20, 33, 34, 45 ).

A microscopia eletrônica de varredura demonstrou que os lumens apresentam contorno irregular ou arredondado, com padrão heterobrocado (Fig. 6, 10) e diminuem de tamanho em direção aos pólos e às margens dos cólporos onde, freqüentemente, a exina se torna psilada ou escabrada (Fig. 5, 9, 40); os espínulos foram confirmados (Fig. 20, 34, 45 ); foi evidenciada uma membrana recobrindo os cólporos sendo, em geral, coberta por pequenos grânulos (Fig. 9, 19, 24, 33).

Quanto à variação no tamanho dos grãos de pólen, nas espécies heterostílicas, os grãos de pólen são 3-colporados, nas formas longistilas são relativamente menores do que nas formas brevistilas e as forma mesostilas, quando presentes, apresentam grãos 3-colporados com tamanho intermediário a estas duas outras formas. Grãos de pólen 4-colporados, presentes nas formas longistilas, são relativamente maiores do que 3-colporados. Grãos de pólen 2-colporados, presentes nas formas mesostilas das espécies tristílicas, são consideravelmente menores do que os demais grãos de pólen ocorrentes nestas espécies (Tab. 1 e 3 ).

Discussão

Em microscopia óptica, os grãos de pólen apresentam exina microrreticulada ou microrreticulado-espinulosa. A ocorrência de padrão reticulado, reticulado-espinuloso e perfurado foi revelada em MEV, não sendo, tais características, distinguíveis em microscopia óptica.

No presente estudo, constatou-se que o tamanho dos grãos de pólen, como proposto por Gilg (1895), não separa Curtia e Hockinia, tendo-se observado em C. diffusa e C. verticillaris tamanho pequeno a médio para seus grãos de pólen, enquanto que para H. montana foram obtidos tamanhos médio, em grãos de pólen 3-4 colporados, e pequeno em grãos de pólen 2-colporados. Além disso, os valores das faixas de variação do diâmetro equatorial em vista polar do material padrão de C. montana e C. verticillaris sobrepõe-se. As demais características polínicas, como forma dos grãos de pólen, tipo de aberturas e padrão da exina, também não possibilitam a separação nítida entre Hockinia e Curtia.

Curtia tenella foi analisada por Elias & Robyns (1975), os quais relataram grãos de pólen médios, subprolatos, 3-colporados, endoaberturas lolongadas, exina reticulada medindo ca. 2 µm de espessura e sexina levemente mais espessa do que a nexina. Segundo Maguire (1981), Curtia tenuifolia (= Curtia patula (Mart.) Knobl.) apresenta grãos de pólen 3-colporados, com tamanho pequeno ou médio e superfície reticulado-espinulosa; Curtia quadrifolia e C. obtusifolia grãos de pólen semelhantes: pequenos, 3-colporados, reticulados. Considerou-se que os resultados aqui apresentados não diferem basicamente dos resultados dos autores acima citados.

Até o momento, não tinham ainda sido citadas em literatura, para Curtia e Hockinia as variações quanto às características da exina (microrreticulada, microrreticulado-espinulosa, reticulada, reticulado-espinulosa e perfurada) e número de aberturas (2 a 4 cólporos), ocorrentes entre as formas florais dentro das espécies heterostílicas.

As características polínicas constantes nos dois gêneros são: forma das endoaberturas (lolongada), aberturas tipo cólporo, área polar pequena, retículo com malhas apresentando lumens com diferentes diâmetros, os quais são menores próximos às aberturas e em direção aos pólos, lumens menores do que 2 µm e sexina levemente mais espessa do que a nexina.

O gênero Curtia apresentou variabilidade quanto à ornamentação da exina, tamanho dos grãos de pólen (pequeno a médio), número de aberturas (2-4 cólporos) e forma (suboblata a subprolata). Tais variações podem ocorrer, também, dentro das espécies. Entretanto, características morfológicas dos grãos de pólen, isoladamente, não possibilitam separar todas as espécies de Curtia porém, podem dividir o gênero em dois grupos: um com endoaberturas relativamente mais amplas, onde a média aritmética do comprimento é 7 µm ou superior e da largura é superior a 5 µm e a forma dos grãos de pólen tende mais fortemente para oblata em C. patula e C. verticillaris incluindo neste tipo Hockinia montana e outro grupo, com endoaberturas menores, onde os maiores comprimentos e larguras de endoabertura observados foram 6,4 e 4,4 µm respectivamente e a forma apresentando certa tendência para a prolata (Curtia conferta, C. diffusa, C. obtusifolia, C. quadrifolia e C. tenella.

Entre as diferentes formas heterostílicas das espécies tristílicas (Hockinia montana e Curtia patula) foram encontradas variações no número de aberturas, no tamanho dos grãos de pólen e na ornamentação da exina. Estas variações repetem-se em ambos os gêneros e se constituem em importante suporte para futura inclusão de Hockinia montana em Curtia.

A tristilia em Hockinia, a ocorrência de espécies tristílicas, distílica e homostílicas no gênero Curtia e a ocorrência de grãos de pólen apresentando elevações sobre os muros na espécie distílica C. obtusifolia indicando, possivelmente, um caminho intermediário para a formação de espínulos ou para a perda destes tornam essas características importantes para futuros estudos a cerca da evolução da heterostilia, principalmente, se somados a estudos filogenéticos.

Agradecimentos

À CAPES pelo auxílio financeiro concedido à primeira Autora; à Profa. Dra. Vânia Gonçalves L. Esteves, pelo auxílio no Laboratório de Palinologia, do Museu Nacional/UFRJ; a Adriane e Antônia, pelo auxílio no Laboratório de Microscopia Eletrônica de Varredura da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); aos Curadores dos diversos herbários citados, pelo empréstimo do material analisado.

Recebido em 11/02/2005. Aceito em 31/08/2005

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  • Vieira, S. 1981. Introdução à bioestatística Rio de Janeiro, Editora Campus Ltda.
  • *
    Autor para correspondência:
  • 1
    Material padrão: material padrão, espécie homostílica;
    2material padrão, forma longistila;
    3material padrão, forma brevistila;
    4material padrão, forma mesostila.
    5Material adicional.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      26 Fev 2007
    • Data do Fascículo
      Jun 2006

    Histórico

    • Recebido
      11 Fev 2005
    • Aceito
      31 Ago 2005
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