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O gênero Phacus (Euglenophyceae) em sistemas lênticos da Planície Costeira do Rio Grande do Sul, sul do Brasil

The genus Phacus (Euglenophyceae) in lentic systems of the Rio Grande do Sul Coastal Plains, southern Brazil

Resumos

O levantamento do gênero Phacus Duj. (Euglenophyceae pigmentadas) desenvolvido em duas áreas localizadas na porção norte da Laguna dos Patos: a Lagoa do Casamento e ambientes associados (30º03'- 30º34'S e 50º25'- 50º47'W) e ecossistemas próximos ao Butiazal de Tapes (30º23'- 30º38'S e 51º16'- 51º29'W), resultou na identificação de 37 táxons específicos e infra-espécificos deste gênero. O estudo visou diminuir a lacuna do conhecimento de Phacus na Planície Costeira do Rio Grande do Sul. O clima local é subtropical úmido. As coletas de rede foram realizadas no outono e inverno e primavera/2003 nas margens de lagoas, banhados, alagado e açude. Dentre os táxons identificados nove são novas citações para o Estado e ainda, Phacus agilis Skuja var. inversa Bour., Phacus asymetricus Sokoloff, Phacus elegans Pochm., Phacus orbicularis Hübner f. communis Pop. e Phacus rostafinskii Drez. são novos registros para o Brasil. Todos os táxons são acompanhados das amplitudes máximas e mínimas de temperatura do ar e da água, pH e condutividade elétrica em que cada táxon ocorreu na área de estudo.

Euglenophyceae; Phacus; taxonomia; sul do Brasil


A survey of the genus Phacus Duj. (pigmented Euglenophyceae) undertaken in two areas located in the northern portion of Patos Lagoon - Lake Casamento and associated ecosystems (30º03' - 30º34'S; 50º25' - 50º47'W) and ecosystems near Butiazal de Tapes (30º23' - 30º38'S; 51º16' - 51º29'W), revealed 37 specific and infra-specific taxa for this genus. The study aim was to increase knowledge of this genus in Rio Grande do Sul's coastal zone. The local climate is humid subtropical. The qualitative samples were collected in autumn and winter spring of 2003, on the banks of ponds, lakes, and marshes. Of the taxa identified, nine are new citations for the state while Phacus agilis Skuja var. inversa Bour., Phacus asymetricus Sokoloff, Phacus elegans Pochm., Phacus orbicularis Hübner f. communis Pop. and Phacus rostafinskii Drez. were reported for the first time in Brazil. All taxa are accompanied by maximum and minimum variations in air and water temperature, pH, and conductivity at the site where each taxon occurred.

Euglenophyceae; Phacus; taxonomy; southern Brazil


O gênero Phacus (Euglenophyceae) em sistemas lênticos da Planície Costeira do Rio Grande do Sul, sul do Brasil

The genus Phacus (Euglenophyceae) in lentic systems of the Rio Grande do Sul Coastal Plains, southern Brazil

Sandra Maria Alves-da-Silva1 1 Autor para correspondência: alvesdasilva@fzb.rs.gov.br; jrfortuna@hotmail.com ; Jaqueline Rizzi Fortuna1 1 Autor para correspondência: alvesdasilva@fzb.rs.gov.br; jrfortuna@hotmail.com

Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Seção de Botânica de Criptógamas, C. Postal 1188, 90001-970 Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

RESUMO

O levantamento do gênero Phacus Duj. (Euglenophyceae pigmentadas) desenvolvido em duas áreas localizadas na porção norte da Laguna dos Patos: a Lagoa do Casamento e ambientes associados (30º03'- 30º34'S e 50º25'- 50º47'W) e ecossistemas próximos ao Butiazal de Tapes (30º23'- 30º38'S e 51º16'- 51º29'W), resultou na identificação de 37 táxons específicos e infra-espécificos deste gênero. O estudo visou diminuir a lacuna do conhecimento de Phacus na Planície Costeira do Rio Grande do Sul. O clima local é subtropical úmido. As coletas de rede foram realizadas no outono e inverno e primavera/2003 nas margens de lagoas, banhados, alagado e açude. Dentre os táxons identificados nove são novas citações para o Estado e ainda, Phacus agilis Skuja var. inversa Bour., Phacus asymetricus Sokoloff, Phacus elegans Pochm., Phacus orbicularis Hübner f. communis Pop. e Phacus rostafinskii Drez. são novos registros para o Brasil. Todos os táxons são acompanhados das amplitudes máximas e mínimas de temperatura do ar e da água, pH e condutividade elétrica em que cada táxon ocorreu na área de estudo.

Palavras-chave: Euglenophyceae, Phacus, taxonomia, sul do Brasil

ABSTRACT

A survey of the genus Phacus Duj. (pigmented Euglenophyceae) undertaken in two areas located in the northern portion of Patos Lagoon - Lake Casamento and associated ecosystems (30º03' - 30º34'S; 50º25' - 50º47'W) and ecosystems near Butiazal de Tapes (30º23' - 30º38'S; 51º16' - 51º29'W), revealed 37 specific and infra-specific taxa for this genus. The study aim was to increase knowledge of this genus in Rio Grande do Sul's coastal zone. The local climate is humid subtropical. The qualitative samples were collected in autumn and winter spring of 2003, on the banks of ponds, lakes, and marshes. Of the taxa identified, nine are new citations for the state while Phacus agilis Skuja var. inversa Bour., Phacus asymetricus Sokoloff, Phacus elegans Pochm., Phacus orbicularis Hübner f. communis Pop. and Phacus rostafinskii Drez. were reported for the first time in Brazil. All taxa are accompanied by maximum and minimum variations in air and water temperature, pH, and conductivity at the site where each taxon occurred.

Key words: Euglenophyceae, Phacus, taxonomy, southern Brazil

Introdução

O gênero Phacus Dujardin (Euglenophyceae pigmentadas) engloba aproximadamente 150 espécies típicas de água doce (Hoeck et al. 1995), com maior ocorrência em ambientes rasos ricos em matéria orgânica (Pochmann 1942; Round 1983; Wetzel 1993). Muitas espécies são euplanctônicas, ocorrendo junto com outros gêneros de Euglenophyta, como Euglena, Lepocinclis, Strombomonas e Trachelomonas.

No Estado do Rio Grande do Sul, este gênero tem sido amplamente encontrado em lagoas, açudes, canais, banhados, arroios e rios. Alves-da-Silva & Hahn (2001) citam o registro de 61 táxons específicos e infra-específicos de Phacus para o Rio Grande do Sul até o ano de 2000.

O presente trabalho fez parte de um subprojeto dentro do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (PROBIO), estudo desenvolvido por pesquisadores da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul com início em 2003, cujo objetivo foi realizar o levantamento da flora e fauna para definir estratégias e prioridades de conservação de ecossistemas terrestres e aquáticos da Planície costeira do Rio Grande do Sul. Dentro deste subprojeto foi realizado o estudo das Euglenophyta em duas áreas localizadas na porção norte da Laguna dos Patos: a Lagoa do Casamento e ecossistemas associados e ecossistemas próximos ao Butiazal de Tapes, locais que apresentam um complexo de remanescentes naturais com representação de diferentes tipos de ecossistemas típicos da zona costeira: com dunas lagunares interiores, campos litorâneos, banhados, matas de restinga e butiazais. Parte deste levantamento resultou no trabalho denominado "Biodiversidade. Regiões da Lagoa do Casamento e dos Butiazais de Tapes, Planície Costeira do Rio Grande do Sul" (Torgan et al. 2007).

O litoral sul e a planície costeira do Rio Grande do Sul apresentavam carência de estudos das Euglenophyta, tendo em vista que apenas Alves-da-Silva (1988) havia publicado um trabalho taxonômico envolvendo 39 táxons específicos e infra-específicos destas algas na Estação Ecológica do Taim e, mais recentemente, Alves-da-Silva & Fortuna (2006) citam 28 táxons dos gêneros Euglena e Lepocinclis nos ambientes ora estudados, já resultado do mesmo projeto PROBIO. Portanto, este é o terceiro trabalho oriundo do estudo de Euglenophyta desenvolvido em ambientes lênticos da Planície costeira do Rio Grande do Sul.

A presente publicação abrange o gênero Phacus e tem como objetivo ampliar o conhecimento e a distribuição geográfica deste gênero de Euglenophyceae pigmentadas, além de fornecer as amplitudes de algumas variáveis abióticas dos ambientes em que cada táxon ocorreu durante o estudo.

Material e métodos

Informações do material e métodos utilizados se encontram em Alves-da-Silva & Fortuna (2006).

Para avaliação da similaridade entre os táxons de Phacus em duas áreas estudadas (Fig. 1) foi utilizado o IS - Índice de Similaridade de Sörensen (IS = 2 c / (a + b), onde: a e b são os números de espécies das comunidades a e b, respectivamente, e c é o número de espécies comuns às duas comunidades (Brower et al. 1998).


Todas as amostras estão depositadas na coleção de algas do Herbário Prof. Dr. Alarich R.H. Schultz (HAS) do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (Tab.1).

Neste trabalho são apresentadas as dimensões celulares, relação entre o comprimento e a largura celular (Rc/l), ilustrações, distribuição geográfica local e mundial, comentários de alguns táxons e descrições completa somente daqueles ainda não citados para Planície costeira do Rio Grande do Sul, além da amplitude de algumas variáveis abióticas em que cada táxon ocorreu nas áreas de estudo (Tab. 2). Foram considerados táxons raros os que ocorreram no máximo em três amostras.

Para a identificação específica e infra-específica dos táxons foram utilizadas obras básicas como: Pochmann (1942), Huber-Pestalozzi (1955), Németh (1980), Starmach (1983), Tell & Conforti (1986), Wolowski (1998), Shi et al. (1999) e Weik (dados não publicados), além de outros trabalhos sobre o grupo como: Alves-da-Silva (1988), Menezes & Fernandes (1989), Xavier (1989, 1994), Cecy (1990), Conforti (1994), Jati & Train (1994), Menezes et al. (1995), Menezes & Ferreira (2000) e Alves-da-Silva & Bridi (2004).

Resultados

Dentre as 57 amostras analisadas, 46 apresentaram representantes de Euglenaceae pigmentadas do gênero Phacus Duj., permitindo a identificação de 37 táxons em nível específico e infra-específico, distribuídos em 28 variedades típicas, seis variedades que não as típicas da espécie e três formas que não as típicas.

EUGLENACEAE

Phacus Dujardin 1841.

1. Phacus acuminatus Stokes var. acuminatus, Am. Mo. Microsc. J. 6: 183. 1985.

Fig. 2


 




Célula ovada, 20-25 μm compr., 16-18 μm larg., Rc/l = 1,3-1,5.

Material examinado: HAS 104092, HAS 104093, HAS 104096, HAS 104118, HAS 104124, HAS 104127, HAS 104136, HAS 104172, HAS 104179, HAS 104242, HAS 104339, HAS 104366, HAS 104369, HAS 104370, HAS 104391, HAS 104401. (16)

Distribuição geográfica: cosmopolita.

2. Phacus acuminatus Stokes var. variabilis (Lemm.) Pochm., Arch. Protistenk. 95(2): 143, fig. 32g-h. 1942.

Fig. 3-5

Célula ovada, 22-26 μm compr., 16-18 μm larg., Rc/l = 1,4-1,6; pólo anterior arredondado, sulco ca. de 0,3 vez o comprimento celular; pólo posterior atenuado em processo caudal cônico, levemente curvado, curto, hialino, ca. 3 μm compr.; película com estrias longitudinais, seguindo a torção da célula; cloroplastos numerosos, discóides; paramido 2, discóides, 7-11 μm concêntricos e outro excêntrico; flagelo ca. 0,5 vez o comprimento celular.

Material examinado: HAS 104093, HAS 104122, HAS 104127, HAS 104128, HAS 1041334, HAS 104136, HAS 104362, HAS 104369, HAS 104445. (9)

Distribuição geográfica: América do Sul, Europa. Difere da variedade típica da espécie pelo processo caudal curvo.

3. Phacus agilis Skuja var. agilis, Acta Horti. Bot. Univ. latv., 1: 39, pl. 2, fig. 4a-g. 1926.

Fig. 6-8

Célula elíptica, 20-21 μm compr., 11-14,5 μm larg., Rc/l = 1,4-1,8; pólo anterior arredondado; corte óptico reniforme ou elíptico; pólo posterior atenuado em processo caudal mamilado; película com estrias levógiras; cloroplastos 2, forma de calota, laterais, paramido 2, em forma de escudo laterais; flagelo 1 vez o comprimento celular.

Material examinado: HAS 104093, HAS 104118, HAS 104121, HAS 104136, HAS 104179, HAS 104217, HAS 105362, HAS 104366, HAS 104369, HAS 104391, HAS 104435, HAS 104445. (12)

Distribuição geográfica: cosmopolita.

4. Phacus agilis Skuja var. inversa Bourr., In Bourrely & Manguin, Algues d'eau douce Guad. Dep., 176, pl. 21, fig. 219-221. 1952.

Fig. 9-11

Célula amplamente elíptica, 13-15 μm compr., 11-12 μm larg., Rc/l = ca. 1,2.

Material examinado: HAS 104118, HAS 104136, 104362. (3)

Distribuição geográfica: América Central, América do Sul, Ásia, Europa.

Difere da variedade típica da espécie por possuir a estrias no sentido inverso e pela vista apical. Embora não tenham sido observada estria na película, o pólo posterior e a vista apical permitiram a identificação dos espécimens. Possivelmente as estrias são tênues a ponto de serem de difícil visualização, tal como ocorreu nos indivíduos ora observados e os encontrados na Ásia por Shi et al. (1999), que também não representou as estrias.

5. Phacus asymmetricus Sokoloff, An. Inst. Biol. Univ.

Mex. 4: 200, fig. 4. 1933.

Fig. 12-18

Célula assimétrica, ovada, torcida, margens diferentemente espessadas, a maior expandida posteriormente, aliforme, oblíqua, voltada para o mesmo lado do processo caudal, 49-55 μm compr., 32-37 μm larg.; Rc/l=1,4-1,5; pólo anterior arredondado, corte óptico transversal cuneado, bissulcado; pólo posterior atenuado abruptamente em processo caudal hialino, curvo de 13-15 μm compr.; película hialina, estrias longitudinais acompanhando a torção da célula; cloroplastos numerosos, discóides; paramido 2, bastoniformes; flagelo ca. de 1/3-1/4 vezes o comprimento celular.

Material examinado: HAS 104093, HAS 104118, HAS 10136, HAS 104362, HAS 104369. (5) Distribuição geográfica: América Central, América do Sul.

6. Phacus bacillifer Cunha, Mém. Inst. Osvaldo Cruz, 5(2): 110, p. 10, fig. 4. 1913.

Fig. 19-20


a07fig19-30  






Célula estreitamente oblonga, 37-40 μm compr., 9-11 μm larg., Rc/l = 3,3-4,3; pólo anterior arredondado; pólo posterior atenua-se rapidamente em processo caudal, hialino, cônico, reto, de 3-5 μm compr.; parede com estrias muito tênues, levemente espiraladas; cloroplastos discóides, numerosos; paramido 1, bastoniforme, levemente inclinado em relação ao eixo longitudinal, 12-18 μm compr. 2-3,5 μm larg.; núcleo central.

Material examinado: HAS 104093, HAS 104136, HAS 104338. (3)

Distribuição geográfica: América do Sul.

A espécie só havia sido encontrada em região tropical o país (Cunha 1913; M. Menezes dados não publicados; Menezes & Fernandes 1989). Este é o primeiro registro no país da espécie em região subtropical, salientando-se, entretanto, que os espécimens foram encontrados em ambientes rasos, com temperatura da água oscilando de 16º a 30 ºC.

7. Phacus caudatus Hübner var. caudatus, Prog. r. Stral., p. 5, fig. 5. 1886.

Fig. 21-23

Célula elíptica, 33-48 μm compr., 15-22 μm larg., Rc/l = 2,0-2,2.

Material examinado: HAS 104093, HAS104118, HAS 104362, HAS 104369, HAS 104391. (5) Distribuição geográfica: cosmopolita.

8. Phacus contortus Bourr. var. contortus, In Bourrely & Manguin, Algues d'eau douce Guad. Dep., 177, pl. 22, fig. 271-277. 1952.

Fig. 24-26

Célula assimétrica, ovada, torcida, margens diferentemente espessadas, a maior expandida posteriormente, aliforme, oblíqua, 40-41 μm compr., 29-30 μm larg., Rc/l = ca. 1,4.

Material examinado: HAS 104092, HAS 104093, HAS 104118, HAS 104121, HAS 104122, HAS 104124, HAS 104128, HAS 104136, HAS 104159, HAS 104242, HAS 104 337, HAS 104362, HAS 104369, HAS 104391, HAS 104401. (15)

Distribuição geográfica: América Central, América do Norte, América do Sul, Ásia, Europa.

9. Phacus curvicauda Swir. var. curvicauda, Arch. Hydrobiol. Plankton. 10: 333, pl. 2, fig. 13-16. 1915.

Fig. 27-30

Célula amplamente ovada, 26-28 μm compr., 18-24 μm larg., Rc/l = ca. 1,2.

Material examinado: HAS 104092, HAS 104093, HAS 104118, HAS 104134, HAS 104136, HAS 104179, HAS 104181, HAS 104230, HAS 104337, HAS 104339, HAS 104369, HAS 104391, HAS 104401, HAS 104445. (15)

Distribuição geográfica: cosmopolita.

10. Phacus elegans Pochm., Arch. Protistenk. 95(2): 199, fig. 107a-b. 1942.

Fig. 31


 








Célula levemente obvada, 130-147 μm compr., 40-43 μm larg., Rc/l = 3,4-3,7; pólo anterior arredondado, com um dos lados mais alto, abertura do canal subapical; pólo posterior atenuado em processo caudal, longo, 55-60 μm compr.; película com estrias longitudinais, muito tênues; cloroplastos numerosos, discóides, paramidos 1, central, arredondado de ca. 15 μm diâm. ou bastoniforme com até 35 μm diâm., ou outros menores arredondados até 6 μm diâm.; flagelo ca. 1/7 vez do comprimento celular.

Material examinado: HAS 104118, HAS 104369, HAS 104416. (3)

Distribuição geográfica: América do Norte, América do Sul, Ásia, Europa.

Os exemplares analisados apresentaram largura e processo caudal ligeiramente maior que os especiméns registrados pelo autor da espécie Pochmann (1942). É primeira citação da espécie no País.

11. Phacus glaber (Defl.) Pochm., Arch. Protistenk. 95(2): 236, fig. 158a-b. 1942.

Fig. 32-33

Célula napiforme, 25-26 μm compr., 16-20 μm larg.; Rc/l=1,3-1,6; pólo anterior com papila mediana; corte óptico transversal elíptico; pólo posterior atenuado abruptamente em processo caudal cônico, hialino, reto; de 3-7,5 μm compr.; película rígida, lisa; cloroplastos discóides, pequenos, paramido 2, cilíndricos; núcleo e flagelo não observados.

Material examinado: HAS 104093, HAS 104118, HAS 104136, HAS104179, HAS 104337, HAS 104362, HAS 104369, HAS 104394. (8)

Distribuição geográfica: África, América do Sul, Ásia, Europa.

12. Phacus granum Drez., Kosmos 50(1A): 266, pl. 3, fig. 119. 1925.

Fig. 34-35

Célula elíptica, 11-20 μm compr., 6-10 μm larg., Rc/l = 1,9-2,5; pólo anterior arredondado; pólo posterior atenua-se levemente em processo caudal mamilado; película com estrias muito tênues, paralelas; cloroplastos discóides, numerosos; paramido 2, bastoniformes, 4 e 8 μm compr. e 2 e 4 μm larg.

Material examinado: HAS 104093, HAS 104118, HAS 104179, HAS 104217, HAS 104362, HAS 104369. (6) Distribuição geográfica: cosmopolita.

13. Phacus hamatus Pochm., Arch. Protistenk. 95(2): 182, fig. 86a-f. 1942.

Fig. 36-38

Célula ovada, 55-65 μm compr., 28-43 μm larg.; Rc/l=1,4-1,9.

Material examinado: HAS 104092, HAS 104093, HAS 104118, HAS 104121, HAS 104136, HAS 104159, HAS 104179, HAS 104181, HAS 104337, HAS 104369, HAS 104391, HAS 104401. (12)

Distribuição geográfica: cosmopolita.

14. Phacus heimii Lef., Ann. Crypt. exot., 6(3/4): 261, fig. 11-13. 1933.

Fig. 39-41

Célula ovada, 37-39 μm compr., 30-31 μm larg., Rc/l = ca. 1,2; pólo anterior arredondado; corte óptico transversal elíptico; pólo posterior atenua-se rapidamente em processo caudal, hialino, cônico, levemente curvado, de 2-3 μm compr.; parede com estrias paralelas muito tênues, acompanhado a torção do corpo; cloroplastos discóides, numerosos; paramido 1-3, arredondados, 1 de cada lado da célula e outro excêntricos variando de 4-5 μm diâm.

Material examinado: HAS 104391. (1)

Distribuição geográfica: América do Sul, Ásia.

Táxon considerado raro, só encontrado no canal da lagoa dos Gateados. É segunda citação da espécie para o país, anteriormente registrada no Lago Camaleão, no estado do Amazonas por Conforti (1994).

15. Phacus horridus Pochm., Arch. Protistenk. 95(2): 239, fig. 163a-b. 1942.

Fig. 42-43

Célula napiforme, 40-49 μm compr., 25-30 μm larg., Rc/l = 1,4-1,6.

Material examinado: HAS 104092, HAS 104093, HAS 104096, HAS 104124, HAS 104362, HAS 104369. (6)

Distribuição geográfica: cosmopolita.

16. Phacus lefrevei Bourr., In Bourrely & Manguin, Algues d'eau douce Guad. Dep., 177, pl. 21, fig. 235-240. 1952.

Fig. 44


 








Célula amplamente ovada, 43-57 μm compr., 40-45,4 μm larg., Rc/l = 1,0-1,3; pólo anterior arredondado; lados ventral e dorsal levemente convexos; corte óptico transversal elíptico; pólo posterior terminando em protuberância reduzida com ca. 1 μm compr.; película com estrias longitudinais; cloroplastos numerosos, discóides, às vezes poligonais; paramidos numerosos, arredondados.

Material examinado: HAS 104093, HAS 104118, HAS 104121, HAS 104136, HAS 104362, HAS 104369. (6)

Distribuição geográfica: África, América Central, América do Sul, Europa.

17. Phacus longicauda (Ehr.) Duj. var. longicauda, Infus., p. 337, pl. 5, fig. 6. 1841.

Fig. 45

Célula obovada 98-108 μm compr., 33-42 μm larg., Rc/l = 2,6-3,0.

Material examinado: HAS 104092, HAS 104093, HAS 104196, HAS 104118, HAS 104124, HAS 104125, HAS 104127, HAS 104136, HAS 104174, HAS 104203, HAS 104242, HAS 104337, HAS 104339, HAS 104362, HAS 104366, HAS 104369, HAS 104381, HAS 104391, HAS 104427, HAS 104431, HAS 104441. (21)

Distribuição geográfica: cosmopolita.

18. Phacus longicauda (Ehr.) Duj. var. major Swir., Trav. Inst. Bot. Univ. Krarkoff, 26: 48. 1915.

Fig. 46

Célula ovada, 151-187 μm compr., 46-61 μm larg., Rc/l = 3,0-3,2.

Difere da variedade típica da espécie pelas maiores dimensões celulares.

Material examinado: HAS 104092, HAS 104093, HAS 104096, HAS 104118, HAS 104121, HAS 104174, HAS 104185, HAS 104337, HAS 104339, HAS 104362, HAS 104369, HAS 104381, HAS 104401. (13)

Distribuição geográfica: cosmopolita.

19. Phacus longicauda (Ehr.) Duj. var. tortus Lemm., KryptFl. Mark Brandenburg. 3: 511. 1910.

Fig. 47-48

Célula ovada, 65-96 μm compr., 29-43 μm larg., Rc/l = 1,8-2,5.

Material examinado: HAS 104092, HAS 104093, HAS 104118, HAS 104120, HAS 104122, HAS 104124, HAS 104128, HAS 104133, HAS 104136, HAS 104179, HAS 104337, HAS 104339, HAS 104362, HAS 104369, HAS 104381, HAS 104391, HAS 104401, HAS 104445, HAS 104456. (19)

Distribuição geográfica: cosmopolita.

Difere da variedade típica da espécie pela presença de uma volta na região mediana e pelas estrias transversais entre as longitudinais.

20. Phacus megapyrenoides Roll, Arch. Protistol. 4(3/4): 148, pl. 5, fig. 16. 1925.

Fig. 49-50

Célula ovada a arredondada, 31-38 μm compr., 25,2-30 μm larg., Rc/l = 1,1-1,3.

Material examinado: HAS 104093, HAS 104124, HAS 104127, HAS 104136, HAS 104445. (5)

Distribuição geográfica: América do Sul, Ásia, Europa.

21. Phacus onxy Pochm. var. onyx, Arch. Protistenk. 95(2): 192, fig. 98a-d. 1942.

Fig. 51-52

Célula arredondada a ovada, assimétrica, margens com reentrâncias, 31-50 μm compr., 25-37 μm larg., Rc/l = 1,2-1,6.

Material examinado: HAS 104092, HAS 104093, HAS 104124, HAS 104127, HAS 104128, HAS 104136, HAS 104230, HAS 104362, HAS 104369, HAS 104391, HAS 104441, HAS 104445. (12)

Distribuição geográfica: cosmopolita.

22. Phacus onxy Pochm. var. simetrica Tell & Zal., Nova Hedwigia 41: 361, pl. 7, fig. 9a-c. 1985.

Fig. 53-55

Célula ovada, as margens podem apresentar reentrâncias ou não, 33-45 μm compr., 27-30 μm larg., Rc/l = 1,2-1,5.

Material examinado: HAS 104092, HAS 104093, HAS 104096, HAS 104118, HAS 104121, HAS 104122, HAS 104124, HAS 104127, HAS 104128, HAS 104134, HAS 104136, HAS 104139, HAS 104337, HAS 104362, HAS 104369, HAS 104370, HAS 104391, HAS 104401. (18)

Distribuição geográfica: América do Sul.

Difere da variedade típica pelo processo caudal reto. Esta espécie esteve bem representada na maioria dos ambientes amostrados, destacando-se no banhado entre a lagoa do Capivari e Casamento, na sub-área A, com mais de 20 indivíduos por lâmina.

23. Phacus orbicularis Hübner, Prog. Realgym. Stralsund., p. 5, fig. 41. 1886.

Fig. 56-58


 










Célula ovada, 70-82 μm compr., 45-56 μm larg., Rc/l = 1,4-1,5.

Material examinado: HAS 104092, HAS 104093, HAS 104096, HAS 104118, HAS 104128, HAS 104134, HAS 104136, HAS 104179, HAS 104337, HAS 104339, HAS 104362, HAS 104369, HAS 104391. (13)

Distribuição geográfica: cosmopolita.

24. Phacus orbicularis Hübner f. communis Pop., Opred. Presnov. Vodor. USSR 7: 229, fig. 99: 2-4. 1955.

Fig. 59-61

Célula ovada, 41-50 μm compr., 33-35 μm larg., Rc/l = 1,2-1,4; pólo anterior arredondado; margem pode apresentar reentrâncias; vista apical levemente triangular, com os ângulos arredondados; pólo posterior atenuado abruptamente em processo caudal, oblíquo, 7-8 μm compr.; película com estrias longitudinais, acompanhando a torção do corpo e transversais entre as longitudinais; cloroplastos numerosos, discóides; paramido 2-3, o central com ca. 31 μm diâm., os outros 5-15 μm diâm.

Material examinado: HAS 104093, HAS 104118, HAS 104136, HAS 104121, HAS 104337, HAS 104362, HAS 104369, HAS 104445. (8)

Distribuição geográfica: cosmopolita.

25. Phacus pleuronectes (O.F. Müller) Duj., Hist. Nat. Zooph.: 336, pl. 5, fig. 5. 1841.

Fig. 62-64

Célula ovada, 35-46 μm compr., 23-30 μm larg., Rc/l = 1,5-1,6.

Material examinado: HAS 104092, HAS 104093, HAS 104096, HAS 104121, HAS 104122, HAS 104127, HAS 104133, HAS 104136, HAS 104159, HAS 104242, HAS 104337, HAS 104339, HAS 104369, HAS 104381, HAS 104394, HAS 104401, HAS 104445. (17)

Distribuição geográfica: cosmopolita.

26. Phacus polytrophos Pochm., Arch. Protistenk. 95(2): 128, fig. 15a-f. 1942.

Fig. 65-68

Célula amplamente elíptica a elíptica, 11-15 μm compr., 9-10 μm larg., Rc/l = 1,2-1,5; pólo anterior arredondado; pólo posterior atenuado em processo caudal mamilado, 1-2 μm compr.; película rígida, estrias tênues, dextrógiras; cloroplastos parietais, numerosos, discóides; paramido 2, posição oblíqua na célula, o maior 5,0 μm diâm., o menor 3,0 μm diâm.

Material examinado: HAS 104362. (1)

Distribuição geográfica: África, América do Norte, América do Sul, Ásia, Europa.

Espécie considerada rara, só ocorrendo no banhado do Pontal do Anastácio.

27. Phacus pseudonordestii Pochm., Arch. Protistenk. 95(2): 219, fig. 134a-d, 135a-c. 1942.

Fig. 69-71

Célula elíptica, 35-38 μm compr., 18-19 μm larg., Rc/l = 1,9-2,1.

Material examinado: HAS 104093, HAS 104103, HAS 104118, HAS 104121, HAS 104124, HAS 104128, HAS 104179, HAS 104337, HAS 104362, HAS 104369, HAS 104391, HAS 104401. (12)

Distribuição geográfica: África, América do Norte, América do Sul, Ásia, Europa.

28. Phacus pyrum (Ehr.) Stein var. pyrum, Infusions. Organismen. Pl. 19, fig. 51-54. 1878.

Fig. 72-74

Célula piriforme, 27-30 μm compr., 12-13 μm larg., Rc/l = 2,2-2,4.

Distribuição geográfica: cosmopolita.

Material examinado: HAS 104092, HAS 104093, HAS 104118, HAS 104121, HAS 104124, HAS 104127, HAS 104128, HAS 104130, HAS 104133, HAS 104134, HAS 104159, HAS 104163, HAS 104179, HAS 104339, HAS 104362, HAS 104369, HAS 104370, HAS 104401, HAS 104431, HAS 104445. (20)

Distribuição geográfica: cosmopolita.

29. Phacus raciborskii Drez., Kosmos 50 (1 A): 266, pl. 3. fig. 13. 1925.

Fig. 75-77

Célula geralmente retangular, dobrada em sela, torcida 30-34 μm compr., 8-10 μm larg., Rc/l = 3,43,7.

Material examinado: HAS 104118, HAS 104121, HAS 104136, HAS 104159, HAS 104217, HAS 104237, HAS 104362, HAS 104369, HAS 104370, HAS 104381, HAS 104431. (11)

Distribuição geográfica: cosmopolita.

30. Phacus raciborskii Drez. var. longus Conf., Cryptogamie, Algol. 10(1): 73, fig. 3a-e. 1989.

Fig. 78-79


 






Célula geralmente retangular, dobrada em sela, torcida, 45-53 μm compr., 11-14 μm larg., Rc/l = 3,6-4,1.

Material examinado: HAS 104092, HAS 104093, HAS 104118, HAS 104136, HAS 104174, HAS 104217, HAS 104337, HAS 104362, HAS 104369. (9)

Distribuição geográfica: América do Sul.

Diferencia-se da espécie típica por ser longitudinalmente maior.

31. Phacus rostafinskii Drez., Kosmos 50: 234, 267, fig. 118. 1925.

Fig. 80-85

Célula falciforme, 105-136 μm compr., 12-28 μm larg., Rc/l = 9,1-9,6; pólo anterior levemente aquadradado; lado ventral côncavo, dorsal convexo; pólo posterior atenuado em processo caudal hialino, cônico, longo em vista lateral, 45-50 μm compr.; película com estrias longitudinais de difícil visualização; cloroplastos numerosos, discóides; paramido 2, bastoniformes 1 e o outro maior hemisférico, perpendiculares ao eixo longitudinal da célula.

Material examinado: HAS 104118.

Distribuição geográfica: América do Sul, Europa.

É o primeiro registro da espécie no País.

32. Phacus stokessi Lemm. var. stokessi f. minor Conr., Bull. Mus. royal Hist. Nat. Belg. 14(8): 1, fig. 20. 1938.

Fig. 86-87

Célula amplamente elíptica a elíptica, 23-24 μm compr., 15-20 μm larg., Rc/l = 1,2-1,5; pólo anterior arredondado; vista apical elíptica-alargada; pólo posterior atenuado abruptamente em processo caudal muito curto, mamilado; película com estrias longitudinais, muito tênues de difícil visualização; cloroplastos numerosos, discóides; paramido 1, central de 15-18 μm diâm.

Material examinado: HAS 104093, HAS 104136, HAS 104369. (3)

Distribuição geográfica: América do Sul, Ásia, Europa.

Os espécimens observados apresentaram dimensões maiores que o citado para forma minor por Nemeth (1980), Tell & Conforti (1986) e Shi et al. (1999), que dão dimensões de 13-21 compr. e 11-15 μm larg., mas bem menores que a variedade típica da espécie citada por alguns autores como Huber-Pestalozzi (1955), Starmarch (1983), Tell & Conforti (1986), Shi et al. (1999) e que dão dimensões para var. stokessi de 41-55,6 μm compr. por 30-49,6 μm larg. Apesar das dimensões não serem concordantes com a literatura, optou-se por identificá-la com a f. minor da espécie pelas dimensões serem mais próxima desta forma.

33. Phacus striatus Francé, Z. Wiss. Zool., v. 56, p.136-164. 1893.

Fig. 88-89

Célula claviforme, 24-26 μm compr., 8-10 μm larg., Rc/l = 2,9-3,1; pólo anterior arredondado; pólo posterior atenuando-se em processo caudal hialino, cônico, levemente curvo; película rígida, com estrias levógiras; cloroplastos numerosos, discóides; grãos de paramido 2 a 4, localizados lateralmente.

Material examinado: HAS 104092, HAS 104093, HAS 104121, HAS 104362. (4)

Distribuição geográfica: América do Norte, América do Sul, Ásia, Europa.

34. Phacus suecius Lemm. var. suecius, Süsswar.-Flora Detl. Ost. Schweiz 2(2): 139, fig. 49. 1913.

Fig. 90

Célula napiforme a ovada, simétrica, 40-42 μm compr., 24-26 μm larg., Rc/l = ca. 1,7.

Material examinado: HAS 104118, HAS 104339, HAS 104362, HAS 104366, HAS 104369, HAS 104370, HAS 104391, HAS 104435, HAS 104436. (9)

Distribuição geográfica: cosmopolita.

35. Phacus undulatus (Skv.) Pochm., Arch. Protistenk. 95(2): 191, fig. 95-96. 1942.

Fig. 91

Célula ovada, assimétrica, com entalhes marginais na película, 45-78 μm compr., 35-50 μm larg., Rc/l = 1,3-1,7.

Material examinado: HAS 104093, HAS 104122, HAS 104128, HAS 104136, HAS 104362, HAS 104369. (6)

Distribuição geográfica: América do Norte, América do Sul, Ásia, Europa.

36. Phacus undulatus (Skv.) Pochm. f. major (Presc.) Hub.-Pest., Phytoplankt. Susswäs. 16(4): 215, pl. 47, fig. 287B. 1955.

Fig. 92

Célula ovada, assimétrica, com entalhes marginais na película, 105-110 μm compr., 68-70 μm larg., Rc/l = 1,5-1,6.

Material examinado: HAS 104122, HAS 104127, HAS 104128, 104369. (4)

Distribuição geográfica: América do Sul, Ásia, Europa.

Difere da variedade típica da espécie pelas maiores dimensões celulares e maior processo caudal (quase o dobro). Ocorreu associada á espécie típica.

Espécie considerada rara, só ocorrendo no banhado do Pontal do Anastácio. É o segundo registro para o País, anteriormente havia sido encontrado em reservatório raso por S. Alves-da-Silva & C. Bicudo (dados não publicados).

37. Phacus viguieri All. &. Lef., Bull. Soc. Bot. France 72: 129, fig. 52-54. 1931.

Fig. 93-94

Célula amplamente ovada, 21-25 μm compr., 18-20 μm larg., Rc/l = 1,0-1,4; pólo anterior arredondado; pólo posterior atenuado abruptamente em processo caudal, levemente curvo, cônico, de 2-3 μm compr.; película rígida, estrias longitudinais; cloroplastos parietais, numerosos, discóides; paramido 2, excêntricos.

Material examinado: HAS 104092, HAS 104093, HAS 104096, HAS 104118, HAS 104136, HAS 104362, HAS 104445. (7)

Distribuição geográfica: América do Sul, Ásia, Europa.

É o terceiro registro da espécie para o País, foi encontrada anteriormente no Paraná por Cecy (1990) e no Amazonas por Conforti (1994).

Muitos dos ambientes aquáticos estudados são pequenos corpos d'água rasos (maioria com menos de 100 cm de profundidade) cobertos por macrófitas aquáticas que ao se decomporem favorecem o aumento de matéria orgânica propiciando a presença do grupo das Euglenophyta, em especial do gênero Phacus.

A Fig. 95 mostra que os ambientes que apresentaram a maior riqueza de Phacus foram banhados, distinguindo-se os da lagoa do Capivari e do Casamento (HAS 104093) e o Pontal do Anastácio (HAS 104362).


Na área da lagoa do Casamento foram registrados 97,3% dos táxons identificados, enquanto na área do Butiazal de Tapes foram encontrados 55,6% do total dos táxons. O índice de Sörensen foi de 0,71 indicando uma similaridade mediana entre as duas áreas estudadas. Dentre os locais amostrados próximos ao Butizal de Tapes alguns são sistemas temporários e de maneira geral possuem menor poluição antrópica, isto explicaria a menor representatividade do gênero Phacus nestes ambientes.

Embora tenha sido registrada uma alta riqueza do gênero na área da lagoa do Casamento observou-se que a maioria dos táxons de Phacus apresentou menos de oito indivíduos por lâmina, se distinguindo Phacus onyx var. simetrica no banhado entre a lagoa do Capivari e Casamento na primavera/2003 que apresentou mais de 20 indivíduos por lâmina.

A distribuição do gênero nos diferentes biótopos foi baixa, distinguindo-se Phacus acuminatus var. acuminatus,P. longicauda var. longicauda. P. longicauda var. tortus, P. onyx var. simetrica, P. pleuronectes e P. pyrum por terem ocorrido em 35 a 47,8% do total das 46 amostras em que o gênero foi encontrado.

Quanto as variáveis ambientais (Tab. 2) foi constatado que a maioria dos táxons de Phacus registrados na Planície Costeira do Rio Grande do Sul apresentaram ampla tolerância as variações de temperatura, pH e condutividade elétrica da água. A temperatura da água nos ecossistemas estudados variou de 14 a 34 ºC e do ar variou de 16 a 29,8 ºC. A maioria dos táxons apresentou ampla tolerância a variação da temperatura da água, a excecão de P. agilis var. inversa, P. caudatus, P. heimii, P. horridus que apresentaram baixa tolerância a esta variável. Alves-da-Silva & Bridi (2004) encontraram resultados semelhante no Parque Estadual Delta do Jacuí em ambientes próximos aos presentemente estudados, onde foram registrados 31 táxons em amplitude de temperatura entre 12,4-30,3 ºC. Enquanto Pereira & Azeiteiro (2003) trabalhando na região central de Portugal registraram 21 táxons de Phacus em temperaturas que variaram de 11,4-21,6 ºC.

O pH da água variou de 4,3-8,4, mas com maior ocorrência dos táxons em água ácidas. Somente P. longicauda var. longicauda e P. pyrum var. pyrum suportaram ampla variação quanto ao pH (4,3-8,4 e 5-8,4, respectivamente), as demais ocorreram em águas ácidas, com pH oscilando de 5-6,7. Weik (1967) cita que este gênero mostra preferência por águas quentes, ricas em nutrientes orgânicos com pH neutro a levemente alcalino, existindo entretanto, algumas espécies que toleram condições mais ácidas como ocorreu na maioria dos táxons estudados. No Rio Grande do Sul este gênero tem sido encontrado mais em ambientes ácidos a levemente alcalinos (Alves-da-Silva & Torres 1994; Alves-da-Silva & Bridi 2004). Coincidindo com os resultados de Pereira & Azeiteiro (2003) em Portugal cujos táxons foram encontrados em intervalo de pH entre 6,2-7,5.

Neste estudo a condutividade variou desde 12 até 362 μS.cm-1, mas de maneira geral foi alta na maioria dos ecossistemas em que o gênero foi encontrado. Alves-da-Silva & Bridi (2004) registraram este gênero em águas com condutividade variando de 30-340 μS.cm-1 e Pereira e Azeiteiro (2003) em águas com condutividade oscilando entre 145 a 779 μS.cm-1.

P. heimii, P. bacillifer, P. stokessi var. stokessi f. minor e P. viguieri são novos registros para o Rio Grande do Sul. Enquanto, Phacus agilis var. inversa, P. asymetricus, P. elegans, P. orbicularis var. communis e Phacus rostafinskii são novas citações para o Brasil.

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC) à segunda autora (proc. 108097/03-1); aos colegas da Seção de Botânica de Criptógamas do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, pela execução e auxílio nas coletas, a Rejane Rosa, pela cobertura à nanquim dos desenhos.

Recebido em 22/09/2006. Aceito em 24/09/2007

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    Autor para correspondência:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      14 Nov 2008
    • Data do Fascículo
      Set 2008

    Histórico

    • Recebido
      22 Set 2006
    • Aceito
      24 Set 2007
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