Acessibilidade / Reportar erro

Fisionomia e composição da vegetação florestal na Serra do Cipó, MG, Brasil

Physiognomy and composition of the forest vegetation in the Serra do Cipó, MG, Brazil

Resumos

A flora da Serra do Cipó tem sido extensamente pesquisada, especialmente a partir do início do projeto "Flora da Serra do Cipó", coordenada pelo Departamento de Botânica da Universidade de São Paulo. Entretanto, até o momento as coletas concentraram-se à oeste da Serra. Os objetivos deste trabalho são discutir os padrões de fitofisionomia e composição da flora arbórea da Serra do Cipó, analisar a contribuição da flora da porção leste ao corpo de conhecimento florístico da Serra do Cipó e discutir a classificação da porção leste com relação aos domínios fitogeográficos da Mata Atlântica e do Cerrado. Foram computadas as espécies levantadas por um estudo anterior na porção leste da Serra, bem como aquelas levantadas pelo projeto "Flora da Serra do Cipó", predominantemente à oeste da Serra. Foram encontradas 530 espécies arbóreas, sendo 88 espécies em comum, 250 espécies exclusivas do oeste e 192 espécies exclusivas do leste. Os resultados mostram a heterogeneidade florística das florestas da Serra do Cipó, que é correlacionada com sua heterogeneidade ambiental, principalmente a litologia e a altitude. A porção leste da Serra do Cipó, incluída no domínio da Mata Atlântica, apresenta transições relativamente abruptas para o campo rupestre, muitas vezes intermeadas por candeais.

Cadeia do Espinhaço; fitogeografia; florística; Mata Atlântica


The flora of the Serra do Cipó has been extensively studied, especially since the start of the "Flora da Serra do Cipó" project, coordinated by the Departamento de Botânica of the Universidade de São Paulo. However, until now collections have been concentrated in the western part of this region. The goals of this work were to discuss the phytophysiognomy and composition patterns of the arboreal flora of the Serra do Cipó, analyze the contribution of the flora of the eastern portion of the Serra do Cipó to the entire flora of this region and to discuss the classification of the eastern portion in regards to the Atlantic Forest and Cerrado phytogeographical domains. The species found by a previous study in the eastern portion of the Serra were analyzed, as well as those surveyed by the project "Flora da Serra do Cipó," which are predominantly from the western part of this region. Five hundred and thirty arboreal species were encountered, 88 common in both regions, 250 exclusive to the western part and 192 exclusive to the eastern part. Results revealed the floristic heterogeneity of forests in the Serra do Cipó, which is correlated to its disparate environment and is mainly related to its lithology and elevation. The eastern portion of the Serra do Cipó, which is part of the Atlantic Forest domain, presents a relatively abrupt transition to campo rupestre, and is often intermingled with candeais.

Atlantic Forest; Espinhaço Range; floristic; phytogeography


ARTIGOS ARTICLES

Fisionomia e composição da vegetação florestal na Serra do Cipó, MG, Brasil

Physiognomy and composition of the forest vegetation in the Serra do Cipó, MG, Brazil

Matheus Fortes Santos1 1 Autor para correspondência: matheus_fs@yahoo.com.br ; Herbert Serafim; Paulo Takeo Sano

Universidade de São Paulo, Departamento de Botânica, Laboratório de Sistemática Vegetal, São Paulo, SP, Brasil

RESUMO

A flora da Serra do Cipó tem sido extensamente pesquisada, especialmente a partir do início do projeto "Flora da Serra do Cipó", coordenada pelo Departamento de Botânica da Universidade de São Paulo. Entretanto, até o momento as coletas concentraram-se à oeste da Serra. Os objetivos deste trabalho são discutir os padrões de fitofisionomia e composição da flora arbórea da Serra do Cipó, analisar a contribuição da flora da porção leste ao corpo de conhecimento florístico da Serra do Cipó e discutir a classificação da porção leste com relação aos domínios fitogeográficos da Mata Atlântica e do Cerrado. Foram computadas as espécies levantadas por um estudo anterior na porção leste da Serra, bem como aquelas levantadas pelo projeto "Flora da Serra do Cipó", predominantemente à oeste da Serra. Foram encontradas 530 espécies arbóreas, sendo 88 espécies em comum, 250 espécies exclusivas do oeste e 192 espécies exclusivas do leste. Os resultados mostram a heterogeneidade florística das florestas da Serra do Cipó, que é correlacionada com sua heterogeneidade ambiental, principalmente a litologia e a altitude. A porção leste da Serra do Cipó, incluída no domínio da Mata Atlântica, apresenta transições relativamente abruptas para o campo rupestre, muitas vezes intermeadas por candeais.

Palavras-chave: Cadeia do Espinhaço, fitogeografia, florística, Mata Atlântica

ABSTRACT

The flora of the Serra do Cipó has been extensively studied, especially since the start of the "Flora da Serra do Cipó" project, coordinated by the Departamento de Botânica of the Universidade de São Paulo. However, until now collections have been concentrated in the western part of this region. The goals of this work were to discuss the phytophysiognomy and composition patterns of the arboreal flora of the Serra do Cipó, analyze the contribution of the flora of the eastern portion of the Serra do Cipó to the entire flora of this region and to discuss the classification of the eastern portion in regards to the Atlantic Forest and Cerrado phytogeographical domains. The species found by a previous study in the eastern portion of the Serra were analyzed, as well as those surveyed by the project "Flora da Serra do Cipó," which are predominantly from the western part of this region. Five hundred and thirty arboreal species were encountered, 88 common in both regions, 250 exclusive to the western part and 192 exclusive to the eastern part. Results revealed the floristic heterogeneity of forests in the Serra do Cipó, which is correlated to its disparate environment and is mainly related to its lithology and elevation. The eastern portion of the Serra do Cipó, which is part of the Atlantic Forest domain, presents a relatively abrupt transition to campo rupestre, and is often intermingled with candeais.

Key words: Atlantic Forest, Espinhaço Range, floristic, phytogeography

Introdução

A Cadeia do Espinhaço tem atraído, desde o século XIX, a atenção de muitos naturalistas e, desde então, vários estudos sobre sua flora foram publicados, majoritariamente na segunda metade do século XX (Giulietti et al. 1987). Entre esses trabalhos, destacam-se os projetos desenvolvidos na Serra do Cipó (Giulietti et al. 1987), Grão-Mogol (Pirani et al. 2003), estes na porção mineira do Espinhaço, Mucugê (Harley & Simmons 1986), Pico das Almas (Stannard 1995) e Catolés (Zappi et al. 2003), estes na porção baiana da Cadeia do Espinhaço.

Na Serra do Cipó, entre os trabalhos pioneiros estão os efetuados por Silveira (1908), citando aspectos geológicos, hidrográficos e vegetacionais, e por Magalhães (1954), fornecendo uma lista com 234 espécies de angiospermas da região. Em 1972, o pesquisador Aylthon Brandão Joly planejou e iniciou o projeto de levantamento da flora local (projeto "Flora da Serra do Cipó"), com a participação de pesquisadores de diversas instituições nacionais e internacionais. Tais esforços resultaram em um grande número de publicações na área da botânica, principalmente tratamentos taxonômicos para diversos grupos vegetais, publicados no Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo.

A região, assim como toda Cadeia do Espinhaço, é reconhecida pela grande biodiversidade e endemismos (Giulietti et al. 1987; Giulietti & Pirani 1988; Harley 1995; Pirani et al. 2003). Na listagem de espécies apresentada por Giulietti et al. (1987), contavam-se ca. 1590 espécies de plantas vasculares, das quais muitas eram citadas como endêmicas do Espinhaço ou mesmo da Serra do Cipó. Confrontando a lista de Giulietti et al. (1987) com monografias mais recentes para a Serra do Cipó, observa-se um acréscimo substancial no número de espécies em várias famílias (Rapini et al. 2008).

Entretanto, pelo fato de as coletas na Serra do Cipó terem se concentrado na porção oeste, a vegetação ao leste da Serra ainda é bastante desconhecida, havendo pouquíssimas coletas na região (Giulietti et al. 1987; Madeira et al. 2008; Ribeiro et al. 2009). Entre as famílias já inventariadas para a Serra do Cipó, o que se observa é que os materiais examinados não provêm da área leste, denotando a falta de estudos de sua composição florística (Madeira et al. 2008; Ribeiro et al. 2009). Tal fato certamente representa uma grande lacuna nos conhecimentos florísticos sobre a região, pois, apesar de a Serra do Cipó ser extensamente pesquisada, faltam informações básicas sobre grande parte de sua vegetação.

Em vista de tal desconhecimento, a direção do Parque Nacional da Serra do Cipó orientou esforços com relação à pesquisa na porção leste da Serra, buscando, inclusive, gerar dados robustos para classificar adequadamente sua vegetação em relação aos domínios fitogeográficos da Mata Atlântica e do Cerrado. O levantamento florístico arbóreo feito por Santos (2009), em uma área da porção leste da Serra do Cipó (Fig. 1, Fig. 2A, Fig. 2B), está incluído dentro desses esforços, inclusive com parte dos dados incorporada ao plano de manejo do Parque.



Diante desse cenário, este trabalho tem como objetivos: 1) discutir padrões de fitofisionomia e composição da flora arbórea na Serra do Cipó em suas porções leste e oeste; 2) analisar a contribuição da flora arbórea da porção leste ao conhecimento florístico da Serra do Cipó; 3) somar dados à discussão da classificação da porção leste com relação aos domínios fitogeográficos da Mata Atlântica e do Cerrado.

Material e métodos

O conceito de "Serra do Cipó"

Tradicionalmente, a porção leste não era reconhecida como parte dessa Serra. Segundo Giulietti et al. (1987), a Serra do Cipó é delimitada pelo rio Cipó e seus afluentes do leste, especialmente o Rio Paraúna, compreendendo assim as áreas montanhosas situadas entre as Serras das Bandeirinhas (município de Santana do Riacho), ao sul, e as serras próximas de Gouveia, ao norte. Inclusive, no planejamento apresentado por Giulietti et al. (1987), as coletas do projeto "Flora da Serra do Cipó" foram direcionadas à porção mais ao sul, no município de Santana do Riacho (19º12'-19 20'S e 43º30'-43 40'W), onde a estrada Belo Horizonte - Conceição do Mato Dentro (MG-10) atravessa essa Serra.

Neste trabalho, foi adotada uma delimitação mais abrangente da Serra do Cipó, incluindo também sua face leste, para incrementar o conhecimento florístico sobre toda a região, discutindo os novos dados e suas implicações. Dessa forma, a Serra do Cipó é aqui definida como a área abrangida por toda região do Parque Nacional da Serra do Cipó (31.632 ha) e da Área de Proteção Ambiental Morro da Pedreira (100107 ha), incluindo as porções elevadas de altitudes entre 800-1550 m dos municípios de Itambé do Mato Dentro, Jaboticatubas, Morro do Pilar, Santana do Riacho, Nova União, Itabira, Taquaruçu de Minas e Conceição do Mato Dentro (seguindo Gontijo 1993; Madeira et al. 2008; Ribeiro et al. 2009) (Fig. 1). Gontijo (1993), estudando a geomorfologia da Serra do Cipó, aborda uma extensão semelhante à definição citada e, apesar de não definir estritamente os limites da Serra, trata toda ela como uma unidade. A definição mostra-se satisfatória e mais precisa do ponto de vista geomorfológico e, por isso, é adotada neste trabalho.

Aspectos naturais

A Cadeia do Espinhaço Meridional (Saadi 1995), onde está localizada a Serra do Cipó, é edificada principalmente em litologias do Supergrupo Espinhaço, que apresenta predominância de rochas quartzíticas em sua composição (Almeida-Abreu 1995; Saadi 1995). Devido à constituição essencialmente quartzítica, de alta resistência aos processos erosivos, o Espinhaço Meridional permanece como um dos mais antigos divisores de águas da plataforma brasileira (Gontijo 1993), separando os afluentes da margem direita do Rio São Francisco das bacias que irrigam o leste mineiro, como a bacia do Rio Doce (Saadi 1995).

Os solos desenvolvidos sobre os quartzitos da Serra do Cipó, de maneira geral, são rasos, arenosos, pobres em nutrientes e com baixa capacidade de retenção de água, encontrando-se como uma camada de pavimento dendrítico com cascalhos angulosos, entremeados por areia branca (Gontijo 1993; Silva 2005). Nas áreas em que se encontram outros grupos litológicos, cujas características favoreçam o intemperismo, são encontrados pacotes espessos de Latossolos Amarelo, Vermelho e Vermelho-Amarelo e também Cambissolos (Gontijo 1993; Ribeiro et al. 2009).

O clima em toda Serra do Cipó é do tipo Cwb de Köppen (1948), com verões muito chuvosos e invernos secos, precipitação concentrada entre novembro e março e média anual de 1500 mm, havendo, porém, uma variação com relação às vertentes leste e oeste, já que nebulosidade quase constante prevalece nas vertentes orientais, enquanto as vertentes ocidentais enfrentam até sete meses de seca. (Ribeiro et al. 2009). Nas partes mais elevadas da Serra a umidade também é maior, pois o relevo favorece a formação de baixos estratos, nuvens, garoas e neblinas durante quase todo o ano (Gontijo 1993).

O Espinhaço Meridional apresenta-se como um limite, relativamente abrupto, entre o domínio da Mata Atlântica e o domínio do Cerrado e, consequentemente, as elevações da Serra do Cipó também fazem a delimitação entre estes dois domínios fitogeográficos (IBGE 1993; Scolforo & Carvalho 2006; Ribeiro et al. 2009; veja também a discussão). Assim, a região é marcada por um grande contraste de fitofisionomias de leste para oeste, acentuada pela variedade de condições fisiográficas (Giulietti et al. 1987). Nas porções elevadas, sobre rochas quartzíticas, predominam os Campos Rupestres, ocorrendo em geral acima de 900 m de altitude, apresentando um estrato herbáceo contínuo, caracterizado por espécies de Poaceae, Cyperaceae, Eriocaulaceae e Xyridaceae, entre outros grupos (Giulietti et al. 1987) (Fig. 2B, Fig. 2C). À oeste, em altitudes mais baixas (800-1000 m), ocorrem manchas de Cerrado (Giulietti et al. 1987) que, após o fim das elevações da Serra, torna-se a fitofisionomia predominante (Fig. 2D).

Nas áreas quartzíticas, a ocorrência de florestas é restrita às matas ripárias, no entorno dos cursos d'água, ou aos capões (floresta estacional semidecidual alto-montana, sensu Veloso et al. 1991, modificado por Oliveira-Filho & Fontes 2000), localizados entre o reverso e o contato de escarpas, onde o declive suave e as rampas de colúvio propiciam solos mais profundos e com maior disponibilidade hídrica (Rizzini 1979; Giulietti et al. 1987; Gontijo, com. pess. in Campos 1995) (Fig. 2C). Além disso, ocorrem áreas florestais onde afloram outras litologias (e.g., embasamento cristalino) cujas características permitem o desenvolvimento de solos mais profundos e possibilitam o estabelecimento de uma vegetação florestal extensa (Almeida-Abreu et al. 2005) (Fig. 2A).

Metodologia

Para discutir os padrões da flora arbórea e verificar a contribuição da flora do leste no âmbito da Flora da Serra do Cipó, foi computada a flora arbórea total levantada por Santos (2009), considerada a representação da flora arbórea da porção leste da Serra do Cipó, e a flora arbórea levantada até o momento pelo projeto "Flora da Serra do Cipó", coordenado pelo Departamento de Botânica da Uiversidade de São Paulo, considerada a representação da flora arbórea da porção oeste da Serra do Cipó.

Santos (2009) efetuou o levantamento da flora arbórea da região conhecida como "Cabeça de Boi" (município de Itambé do Mato Dentro) pelo método de ponto-quadrante (Cottam & Curtis 1956) em dois fragmentos (com 400 indivíduos amostrados em cada um) e por coletas assistemáticas por toda área (que conta com ca. de 800 ha). No total, o estudo de Santos (2009) amostrou 282 espécies e mais de 1000 indivíduos.

As coletas do projeto "Flora da Serra do Cipó" foram efetuadas predominantemente à oeste da Serra, na região onde a estrada MG-10 a atravessa (Giulietti et al. 1987; Madeira et al. 2008). Tais dados foram obtidos por meio dos tratamentos florísticos já realizados (85 famílias já publicadas no Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo), monografias não-publicadas (Shimizu 2009; Borges 2010; Mello-Silva, dados inéditos) e, para famílias sem tratamento florístico, pela listagem de espécies de Giulietti et al. (1987). Até o momento, foram registradas neste projeto ca. 163 famílias (das quais ca. 65 apresentam espécies arbóreas), ca. de 2000 espécies (das quais ca. de 330 arbóreas) e mais de 14000 espécimes coletados. Esses números referentes às amostragens nas porções leste e oeste demonstram a robustez dos levantamentos feitos e a consequente efetividade da comparação.

Com base nesses dados, foram discriminados os táxons arbóreos em comum e os exclusivos das porções leste e oeste. Foram incluídas como arbóreas as espécies citadas por Oliveira-Filho (2006) no levantamento da flora arbórea nativa de Minas Gerais. As delimitações de família adotadas seguiram a proposta do APG II (2003) para Angiospermas e Smith et al. (2006) para "Pteridófitas". Os binômios utilizados para as espécies foram baseados em Oliveira-Filho (2006), exceto quando conflitantes com revisões recentes (a partir de 2006) ou com o parecer dos especialistas consultados.

Dados de habitat e distribuição, referentes apenas ao estado de Minas Gerais, foram extraídos de Oliveira-Filho (2006), de revisões taxonômicas recentes e dos levantamentos florísticos realizados para a flora da Serra do Cipó. Tais dados registram a ocorrência das espécies em fitofisionomias florestais (floresta ombrófila densa, floresta ombrófila mista, floresta estacional semidecidual, floresta estacional decidual, floresta de galeria) e fitofisionomias abertas (Cerrado e campo rupestre). Para verificar a distribuição destas espécies por fitofisionomia e assegurar que a comparação entre espécies arbóreas estava sendo feita exclusivamente para espécies florestais, foram contabilizadas, para as porções leste e oeste, as espécies exclusivas de formações florestais, exclusivas de formações abertas e comuns a ambas fitofisionomias. É importante ressaltar que a fitofisionomia onde a espécie ocorre é independente do domínio fitogeográfico onde ela ocorre (e.g., espécie que ocorre em uma fitosionomia florestal no Cerrado, um domínio savânico). Os conceitos de fitofisionomia (ou formação vegetal) e domínio fitogeográfico utilizados neste estudo seguem aqueles apresentados por Coutinho (2006).

Além da utilização do levantamento florístico de Santos (2009) para a classificação da porção leste com relação aos domínios da Mata Atlântica e Cerrado, foram utilizadas observações de campo como critério auxiliar, principalmente verificando a extensão e conexão das áreas florestais da região.

Resultados e discussão

Composição florística geral

Um total de 530 espécies arbóreas foi registrado, até o momento, para a Serra do Cipó. Esse número representa a soma das espécies referidas para a porção oeste e para porção leste da Serra (Tab. 1). Deste total, há 88 espécies em comum (16,6%), 250 exclusivas da porção oeste (47,2%) e 192 exclusivas da porção leste (36,2%) (Tab. 2).

Dentre as espécies em comum, 50 espécies são exclusivas de formações florestais (56,8%), nenhuma é exclusiva de formações abertas (ie., Cerrado e campo rupestre) e 38 são comuns para ambas fitofisionomias (43,2%) (Tab. 3). Dentre as espécies exclusivas da porção oeste, 110 são exclusivas de formações florestais (44%), 14 são exclusivas de formações abertas (5,6%) e 126 são comuns para ambas fitofisionomias (50,4%) (Tab. 3). Dentre as espécies exclusivas da porção leste, 162 são exclusivas de formações florestais (84,3%), nenhuma é exclusiva de formações abertas e 30 são comuns para ambas fitofisionomias (15,8%) (Tab. 3).

Características da vegetação florestal à leste da Serra do Cipó

A classificação das formações vegetais na porção leste da Serra do Cipó vem sendo aprimorada, já que estudos anteriores baseados em sensoriamento remoto citavam esta área como inclusa no domínio do Cerrado (IBGE 1993; Scolforo & Carvalho 2006). Ribeiro et al. (2009) afirmam que tal classificação é errônea, devido a problemas metodológicos e que os novos dados mostram que a área deve ser vista como parte do domínio da Mata Atlântica, sugerindo o divisor das bacias do Rio Doce e Rio São Francisco como o divisor destes domínios (Mata Atlântica e Cerrado).

Com relação à fitofisionomia, de fato, as observações de campo sobre a extensão das florestas à leste mostram a continuidade desta área com o domínio da Mata Atlântica. Isto porque não se trata de uma porção florestal inclusa em uma formação savânica ou campestre (e.g., Floresta de Galeria, Capão), mas de uma formação florestal extensa. Observando a feição geomorfológica da região, nota-se que há porções restritas de afloramentos quartzíticos, onde predomina o campo rupestre, envoltas por extensas áreas florestais íntegras ou desmatadas, em solos derivados de outra litologia (Fig. 2A). Como já afirmaram outros autores para áreas à leste da Cadeia do Espinhaço como um todo (Campos 1926; Spix & Martius apud Guimarães 1991), as florestas do leste da Serra do Cipó eram, no passado, contínuas com as florestas da bacia do Rio Doce até a costa.

Com relação à composição, além da grande afinidade florística com outros levantamentos florísticos no domínio da Mata Atlântica (Santos et al., no prelo), há o predomínio de espécies exclusivamente florestais (Tab. 3), muitas delas endêmicas da Mata Atlântica. Entre as endêmicas, podem ser citadas: Carpotroche brasiliensis (Achariaceae), Trattinnickia ferruginea (Burseraceae), Maytenus brasiliensis (Celastraceae), Tovomita leucantha (Clusiaceae), Cryptocarya mandioccana (Lauraceae), Ocotea beyrichii (Lauraceae), Pseudopiptadenia leptostachya (Leguminosae), Eriotheca macrophylla (Malvaceae), Miconia budlejoides (Melastomataceae), Campomanesia laurifolia (Myrtaceae), Eugenia nutans (Myrtaceae), Tetrastylidium grandifolium (Olacaceae), Psychotria nuda (Rubiaceae) e Vochysia schwackeana (Vochysiaceae) (Oliveira-Filho 2006; Stehmann et al. 2009). Em contrapartida, ainda assim poderia-se esperar certa similaridade florística entre esta área e as áreas florestais no campo rupestre à oeste da Serra, devido à proximidade geográfica entre ambas. Porém, há um grande número de espécies arbóreas levantadas na porção leste da Serra do Cipó ainda não representadas nos tratamentos florísticos já realizados, que representam majoritariamente a flora da porção oeste da Serra (Tab. 2). Como será discutido com mais detalhes adiante na seção relativa à porção oeste, as causas para tal heterogeneidade podem ser o solo mais profundo e fértil, a menor altitude e a maior umidade da região leste.

Dentre espécies comuns a áreas de menor altitude e clima mais úmido encontradas, temos: Thyrsodium spruceanum (Anacardiaceae), Trattinnickia ferruginea, Tovomita leucantha, Sloanea obtusifolia (Elaeocarpaceae), Lecythis pisonis (Lecythidaceae), Melanoxylon brauna (Leguminosae), Inga edulis (Leguminosae), Pseudopiptadenia contorta (Leguminosae), Swartzia acutifolia (Leguminosae), Eriotheca macrophylla, Helycostyles tomentosa (Moraceae), Tetrastylidium grandifolium e Pourouma guianensis (Urticaceae) (Berg 1972; Sleumer 1984; Daly 1999; Oliveira-Filho & Fontes 2000; Oliveira-Filho 2006). O fato de se constituir como uma área extensa de mata provavelmente influencia também na diferença florística desta área em relação às florestas no oeste da serra, que estão inseridas em áreas campestres, por exemplo propiciando a ocorrência de espécies típicas de ambientes sombreados (ao menos em algum estágio de seu desenvolvimento). Nos capões essa ocorrência é dificultada devido à grande penetração de luz em seu interior.

Assim, os dados de composição e fitofisionomia deste trabalho corroboram a inclusão da área no domínio da Mata Atlântica, como proposto por Ribeiro et al. (2009), e sugerem a necessidade de mais estudos à leste de outras regiões do Espinhaço (e.g., Planalto de Diamantina e a depressão de Couto Magalhães) para que sejam aprimorados a delimitação e o conhecimento das áreas de contato entre os domínios do Cerrado e da Mata Atlântica na Cadeia do Espinhaço. O grande número de espécies inéditas para a Serra do Cipó ressalta a heterogeneidade florísitica de suas florestas e a importância de mais estudos nas áreas à leste.

Características da vegetação florestal à oeste da Serra do Cipó

O campo rupestre tem semelhança florística e fisionômica com a vegetação de Cerrado (Giulietti & Pirani 1988). Desta maneira, a vegetação florestal no campo rupestre, quase totalmente restrita às matas ripárias e os capões - locais em que as condições ambientais permitem o seu desenvolvimento, pode ser vista como semelhante às matas de galeria em áreas de Cerrado, já que são formações com fisionomia florestal inclusas em uma fisionomia predominantemente campestre/savânica.

Além da óbvia semelhança fisionômica, diversos autores tem enfatizado a semelhança florística entre áreas florestais inseridas em fitofisionomias abertas com áreas predominentemente florestais, similaridade muitas vezes diretamente relacionada à proximidade geográfica. As matas de galeria da porção central e sul do Cerrado são consideradas por Oliveira-Filho & Ratter (1995) como expansões florísticas das florestas da província paranaense. Oliveira-Filho et al. (1994) afirmam que as Matas de Galeria da Bacia do Rio Grande têm grande afinidade com as matas situadas na parte alta desta bacia, inclusas no domínio da Mata Atlântica, sendo um canal por meio do qual a fisionomia florestal penetra no domínio do Cerrado. Meguro et al. (1996b) sugerem que os componentes das matas ripárias e capões que ocupam o campo rupestre provêm de florestas submontanas e montanas próximas. Rizzini (1979) considerava as áreas florestais nos campos rupestres como "expansões mediterrâneas" da Mata Atlântica.

Os dados aqui levantados para a Serra do Cipó mostram que a vegetação arbórea florestal em suas áreas campestres na porção oeste, a despeito da semelhança fitofisionômica, não apresenta grande similaridade com o domínio florestal adjacente. Neste caso, o levantamento realizado em uma área florestal extensa, inclusa no domínio da Mata Atlântica (porção leste da Serra), aponta um grande número de espécies arbóreas que não ocorrem à oeste, assim como diversas espécies nas florestas da porção oeste, inseridas no campo rupestre, não ocorrem à leste (Tab. 1, 2). É importante destacar que a grande maioria das espécies amostradas na porção oeste são exclusivamente florestais ou habitam tanto formações abertas quanto florestais, o que enfatiza que as diferenças entre as áreas leste e oeste se devem especificamente às características de suas áreas florestais (Tab. 3).

Portanto, a afinidade florística entre porções florestais inseridas em fitofisionomias abertas e áreas próximas inseridas no domínio da Mata Atlântica não ocorre na Serra do Cipó, pelo menos não como padrão. Giulietti & Pirani (1988) citaram o conjunto relevo/solo/clima como os fatores determinantes da flora típica do campo rupestre. É possível que tais fatores atuem na diferenciação na sua porção florestal em relação às áreas adjacentes. As evidências para tanto são:

a) Maior altitude no campo rupestre

Diversos autores têm destacado o papel da altitude na similaridade florística entre formações florestais (Oliveira-Filho et al. 1994; Torres et al. 1997; Ivanauskas et al. 2000; Van den Berg & Oliveira-Filho 2000). Na Serra do Cipó, onde a altitude no campo rupestre varia de 900 a 1697 m (Giulietti et al. 1987; Gontijo 1993), as florestas situam-se muitas vezes acima de 1100 m, sendo caracterizadas como florestas alto-montanas (sensu Oliveira-Filho & Fontes 2000). Entre algumas espécies características de florestas de altitude encontradas na porção oeste estão: Schefflera calva (Araliaceae), Hedyosmum brasiliense (Chloranthaceae), Clethra scabra (Clethraceae), Weinmannia discolor (Cunoniaceae), Miconia pepericarpa, Trembleya parviflora (Melastomataceae), Myrcia laruottena (Myrtaceae), Siphoneugena widgreniana (Myrtaceae), Ouratea semiserrata (Ochnaceae), Picramnia glazioviana (Picramniaceae), Podocarpus spp. (Podocarpaceae), Laplacea fruticosa (Theaceae), Drymis brasiliensis (Winteraceae) (Giulietti & Pirani 1988; Oliveira-Filho & Fontes 2000) (Tab. 1).

b) Clima mais seco

A Cadeia do Espinhaço atua como barreira à umidade vinda do oceano, o que torna a porção leste mais úmida, com nebulosidade mesmo nos períodos secos, inclusive com a ocorrência de chuviscos, denunciando um caráter orográfico do clima na região. Já a porção oeste encontra-se na sombra das chuvas, apresentando maior período de seca e temperaturas mais altas (Neves et al. 2005; Ribeiro et al. 2009). Tal gradiente climático pode proporcionar diferenças entre a composição florística leste e oeste da Serra. Nesse contexto, talvez capões de mata a leste da Serra, sobre os quais ainda não há estudos concluídos, possam apresentar maiores similaridades florísticas com a área deste estudo. Nota-se, porém, que a diminuição da umidade é provavelmente gradual no alto da Serra, dado que, em sua porção oeste, ainda são encontradas espécies típicas de florestas ombrófilas. Entre elas: Ilex dumosa (Aquifoliaceae), Citronella paniculata (Cardiopteridaceae), Weinmannia discolor (Cunoniaceae), Bathysa nicholsonii (Rubiaceae) (Oliveira-Filho & Fontes 2000) (Tab. 1). Assim, o efeito na umidade possivelmente só seja pronunciado nas porções mais baixas a oeste, já nas áreas de Cerrado.

c) Solo restrito

A litologia quartzítica é bastante resistente ao intemperismo, de maneira que o solo oriundo deste tipo de rocha é, em geral, raso, arenoso, pobre em nutrientes e com baixa capacidade de retenção de água (Ferri 1980; Rodrigues et al. 1989; Silva 2005). Assim, as formações florestais, cujas espécies arbóreas geralmente necessitam de solo com maior profundidade, umidade e nutrientes, apenas se estabelecem em locais restritos, onde encontram tais características em proporção adequada como, por exemplo, margens de cursos d'água e no reverso e contato de escarpas (Giulietti et al. 1987; Campos 1995). Certamente algumas espécies que necessitam de solo mais profundo e/ou mais rico acabam não ocorrendo nestas formações, ou ocorrem apenas raramente. Na Serra do Cipó, região onde predominam os quartzitos (Almeida-Abreu 1995; Saadi 1995), tais espécies ocorrerão mais comumente em áreas onde afloram litologias que permitam o desenvolvimento de solos mais profundos, como ocorre na porção leste da Serra, devido a falhas nas camadas de rochas quartzíticas. Outro fator pedológico é a limitada capacidade de expansão que a litologia quartzítica impõe aos solos e, consequentemente, às matas. O tamanho pequeno dessas matas faz com que a penetração de luz seja pronunciada, favorecendo o estabelecimento de espécies heliófitas. Campos (1995) cita que a semelhança florística encontrada entre os capões da Serra do Cipó poderia estar relacionada ao tamanho da borda e à consequente influência da luz.

Desta maneira, vemos que, na Serra do Cipó, a diferença florística da vegetação florestal no campo rupestre em relação ao domínio florestal adjacente está ligada principalmente à maior altitude e às diferenças litológicas.

Ecótonos

Como foi visto anteriormente, além da transição para o Cerrado e a Caatinga (Giulietti & Pirani 1988), o campo rupestre apresenta transição para a Mata Atlântica (Ribeiro et al. 2009). Neste seção, os ecótonos entre as duas formações são discutidos de maneira preliminar, tomando como base apenas observações de campo.

Os ecótonos entre fitofisionomias florestais e fitofisionomias abertas tem sido discutidos principalmente para florestas deciduais e semideciduais e Cerrados do centro, oeste, leste e nordeste brasileiro. A transição entre essas duas formações remete principalmente às condições do solo, com as florestas ocorrendo em solos mais férteis e o Cerrado em solos distróficos, enquanto uma vegetação transicional chamada fácie mesotrófica cerradão ocorre em solos com fertilidade intermediária (Ratter et al. 1978; Ratter 1992; Durigan & Ratter 2006). O fogo, ou a ausência dele, também pode atuar na dinâmica da transição entre florestas e Cerrados (Ferri 1980; Oliveira-Filho & Fluminhan-Filho 1999; Durigan & Ratter 2006).

Com base nas observações de campo feitas na área à leste da Serra, onde o contato da vegetação florestal se dá, como foi dito, com outra fitofisionomia aberta (o campo rupestre), nota-se que uma escarpa constituída por rochas quartzíticas marca o fim das áreas florestais e o início de uma extensa área de campo rupestre (Fig. 2C), contínua até a porção oeste da Serra do Cipó, já no domínio do Cerrado. Nas partes baixas, devido aos diversos afloramentos da litologia quartzítica, cria-se um mosaico entre o campo rupestre, habitando os solos quartzíticos, e as florestas, a fitofisionomia predominante, ocorrendo sob outros tipos de solo, derivados de outra litologia, provavelmente diques de rochas básicas (Almeida-Abreu, com. pess.) (Fig. 2A). Desta maneira, o solo também está relacionado à transição entre a Mata Atlântica e o campo rupestre. Como grande parte da região sofre grande perturbação antrópica, não foi possível fazer um estudo acurado a respeito dos contatos entre as áreas florestais e campestres. Entretanto, com base nas afirmações de Campos (1995) e Meguro et al. (1996a) de que, no campo rupestre, a delimitação entre florestas (matas ripárias e capões) e campo é abrupta, pode-se inferir padrão semelhante para áreas florestais e campestres na porção leste da Serra do Cipó.

Não foram vistas evidências de Cerradão como vegetação transicional na região, o que é ressaltado pela inexistência de espécies típicas de Cerrado. Por outro lado, os candeais têm sido sugeridos como áreas transicionais entre florestas e formações abertas (particularmente o Campo de Altitude), onde o solo se torna mais raso, limitando o desenvolvimento da floresta (Oliveira-Filho & Fluminhan-Filho 1999). Na região, os candeais, formados por Eremanthus incanus (Asteraceae), ocorrem na porção alta da escarpa e parecem realmente estar relacionados à transição floresta-campo (neste caso, campo rupestre) (Fig. 2B). Além disso, ocorrem nos afloramentos rochosos nas porções mais baixas da escarpa, sugerindo estar relacionados também à perturbação antrópica e à baixa fertilidade do solo (Scolforo et al. 2002; Perez et al. 2004).

Com relação ao papel do fogo nesta transição, apesar de os moradores relatarem que a região foi continuamente exposta a queimadas, isto parece não ter causado uma regressão da área florestal (Oliveira-Filho & Fluminhan-Filho 1999), mas apenas favorecido a colonização de alguns terrenos pela pteridófita Pteridium aquilinum (L.) Kuhn (Dennstaedtiaceae), espécie comumente encontrada em antigas áreas florestais sujeitas a corte raso e fogo (Veloso et al. 1991; Ribeiro et al. 2009). Assim, pela somatória destas observações, pode-se supor uma transição relativamente abrupta tanto floristicamente quanto fisionomicamente, incluindo a ocorrência de candeais como área de transição Mata Atlântica-campo rupestre.

Conclusões

Os dados obtidos e discutidos nesse trabalho mostram que a composição florística de áreas florestais ao longo da Serra do Cipó é bastante heterogênea e, como ocorre ao longo de toda Cadeia do Espinhaço, tal complexidade é reflexo da variedade de climas, relevos, litologias e solos encontrados nesta formação geológica (Ab'Saber 1971; Giulietti & Pirani 1988; Saadi 1995; Almeida-Abreu & Renger 2002; Silva 2005). As novas ocorrências registradas na porção leste da Serra do Cipó mostram a efetividade de, em estudos locais, ampliar as áreas abordadas para ampliar o conhecimento da flora regional.

A identificação da porção leste da Serra do Cipó como parte do domínio da Mata Atlântica traz consequências bastante significativas para os estudos na região. Uma delas é o reconhecimento da área como sendo uma zona de contato entre dois dos principais domínios fitogeográficos existentes no país (Cerrado e Mata Atlântica), zona esta que ocorre, singularmente, em uma área de altitude, com presença de Campos Rupestres. Tais características conferem excepcionalidade à paisagem e à sua constituição, apontando para a necessidade de estudos ainda mais intensos e extensos bem como para medidas imediatas de conservação voltadas especificamente para estes locais.

Agradecimentos

Os autores agradecem aos funcionários do Parque Nacional da Serra do Cipó por todo apoio na realização do trabalho; ao professor Pedro A. Almeida-Abreu pelas informações sobre a geologia da porção leste da Serra do Cipó; a todos que auxiliaram durante os trabalhos de campo; à CAPES pela bolsa concedida aos dois primeiros autores; ao CNPq pela bolsa concedida ao terceiro autor.

Recebido em 11/04/2011

Aceito em 14/09/2011

  • Ab'Saber, A.N. 1971. A organização natural das paisagens Inter e Subtropicais do Brasil. In: III Simpósio Sobre o Cerrado São Paulo, Edusp.
  • Almeida-Abreu, P.A.; Fraga, L.M.S. & Neves, S. C. 2005. Geologia. Pp. 17-44. In: Silva, A.C.; Pedreira, L.C.V.S. & Almeida-Abreu, P.A. (Eds.). Serra do Espinhaço Meridional: paisagens e ambientes Belo Horizonte, O Lutador.
  • Almeida-Abreu, P.A. & Renger, F.E. 2002. Serra do Espinhaço meridional: um orógeno de colisão do mesoproterozóico. Revista Brasileira de Geociências 32(1): 1-14.
  • Almeida-Abreu, P.A. 1995. O Supergrupo Espinhaço da Serra do Espinhaço Meridional (Minas Gerais): o rifte, a bacia e o orógeno. Geonomos 3: 1-18.
  • Berg, C. C. 1972. Olmedieae-Brosimeae (Moraceae). Flora Neotropica Monograph 7: 1-228.
  • Borges, L.M. 2010. Mimosoideae na Serra do Cipó, Minas Gerais e análise da variabilidade morfológica de Mimosa macedoana Burkart Dissertação de Mestrado, Botânica, Universidade de São Paulo, São Paulo
  • Campos, G. 1926. Mappa florestal do Brasil. Ministério da Agricultura, indústria e comércio (Serviço de Informações) Rio de Janeiro, Typ. do Serviço de Informações.
  • Campos, M.T.V.A. 1995. Composição florística e aspectos da estrutura e da dinâmica de três capões na Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil Dissertação de Mestrado, Botânica. Universidade de São Paulo, São Paulo.
  • Cottam, G. & Curtis, J.T. 1956. The use of distance measures in phytosociological sampling. Ecology 37: 451-460.
  • Coutinho, L.M. 2006. O conceito de Bioma. Acta Botanica Brasilica 20(1): 13-24.
  • Daly, D.C. 1999. Notes on Trattinickia, including a synopsis in eastern Brazil's Atlantic forest complex. Studies in neotropical Burseraceae IX. Kew Bulletin 54(1): 129-137.
  • Durigan, G. & Ratter, J.A. 2006. Successional changes in Cerrado and Cerrado/forest ecotonal vegetation in western São Paulo State, Brazil, 1962-2000. Edinburgh Journal of Botany 63(1): 119-130.
  • Ferri, M.G. 1980. Vegetação Brasileira São Paulo, EDUSP.
  • Giulietti, A.M.; Menezes, N.L.; Pirani, J.R.; Meguro, M. & Wanderley, M.G.L. 1987. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Caracterização e lista de espécies. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 9: 1-159.
  • Giulietti, A.M. & Pirani, J.R. 1988. Patterns of geographic distribution of some plant species from the Espinhaço Range, Minas Gerais and Bahia. Pp. 39-69. In: Vanzolini, P.F. & Heyer, W.R. (Eds.). Proceedings of a workshop on neotropical distribution patterns, 1987 Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Ciências.
  • Gontijo, A.H.F. 1993. O relevo da Serra do Cipó, Minas Gerais - Espinhaço Meridional Dissertação de Mestrado, Geografia, Universidade de São Paulo, São Paulo.
  • Guimarães, C.M. 1991. A ocupação histórica da região de Santana do Riacho. Arquivos do Museu de História Natural 23: 13-32.
  • Harley, R.M. & Simmons, N.A. 1986. Florula of Mucugê, Chapada Diamantina, Bahia, Brazil Kew, Royal Botanic Gardens.
  • Harley, R.M. 1995. Introdução. Pp. 1-40. In: Stannard, B.L. (Ed.). Flora of the Pico das Almas, Chapada Diamantina, Bahia, Brazil Kew, Royal Botanic Gardens.
  • IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 1993. Mapa de vegetação do Brasil. Escala 1:1000000 Rio de Janeiro, IBGE.
  • Ivanauskas, N.M.; Monteiro, R. & Rodrigues, R.R. 2000. Similaridade florística entre áreas de floresta atlântica no estado de São Paulo. Brazilian Journal of Ecology 1/2: 71-81.
  • Koppen, W. 1948. Climatologia con un estudio de los climas de la tierra Mexico, Fondo de Cultura Economica.
  • Madeira, J.A.; Ribeiro, K.T.; Oliveira, M.J.R.; Nascimento, J.S. & Paiva, C.L. 2008. Distribuição espacial do esforço de pesquisa biológica na Serra do Cipó, Minas Gerais: subsídios ao manejo das unidades de conservação da região. Megadiversidade 4(1-2): 255-269.
  • Magalhães, G.M. 1956. Características de alguns tipos florísticos de Minas Gerais II. Revista Brasileira de Biologia 1:76-92.
  • Meguro, M.; Pirani, J.R.; Mello-Silva, R. & Giulietti, A.M. 1996a. Estabelecimento de matas ripárias e capões nos ecossistemas campestres da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 15: 1-11.
  • Meguro, M.; Pirani, J.R.; Mello-Silva, R. & Giulietti, A.M. 1996b. Caracterização florística e estrutural de matas ripárias e capões de altitude da Serra do Cipó, Minas Gerais. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 15: 13-29.
  • Neves, S.; Almeida-Abreu, P.A. & Fraga, L.M.S. 2005. Fisiografia. Pp. 45-58. In: Silva, A.C. Pedreira, L.C.V.S. & Almeida-Abreu, P.A. (Eds.). Serra do Espinhaço Meridional: paisagens e ambientes Belo Horizonte, O Lutador.
  • Oliveira-Filho, A.T. & Fontes, M.A.L. 2000. Patterns of floristic differentation among Atlantic forests in Southeastern Brazil and the influence of climate. Biotropica 32(4b): 793-810.
  • Oliveira-Filho, A.T. & Fluminham-Filho, M. 1999. Ecologia da vegetação do parque florestal Quedas do Rio Bonito. Cerne 5(2): 51-64.
  • Oliveira-Filho, A.T. & Ratter. J.A. 1995. A study of the origin of central Brazilian forests by the analysis of the plant species distribution patterns. Edinburgh Journal of Botany 52(2): 141-194.
  • Oliveira-Filho, A.T. 2006. Catálogo das árvores nativas de Minas Gerais: mapeamento e inventário da flora nativa e dos reflorestamentos de Minas Gerais Lavras, UFLA.
  • Oliveira-Filho, A.T.; Vilela, E.A.; Gavilanes, M.L. & Carvalho, D.A. 1994. Comparison of the Woody flora and soils of six montane semi-deciduous Forest in southern Minas Gerais, Brazil. Edinburgh Journal of Botany 51(3): 355-389.
  • Perez, J.F.M.; Scolforo, J.R.S.; Oliveira, A.D.; Mello, J.M.; Borges, L.F.R. & Camolesi, J.F. 2004. Sistema de manejo para a candeia - Eremanthus erythropappus (DC.) MacLeish - a opção do sistema de corte seletivo. Cerne 10(2): 257-273.
  • Pirani, J.R.; Mello-Silva, R., Giulietti, A. M. 2003. Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 21(1): 1-24.
  • Ratter, J.A. 1992. Transitions between Cerrado and forest vegetation in Brazil. Pp. 417-430. In: Furley, P.A. Proctor, J. & Ratter, J.A. (Eds.). Nature and Dynamics of Forest-Savanna Boundaries London, Chapman & Hall.
  • Ratter, J.A.; Askew, G.P.; Montgomery, R.F. & Gifford, D.R. 1978. Observations on forests of some mesotrophic soils in Central Brazil. Revista Brasileira de Botânica 1: 47-58.
  • Rapini, A.; Ribeiro, P.L.; Lambert, S. & Pirani, J.R. 2008. A flora dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço. Megadiversidade 4(1/2): 15-23.
  • Ribeiro, K.T.; Nascimento, J.S.; Madeira, J.A. & Ribeiro, L.C. 2009. Aferição dos limites da Mata Atlântica na Serra do Cipó, MG, Brasil, visando maior compreensão e proteção de um mosaico vegetacional fortemente ameaçado. Natureza & Conservação 7(1): 30-48.
  • Rizzini, C.T. 1979. Tratado de fitogeografia do Brasil: aspectos ecológicos, sociológicos e florísticos Rio de Janeiro, Âmbito Cultural Edições Ltda.
  • Rodrigues, R.R.; Morellato, L.P.C.; Joly, C.A. & Leitão-Filho, H.F. 1989. Estudo florístico e fitossociológico em um gradiente altitudinal de mata estacional mesófila semidecídua, na Serra do Japi, Jundiaí, SP. Revista Brasileira de Botânica 12: 71-84.
  • Saadi, A. 1995. A geomorfologia da Serra do Espinhaço em Minas Gerais e de suas margens. Geonomos 3(1): 41-63.
  • Santos, M.F. 2009. Análise florística em floresta estacional semidecidual na encosta leste da Serra do Cipó, MG Dissertação de Mestrado, Botânica, Universidade de São Paulo, São Paulo.
  • Scolforo, J.R. & Carvalho, L.M.T. (Eds.). 2006. Mapeamento e inventário da flora nativa e dos reflorestamentos de Minas Gerais Lavras, UFLA.
  • Scolforo, J.R; Oliveira, A.D.; Davide, A.C.; Mello, J.M. & Acerbi Junior, F.W. 2002. Manejo sustentado da Candeia (Eremanthus erythropappus (DC.) McLeisch e Eremanthus incanus (Less.) Less.) Lavras, UFLA.
  • Shimizu, G.H. 2009. Vochysiaceae na Serra do Cipó, Minas Gerais Dissertação de Mestrado, Botânica, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
  • Silva. A.C. 2005. Solos. Pp. 59-78. In: Silva, A.C.; Pedreira, L.C.V.S. & Almeida-Abreu, P.A. (Eds.). Serra do Espinhaço Meridional: paisagens e ambientes Belo Horizonte, O Lutador.
  • Silveira, A.A. 1908. Flora e Serras Mineiras Belo Horizonte, Imprensa Official.
  • Sleumer, H. 1984. Olacaceae. Flora Neotropica Monograph 38: 1-159.
  • Smith, A.R.; Pryer, K.M.; Schuettpelz, E.; Korall, P.; Schneider, H. & Wolf, P.G. 2006. A classification for extant ferns. Taxon 55(3): 705-731.
  • Stannard, B.L. (Ed.). 1995. Flora of the Pico das Almas, Chapada Diamantina, Bahia, Brazil Kew, Royal Botanic Gardens.
  • Stehmann, J.R.; Forzza, R.C.; Salino, A.; Sobral, M.; Costa, D.P. & Kamino, L.H.Y. 2009. Plantas da Floresta Atlântica Rio de Janeiro, Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
  • Torres, R.B.; Martins, F.R. & Kinoshita, L.S. 1997. Climate, soil and tree flora relationships in forests in the state of São Paulo, southeastern Brasil. Revista Brasileira de Botânica 20(1): 41-49.
  • Van Den Berg. E. & Oliveira-Filho, A.T. 2000. Composição florística e estrutura fitossociológica de uma floresta ripária em Itutinga, Minas Gerais, e comparação com outras áreas. Revista Brasileira de Botânica 23(3): 231-253.
  • Veloso, H.P.; Rangel Filho, A.L.R. & Lima, J.C.A. 1991. Classificação da vegetação brasileira adaptada a um sistema universal Rio de Janeiro, FIBGE.
  • Zappi, D.C.; Lucas, E.; Stannard, B.L.; Lughadha, E.N.; Pirani, J.R.; Queiroz, L.P.; Atkins, S.; Hind, D.J.N.; Giulietti, A.M.; Harley, R.M. & Carvalho, A.M. 2003. Lista das Plantas Vasculares de Catolés, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 21(2): 345-398.
  • 1
    Autor para correspondência:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      24 Jan 2012
    • Data do Fascículo
      Dez 2011

    Histórico

    • Recebido
      11 Abr 2011
    • Aceito
      14 Set 2011
    Sociedade Botânica do Brasil SCLN 307 - Bloco B - Sala 218 - Ed. Constrol Center Asa Norte CEP: 70746-520 Brasília/DF. - Alta Floresta - MT - Brazil
    E-mail: acta@botanica.org.br