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Editorial: produção científica

EDITORIAL

Produção científica

O conhecimento na área médica é gerado, testado e modificado a cada minuto. seguramente, poucas atividades sofrem tanto questionamento e tantas modificações. A cada ato médico, a cada resposta terapêutica, a cada resultado cirúrgico, ocorre ao médico uma possível atualização de conceitos.

Se todas essas impressões fossem divulgadas sem nenhum crivo, causariam confusões nos princípios estabelecidos; para que isso não ocorra, a divulgação de novos conhecimentos na área médica sofre uma criteriosa seleção.

Há inicialmente uma forma rígida de organizar e redigir o trabalho a ser publicado, baseado em preceitos universais muito bem definidos. Esta rigidez, é exigida para que haja uniformidade nos trabalhos e, desta forma, poderá haver comparação de trabalhos publicados em locais e épocas diferentes.

Na introdução do trabalho, os autores devem dizer o porquê da proposta, fundamentá-la de forma objetiva com três ou quatro citações bibliográficas e definir qual o objetivo de seu trabalho. na sequência, devem descrever de forma clara qual o material estudado, identificando-o e qualificando-o; devem informar o método proposto ou analisado, que, uma vez aplicado no material, originará resultados, que devem ser apresentados de forma objetiva.

Na discussão, caberá ao autor confrontar com a literatura pertinente a sua proposta de trabalho, o seu material, o seu método e finalmente os seus resultados. Concluirá de forma clara e objetiva se os seus objetivos citados na introdução foram ou não atingidos.

Uma vez escrito o trabalho, ele será enviado à órgãos de divulgação, que irão julgá-lo através de seu corpo editorial. Este julgamento é rígido, pois alguém que está na função de editor, sabe que será o último filtro para a divulgação daquele conhecimento. O editor, quando reconhece mérito no trabalho, sugere modificações para torná-lo mais adequado; a sugestão de modificação é um aceite, é um ato positivo.

Ultrapassados todos os passos de publicação, este trabalho será divulgado e novamente julgado, agora pela grande comunidade de leitores.

A produção científica, nome que se dá a este ato de coragem, que é publicar um trabalho científico, foi, durante muito tempo, quase que uma exclusividade do meio acadêmico, pois as faculdades estavam ligadas a grandes hospitais públicos, nos quais havia os melhores e mais modernos equipamentos. Os melhores especialistas se fixavam nas universidades, pois apenas neste ambiente provido por verbas governamentais era possível desenvolver-se.

O sistema governamental de saúde exauriu-se e teve que dedicar-se à saúde básica, desviando-se da sua função inovadora. O sistema privado de saúde passou a investir nas áreas de modernização da saúde, pois estas são as suas armas de marketing. O esvaziamento dos investimentos na área pública e o investimento em inovações na área privada levaram a um desvio da concentração da produção científica. Hoje, praticamente todos os hospitais de bom nível têm institutos de pesquisa que estimulam a produção científica.

O professor Adib Jatene observa, em artigo publicado na Folha de são Paulo de 11 de novembro de 2008:

"...assistir aos hospitais públicos entregarem a liderança aos hospitais de excelência, que não só estão na fronteira do conhecimento, como também promovem pesquisa, treinamento, pós-graduação e publicações científicas..."

Estes fatos democratizaram a produção científica, hoje o médico tem acesso a bons hospitais, bons materiais e à literatura através da internet.

Na RBO, estamos observando um aumento significativo da produção de trabalhos de boa qualidade realizados em clínicas sem nenhuma estrutura acadêmica. Consideramos este um fato muito positivo.

A metodologia necessária para a redação segue regras básicas, que uma vez demonstradas, tornam-se muito simples. Estamos disponibilizando assistência aos nossos leitores para confecção de trabalhos científicos, procurando dar a orientação necessária. Entre em contato conosco.

Os serviços de pós-graduação passaram a utilizar a produção científica como moeda de valorização de seu corpo docente, utilizando-a para avaliação como um índice de qualidade. Estes critérios estimulados pelas exigências da CAPEs levaram o Brasil a estar entre os 15 primeiros países do mundo em produção científica, sendo atualmente um dos que mais progride.

A produção científica qualifica a prática médica e é a nossa forma de propaganda ética, portanto, deve ser estimulada em todos os níveis da medicina.

Gilberto Luis Camanho

Editor-chefe

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    31 Ago 2009
  • Data do Fascículo
    Jun 2009
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