Acessibilidade / Reportar erro

Impacto femoroacetabular e lesão do lábio acetabular – Parte 2: Diagnóstico clínico, exame físico e imagiologia

Resumo

O diagnóstico clínico do impacto femoroacetabular continua a evoluir conforme o entendimento dos quadris normal e patológico progride. Impacto femoroacetabular é atualmente definido como uma síndrome na qual o diagnóstico se baseia no somatório de uma história clínica abrangente obtida previamente, seguida de um exame físico coerente e padronizado com manobras ortopédicas específicas. Além disso, exames radiográficos e tomográficos são usados para a avaliação morfológica do quadril, e para verificar a existência de sequelas de doenças do quadril da infância e a presença de osteoartrose. O entendimento da morfologia e versão femoral e acetabular associado às imagens de lesões labrais e osteocondrais obtidas com a ressonância magnética contribuem para a confirmação da síndrome nos pacientes sintomáticos, além de auxiliar na exclusão de diagnósticos diferenciais, como ressalto do tendão do músculo iliopsoas, impacto subespinhal, impacto isquiofemoral, e outras patologias da articulação do quadril.

Palavras-chave
diagnóstico; quadril; radiografia; impacto femoroacetabular

Abstract

The clinical diagnosis of femoral acetabular impingement (FAI) continues to evolve as the understanding of normal and pathological hips progresses. Femoral acetabular impingement is currently defined as a syndrome in which the diagnosis consists of the combination of a previously-obtained comprehensive clinical history, followed by a consistent and standardized physical examination with specific orthopedic maneuvers. Additionally, radiographic and tomographic examinations are used for the morphological evaluation of the hip, and to ascertain the existence of sequelae of childhood hip diseases and the presence of osteoarthritis. The understanding of the femoral and acetabular morphologies and versions associated with images of labral and osteochondral lesions obtained through magnetic resonance imaging (MRI) contributes to the confirmation of this syndrome in symptomatic patients, and helps in the exclusion of differential diagnoses such as iliopsoas tendon snaps, subspine impingement, ischiofemoral impingement, and other hip joint pathologies.

Keywords
diagnosis; hip; radiography; femoroacetabular impingement

Introdução

Características Clínicas

O diagnóstico clínico do impacto femoroacetabular (IFA) continua a evoluir conforme o entendimento do quadril normal e patológico progride. Pacientes assintomáticos frequentemente apresentam achados radiográficos anormais no quadril, e sua significância é determinada pela história clínica e pelo exame físico. O exame clínico organizado e competente levará ao diagnóstico acurado do IFA, considerando os aspectos biomecânicos da doença e os diagnósticos diferenciais. O exame estruturado e completo é fundamental na investigação do quadril sintomático.11 Martin H, Palmer I, Hatem M. Patient History and Exam. In: Callaghan A, Rosenberg A, Rubash H, Clohisy J, Della Valle C, Parvizi J, editors. The Adult Hip: Arthroplasty and Its Alternative and Hip Preservation. 3rd ed. Lippincott Williams & Wilkins; 2014

História

A história clínica não é importante somente para definir o diagnóstico sindrômico do IFA, como também para escolher a opção mais apropriada para cada paciente entre as alternativas de tratamento.22 Clohisy JC, Keeney JA, Schoenecker PL. Preliminary assessment and treatment guidelines for hip disorders in young adults. Clin Orthop Relat Res 2005;441(441):168–179 Uma história abrangente deve ser obtida previamente ao exame físico do quadril.

Dor é o principal motivo para a consulta em pacientes com IFA. Reiman et al. (2014; 2015)33 Reiman MP, Mather RC III, Hash TW II, Cook CE. Examination of acetabular labral tear: a continued diagnostic challenge. Br J Sports Med 2014;48(04):311–319,44 Reiman MP, Goode AP, Cook CE, Hölmich P, Thorborg K. Diagnostic accuracy of clinical tests for the diagnosis of hip femoroacetabular impingement/labral tear: a systematic review with meta-analysis. Br J Sports Med 2015;49(12):811 observaram que dor na região anterior da virilha que piora com ortostatismo prolongado, ou ao se sentar ou caminhar, pode ser indicativa de alteração articular (IFA ou lesão labial), com sensibilidade variando de 96% a 100%. Os autores observaram também que dor aguda associada a estalidos e falseios está relacionada a lesões osteocondrais, IFA e lesão labral, com especificidade de 85% e sensibilidade de 100%

Dor relacionada a posições específicas, especialmente à rotação medial ou às atividades esportivas que demandem de rotação associada ao pivotamento ou flexão, também é indicativa de afecção intra-articular.55 Saied AM, Redant C, El-Batouty M, et al. Accuracy of magnetic resonance studies in the detection of chondral and labral lesions in femoroacetabular impingement: systematic review and meta-analysis. BMC Musculoskelet Disord 2017;18(01): 18–83

Outras queixas frequentes incluem: mobilidade reduzida no quadril, sintomas mecânicos, falseios e travamentos, os três últimos relacionados às lesões na transição condrolabial.

A queixa principal é documentada incluindo a data de início e a presença ou não de trauma. A dor deve ser caracterizada de acordo com a localização, a intensidade, e os fatores que a aumentam ou aliviam.

O sinal em “C”, característico de pacientes com problemas intra-articulares, está frequentemente presente: o paciente coloca a mão em formato de “C” acima do trocânter maior, com o polegar posicionado posteriormente ao trocânter e os dedos na região inguinal.66 Byrd J. Physical Examination. Operative Hip Arthroscopy. 2nd ed. New York: Springer US; 2005:36–50

Dor na região lateral do quadril e da nádega também podem acompanhar os sintomas prévios, inclusive exacerbando os sintomas mecânicos.77 Byrd JW. Evaluation of the hip: history and physical examination. N Am J Sports Phys Ther 2007;2(04):231–240

Dor referida no joelho é queixa frequente em doenças do quadril. Dor lombar, sacroilíaca e púbica podem ocorrer como consequência de sobrecarga mecânica.

A utilização de escores para estratificação da dor e da função do quadril é importante, não somente no âmbito da pesquisa, como também no manejo de cada paciente. Estes escores fornecem uma medida da dor e das limitações provocadas pela doença do quadril, guiando a conduta terapêutica e servindo de base para avaliar a evolução.88 Guimarães RP, Alves DP, Silva GB, et al. Tradução e adaptação transcultural do instrumento de avaliação do quadril "Harris Hip Score.". Acta Ortop Bras 2010;18(03):142–147

9 Bellamy N, Buchanan WW, Goldsmith CH, Campbell J, Stitt LW. Validation study of WOMAC: a health status instrument for measuring clinically important patient relevant outcomes to antirheumatic drug therapy in patients with osteoarthritis of the hip or knee. J Rheumatol 1988;15(12):1833–1840
-1010 Byrd JW, Jones KS. Prospective analysis of hip arthroscopywith 2- year follow-up. Arthroscopy 2000;16(06):578–587 Além disso, fornecem ao cirurgião uma fonte para a autoavaliação, visando a melhorar as indicações e os resultados cirúrgicos.

Diagnósticos diferenciais incluem ressalto do tendão do músculo iliopsoas, do trato iliotibial, impacto subespinhal e impacto isquiofemoral.

Exame Físico

A padronização aumenta a confiabilidade do exame físico.1111 Cibere J, Thorne A, Bellamy N, et al. Reliability of the hip examination in osteoarthritis: effect of standardization. Arthritis Rheum 2008;59(03):373–381 A ordem mais eficiente de exame físico do quadril inicia com o paciente em pé, sentado e, depois, em decúbito dorsal, decúbito lateral e decúbito ventral.11 Martin H, Palmer I, Hatem M. Patient History and Exam. In: Callaghan A, Rosenberg A, Rubash H, Clohisy J, Della Valle C, Parvizi J, editors. The Adult Hip: Arthroplasty and Its Alternative and Hip Preservation. 3rd ed. Lippincott Williams & Wilkins; 2014

A avaliação em pé pode demonstrar alterações pélvicas e lombares associadas. O aumento da inclinação pélvica no plano sagital e a lordose lombar podem ser concomitantes à retroversão acetabular (Fig. 1).

Fig. 1
(A) versão pélvica em pé. (B) Versão pélvica sentado. A variação da versão pélvica foi de 29° (de -7° a 22°).

Ross et al. (2014),1212 Ross JR, Nepple JJ, PhilipponMJ, Kelly BT, Larson CM, Bedi A. Effect of changes in pelvic tilt on range of motion to impingement and radiographic parameters of acetabular morphologic characteristics. Am J Sports Med 2014;42(10):2402–2409 por meio de exames tomográficos, observaram que inclinação anterior da pelve resultou em diminuição de 5,9° de rotação interna para 8,5° (com quadril fletido a 90° e 15° de adução), e em 5,8° de retroversão acetabular; já a inclinação pélvica posterior acarretou aumento da rotação interna de 5,1° (com quadril fletido a 90° e 15° de adução) para 7,4°.

Testes de frouxidão ligamentar são importantes para identificar pacientes com instabilidade associada.1313 Beighton P, Horan F. Orthopaedic aspects of the Ehlers-Danlos syndrome. J Bone Joint Surg Br 1969;51(03):444–453 A marcha é examinada com atenção: pacientes com dor na região anterior do quadril tendem a manter uma inclinação posterior da pelve durante a marcha, deixando o quadril mais em extensão, o que acarreta em aumento de forças na região anterior do quadril.1414 Lewis CL, Sahrmann SA, Moran DW. Effect of hip angle on anterior hip joint force during gait. Gait Posture 2010;32(04): 603–607,1515 Lewis CL, Sahrmann SA. Effect of posture on hip angles and moments during gait. Man Ther 2015;20(01):176–182

Observou-se também em estudos de imagem que baixa incidência pélvica (definida como o ângulo entre uma linha perpendicular ao ponto central do platô sacral e uma linha a partir deste ponto até o centro axial das cabeças femorais1616 Legaye J, Duval-Beaupère G, Hecquet J, Marty C. Pelvic incidence: a fundamental pelvic parameter for three-dimensional regulation of spinal sagittal curves. Eur Spine J 1998;7(02):99–103) (Fig. 1), ou seja, maior inclinação anterior da pelve pode estar associada ao IFA de tipo misto,1717 Saltychev M, Pernaa K, Seppänen M, Mäkelä K, Laimi K. Pelvic incidence and hip disorders. Acta Orthop 2018;89(01): 66–70 à rotação pélvica, à fase de apoio, ao movimento dos membros superiores, e ao ângulo de progressão do pé (APP), o qual é normalmente cerca de 7° em direção lateral.1818 Perry J. Gait Analysis Normal and Pathological Function. Thorofare, NJ: Slack Incorporated; 1992 Retroversão femoral proximal e limitação da rotação medial são vistos frequentemente em pacientes com IFA, podendo levar a um APP em rotação lateral excessiva. Em oposição, pacientes com anteversão femoral excessiva geralmente têm um APP em rotação medial. Entretanto, a análise do APP deve se basear na inspeção de todo o membro, com atenção para a posição da patela, visto que este ângulo é influenciado pelo perfil rotacional do quadril, do fêmur, ds tíbia e do tálus,1919 Staheli LT, Corbett M, Wyss C, King H. Lower-extremity rotational problems in children. Normal values to guide management. J Bone Joint Surg Am 1985;67(01):39–47 associado aos efeitos musculares e capsulares. É frequente encontrar pacientes com anteversão femoral aumentada com APP normal em consequência de torsão tibial lateral compensatória.2020 Delgado ED, Schoenecker PL, Rich MM, Capelli AM. Treatment of severe torsional malalignment syndrome. J Pediatr Orthop 1996; 16(04):484–488 Completa-se o exame em pé com o teste de apoio em uma perna (teste de Trendelemburg) para se avaliar a função abdutora.

O exame na posição sentada inicia com a avaliação da função neurológica e vascular dos membros inferiores. As rotações medial e lateral são medidas em ambos os quadris. Pacientes com IFA caracteristicamente apresentam restrição da rotação medial, com rotação lateral normal.2121 Kelly BT, Bedi A, Robertson CM, Dela Torre K, Giveans MR, Larson CM. Alterations in internal rotation and alpha angles are associated with arthroscopic camdecompression in the hip. Am J Sports Med 2012;40(05):1107–1112 A associação de rotação medial diminuída com rotação lateral aumentada indica retroversão femoral proximal ou anteversão fisiológica diminuída. Em contraste, rotação medial aumentada com rotação lateral diminuída indica anteversão femoral aumentada. É importante ressaltar que as rotações do quadril não são influenciadas exclusivamente pela versão femoral. Fatores como hiperfrouxidão ligamentar e displasia do quadril, por exemplo, podem influenciar as rotações do quadril. A aferição das rotações do quadril também pode ser realizada em decúbito dorsal e ventral. Entretanto, a função ligamentar, a posição pélvica e a metodologia de medida podem causar diferenças de até 10 graus nos valores de rotação do quadril medidos em diferentes posições (sentado, decúbito dorsal e ventral).2222 Kumar S, Sharma R, Gulati D, Dhammi IK, Aggarwal AN. Normal range of motion of hip and ankle in Indian population. Acta Orthop Traumatol Turc 2011;45(06):421–424

23 Prather H, Harris-Hayes M, Hunt DM, Steger-May K, Mathew V, Clohisy JC. Reliability and agreement of hip range of motion and provocative physical examination tests in asymptomatic volunteers. PM R 2010;2(10):888–895
-2424 Simoneau GG, Hoenig KJ, Lepley JE, Papanek PE. Influence of hip position and gender on active hip internal and external rotation. J Orthop Sports Phys Ther 1998;28(03):158–164

O exame em decúbito dorsal inicia-se com a palpação da região púbica e pesquisa de hérnias ocultas,2525 Meyers WC, Foley DP, Garrett WE, Lohnes JH, Mandlebaum BR; PAIN (Performing Athletes with Abdominal or Inguinal Neuromuscular Pain Study Group). Management of severe lower abdominal or inguinal pain in high-performance athletes. Am J Sports Med 2000;28(01):2–8 as quais têm sido associadas ao IFA devido à sobrecarga na musculatura abdominal consequente à falta de mobilidade do quadril.2626 Hammoud S, Bedi A, Magennis E, Meyers WC, Kelly BT. High incidence of athletic pubalgia symptoms in professional athletes with symptomatic femoroacetabular impingement. Arthroscopy 2012;28(10):1388–1395 A avaliação prossegue com o teste de contratura em flexão do quadril (teste de Thomas) e a avaliação da adução e abdução. O decúbito dorsal inclui a maior parte dos testes para avaliação da congruência femoroacetabular que podem ser positivos em situações de IFA, de instabilidade, ou de doença intra-articular.11 Martin H, Palmer I, Hatem M. Patient History and Exam. In: Callaghan A, Rosenberg A, Rubash H, Clohisy J, Della Valle C, Parvizi J, editors. The Adult Hip: Arthroplasty and Its Alternative and Hip Preservation. 3rd ed. Lippincott Williams & Wilkins; 2014 Ganz et al. (2003)2727 Ganz R, Parvizi J, Beck M, Leunig M, Nötzli H, Siebenrock KA. Femoroacetabular impingement: a cause for osteoarthritis of the hip. Clin Orthop Relat Res 2003;(417):112–120 descreveram teste de impacto realizando flexão, adução e rotação medial. McCarthy et al. (2003)2828 McCarthy J, Busconi B, Owens B. Assessment of the painful hip. Early Hip Disorders. New York, NY: Springer US; 2003:3–6 relataram a avaliação dinâmica do IFA e a relação com o lábio acetabular.

Foi demonstrado durante as manobras de flexão, adução e rotação interna (Fadir) e flexão, abdução e rotação externa (Fabere), realizadas em pacientes com IFA e grupo controle, que pacientes com IFA apresentam menor rotação interna e adução durante a FADIR e menor abdução e rotação externa com a Fabere; além disso, observou-se também maior movimentação da pelve ao exame.2929 Kapron AL, Aoki SK, Peters CL, Anderson AE. In-vivo hip arthrokinematics during supine clinical exams: Application to the study of femoroacetabular impingement. J Biomech 2015;48(11): 2879–2886

Martin et al.11 Martin H, Palmer I, Hatem M. Patient History and Exam. In: Callaghan A, Rosenberg A, Rubash H, Clohisy J, Della Valle C, Parvizi J, editors. The Adult Hip: Arthroplasty and Its Alternative and Hip Preservation. 3rd ed. Lippincott Williams & Wilkins; 2014 têm sugerido uma avaliação mais dinâmica, pelo teste dinâmico de impacto com rotação interna (Diri) e o teste dinâmico de impacto com rotação externa (Dire). Para realizar o Diri, o paciente, em decúbito dorsal, é orientado a segurar o quadril contralateral em flexão maior do que 90°, assim estabelecendo um ponto zero pélvico e eliminando a lordose lombar (Fig. 2A). O quadril examinado é então fletido a 90 graus ou mais, e levado passivamente ao longo de um arco amplo de adução e rotação interna (medial) (Fig. 2B). O grau de flexão necessária para ocorrer o impacto depende da versão femoral e do tipo e localização do impacto anterior. Um teste positivo é notado com a reprodução da dor. O Diri pode também ser positivo em casos de instabilidade posterior. O teste Dire é realizado com o paciente posicionado da mesma forma do que no Diri, mas o quadril é levado dinamicamente em um arco amplo de abdução e rotação externa (Fig. 2C). O Dire testa o impacto superolateral e posterior, mas pode ser positivo em casos de instabilidade anteroinferior com ruptura do ligamento redondo e/ou lassidão ligamentar.3030 Martin RL, Palmer I, Martin HD. Ligamentum teres: a functional description and potential clinical relevance. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc 2012;20(06):1209–1214 O teste é positivo quando a dor é reproduzida ou ocorre um sentimento de instabilidade. Outro teste realizado na posição supina para avaliar a congruência femoroacetabular é o teste do impacto posterior. Com o paciente na borda ou extremidade da maca, o quadril é passivamente estendido, abduzido e rodado externamente. Este teste avalia a congruência entre a parede acetabular posterior e o colo femoral, sendo positivo em casos de impacto posterior ou instabilidade anterior. Testes complementares importantes no exame supino durante a investigação do quadril sintomático incluem: teste supino da rotação passiva (log roll); teste da discagem (dial test)3131 Philippon MJ, Zehms CT, Briggs KK, Manchester DJ, Kuppersmith DA. Hip Instability in the Athlete. Oper Tech Sports Med 2007; 15:189–194; teste da flexão ativa do quadril contra resistência com o joelho estendido (Stinchfield); e teste de Fabere (ou teste de Patrick).

Fig. 2
(A) posicionamento com flexão do quadril para se conseguir a retificação da lordose lombar. (B) manobra de Diri, na qual se realiza a flexão do quadril examinado, neste caso, o quadril esquerdo, seguido de rotação interna e adução. (C) Manobra de Dire: neste caso, com a coluna lombar já retificada, realiza-se a abdução do quadril esquerdo e a rotação interna concomitante, a fim de se avaliar lesões ou impacto nas regiões superior e posterior.

A posição em decúbito lateral também pode ser utilizada para avaliar a congruência femoroacetabular utilizando manobras que associam flexão, adução e rotação interna, ou que associam extensão, abdução e rotação externa. A avaliação das estruturas peritrocantéricas é realizada em decúbito lateral sobre o lado oposto, incluindo palpação, testes de força da musculatura abdutora, e testes de contratura.11 Martin H, Palmer I, Hatem M. Patient History and Exam. In: Callaghan A, Rosenberg A, Rubash H, Clohisy J, Della Valle C, Parvizi J, editors. The Adult Hip: Arthroplasty and Its Alternative and Hip Preservation. 3rd ed. Lippincott Williams & Wilkins; 2014 Estes testes são importantes desde que anormalidades nas estruturas peritrocantéricas podem coexistir com o IFA e ter influência na recuperação em casos de tratamento cirúrgico.

O exame é concluído com o paciente em decúbito ventral, com o teste de anteversão femoral (teste de Craig) e o teste de contratura do músculo reto da coxa (teste de Ely).11 Martin H, Palmer I, Hatem M. Patient History and Exam. In: Callaghan A, Rosenberg A, Rubash H, Clohisy J, Della Valle C, Parvizi J, editors. The Adult Hip: Arthroplasty and Its Alternative and Hip Preservation. 3rd ed. Lippincott Williams & Wilkins; 2014

Cheatham et al.3232 Cheatham SW, Enseki KR, Kolber MJ. The clinical presentation of individuals with femoral acetabular impingement and labral tears: A narrative review of the evidence. J Bodyw Mov Ther 2016;20(02):346–355 publicaram as principais características e atualizações quanto ao IFA e à lesão labral e em relação à sensibilidade e à especificidade das principais manobras de exame físico para diagnóstico do IFA.

A articulação do quadril é suprida posteriormente por ramos articulares do nervo para o músculo quadrado da coxa, ramos do nervo glúteo superior e/ou ramo direto do nervo ciático.3333 Birnbaum K, Prescher A, Hessler S, Heller KD. The sensory innervation of the hip joint–an anatomical study. Surg Radiol Anat 1997;19(06):371–375 Deste modo, patologias intra-articulares podem causar dor posterior. Da mesma forma, patologias no espaço glúteo profundo ou na coluna lombar podem causar sintomas difíceis de diferenciar das patologias intra-articulares. Portanto, em casos de dor posterior, o exame clínico deve contemplar o espaço glúteo profundo, e uma injeção anestésica intra-articular como teste deve ser considerada na abordagem diagnóstica.3434 Byrd JW, Jones KS. Diagnostic accuracy of clinical assessment, magnetic resonance imaging, magnetic resonance arthrography, and intra-articular injection in hip arthroscopy patients. Am J Sports Med 2004;32(07):1668–1674

Estudos de Imagem

A análise adequada dos exames de imagem é fundamental no processo diagnóstico, e deve considerar os achados da história e do exame físico. A definição do diagnóstico e tratamento por meio de exames de má qualidade aumentará as chances de insucesso. Deste modo, deve-se avaliar a qualidade do exame antes de interpretá-lo, ponderando especialmente o posicionamento do paciente ao realizar o exame. Padronização na análise dos exames de imagem aumenta a precisão e a velocidade com que se realiza essa análise.3535 Polesello GC, Nakao TS, de Queiroz MC, et al. Proposal for standardization of radiographic studies on the hip and pelvis. Rev Bras Ortop 2015;46(06):634–642 Outro componente importante ao avaliar as imagens é considerar-se o todo, ou seja, os achados devem ser entendidos em associação. Por exemplo, uma deformidade tipo came pequena associada a retroversão femoral pode ser mais grave do que uma deformidade tipo came maior com anteversão femoral normal. É importante lembrar o conceito de síndrome do impacto femoroacetabular (Warwick), no qual a interpretação radiológica é parte de um contexto de análise de sinais, sintomas e imagens. O diagnóstico de impacto femoroacetabular não deve ser realizado somente por exames de imagem.3636 Griffin DR, Dickenson EJ, O'Donnell J, et al. The Warwick Agreement on femoroacetabular impingement syndrome (FAI syndrome): an international consensus statement. Br J Sports Med 2016;50(19):1169–1176

Radiografia

A radiografia é fundamental para a definição do diagnóstico e tratamento dos pacientes com IFA. É um método simples, barato, rápido e amplamente disponível. As radiografias permitem uma avaliação morfológica do quadril, existência de sequelas de doenças do quadril da infância, e a presença de osteoartrose. Diferentes séries radiográficas são indicadas na literatura para avaliação inicial do quadril doloroso em adultos jovens.3535 Polesello GC, Nakao TS, de Queiroz MC, et al. Proposal for standardization of radiographic studies on the hip and pelvis. Rev Bras Ortop 2015;46(06):634–642,3737 Clohisy JC, Carlisle JC, Beaulé PE, et al. A systematic approach to the plain radiographic evaluation of the young adult hip. J Bone Joint Surg Am 2008;90(Suppl 4):47–66,3838 Reis AC, Rabelo ND, Pereira RP, et al. Radiological examination of the hip - clinical indications, methods, and interpretation: a clinical commentary. Int J Sports Phys Ther 2014;9(02): 256–267 Nepple et al.3939 Nepple JJ, Martel JM, Kim YJ, Zaltz I, Clohisy JC; ANCHOR Study Group. Do plain radiographs correlatewith CT for imaging of camtype femoroacetabular impingement? Clin Orthop Relat Res 2012;470(12):3313–3320 avaliaram a acurácia de diferentes incidências radiográficas na detecção de deformidades tipo came, comparando-as com a tomografia computadorizada (TC). Estes autores demonstraram que a incidência de Dunn com 45° de flexão foi a mais sensível (71% a 80%) e a de Lauenstein (frog leg lateral) foi a mais específica (91% a 100%). A exclusão da incidência lateral cross-table não alterou a sensibilidade. Adicionalmente, foi observada correlação significativa entre a área avaliada nas diferentes incidências radiográficas e a TC: radiografia anteroposterior (AP)/12:00 (superior), Dunn/1:00 (anterolateral), Lauenstein/3:00(anterior), e cross-table/3:00 (anterior).3939 Nepple JJ, Martel JM, Kim YJ, Zaltz I, Clohisy JC; ANCHOR Study Group. Do plain radiographs correlatewith CT for imaging of camtype femoroacetabular impingement? Clin Orthop Relat Res 2012;470(12):3313–3320

Sugere-se a realização de 5 incidências radiográficas para avaliação inicial do IFA: 1) AP de pelve; 2) Dunn com 45° de flexão do quadril e 20° de abdução em rotação neutra; 3) Lauenstein com o quadril entre 30° e 40° de flexão e 45° de abdução (planta do pé em contato com o joelho contralateral); 4) perfil de Ducroquet com flexão de 90° e abdução de 45°; e 5) falso perfil de Lequesne3535 Polesello GC, Nakao TS, de Queiroz MC, et al. Proposal for standardization of radiographic studies on the hip and pelvis. Rev Bras Ortop 2015;46(06):634–642 (Fig. 3).

Fig. 3
Incidências radiográficas do quadril na pesquisa de IFA. (A) incidência anteroposterior. (B) incidência de Ducroquet. (C) Incidência de Dunn para visualização do came. Observe a retificação e a proeminência da região transição colo-cabeça. (D) imagem radiográfica da posição de Lequesne.

Erros na execução da radiografia AP de pelve são frequentes e podem comprometer o diagnóstico. A radiografia AP da pelve é realizada com o paciente em decúbito dorsal, com os membros inferiores em 15° de rotação medial.3737 Clohisy JC, Carlisle JC, Beaulé PE, et al. A systematic approach to the plain radiographic evaluation of the young adult hip. J Bone Joint Surg Am 2008;90(Suppl 4):47–66 A distância entre o filme e a ampola de raios X deve ser de 120, cm e a marca de cruzamento deste deve ser centrada em um ponto a meio caminho entre o bordo superior da sínfise púbica e uma linha conectando ambas as espinhas ilíacas anterossuperiores.3737 Clohisy JC, Carlisle JC, Beaulé PE, et al. A systematic approach to the plain radiographic evaluation of the young adult hip. J Bone Joint Surg Am 2008;90(Suppl 4):47–66 A morfologia acetabular nas radiografias APs de pelve é influenciada pela rotação e inclinação pélvicas, que podem variar consideravelmente com a posição do paciente durante a aquisição do exame.4040 Tannast M, Zheng G, Anderegg C, et al. Tilt and rotation correction of acetabular version on pelvic radiographs. Clin Orthop Relat Res 2005;438(438):182–190

As hemipelves devem estar simétricas na radiografia, com o cóccix alinhado com a sínfise púbica e as asas do ilíaco, os forames obturados, e as imagens em lágrima simétricas. Siebenrock et al.4141 Siebenrock KA, Kalbermatten DF, Ganz R. Effect of pelvic tilt on acetabular retroversion: a study of pelves from cadavers. Clin Orthop Relat Res 2003;(407):241–248 sugeriram que a distância ideal à radiografia entre a sínfise púbica e o meio da junção sacrococcígea é 2,5 cm a 4 cm em mulheres, e de 4 cm a 5,5 cm em homens. Porém, a identificação da articulação sacrococcígea pode ser difícil. Por esse motivo, Clohisy et al.3737 Clohisy JC, Carlisle JC, Beaulé PE, et al. A systematic approach to the plain radiographic evaluation of the young adult hip. J Bone Joint Surg Am 2008;90(Suppl 4):47–66 sugeriram que a distância entre o bordo superior da sínfise púbica e a extremidade do cóccix deve ser de 1 cm a 3 cm. Variações no grau de rotação do quadril também podem prejudicar a avaliação da morfologia do fêmur proximal,4242 Monazzam S, Bomar JD, Agashe M, Hosalkar HS. Does femoral rotation influence anteroposterior alpha angle, lateral centeredge angle, and medial proximal femoral angle? A pilot study. Clin Orthop Relat Res 2013;471(05):1639–1645 enfatizando a importância de radiografias padronizadas.

Um estudo recente avaliou que não houve diferença entre uma radiografia AP de bacia e uma radioscopia posteroanterior (PA) centrada no quadril em relação aos ângulos centro-borda (CB), e vertical-central-anterior (VCA), ângulo de Sharp e índice acetabular, mas, na radioscopia, a cobertura anterior é menor, o sinal do cruzamento, 30% menor, e a retroversão, subestimada.4343 Büchler L, Schwab JM, Whitlock PW, Beck M, Tannast M. Intraoperative evaluation of acetabular morphology in hip arthroscopy comparing standard radiography versus fluoroscopy: a cadaver study. Arthroscopy 2016;32(06):1030–1037

A interpretação das radiografias deve ser realizada de maneira organizada. Todos os aspectos da morfologia óssea acetabular e femoral devem ser analisados em conjunto, identificando alterações estruturais relacionadas ao IFA e à instabilidade. A procura direta por sinais de impacto sem uma análise sequencial levará a erros diagnósticos e de tratamento. A Tabela 1 descreve os parâmetros a serem avaliados nas diferentes incidências radiográficas.

Tabela 1
Interpretação padronizada das radiografias na avaliação do quadril natural. Os parâmetros para análise são demonstrados conforme a incidência radiográfica

Os achados radiográficos acetabulares mais frequentes relacionados ao IFA incluem: sobrecobertura acetabular, retroversão acetabular, e espinha ilíaca anteroinferior proeminente. Em 1962, Ruelle e Dubois4444 Ruelle M, Dubois JL. [The protrusive malformation and its arthrosic complication. I. Radiological and clinical symptoms. Etiopathogenesis]. Rev Rhum Mal Osteoartic 1962;29:476–489 denominaram de coxa profunda o achado radiográfico de medialização do fundo acetabular em relação à linha ilioisquiática. Até recentemente, este sinal foi interpretado como indicativo de sobrecobertura acetabular.2727 Ganz R, Parvizi J, Beck M, Leunig M, Nötzli H, Siebenrock KA. Femoroacetabular impingement: a cause for osteoarthritis of the hip. Clin Orthop Relat Res 2003;(417):112–120 Entretanto, os trabalhos de Anderson et al.4545 Anderson LA, Kapron AL, Aoki SK, Peters CL. Coxa profunda: is the deep acetabulum overcovered? Clin Orthop Relat Res 2012;470 (12):3375–3382 e de Nepple et al.4646 Nepple JJ, Lehmann CL, Ross JR, Schoenecker PL, Clohisy JC. Coxa profunda is not a useful radiographic parameter for diagnosing pincer-type femoroacetabular impingement. J Bone Joint Surg Am 2013;95(05):417–423 concluíram que o achado radiográfico de coxa profunda (migração do fundo acetabular além da linha ilioisquiática) não foi associado à sobrecobertura da cabeça femoral, ou seja, não foi associado a ângulos CB maiores ou índices acetabulares menores. Adicionalmente, quadris displásicos com anteversão excessiva podem ser interpretados falsamente como acetábulos com sobrecobertura ao se considerar a definição clássica de coxa profunda de Ruellee Dubois.4444 Ruelle M, Dubois JL. [The protrusive malformation and its arthrosic complication. I. Radiological and clinical symptoms. Etiopathogenesis]. Rev Rhum Mal Osteoartic 1962;29:476–489,4747 Tannast M, Leunig M; Session Participants. Report of breakout session: Coxa profunda/protrusio management. Clin Orthop Relat Res 2012;470(12):3459–3461 Deste modo, a avaliação da cobertura acetabular da cabeça femoral deve ser baseada no ângulo CB descrito por Wiberg,4848 Wiberg G. The anatomy and roentgenographic appearance of a normal hip joint. Acta Chir Scand 1939;83(Suppl 5):7–38 em que ângulos acima de 39° indicam cobertura acetabular excessiva. Tönnis e Heinecke4949 Tönnis D, Heinecke A. Acetabular and femoral anteversion: relationshipwith osteoarthritis of the hip. J Bone Joint Surg Am 1999; 81(12):1747–1770 definiram valores entre 39° e 44° em quadris com protusão acetabular, e valores acima de 44° em quadris com protusão acetabular.

Em radiografias de pelve padronizadas de quadris normais, a parede acetabular anterior deve cobrir menos a cabeça femoral do que a parede posterior, e os bordos da parede anterior e posterior normalmente se encontram superior e lateralmente, indicando anteversão acetabular. Quando os contornos das paredes anterior e posterior encontram-se mais distalmente, a radiografia apresentará o sinal do cruzamento. Esta retroversão cranial predispõe ao impacto tipo pinçamento.5050 Reynolds D, Lucas J, Klaue K. Retroversion of the acetabulum. A cause of hip pain. J Bone Joint Surg Br 1999;81(02):281–288 A extensão da projeção da espinha isquiática medialmente à linha ilioisquiática é correlacionada à altura do sinal do cruzamento na radiografia.5151 Kalberer F, Sierra RJ, Madan SS, Ganz R, Leunig M. Ischial spine projection into the pelvis : a new sign for acetabular retroversion. Clin Orthop Relat Res 2008;466(03):677–683 O sinal da parede posterior ocorre quando esta se localiza medialmente ao centro da cabeça femoral e indica retroversão mais acentuada, denominada retroversão verdadeira. A inclinação e rotação pélvicas são determinantes na versão acetabular observada na radiografia e, portanto, radiografia de pelve adequada com posicionamento correto do paciente é fundamental para que se evite um diagnóstico falso.4040 Tannast M, Zheng G, Anderegg C, et al. Tilt and rotation correction of acetabular version on pelvic radiographs. Clin Orthop Relat Res 2005;438(438):182–190 Apesar de o sinal do cruzamento estar amplamente associado à retroversão acetabular na literatura, Zaltz et al.5252 Zaltz I, Kelly BT, Hetsroni I, Bedi A. The crossover sign overestimates acetabular retroversion. Clin Orthop Relat Res 2013; 471(08):2463–2470 relataram valor preditivo positivo (VPP) baixo deste sinal para retroversão acetabular ao comparar radiografias pélvicas adequadas com TC. De 38 pacientes com sinal do cruzamento à radiografia, somente 19 tinham (VPP 50%) retroversão acetabular focal ou global na tomografia. A espinha ilíaca anteroinferior (EIAI) foi responsável pela aparência do sinal do cruzamento à radiografia em todos os 19 pacientes com acetábulos antevertidos. No mesmo estudo, os autores classificaram o formato da EIAI em três tipos baseados na TC tridimensional.3939 Nepple JJ, Martel JM, Kim YJ, Zaltz I, Clohisy JC; ANCHOR Study Group. Do plain radiographs correlatewith CT for imaging of camtype femoroacetabular impingement? Clin Orthop Relat Res 2012;470(12):3313–3320 Adicionalmente, outros estudos têm relatado que o formato da EIAI é um fator contribuinte para o impacto entre o fêmur e a pelve.5353 Hetsroni I, Larson CM, Dela Torre K, Zbeda RM, Magennis E, Kelly BT. Anterior inferior iliac spine deformity as an extra-articular source for hip impingement: a series of 10 patients treated with arthroscopic decompression. Arthroscopy 2012;28(11): 1644–1653,5454 Larson CM, Kelly BT, Stone RM. Making a case for anterior inferior iliac spine/subspine hip impingement: three representative case reports and proposed concept. Arthroscopy 2011;27(12):1732–1737

O fêmur proximal pode apresentar os seguintes achados radiográficos relacionados ao IFA: deformidade em cabo de pistola, aumento no ângulo alfa, redução no desnível cabeça/colo femorais, e imagem cística na zona de impacto na transição cabeça/colo femorais (herniation pit). A deformidade em cabo de pistola é reconhecida na radiografia AP da pelve, e acredita-se ser secundária ao escorregamento femoral proximal subclínico.5555 Stulberg SD, Cordell LD, Harris WH, Ramsey PL, MacEwen GD. Unrecognized childhood hip disease: a major cause of idiopathic osteoarthritis of the hip. In: Mosby C, editor. The Hip. Proceedings of the Third Open Scientific Meeting of the Hip Society. St Louis1975:212–128 Entretanto, argumenta-se que a principal deformidade no escorregamento epifisário subclínico é no plano sagital, e que normalmente não seria evidente nas incidências APs.5656 Goodman DA, Feighan JE, Smith AD, Latimer B, Buly RL, Cooperman DR. Subclinical slipped capital femoral epiphysis. Relationship to osteoarthrosis of the hip. J Bone Joint Surg Am 1997;79 (10):1489–1497,5757 Nötzli HP, Wyss TF, Stoecklin CH, Schmid MR, Treiber K, Hodler J. The contour of the femoral head-neck junction as a predictor for the risk of anterior impingement. J Bone Joint Surg Br 2002;84 (04):556–560 Além disso, o termo cabo de pistola representa uma definição qualitativa de deformidade tipo came, não permitindo comparação entre as deformidades, nem sendo um critério diagnóstico objetivo.5757 Nötzli HP, Wyss TF, Stoecklin CH, Schmid MR, Treiber K, Hodler J. The contour of the femoral head-neck junction as a predictor for the risk of anterior impingement. J Bone Joint Surg Br 2002;84 (04):556–560 Deste modo, Nötzli et al.5757 Nötzli HP, Wyss TF, Stoecklin CH, Schmid MR, Treiber K, Hodler J. The contour of the femoral head-neck junction as a predictor for the risk of anterior impingement. J Bone Joint Surg Br 2002;84 (04):556–560 relataram a medida do ângulo alfa em imagens axiais oblíquas de ressonância magnética, permitindo avaliação quantitativa, baseada na transição anterior entre colo e cabeça femorais, da localização mais frequente das deformidades tipo came. A utilização do ângulo alfa para avaliar a morfologia da transição cabeça/colo femorais foi então extrapolada para TC e diferentes incidências radiográficas. O estudo de Nötzli et al.5757 Nötzli HP, Wyss TF, Stoecklin CH, Schmid MR, Treiber K, Hodler J. The contour of the femoral head-neck junction as a predictor for the risk of anterior impingement. J Bone Joint Surg Br 2002;84 (04):556–560 encontrou ângulo alfa médio de 42° (variação de 33° a 48°) em indivíduos assintomáticos, comparado à média de 74° (variação de 55° a 95°) em pacientes com IFA tipo came. Deste modo, ângulo alfa menor do que 55° vem sendo considerado normal. Estudo mais recente descreveu baixa especificidade de 56% para deformidade tipo came sintomática utilizando ângulo alfa de 55° como limite de normalidade.5858 Sutter R, Dietrich TJ, Zingg PO, Pfirrmann CW. How useful is the alpha angle for discriminating between symptomatic patients with cam-type femoroacetabular impingement and asymptomatic volunteers? Radiology 2012;264(02):514–521 Os autores sugeriram a elevação do limiar do ângulo alfa de 55° para 60°, aumentando a especificidade para 74%.5858 Sutter R, Dietrich TJ, Zingg PO, Pfirrmann CW. How useful is the alpha angle for discriminating between symptomatic patients with cam-type femoroacetabular impingement and asymptomatic volunteers? Radiology 2012;264(02):514–521 Embora o ângulo alfa tenha sido validado somente na incidência radiográfica de cross-table,5757 Nötzli HP, Wyss TF, Stoecklin CH, Schmid MR, Treiber K, Hodler J. The contour of the femoral head-neck junction as a predictor for the risk of anterior impingement. J Bone Joint Surg Br 2002;84 (04):556–560 é frequentemente mensurada em outras incidências. Redução no desnível anterior cabeça /colo femorais também pode ser utilizada na detecção das deformidades tipo came. Uma relação entre o desnível e o diâmetro da cabeça femoral menor do que 0,17 é indicativa de came.5959 Eijer H, Myers SR, Ganz R. Anterior femoroacetabular impingement after femoral neck fractures. J Orthop Trauma 2001;15(07):475–481 Formação cística na área de impacto da transição cabeça/colo femorais também pode ser observada em alguns pacientes. É importante ressaltar que a morfologia do IFA não deve ser baseada somente na análise da transição cabeça/colo femorais. A morfologia do acetábulo, outros aspectos da morfologia femoral, e as versões femorais e acetabulares influenciam na ocorrência ou não de sintomas no IFA. Além disso, a coexistência de instabilidade e outras anormalidades não é incomum. Este fato reforça a importância de um exame físico apropriado no diagnóstico do IFA.

Ressonância Nuclear Magnética e Tomografia Computadorizada

O diagnóstico e tratamento de pacientes com impacto femoroacetabular geralmente demandam exames de imagem adicionais À radiografia. A TC e especialmente a ressonância nuclear magnética (RNM) auxiliam na exclusão de diagnósticos diferenciais que podem causar sintomas similares aos do IFA, incluindo osteonecrose da cabeça femoral, osteoporose transitória, doenças sinoviais e inflamatórias, fraturas por estresse, e doenças infecciosas e tumorais. A TC e a RNM também proporcionam o melhor entendimento da morfologia femoral e acetabular, ressaltando-se o estudo da versão do fêmur proximal e do acetábulo proporcionada por estes exames.

Adicionalmente, o dano condrolabial causado pelo IFA pode ser mais bem estimado por meio da TC e principalmente da RNM com contraste intra-articular. A injeção de contraste intra-articular (gadolínio) e sequências específicas aumentam a precisão da RNM para lesões condrolabiais, e auxiliam na exclusão de doenças sinoviais. As sequências geralmente são realizadas em três planos: coronal, sagital e axial oblíquo (no plano do colo femoral). A caracterização labial é importante na RNM, pois as lesões podem incluir alterações no tamanho (hipo/hiperplásico), na substância, e avulsões periféricas. A TC e a RNM também são importantes para a definição da melhor conduta cirúrgica.

Em metanálise realizada em 2011, Smith, et al.6060 Smith TO, Hilton G, Toms AP, Donell ST, Hing CB. The diagnostic accuracy of acetabular labral tears using magnetic resonance imaging and magnetic resonance arthrography: a meta-analysis. Eur Radiol 2011;21(04):863–874 observaram a acurácia da RNM comparada com a artrorressônancia na avaliação de lesão labral, demonstrando vantagem para o último método; porém, esse estudo incluía diversas causas além do IFA na gênese do problema.

Mais recentemente, em 2017, outra revisão sistemática6161 Reiman MP, Thorborg K, Goode AP, Cook CE, Weir A, Hölmich P. Diagnostic Accuracy of Imaging Modalities and Injection Techniques for the Diagnosis of Femoroacetabular Impingement/Labral Tear: A Systematic ReviewWith Meta-analysis. Am J Sports Med. 2017;45(11):2665–2677 da literatura e metanálise comparando, a artrorressonância e a RNM com contraste por injeção intravascular (RNMC) na avaliação de lesões labral e condral em casos exclusivos de IFA evidenciou maior acurácia com artrorressonância em relação às demais na detecção das lesões.

Em relação aos protocolos específicos à RNMC com realce tardio por gadolínio (delayed gadolinium-enhanced magnetic resonance imaging of cartilage, dGEMRIC, em inglês) na avaliação da viabilidade da cartilagem e dos protocolos com exames 3-Tesla, ainda são necessários mais estudos.55 Saied AM, Redant C, El-Batouty M, et al. Accuracy of magnetic resonance studies in the detection of chondral and labral lesions in femoroacetabular impingement: systematic review and meta-analysis. BMC Musculoskelet Disord 2017;18(01): 18–83

Neste contexto, o recurso de reconstrução tridimensional disponível nos exames de TC pode facilitar o entendimento da morfologia do IFA e determinação da estratégia cirúrgica.

Considerações Finais

Um histórico detalhado associado a um exame físico minucioso e avaliação padronizada dos exames de imagem são essenciais para o diagnóstico adequado do IFA. É primordial que o ortopedista que trata pacientes jovens com dor no quadril compreenda bem o fluxograma de investigação do IFA. Assim, ele poderá determinar o tratamento adequado para cada paciente.

References

  • 1
    Martin H, Palmer I, Hatem M. Patient History and Exam. In: Callaghan A, Rosenberg A, Rubash H, Clohisy J, Della Valle C, Parvizi J, editors. The Adult Hip: Arthroplasty and Its Alternative and Hip Preservation. 3rd ed. Lippincott Williams & Wilkins; 2014
  • 2
    Clohisy JC, Keeney JA, Schoenecker PL. Preliminary assessment and treatment guidelines for hip disorders in young adults. Clin Orthop Relat Res 2005;441(441):168–179
  • 3
    Reiman MP, Mather RC III, Hash TW II, Cook CE. Examination of acetabular labral tear: a continued diagnostic challenge. Br J Sports Med 2014;48(04):311–319
  • 4
    Reiman MP, Goode AP, Cook CE, Hölmich P, Thorborg K. Diagnostic accuracy of clinical tests for the diagnosis of hip femoroacetabular impingement/labral tear: a systematic review with meta-analysis. Br J Sports Med 2015;49(12):811
  • 5
    Saied AM, Redant C, El-Batouty M, et al. Accuracy of magnetic resonance studies in the detection of chondral and labral lesions in femoroacetabular impingement: systematic review and meta-analysis. BMC Musculoskelet Disord 2017;18(01): 18–83
  • 6
    Byrd J. Physical Examination. Operative Hip Arthroscopy. 2nd ed. New York: Springer US; 2005:36–50
  • 7
    Byrd JW. Evaluation of the hip: history and physical examination. N Am J Sports Phys Ther 2007;2(04):231–240
  • 8
    Guimarães RP, Alves DP, Silva GB, et al. Tradução e adaptação transcultural do instrumento de avaliação do quadril "Harris Hip Score.". Acta Ortop Bras 2010;18(03):142–147
  • 9
    Bellamy N, Buchanan WW, Goldsmith CH, Campbell J, Stitt LW. Validation study of WOMAC: a health status instrument for measuring clinically important patient relevant outcomes to antirheumatic drug therapy in patients with osteoarthritis of the hip or knee. J Rheumatol 1988;15(12):1833–1840
  • 10
    Byrd JW, Jones KS. Prospective analysis of hip arthroscopywith 2- year follow-up. Arthroscopy 2000;16(06):578–587
  • 11
    Cibere J, Thorne A, Bellamy N, et al. Reliability of the hip examination in osteoarthritis: effect of standardization. Arthritis Rheum 2008;59(03):373–381
  • 12
    Ross JR, Nepple JJ, PhilipponMJ, Kelly BT, Larson CM, Bedi A. Effect of changes in pelvic tilt on range of motion to impingement and radiographic parameters of acetabular morphologic characteristics. Am J Sports Med 2014;42(10):2402–2409
  • 13
    Beighton P, Horan F. Orthopaedic aspects of the Ehlers-Danlos syndrome. J Bone Joint Surg Br 1969;51(03):444–453
  • 14
    Lewis CL, Sahrmann SA, Moran DW. Effect of hip angle on anterior hip joint force during gait. Gait Posture 2010;32(04): 603–607
  • 15
    Lewis CL, Sahrmann SA. Effect of posture on hip angles and moments during gait. Man Ther 2015;20(01):176–182
  • 16
    Legaye J, Duval-Beaupère G, Hecquet J, Marty C. Pelvic incidence: a fundamental pelvic parameter for three-dimensional regulation of spinal sagittal curves. Eur Spine J 1998;7(02):99–103
  • 17
    Saltychev M, Pernaa K, Seppänen M, Mäkelä K, Laimi K. Pelvic incidence and hip disorders. Acta Orthop 2018;89(01): 66–70
  • 18
    Perry J. Gait Analysis Normal and Pathological Function. Thorofare, NJ: Slack Incorporated; 1992
  • 19
    Staheli LT, Corbett M, Wyss C, King H. Lower-extremity rotational problems in children. Normal values to guide management. J Bone Joint Surg Am 1985;67(01):39–47
  • 20
    Delgado ED, Schoenecker PL, Rich MM, Capelli AM. Treatment of severe torsional malalignment syndrome. J Pediatr Orthop 1996; 16(04):484–488
  • 21
    Kelly BT, Bedi A, Robertson CM, Dela Torre K, Giveans MR, Larson CM. Alterations in internal rotation and alpha angles are associated with arthroscopic camdecompression in the hip. Am J Sports Med 2012;40(05):1107–1112
  • 22
    Kumar S, Sharma R, Gulati D, Dhammi IK, Aggarwal AN. Normal range of motion of hip and ankle in Indian population. Acta Orthop Traumatol Turc 2011;45(06):421–424
  • 23
    Prather H, Harris-Hayes M, Hunt DM, Steger-May K, Mathew V, Clohisy JC. Reliability and agreement of hip range of motion and provocative physical examination tests in asymptomatic volunteers. PM R 2010;2(10):888–895
  • 24
    Simoneau GG, Hoenig KJ, Lepley JE, Papanek PE. Influence of hip position and gender on active hip internal and external rotation. J Orthop Sports Phys Ther 1998;28(03):158–164
  • 25
    Meyers WC, Foley DP, Garrett WE, Lohnes JH, Mandlebaum BR; PAIN (Performing Athletes with Abdominal or Inguinal Neuromuscular Pain Study Group). Management of severe lower abdominal or inguinal pain in high-performance athletes. Am J Sports Med 2000;28(01):2–8
  • 26
    Hammoud S, Bedi A, Magennis E, Meyers WC, Kelly BT. High incidence of athletic pubalgia symptoms in professional athletes with symptomatic femoroacetabular impingement. Arthroscopy 2012;28(10):1388–1395
  • 27
    Ganz R, Parvizi J, Beck M, Leunig M, Nötzli H, Siebenrock KA. Femoroacetabular impingement: a cause for osteoarthritis of the hip. Clin Orthop Relat Res 2003;(417):112–120
  • 28
    McCarthy J, Busconi B, Owens B. Assessment of the painful hip. Early Hip Disorders. New York, NY: Springer US; 2003:3–6
  • 29
    Kapron AL, Aoki SK, Peters CL, Anderson AE. In-vivo hip arthrokinematics during supine clinical exams: Application to the study of femoroacetabular impingement. J Biomech 2015;48(11): 2879–2886
  • 30
    Martin RL, Palmer I, Martin HD. Ligamentum teres: a functional description and potential clinical relevance. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc 2012;20(06):1209–1214
  • 31
    Philippon MJ, Zehms CT, Briggs KK, Manchester DJ, Kuppersmith DA. Hip Instability in the Athlete. Oper Tech Sports Med 2007; 15:189–194
  • 32
    Cheatham SW, Enseki KR, Kolber MJ. The clinical presentation of individuals with femoral acetabular impingement and labral tears: A narrative review of the evidence. J Bodyw Mov Ther 2016;20(02):346–355
  • 33
    Birnbaum K, Prescher A, Hessler S, Heller KD. The sensory innervation of the hip joint–an anatomical study. Surg Radiol Anat 1997;19(06):371–375
  • 34
    Byrd JW, Jones KS. Diagnostic accuracy of clinical assessment, magnetic resonance imaging, magnetic resonance arthrography, and intra-articular injection in hip arthroscopy patients. Am J Sports Med 2004;32(07):1668–1674
  • 35
    Polesello GC, Nakao TS, de Queiroz MC, et al. Proposal for standardization of radiographic studies on the hip and pelvis. Rev Bras Ortop 2015;46(06):634–642
  • 36
    Griffin DR, Dickenson EJ, O'Donnell J, et al. The Warwick Agreement on femoroacetabular impingement syndrome (FAI syndrome): an international consensus statement. Br J Sports Med 2016;50(19):1169–1176
  • 37
    Clohisy JC, Carlisle JC, Beaulé PE, et al. A systematic approach to the plain radiographic evaluation of the young adult hip. J Bone Joint Surg Am 2008;90(Suppl 4):47–66
  • 38
    Reis AC, Rabelo ND, Pereira RP, et al. Radiological examination of the hip - clinical indications, methods, and interpretation: a clinical commentary. Int J Sports Phys Ther 2014;9(02): 256–267
  • 39
    Nepple JJ, Martel JM, Kim YJ, Zaltz I, Clohisy JC; ANCHOR Study Group. Do plain radiographs correlatewith CT for imaging of camtype femoroacetabular impingement? Clin Orthop Relat Res 2012;470(12):3313–3320
  • 40
    Tannast M, Zheng G, Anderegg C, et al. Tilt and rotation correction of acetabular version on pelvic radiographs. Clin Orthop Relat Res 2005;438(438):182–190
  • 41
    Siebenrock KA, Kalbermatten DF, Ganz R. Effect of pelvic tilt on acetabular retroversion: a study of pelves from cadavers. Clin Orthop Relat Res 2003;(407):241–248
  • 42
    Monazzam S, Bomar JD, Agashe M, Hosalkar HS. Does femoral rotation influence anteroposterior alpha angle, lateral centeredge angle, and medial proximal femoral angle? A pilot study. Clin Orthop Relat Res 2013;471(05):1639–1645
  • 43
    Büchler L, Schwab JM, Whitlock PW, Beck M, Tannast M. Intraoperative evaluation of acetabular morphology in hip arthroscopy comparing standard radiography versus fluoroscopy: a cadaver study. Arthroscopy 2016;32(06):1030–1037
  • 44
    Ruelle M, Dubois JL. [The protrusive malformation and its arthrosic complication. I. Radiological and clinical symptoms. Etiopathogenesis]. Rev Rhum Mal Osteoartic 1962;29:476–489
  • 45
    Anderson LA, Kapron AL, Aoki SK, Peters CL. Coxa profunda: is the deep acetabulum overcovered? Clin Orthop Relat Res 2012;470 (12):3375–3382
  • 46
    Nepple JJ, Lehmann CL, Ross JR, Schoenecker PL, Clohisy JC. Coxa profunda is not a useful radiographic parameter for diagnosing pincer-type femoroacetabular impingement. J Bone Joint Surg Am 2013;95(05):417–423
  • 47
    Tannast M, Leunig M; Session Participants. Report of breakout session: Coxa profunda/protrusio management. Clin Orthop Relat Res 2012;470(12):3459–3461
  • 48
    Wiberg G. The anatomy and roentgenographic appearance of a normal hip joint. Acta Chir Scand 1939;83(Suppl 5):7–38
  • 49
    Tönnis D, Heinecke A. Acetabular and femoral anteversion: relationshipwith osteoarthritis of the hip. J Bone Joint Surg Am 1999; 81(12):1747–1770
  • 50
    Reynolds D, Lucas J, Klaue K. Retroversion of the acetabulum. A cause of hip pain. J Bone Joint Surg Br 1999;81(02):281–288
  • 51
    Kalberer F, Sierra RJ, Madan SS, Ganz R, Leunig M. Ischial spine projection into the pelvis : a new sign for acetabular retroversion. Clin Orthop Relat Res 2008;466(03):677–683
  • 52
    Zaltz I, Kelly BT, Hetsroni I, Bedi A. The crossover sign overestimates acetabular retroversion. Clin Orthop Relat Res 2013; 471(08):2463–2470
  • 53
    Hetsroni I, Larson CM, Dela Torre K, Zbeda RM, Magennis E, Kelly BT. Anterior inferior iliac spine deformity as an extra-articular source for hip impingement: a series of 10 patients treated with arthroscopic decompression. Arthroscopy 2012;28(11): 1644–1653
  • 54
    Larson CM, Kelly BT, Stone RM. Making a case for anterior inferior iliac spine/subspine hip impingement: three representative case reports and proposed concept. Arthroscopy 2011;27(12):1732–1737
  • 55
    Stulberg SD, Cordell LD, Harris WH, Ramsey PL, MacEwen GD. Unrecognized childhood hip disease: a major cause of idiopathic osteoarthritis of the hip. In: Mosby C, editor. The Hip. Proceedings of the Third Open Scientific Meeting of the Hip Society. St Louis1975:212–128
  • 56
    Goodman DA, Feighan JE, Smith AD, Latimer B, Buly RL, Cooperman DR. Subclinical slipped capital femoral epiphysis. Relationship to osteoarthrosis of the hip. J Bone Joint Surg Am 1997;79 (10):1489–1497
  • 57
    Nötzli HP, Wyss TF, Stoecklin CH, Schmid MR, Treiber K, Hodler J. The contour of the femoral head-neck junction as a predictor for the risk of anterior impingement. J Bone Joint Surg Br 2002;84 (04):556–560
  • 58
    Sutter R, Dietrich TJ, Zingg PO, Pfirrmann CW. How useful is the alpha angle for discriminating between symptomatic patients with cam-type femoroacetabular impingement and asymptomatic volunteers? Radiology 2012;264(02):514–521
  • 59
    Eijer H, Myers SR, Ganz R. Anterior femoroacetabular impingement after femoral neck fractures. J Orthop Trauma 2001;15(07):475–481
  • 60
    Smith TO, Hilton G, Toms AP, Donell ST, Hing CB. The diagnostic accuracy of acetabular labral tears using magnetic resonance imaging and magnetic resonance arthrography: a meta-analysis. Eur Radiol 2011;21(04):863–874
  • 61
    Reiman MP, Thorborg K, Goode AP, Cook CE, Weir A, Hölmich P. Diagnostic Accuracy of Imaging Modalities and Injection Techniques for the Diagnosis of Femoroacetabular Impingement/Labral Tear: A Systematic ReviewWith Meta-analysis. Am J Sports Med. 2017;45(11):2665–2677

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Dez 2020
  • Data do Fascículo
    Sep-Oct 2020

Histórico

  • Recebido
    16 Out 2019
  • Aceito
    05 Dez 2019
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Al. Lorena, 427 14º andar, 01424-000 São Paulo - SP - Brasil, Tel.: 55 11 2137-5400 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rbo@sbot.org.br