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Aspectos genéticos nas afecções do ombro* * Trabalho desenvolvido na Disciplina de Medicina do Esporte e Atividade Física, Centro de Traumatologia do Esporte (CETE), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil.

Resumo

A influência da herança genética tem sido cada vez mais investigada nas afecções do ombro, como a lesão do manguito rotador, instabilidade e ombro congelado. Ainda que os achados iniciais sejam pouco esclarecedores, é necessário construir progressivamente um banco de marcadores genéticos para catalogar perfis genômicos que, mais adiante, poderão contribuir para a previsão do risco da doença, desenvolvimento de melhores ferramentas de diagnóstico e tratamento. O presente artigo busca atualizar o que há de evidências de estudos genéticos na literatura para essas doenças, desde análises de polimorfismos, expressão de genes candidatos em tecidos e estudos de associação genômica ampla (GWAS, na sigla em inglês). Porém, é necessário apontar que existe grande dificuldade na replicação e utilização dos achados, principalmente em razão da falta de poder estatístico, da alta taxa de resultados falso-positivos e da grande quantidade de variáveis envolvidas.

Palavras-chave
ombro; polimorfismo genético; expressão gênica

Abstract

The influence of genetic inheritance has been increasingly investigated in shoulder disorders, such as rotator cuff injury, instability and frozen shoulder. Although the initial findings are enlightening, it is necessary to progressively build a database of genetic markers to catalog genomic profiles that, later, may contribute for predicting the risk of the disease, as well as to the development of better diagnostic and treatment tools. The present article seeks to update what is evidence of genetic studies in the literature for these diseases, from polymorphism analyses, expression of candidate genes in tissues and broad genomic association studies (GWAS). However, it is necessary to point out that there is great difficulty in replicating and using the findings, mainly due to the lack of statistical power, the high rate of false-positive results and the large number of variables involved.

Keywords
shoulder; genetic polymorphism; gene expression

Introdução

A influência da genética tem sido cada vez mais investigada nas afecções do ombro, como a lesão do manguito rotador (LMR), instabilidade e ombro congelado (OC). Por se tratarem de doenças complexas ou multifatoriais, essas lesões são determinadas pela interação de fatores genéticos e ambientais. Uma característica das doenças complexas é que elas podem apresentar agregação familiar, pois é mais provável que os parentes de uma pessoa afetada compartilhem com ela mais alelos de predisposição à doença do que pessoas não aparentadas.

O genoma de quaisquer 2 indivíduos da espécie humana são idênticos em 99,9% de sua sequência.11 Lander ES, Linton LM, Birren B, et al. Initial sequencing and analysis of the human genome. Nature 2001;409(6822):860–921 Assim, a diferença entre indivíduos representa 0,1% do genoma. Dentre as variações, quando a frequência de uma variante alélica atinge mais do que 1% da população, essa variante passa a ser chamada “polimorfismo”. O tipo mais frequentemente estudado são os polimorfismos de nucleotídeo único (SNP). Existem vários desenhos de estudos apropriados para a investigação genética das doenças multifatoriais, como os estudos de gêmeos, estudos de adoção, estudos de famílias, estudos de trios (propósito, mãe e pai) e estudos de caso-controle.22 Leal MF, Belangero SI. Variantes genéticas nas lesões do sistema musculoesquelético em atletas. In: Cohen M, Abdalla RJ. Lesões nos Esportes: Diagnóstico, Prevenção e Tratamento. 2a. ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2015:5–56

Para lesões do sistema musculoesquelético, grande parte dos estudos publicados investiga a frequência de polimorfismo de “genes candidatos” em casos e controles com base nas publicações da literatura. Os estudos caso-controle podem também ser realizados em larga escala, como os estudos de associação genômica ampla (GWAS, na sigla em inglês), que utilizam técnicas robustas de sequenciamento ou microarray (chips de oligonucleotídeos) para fazer uma varredura das variantes genéticas (geralmente centenas de milhares de SNPs) em um genoma humano. Os estudos de associação genômica ampla são, essencialmente, uma abordagem livre de hipótese, porque não faz suposições sobre a localização ou o significado funcional de locos associados ou seus produtos.22 Leal MF, Belangero SI. Variantes genéticas nas lesões do sistema musculoesquelético em atletas. In: Cohen M, Abdalla RJ. Lesões nos Esportes: Diagnóstico, Prevenção e Tratamento. 2a. ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2015:5–56 Convém ressaltar que, além dos estudos baseados nas análises de DNA, os estudos de expressão gênica e proteica podem fornecer pistas de genes envolvidos, e o conhecimento da função biológica desses genes pode auxiliar na compreensão da fisiopatologia molecular da doença.

A maior parte dos estudos que avaliaram se variantes genéticas estão associadas ao risco de lesões do ombro investigou polimorfismos em genes que codificam proteínas presentes na matriz extracelular (MEC) ou que estão envolvidos direta ou indiretamente na homeostase e no processo de reparo dos tecidos envolvidos (ligamentos, tendões, e cápsula) cuja estrutura básica é a fibrila de colágeno. Variantes nos genes do colágeno podem alterar a estrutura primária do mesmo, gerando cadeias menos estáveis do que o normal, de forma afetar a estrutura capsular. As fibrilas dos tecidos articulares são compostas predominantemente pelo colágeno tipo I, que é responsável primariamente pela resistência fisiológica à tensão. Durante o processo de reparo de tendões e ligamentos, é postulado que colágeno III forma uma arquitetura primária que, posteriormente, é infiltrada e substituída por colágeno I.33 Frank CB. Ligament structure, physiology and function. J Musculoskelet Neuronal Interact 2004;4(02):199–201 O colágeno tipo V é um regulador da fibrilogenese e se intercala nas fibras de colágeno tipo I, de forma que sua alteração pode gerar danos estruturais na cápsula, como foi sugerido em indivíduos com síndrome de Ehlers Danlos, cuja expressão do COL5 se mostrou diminuída em entre 25 e 30% dos pacientes com mutação desse gene.44 Mitchell AL, Schwarze U, Jennings JF, Byers PH. Molecular mechanisms of classical Ehlers-Danlos syndrome (EDS). Hum Mutat 2009;30(06):995–1002

Adicionalmente, foram estudados outros colágenos, genes de moduladores da síntese de colágeno (TGFB, TGFB1), metaloproteinases, proteoglicanos que podem estar associados às fibrilas e glicoproteínas – por exemplo, fibronectina (FN) e tenascina C (TNC), que atuam na modulação do TGFB e no processo de reparo dos tendões por promover migração e adesão de fibroblastos às fibrilas.55 Chiquet-Ehrismann R, Tucker RP. Tenascins and the importance of adhesionmodulation. Cold Spring Harb Perspect Biol 2011;3(05): a004960,66 Dallas SL, Sivakumar P, Jones CJ, et al. Fibronectin regulates latent transforming growth factor-beta (TGF beta) by controllingmatrix assembly of latent TGF beta-binding protein-1. J Biol Chem2005; 280(19):18871–18880 As citocinas, como o TGFB1 e seus receptores, podem desempenhar um papel fundamental nos processos inflamatórios e fibróticos, regulando várias proteínas da MEC, incluindo colágenos, FN1 e TNC.77 Badalamenti MA, Sampson SP, Hurst LC, Dowd A, Miyasaka K. The role of TGF-beta in Dupuytren's disease. J Hand Surg Am1996;21 (02):210–215 É, sem dúvida, uma das citocinas mais intimamente envolvidas no processo de fibrose, e está presente em grandes quantidades em locais de inflamação crônica.88 Wahl SM, Costa GL, Mizel DE, Allen JB, Skaleric U, Mangan DF. Role of transforming growth factor beta in the pathophysiology of chronic inflammation. J Periodontol 1993;64(5, Suppl)450–455

As metaloproteinases da matriz (MMPs) são proteases dependentes do zinco responsáveis pela remodelação tecidual e pela degradação da MEC durante processos fisiológicos normais como proliferação celular, remodelação de tecidos, reprodução, diferenciação, angiogênese e apoptose, mas também participam em doenças como artrite, invasão tumoral, câncer e inflamação, podendo prejudicar a organização e o suporte estrutural dos tecidos.99 Ulrich D, Hrynyschyn K, Pallua N. Matrix metalloproteinases and tissue inhibitors of metalloproteinases in sera and tissue of patients with Dupuytren's disease. Plast Reconstr Surg 2003; 112(05):1279–1286 Essas enzimas são classificadas com base em sua preferência de substrato, incluindo colagenases (por exemplo, MMP1 e MMP13), estromelizinas (por exemplo, MMP3) e gelatinases (por exemplo, MMP2 e MMP9). As metaloproteinases da matriz são inibidas por uma classe de proteínas chamada TIMP.

Lesão do Manguito Rotador

Apesar das teorias de causas intrínsecas e extrínsecas para origem das lesões do manguito rotador (LMR), existem evidências preliminares da contribuição genética que levam à degeneração tendínea e à consequente ruptura dos tendões.1010 Dabija DI, Gao C, Edwards TL, Kuhn JE, Jain NB. Genetic and familial predisposition to rotator cuff disease: a systematic review. J Shoulder Elbow Surg 2017;26(06):1103–1112

Estudos da literatura demonstram que irmãos de indivíduos com LMR apresentam maior propensão a desenvolver lesão completa e risco de serem sintomáticos.1111 Harvie P, Ostlere SJ, Teh J, et al. Genetic influences in the aetiology of tears of the rotator cuff. Sibling risk of a full-thickness tear. J Bone Joint Surg Br 2004;86(05):696–700

12 Gwilym SE, Watkins B, Cooper CD, et al. Genetic influences in the progression of tears of the rotator cuff. J Bone Joint Surg Br 2009; 91(07):915–917

13 Tashjian RZ, Farnham JM, Albright FS, Teerlink CC, Cannon-Albright LA. Evidence for an inherited predisposition contributing to the risk for rotator cuff disease. J Bone Joint Surg Am 2009;91 (05):1136–1142
-1414 Tashjian RZ, Saltzman EG, Granger EK, Hung M. Incidence of familial tendon dysfunction in patients with full-thickness rotator cuff tears. Open Access J Sports Med 2014;5:137–141 Recentemente, em um estudo com 33 pares de gêmeos idosos (17 monozigóticos e 16 dizigóticos) Gumina et al.1515 Gumina S, Villani C, Arceri V, et al. Rotator Cuff Degeneration: The Role of Genetics. J Bone Joint Surg Am 2019;101(07):600–605 calcularam o índice de herdabilidade de 18%, e a contribuição de 44% para o ambiente compartilhado e de 38% para o ambiente único. Estudos de expressão gênica demonstram diferentes comportamentos dos genes em relação à lesão do manguito rotador. Riley et al.1616 Riley GP, Curry V, DeGroot J, et al. Matrix metalloproteinase activities and their relationship with collagen remodelling in tendon pathology. Matrix Biol 2002;21(02):185–195 avaliaram 10 pacientes e 24 controles e encontraram diminuição da expressão dos genes MMP2, MMP9, MMP13.

Lo et al.,1717 Lo IK, Boorman R, Marchuk L, Hollinshead R, Hart DA, Frank CB. Matrix molecule mRNA levels in the bursa and rotator cuff of patients with full-thickness rotator cuff tears. Arthroscopy 2005; 21(06):645–651,1818 Lo IK, Marchuk LL, Hollinshead R, Hart DA, Frank CB. Matrix metalloproteinase and tissue inhibitor of matrix metalloproteinase mRNA levels are specifically altered in torn rotator cuff tendons. Am J Sports Med 2004;32(05):1223–1229 em estudo com tecido de 10 pacientes e 6 cadáveres, encontraram o aumento da expressão de MMP13 e inibição da expressão de MMP3, TIMP2, TIMP3 e TIMP4. Em 2005, o mesmo autor encontrou aumento da expressão de MMP13, COL1A1, COL3A1 e agrecano, além da inibição da expressão de decorina.

Shindle et al.1919 Shindle MK, Chen CC, Robertson C, et al. Full-thickness supraspinatus tears are associated with more synovial inflammation and tissue degeneration than partial-thickness tears. J Shoulder Elbow Surg 2011;20(06):917–927 encontraram aumento da expressão de MMP9, MMP13, COX2 e COL1A1 bem como a diminuição da expressão de iNOS, VEGF, COL3A1 e biglican. Shirachi et al.2020 Shirachi I, Gotoh M, Mitsui Y, et al. Collagen production at the edge of ruptured rotator cuff tendon is correlated with postoperative cuff integrity. Arthroscopy 2011;27(09):1173–1179 analisaram a expressão de COL1A1 e COL3A1 na borda da lesão do tendão do supraespinal em 12 pacientes, tendo como controle cinco cadáveres frescos. Os autores correlacionaram a expressão desses genes com a integridade do reparo após o período de um ano de pós-operatório. Além disso, a expressão de COL1A1 foi associada com o tempo de início dos sintomas, sugerindo que o tratamento conservador não deva ser prolongado se os pacientes não apresentarem melhora após determinado período.

Robertson et al.2121 Robertson CM, Chen CT, Shindle MK, Cordasco FA, Rodeo SA, Warren RF. Failed healing of rotator cuff repair correlates with altered collagenase and gelatinase in supraspinatus and subscapularis tendons. Am J Sports Med 2012;40(09):1993–2001 avaliaram a expressão gênica de citocinas pró-inflamatórias, genes de remodelação tecidual e fatores de angiogênese em 35 pacientes com LMR completa. Houve correlação do aumento da expressão de MMP1 e MMP9 e falha da cicatrização do reparo. Gotoh et al.2222 Gotoh M, Mitsui Y, Shibata H, et al. Increased matrix metalloprotease- 3 gene expression in ruptured rotator cuff tendons is associated with postoperative tendon retear. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc 2013;21(08):1807–1812 realizaram estudo com 24 pacientes e encontraram aumento da expressão de MMP3 e TIMP1 nos pacientes que tiveram re-ruptura após um ano do reparo da LMR. A expressão dos genes de colágeno não apresentou relação.

O primeiro estudo genético realizado por autores nacionais observou correlação entre a LMR e polimorfismos nos genes DEFB1, ESRRB, FGF3, FGF10 e FGFR1. Os autores também concluíram que sexo feminino e cor branca são os principais preditores deste tipo de lesão.2323 Motta GdaR, Amaral MV, Rezende E, et al. Evidence of genetic variations associated with rotator cuff disease. J Shoulder Elbow Surg 2014;23(02):227–235 Confirmando estes achados, mutações do gene ESRRB foram correlacionados à lesão em um estudo com 175 pacientes com LMR comparados a um grupo controle de 3.293 indivíduos de um banco de dados genético de acesso aberto para consulta (Illumina iControls database).2424 Teerlink CC, Cannon-Albright LA, Tashjian RZ. Significant association of full-thickness rotator cuff tears and estrogen-related receptor-β (ESRRB). J Shoulder Elbow Surg 2015;24(02):e31–e35 Erratum in: J Shoulder Elbow Surg 2016;25(5):864 Vale ressaltar que esta série de casos não distinguiu pacientes com lesões traumáticas e degenerativas.

Tashjian et al.2525 Tashjian RZ, Granger EK, Farnham JM, Cannon-Albright LA, Teerlink CC. Genome-wide association study for rotator cuff tears identifies two significant single-nucleotide polymorphisms. J Shoulder Elbow Surg 2016;25(02):174–179 utilizaram informação proveniente de um banco de dados genético populacional contendo uma amostra de 311 casos, compararam-na com 2641 indivíduos saudáveis e encontraram relação entre mutações nos genes SAP30BP e SASH1 em LMR. Ambos os genes apresentam relação direta com mecanismo de apoptose.

Em outra publicação realizada em população brasileira, foram avaliados 64 pacientes com LMR e foi apontada a associação com polimorfismos genéticos de metaloproteinases MMP-1 e MMP-3.2626 Assunção JH, Godoy-Santos AL, Dos Santos MCLG, Malavolta EA, Gracitelli MEC, Ferreira Neto AA.Matrix Metalloproteases 1 and 3 Promoter Gene Polymorphism Is Associated With Rotator Cuff Tear. Clin Orthop Relat Res 2017;475(07):1904–1910

Sejersen et al.2727 Sejersen MH, Frost P, Hansen TB, Deutch SR, Svendsen SW. Proteomics perspectives in rotator cuff research: a systematic review of gene expression and protein composition in human tendinopathy. PLoS One 2015;10(04):e0119974 em revisão sistemática, identificaram 2.199 estudos de análise de proteínas em tendinopatias e verificaram uma tendência de aumento da expressão de COL1, COL3, MMP1, MMP9, MMP13, TIMP1, VEGF e diminuição de MMP3. Chung et al.2828 Chung SW, Choi BM, Kim JY, et al. Altered Gene and Protein Expressions in Torn Rotator Cuff Tendon Tissues in Diabetic Patients. Arthroscopy 2017;33(03):518–526.e1 encontraram o aumento da expressão dos genes MMP9 e IL6 em diabéticos. Os autores sugeriram que essa diferença pode ser uma das explicações para o aumento da falha do reparo em pacientes diabéticos.

Nosso grupo, em 2017, descreveu por meio de estudo de Reação em cadeia da polimerase quantitativo em tempo real (qRT-qPCR), com amostra normalizada por meio dos genes HPRT1, TBP e ACTB, a diminuição da expressão de MMP1, MMP9 e MMP13 e o aumento de TIMP3 em indivíduos portadores de lesão em relação a controles.2929 Leal MF, Caires Dos Santos L, Martins de Oliveira A, et al. Epigenetic regulation of metalloproteinases and their inhibitors in rotator cuff tears. PLoS One 2017;12(09):e0184141 Em outro estudo, a presença de polimorfirmos relacionados aos genes MMP-1, MMP-2, MMP-3, MMP-9, MMP-13, TIMP-1, TNC e COL5A1 em pacientes com LMR também foi observada. Estes autores encontraram 15 SNPs do gene TNC e os mesmos estavam significativamente associados a lesões degenerativas.3030 Kluger R, Burgstaller J, Vogl C, Brem G, Skultety M, Mueller S. Candidate gene approach identifies six SNPs in tenascin-C (TNC) associated with degenerative rotator cuff tears. J Orthop Res 2017;35(04):894–901

Ahn et al.3131 Ahn JO, Chung JY, Kim DH, Im W, Kim SH. Differences of RNA Expression in the Tendon According to Anatomic Outcomes in Rotator Cuff Repair. Am J Sports Med 2017;45(13):2995–3003 avaliaram 14 pacientes que foram submetidos ao reparo e concluíram que a regulação negativa de genes de resposta inflamatória e a regulação positiva de genes de diferenciação celular no momento da cirurgia estão relacionados à cicatrização do manguito rotador.

Treviño et al.3232 Treviño EA, McFaline-Figueroa J, Guldberg RE, Platt MO, Temenoff JS. Full-thickness rotator cuff tear in rat results in distinct temporal expression of multiple proteases in tendon, muscle, and cartilage. J Orthop Res 2019;37(02):490–502 avaliaram a expressão de proteases (catepsinas e MMP) de tecidos do tendão e músculo do supraespinal, além da cartilagem umeral de 30 ratos após LMR em 3 momentos distintos: 1, 3 e 12 semanas. Os autores concluíram que há um aumento significativo das proteases nos três tecidos, cada um com diferentes perfis, havendo inicialmente o aumento da expressão nos tendões e posteriormente na cartilagem umeral.

Lee et al.,3333 Lee YS, Kim JY, Kim HN, Lee DW, Chung SW. Gene Expression Patterns Analysis in the Supraspinatus Muscle after a Rotator Cuff Tear in a Mouse Model. BioMed Res Int 2018;2018:5859013 em estudo com ratos, analisaram 39.429 genes e acompanharam as alterações na expressão dos mesmos após 1 e 4 semanas de lesão e identificaram que a ruptura do manguito rotador induz a expressão de genes específicos relacionados ao envelhecimento, apoptose, atrofia e transporte de ácidos graxos. Os autores associaram que muitos genes que estão alterados possam ter um papel no processo de degeneração do tendão após a lesão. Em 2018, nosso grupo descreveu que a expressão alterada dos genes COL1A1, COL1A2, COL3A1, COL5A1, FN1, TNC, TGFB1, e TGFBR1 está envolvida no processo de degeneração nas rupturas do manguito rotador.3434 Santoro Belangero P, Antônio Figueiredo E, Cohen C, et al. Changes in the expression of matrix extracellular genes and TGFB family members in rotator cuff tears. J Orthop Res 2018;36(09): 2542–2553

Em estudo de revisão sistemática, Dabija et al. concluíram que apesar dos estudos anteriores fornecerem evidências preliminares de predisposição genética e familiar das LMR, há uma falta de grandes estudos genômicos que possam fornecer informações mais definitivas e orientar a detecção precoce de indivíduos em risco, reabilitação profilática e potenciais terapias gênicas e intervenções em medicina regenerativa.1010 Dabija DI, Gao C, Edwards TL, Kuhn JE, Jain NB. Genetic and familial predisposition to rotator cuff disease: a systematic review. J Shoulder Elbow Surg 2017;26(06):1103–1112

Um estudo mais recente realizou análise ampla usando perfil de expressão gênica GSE93661 do banco de dados Gene Expression Omnibus (GEO) e análises de bioinformática para investigar genes diferencialmente expressos (DEGs) em células satélites entre amostras de casos de lesão do supraespinal e controles do tendão subescapular. No total, 551 DEGs foram identificados, incluindo 272 DEGs hiper-regulados e 279 DEGs hiporregulados apontando uma série de genes (GNG13, GCG, NOTCH1, BCL2, NMUR2, PMCH, FFAR1, AVPR2, GNA14 e KALRN) e fornecendo assim pistas para especular que a via de sinalização GNG13/cálcio é altamente correlacionada com a atrofia por denervação no processo patológico das LMR.3535 Ren YM, Duan YH, Sun YB, Yang T, Tian MQ. Bioinformatics analysis of differentially expressed genes in rotator cuff tear patients using microarray data. J Orthop Surg Res 2018;13(01):284

Há uma linha de pesquisa de nosso grupo em que analisamos a diferença de expressão gênica entre lesões parciais bursais e articulares, utilizando sistema de ontologia genética e a plataforma Sequenciamento de Nova Geração (NGS). A lesão parcial bursal mostrou-se geneticamente mais complexa por apresentar maior número de genes identificados pelo NGS, sendo que a maioria dos genes que apresentaram aumento de expressão estavam associados a fusão , adesão ou interação da célula com a matriz extracelular, enquanto na face articular foram identificados hiperexpressão do gene EGLN3, um sensor da saturação do oxigênio tecidual e supressão do gene ID1, um importante regulador de processos biológicos incluindo crescimento celular, senescência, diferenciação, apoptose, angiogênese e transformação neoplásica. (Tese de mestrado profissional de André Godinho, dados não publicados).

Por fim, em uma outra linha de investigação, que busca compreender se a infiltração gordurosa (IG) e inflamação retardam a cicatrização nas LMR, Thankam et al. avaliaram miRNAs de pacientes com LMR com e sem IG e inflamação e detectaram 13 miRNAs e 216 genes-alvos que interconectam o ponto de verificação metabólico 5′ monofosfato-adenosina proteína quinase ativada (AMP-Q) e a via da molécula inflamatória TREM-1.3636 Thankam FG, Boosani CS, Dilisio MF, Gross RM, Agrawal DK. Genes interconnecting AMPK and TREM-1 and associated microRNAs in rotator cuff tendon injury. Mol Cell Biochem 2019;454(1- 2):97–109

Instabilidade do ombro

A instabilidade de ombro, como outras afecções ortopédicas, possui um possível componente genético. Foëx reportou a presença de deslocamentos recorrentes de ombro em três gerações de uma família do Reino Unido.3737 Foëx BA. Three generations of recurrent dislocated shoulders. Emerg Med J 2001;18(02):148–149 Imazato3838 Imazato Y. [Etiological considerations of the loose shoulder froma biochemical point of view–biochemical studies on collagen from deltoid and pectoralmuscles and skin]. Nippon Seikeigeka Gakkai Zasshi 1992;66(10):1006–1015 demonstrou que em pacientes com instabilidade multidirecional do ombro, as fibras colágenas da cápsula, músculos e pele são relativamente imaturas, mais solúveis e com menos crosslink que controles.

Em uma população da Suécia, foi observado que os homozigotos para o alelo raro no polimorfismo rs1800012 (no sítio de ligação Sp1) do gene que codifica a cadeia α1 do colágeno tipo 1 (COL1A1) era um fator protetor para instabilidade de ombro (N = 126).3939 Khoschnau S, Melhus H, Jacobson A, et al. Type I collagen alpha1 Sp1 polymorphism and the risk of cruciate ligament ruptures or shoulder dislocations. Am J Sports Med 2008;36(12):2432–2436 Collins et al.,4040 Collins M, Posthumus M, Schwellnus MP. TheCOL1A1 gene andacute soft tissue ruptures. Br J Sports Med 2010;44(14):1063–1064 reunindo os resultados de indivíduos caucasoides da Suécia e da África do Sul, investigaram se esse polimorfismo de COL1A1 estava associado ao risco de lesão do ligamento cruzado anterior do joelho, de instabilidade de ombro e de rupturas do tendão de Aquiles. Os autores descreveram que o genótipo TT era um fator protetor contra a lesão, quando todas as lesões foram combinadas e comparadas com indivíduos controles.

Inicialmente, Belangero et al.4141 Belangero PS, Leal MF, de Castro Pochini A, Andreoli CV, Ejnisman B, Cohen M. Profile of collagen gene expression in the glenohumeral capsule of patients with traumatic anterior instability of the shoulder. Rev Bras Ortop 2014;49(06):642–646 investigaram a expressão dos genes COL1A1, COL1A2, COL3A1 e COL5A1 na região anteroinferior (macroscopicamente alterada) e compararam com a região anterosuperior da cápsula glenoumeral de 18 pacientes com instabilidade anterior traumática do ombro (IATO). Identificaram expressão reduzida de COL5A1 na região superior. Os mesmos autores demonstraram em 2014 que expressão de COL1A1 e a razão COL1A1/COL1A2 estavam aumentadas em todas as regiões (anterossuperior, anteroinferior e posterior) da cápsula em pacientes com IATO quando comparados aos controles, e que essa razão parece reduzir na região anteroinferior quanto maior o tempo de sintomas. A razão entre COL1A1/COL5A1 também estava aumentada na região anteroinferior e posterior da cápsula.4242 Belangero PS, Leal MF, Figueiredo EA, et al. Gene expression analysis in patients with traumatic anterior shoulder instability suggests deregulation of collagen genes. J Orthop Res 2014;32 (10):1311–1316 Em 2016, avaliaram genes relacionados ao processo de crosslink do colágeno e sugeriram que alterações de expressão nos genes do TGFB1, TGFBR1, LOX e PLOD2 podem desempenhar um papel na instabilidade do ombro.4343 Belangero PS, Leal MF, Cohen C, et al. Expression analysis of genes involved in collagen cross-linking and its regulation in traumatic anterior shoulder instability. J Orthop Res 2016;34 (03):510–517 Por fim, ao avaliarem a expressão de genes que codificam proteínas da matriz extracelular (COMP, FN1, TNC e TNXB) encontraram maior expressão de TNC e FN1 na parte anteroinferior da cápsula, estando a FN1 diretamente correlacionada com a duração dos sintomas e com deslocamentos recorrentes em relação aos controles.4444 Belangero PS, Leal MF, Figueiredo EA, et al. Differential expression of extracellularmatrix genes in glenohumeral capsule of shoulder instability patients. Connect Tissue Res 2016;57(04):290–298 Já a expressão de COMP estava reduzida, podendo estar associada com a integridade da cápsula após luxação do ombro, particularmente na porção macroscopicamente afetada.

Ombro Congelado

O histórico familiar positivo de ombro congelado (OC) é descrito em 9,5 até 20% dos casos,4545 Cohen C, Ejnisman B. Epidemiology of frozen shoulder. In: Itoi E, Arce G, Bain GI, Diercks RL, Guttmann D, Imhoff AB, et al. Shoulder stiffness. Berlin: Springer Verlag; 2015:21–30,4646 Hand GC, Athanasou NA, Matthews T, Carr AJ. The pathology of frozen shoulder. J Bone Joint Surg Br 2007;89(07):928–932 a prevalência calculada em estudo de gemelares é de 11,6% e a estimativa de herdabilidade de 42%.4747 Hakim AJ, Cherkas LF, Spector TD, MacGregor AJ. Genetic associations between frozen shoulder and tennis elbow: a female twin study. Rheumatology (Oxford) 2003;42(06):739–742 O aspecto idiopático da lesão e estudos como o que relata o caso de irmãos monozigóticos com ombro congelado bilateral desenvolvido ao mesmo tempo4848 Hirschhorn P, Schmidt JM. Frozen shoulder in identical twins. Joint Bone Spine 2000;67(01):75–76 favorecem a teoria da propensão genética dos indivíduos acometidos. Além disso, outros dados que reforçam a provável influência genética de padrões complexos (interação gene-ambiente) do OC é a curiosa associação com a doença de Dupuytren (DD) que é uma doença complexa, multifatorial com forte componente genético conhecido.4949 Larsen S, Krogsgaard DG, Aagaard Larsen L, Iachina M, Skytthe A, Frederiksen H. Genetic and environmental influences in Dupuytren's disease: a study of 30,330 Danish twin pairs. J Hand Surg Eur Vol 2015;40(02):171–176

Existe grande semelhança histológica entre os processos fibroproliferativos das duas doenças,5050 Bunker TD, Anthony PP. The pathology of frozen shoulder. A Dupuytren-like disease. J Bone Joint Surg Br 1995;77(05): 677–683 e foi relatada a associação entre condições fibróticas (ombro congelado e doença de Dupuytren), rigidez articular e artroplastias totais. Condições fibróticas apresentaram herdabilidade de 28%. Esses achados são sugestivos de uma influência genética em um processo comum de doença subjacente que afeta os tecidos conjuntivos.5151 Williams FM, Kalson NS, Fabiane SM, Mann DA, Deehan DJ. Joint Stiffness Is Heritable and Associated with Fibrotic Conditions and Joint Replacement. PLoS One 2015;10(07):e0133629 Foi demonstrado o aumento da expressão de TGFB e TGFBR1 e diminuição dos níveis de MMP2 no tecido capsular de ombros acometidos.5252 Lubis AM, Lubis VK. Matrix metalloproteinase, tissue inhibitor of metalloproteinase and transforming growth factor-beta 1 in frozen shoulder, and their changes as response to intensive stretching and supervised neglect exercise. J Orthop Sci 2013; 18(04):519–527 Em acordo, Bunker et al.5353 Bunker TD, Reilly J, Baird KS, Hamblen DL. Expression of growth factors, cytokines andmatrix metalloproteinases in frozen shoulder. J Bone Joint Surg Br 2000;82(05):768–773 também demonstraram diminuição da expressão de mRNA de MMP1 e MMP2, semelhante à doença de Dupuytren.

Nosso grupo detectou na cápsula de oito pacientes operados de OC, em comparação com indivíduos controles, que essa hiperregulação de TGFBR1 se mostrou diretamente relacionada à duração dos sintomas de OC, sugerindo que a sinalização de TGFB deve estar envolvida no desenvolvimento da doença. Além disso, foi demonstrado aumento da expressão de mRNA de FN1 e de mRNA de TNC nos fragmentos de cápsula acometidos que pode estar envolvido no processo de inflamação e migração dos fibroblastos.5454 Cohen C, Leal MF, Belangero PS, et al. The roles of Tenascin C and Fibronectin 1 in adhesive capsulitis: a pilot gene expression study. Clinics (São Paulo) 2016;71(06):325–331 Lubis et al.5252 Lubis AM, Lubis VK. Matrix metalloproteinase, tissue inhibitor of metalloproteinase and transforming growth factor-beta 1 in frozen shoulder, and their changes as response to intensive stretching and supervised neglect exercise. J Orthop Sci 2013; 18(04):519–527 investigaram níveis séricos de MMPs, TIMPs e TGFβ1 em OC e indivíduos normais usando método de ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA, na sigla em inglês). Os níveis basais de MMP1 e MMP2 foram significativamente menores, enquanto os níveis TIMP1, TIMP2 e TGFβ1 foram significativamente maiores no grupo OC, achados semelhantes aos distúrbios fibroproliferativos na DD.99 Ulrich D, Hrynyschyn K, Pallua N. Matrix metalloproteinases and tissue inhibitors of metalloproteinases in sera and tissue of patients with Dupuytren's disease. Plast Reconstr Surg 2003; 112(05):1279–1286 Essas deficiências na produção de MMP1 podem refletir uma capacidade alterada para a remodelação local do tecido.5555 Brown ID, Kelly IG, McInnes IB. Detection of matrix metalloproteinases in primary frozen shoulders. J Bone Joint Surg Br 2008;90 (Suppl 2):364

Kabbabe et al.5656 Kabbabe B, Ramkumar S, Richardson M. Cytogenetic analysis of the pathology of frozen shoulder. Int J Shoulder Surg 2010;4(03): 75–78 utilizaram a técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR, na sigla em inglês) quantitativa para mostrar níveis de expressão aumentados de MMP3 e seu papel como mediador fibrogênico no OC em comparação com grupo controle, achados que estão de acordo com Xu et al.,5757 Xu Q, Gai PY, Lv HL, Li GR, Liu XY. Association of MMP3 genotype with susceptibility to frozen shoulder: a case-control study in a Chinese Han population. Genet Mol Res 2016;15(01):. Doi: 10.4238/gmr.15017228
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que concluíram que o aumento da expressão da variante de MMP3 rs650108 estava significativamente associada à susceptibilidade de OC em uma população Han chinesa.

Em 2017, Chen et al.5858 Chen W, Meng J, Qian H, et al. A Study of IL-1β, MMP-3, TGF-β1, and GDF5 Polymorphisms and Their Association with Primary Frozen Shoulder in a Chinese Han Population. BioMed Res Int 2017; 2017:3681645 estudaram SNPs da IL-1β, MMP3, TGF-β1, e GDF5 em uma pequena população chinesa e encontraram que o genótipo CC do polimorfismo rs1143627 da IL-1β foi associado com menor risco de OC comparado ao genótipo TT (p = 0.022) e que a IL-1β sérica foi expressa em um nível significativamente mais alto quando comparado ao grupo controle (p < 0,001).

Além disso, nosso grupo analisou 18 polimorfismos em genes que codificam proteínas envolvidas na homeostase da matriz extracelular da cápsula e da via de sinalização de TGFβ1. Foram selecionados genes que codificam colágenos (COL1A1, COL5A1), glicoproteínas (FN1, TNC) genes envolvidos na sinalização do fator de crescimento transformador β1 e seu receptor (TGFB1, TGFBR1), metaloproteinases (MMP2, MMP3, MMP9, MMP13) e inibidor tecidual da MMP2 (TIMP2 rs2277598). Enquanto nos homens foi apontada associação de polimorfismos de TGFB1 e TGFBR1, nas mulheres as metaloproteinases MMP2 e MMP9 foram apontadas como fatores de risco para desenvolvimento de OC. Apenas a MMP13 esteve relacionada com ambos os sexos.5959 Cohen C, Leal MF, Loyola LC, et al. Genetic variants involved in extracellular matrix homeostasis play a role in the susceptibility to frozen shoulder: A case-control study. J Orthop Res 2019;37 (04):948–956 A MMP13, metaloproteinase do tipo colagenase, cliva o principal componente estrutural da cartilagem, o colágeno tipo II, efetuando, assim, a perda irreversível da arquitetura e função da Matriz extracelular (MEC). A expressão da colagenase MMP13 se mostrou significativamente elevada, na amostra de tecido de nódulos dos pacientes operados para a doença de Dupuytren, onde ocorre elevado turnover do colágeno; entretanto, elevados níveis de TIMP1 bloqueando a ação da MMP13, na quebra do colágeno, foi apontado como possível responsável pelo processo de contratura e fibrose nesses indivíduos.6060 Johnston P, Chojnowski AJ, Davidson RK, Riley GP, Donell ST, Clark IM. A complete expression profile of matrix-degrading metalloproteinases in Dupuytren's disease. J Hand Surg Am 2007;32 (03):343–351

Perspectivas

A era da genética individual tem crescido exponencialmente nos últimos anos. Junto ao crescente número de publicações, existe uma grande frustração devido a resultados conflitantes, à expectativa de aplicação clinica dos resultados e à falta de replicação dos achados, principalmente em razão do baixo poder estatístico e da alta taxa de falso-positivos. Além disso, as doenças são controladas pela somatória de expressão de vários genes, porém cada um deles com efeito pequeno. Ainda se faz necessário catalogar diferentes polimorfismos relacionados ao ombro, uma vez que o perfil genômico permitirá definir um banco de marcadores genéticos que poderão contribuir para a previsão do risco das doenças. Dessa forma, o conhecimento das bases moleculares poderá ajudar no desenvolvimento de melhores ferramentas de prevenção, diagnóstico e tratamento.

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    Trabalho desenvolvido na Disciplina de Medicina do Esporte e Atividade Física, Centro de Traumatologia do Esporte (CETE), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Dez 2020
  • Data do Fascículo
    Sep-Oct 2020

Histórico

  • Recebido
    05 Set 2019
  • Aceito
    12 Nov 2019
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