Acessibilidade / Reportar erro

Níveis séricos de vitamina D de crianças com ou sem fraturas isoladas da extremidade distal do rádio: Um estudo clínico prospectivo* * Work developed at the Department of Orthopedic Surgery and Traumatology, Sisli Hamidiye Etfal Training and Research Hospital, Istanbul, Turkey.

Resumo

Objetivo

Comparar os níveis séricos de vitamina D e minerais de crianças com ou sem fraturas isoladas da extremidade distal do rádio.

Métodos

Este estudo clínico prospectivo incluiu 50 crianças (com idade entre 5 e 15 anos) com fratura isolada distal do rádio que deram entrada em nossa unidade de emergência entre fevereiro e maio de 2018 como grupo de estudo (grupo A), e 50 crianças saudáveis sem histórico de fratura como grupo controle (grupo B). Foram obtidas e analisadas amostras de sangue venoso periférico para medições de 25-hidroxivitamina D (25(OH)D), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Fósforo (P), fosfatase alcalina (FA) e hormônio da paratireoide (HPT) em ambos os grupos. As características dos pacientes e as amostras de sangue venoso periférico foram comparadas entre os grupos.

Resultados

A média de idade, altura, peso, índice de massa corporal (IMC) e distribuição de gênero foram semelhantes em ambos os grupos. Não houve diferenças estatísticas nas análises sanguíneas, incluindo Ca, Mg, P, FA e HPT. No entanto, os níveis séricos de 25(OH)D foram estatisticamente menores no grupo A do que no grupo B (p < 0,001), e o número de pacientes com insuficiência de 25(OH)D foi estatisticamente maior no grupo A do que no grupo B (p = 0,012).

Conclusão

Crianças com fratura isolada distal do rádio devem ser informadas sobre deficiência de vitamina D, e, em crianças com baixos níveis de vitamina D, a suplementação pode ser considerada.

Palavras-chave
fosfatase alcalina; crianças; hormônio da paratireoide; fraturas do rádio; vitamina D

Abstract

Objective

To compare the serum levels of vitamin D and minerals in children with or without isolated distal radius fractures.

Methods

The present prospective clinical study included 50 children (aged between 5 and 15 years) with isolated distal radius fractures who were admitted to our emergency unit between February and May 2018 as the study group (group A), and 50 healthy children with no history of fracture as the control group (group B). Peripheral venous blood samples were obtained and analyzed for measurements of 25-hydroxyvitamin D (25(OH)D), calcium (Ca), magnesium (Mg), phosphorus (P), alkaline phosphatase (ALP), and parathyroid hormone (PTH) in both groups. Patient characteristics and peripheral venous blood samples were compared between the groups.

Results

The mean age, height, weight, body mass index (BMI) and gender distribution were similar in both groups. There were no statistical differences in the blood analyses, including Ca, Mg, P, ALP, and PTH. However, the serum levels of 25(OH)D were statistically lower in group A when compared to group B (p < 0.001), and the number of patients with 25(OH)D insufficiency was statistically higher in group A than in group B (p = 0.012).

Conclusion

Children with isolated distal radius fracture should be informed about vitamin D deficiency, and, in children with low levels of vitamin D, supplementation may be considered.

Keywords
alkaline phosphatase; children; parathyroid hormone; radius fractures; vitamin D

Introdução

As fraturas da extremidade distal do rádio são um dos tipos mais comuns de fratura, com uma incidência de 25% na população pediátrica.11 Nellans KW, Kowalski E, Chung KC. The epidemiology of distal radius fractures. Hand Clin 2012;28(02):113–125 Com a puberdade, a incidência dessas fraturas parece aumentar, com um pico entre 8 e 11 anos em meninas, e entre 11 e 14 anos em meninos.22 Khosla S, Melton LJ 3rd, Dekutoski MB, Achenbach SJ, Oberg AL, Riggs BL. Incidence of childhood distal forearm fractures over 30 years: a population-based study. JAMA 2003;290(11):1479–1485 Embora a causa exata não tenha sido descoberta, a incidência de fratura distal do rádio sofreu um aumento constante nos últimos 40 anos.22 Khosla S, Melton LJ 3rd, Dekutoski MB, Achenbach SJ, Oberg AL, Riggs BL. Incidence of childhood distal forearm fractures over 30 years: a population-based study. JAMA 2003;290(11):1479–148533 Hagino H, Yamamoto K, Ohshiro H, Nose T. Increasing incidence of distal radius fractures in Japanese children and adolescents. J Orthop Sci 2000;5(04):356–360 Vários estudos foram realizados para se descobrir a origem do aumento das taxas, e tem-se tentado elucidar cuidadosamente os fatores potenciais. O aumento geral na participação em atividades esportivas, o gênero, as diferenças étnicas e raciais, e o estado nutricional são alguns dos fatores que têm sido investigados na literatura relacionados à ocorrência de fratura distal do rádio na população pediátrica.44 MathisonDJ,Agrawal D.Anupdate onthe epidemiologyof pediatric fractures. Pediatr Emerg Care 2010;26(08):594–603, quiz 604–606,55 Wren TA, Shepherd JA, Kalkwarf HJ, et al. Racial disparity in fracture risk between white and nonwhite children in the United States. J Pediatr 2012;161(06):1035–1040

Os efeitos positivos da vitamina D na densidade óssea e a associação entre deficiência de vitamina D e baixa densidade óssea foram estabelecidos após diversos estudos.44 MathisonDJ,Agrawal D.Anupdate onthe epidemiologyof pediatric fractures. Pediatr Emerg Care 2010;26(08):594–603, quiz 604–606

5 Wren TA, Shepherd JA, Kalkwarf HJ, et al. Racial disparity in fracture risk between white and nonwhite children in the United States. J Pediatr 2012;161(06):1035–1040
-66 Bischoff-Ferrari HA, Dietrich T, Orav EJ, Dawson-Hughes B. Positive association between 25-hydroxy vitamin D levels and bone mineral density: a population-based study of younger and older adults. Am J Med 2004;116(09):634–639 A baixa ingestão dietética de minerais, como cálcio, magnésio e fosfato, também causa diminuição da densidade mineral óssea e aumento do risco de fratura osteoporótica.77 Myburgh KH, Hutchins J, Fataar AB, Hough SF, Noakes TD. Low bone density is an etiologic factor for stress fractures in athletes. Ann Intern Med 1990;113(10):754–759

8 Goulding A, Jones IE, Taylor RW, Williams SM, Manning PJ. Bone mineral density and body composition in boyswith distal forearm fractures: a dual-energy x-ray absorptiometry study. J Pediatr 2001;139(04):509–515
-99 Tucker KL, Hannan MT, Chen H, Cupples LA, Wilson PW, Kiel DP. Potassium, magnesium, and fruit and vegetable intakes are associated with greater bone mineral density in elderly men and women. Am J Clin Nutr 1999;69(04):727–736 Osteoporose primária ou secundária causada por várias doenças crônicas subjacentes pode levar a baixos níveis séricos de minerais e vitamina D na população pediátrica, assim como a um aumento no risco de fratura pediátrica.1010 Misra M, Pacaud D, Petryk A, Collett-Solberg PF, Kappy MDrug and Therapeutics Committee of the Lawson Wilkins Pediatric Endocrine Society. Vitamin D deficiency in children and its management: review of current knowledge and recommendations. Pediatrics 2008;122(02):398–417,1111 Bowden SA, Robinson RF, Carr R, Mahan JD. Prevalence of vitamin D deficiency and insufficiency in children with osteopenia or osteoporosis referred to a pediatricmetabolic bone clinic. Pediatrics 2008;121(06):e1585–e1590 Embora haja consenso na literatura sobre a correlação direta entre baixo consumo mineral dietético ou baixos níveis séricos de vitamina D e fraturas osteoporóticas em adultos, não há dados adequados para se estabelecer qualquer correlação entre os níveis séricos de vitamina D e minerais e fraturas isoladas da extremidade distal do rádio em crianças. Por isso, buscamos comparar os níveis séricos de vitamina D e de minerais de crianças com e sem essas fraturas.

Materiais e Métodos

Este estudo clínico prospectivo foi realizado com a aprovação do Conselho de Revisão Institucional (número de aprovação: 19/12/2017-2427), e em consonância com os princípios éticos da Declaração de Helsinque. Após a aprovação, foi obtido consentimento livre e esclarecido dos responsáveis de todos os participantes.

Os critérios de inclusão foram: crianças com idade entre 5 e 15 anos, com histórico socioeconômico semelhante, sem desnutrição ou histórico de desnutrição, necessitando examinar a densidade mineral óssea, com exposição adequada à luz solar, saudáveis além da fratura da extremidade distal do rádio após trauma leve, sem histórico de cirurgia de extremidade superior, e sem doenças neurológicas. Os critérios de exclusão foram: pacientes com fraturas de ulna simultâneas, com histórico de trauma grave, com distúrbios de mineralização (osteopenia, osteogênese imperfeita etc.), sob tratamento com esteroides, e aqueles com alguma doença crônica ou paralisia cerebral.

No total, 50 crianças que deram entrada em nossa unidade de emergência entre fevereiro e maio de 2018 com fratura isolada da extremidade distal do rádio (►Fig. 1) foram incluídas no grupo de estudo (grupo A), e 50 crianças saudáveis, sem histórico de fraturas, foram incluídas como grupo controle (grupo B). Os oacientes do Grupo B foram recrutados aleatoriamente em ambulatórios pediátricos; eles tinham infecção do trato respiratório superior, ou estavam sendo submetidos a exames de rotina.

Fig. 1
Radiografias anteroposterior e lateral da fratura isolada da extremidade distal do rádio.

Foram incluídas as seguintes características dos pacientes da amostra: idade (anos), distribuição de gênero, altura (cm), peso (kg), e índice de massa corporal (IMC: kg/m2). Foram obtidas e analisadas amostras de sangue venoso periférico para medições de 25-hidroxivitamina D (25(OH)D), cálcio (Ca), magnésio (Mg), fósforo (P), fosfatase alcalina (FA) e hormônio da paratireoide (HPTH).

Análise Estatística

O programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS, IBM Corp., Armonk, NY, EUA), versão 22.0 para Windows 7, foi utilizado para todas as análises estatísticas. Os dados foram apresentados na forma de meédias com desvios padrão, medianas, mínima, máxima, frequências e taxas. As distribuições de dados paramétricos foram analisadas com o auxílio do teste t de Student e do teste U de Mann-Whitney para dados não paramétricos. O teste do qui-quadrado foi empregado para comparar as taxas entre os dois grupos. Valores de p < 0,05 foram considerados estatisticamente significativos.

Resultados

O estudo foi composto por 100 pacientes, sendo 50 do grupo controle e 50 grupo de estudo. Todos os pacientes do grupo de estudo tiveram fratura isolada da extremidade distal do rádio, e os do grupo controle não tinham histórico de fratura.

A média de idade, altura, peso, IMC e distribuição de gênero foram semelhantes em ambos os grupos (►Tabela 1). Além disso, não havia pacientes obesos (IMC > 30) em nenhum dos grupos. Não houve diferenças estatísticas nas análises sanguíneas, incluindo Ca, Mg, P, FA e HPT (►Tabela 2). No entanto, os níveis séricos de 25(OH)D foram estatisticamente menores no grupo A do que no grupo B (p < 0,001), e o número de pacientes com insuficiência de 25(OH)D foi estatisticamente maior no grupo A do que no grupo B (p = 0,012).

Tabela 1
Comparação das características dos pacientes
Tabela 2
Comparação das análises sanguíneas venosas periféricas dos pacientes

Discussão

As fraturas compõem de 10% a 25% de todas as lesões pediátricas, e uma das mais comuns nessa população é a fratura da extremidade distal do rádio.1212 Flynn JM, Jones KJ, GarnerMR, Goebel J. Eleven years experience in the operative management of pediatric forearmfractures. J Pediatr Orthop 2010;30(04):313–319,1313 Landin LA. Epidemiology of children’s fractures. J Pediatr Orthop B 1997;6(02):79–83 A cada ano, aproximadamente 1 em cada 100 crianças são internadas para cirurgia ortopédica após esse tipo de fratura. O amplo espectro de apresentação de fraturas, a variedade de técnicas cirúrgicas e não cirúrgicas, o potencial de crescimento da estrutura esquelética infantil, e as expectativas familiares são alguns dos fatores desafiadores do tratamento das fraturas da extremidade distal do rádio, especialmente na população pediátrica.1414 Chung KC, Spilson SV. The frequency and epidemiology of hand and forearm fractures in the United States. J Hand Surg Am 2001; 26(05):908–915 Devido à maturação esquelética acelerada, crianças e adolescentes têm alto risco de sofrer essas fraturas. Ryan et al.1515 Ryan LM, Teach SJ, Searcy K, et al. Epidemiology of pediatric forearmfractures inWashington, DC. J Trauma 2010;69(4, Suppl): S200–S205 revelaram uma taxa significativa de fraturas causadas por trauma leve na faixa etária de 10 a 14 anos em comparação com o grupo de 5 a 9 anos. Esses achados implicam que o rápido desenvolvimento esquelético pode comprometer a mineralização óssea, que é desproporcional à taxa de crescimento, podendo levar a uma fratura da extremidade distal do rádio mesmo após um trauma leve.

A radiação solar com raios ultravioleta B (UVB) é a principal fonte de vitamina D (além da ingestão dietética). A vitamina D3, que é produzida pela pele com a ação da luz solar, e a vitamina D dietética são submetidas a duas hidroxilações consecutivas: no fígado, a primeira se transforma em 25(OH)D, e, no rim, a segunda toma sua forma biologicamente ativa, a 1,25-dihidroxivitamina D (1,25(OH)2D). A 1,25(OH)2D aumenta os níveis séricos de cálcio e fósforo ao aumentar a absorção intestinal desses minerais, que estão envolvidos nos processos de formação óssea, mineralização, e reabsorção.1616 Holick MF. High prevalence of vitamin D inadequacy and implications for health. Mayo Clin Proc 2006;81(03):353–373 A 25(OH)D sérica é um dos principais metabólitos circulantes de vitamina D, e reflete clinicamente o estado dessa vitamina, que pode ser usado como indicador de estilo de vida e hábitos alimentares dos pacientes. A concentração sérica de 25(OH)D que indica deficiência ou insuficiência de vitamina D é controversa, e não há valores de corte estabelecidos. A American Academy of Pediatrics (AAP) e o Institute of Medicine (IOM) definem a insuficiência de vitamina D como concentrações de 25(OH)D < 20 ng/mL na população pediátrica.1010 Misra M, Pacaud D, Petryk A, Collett-Solberg PF, Kappy MDrug and Therapeutics Committee of the Lawson Wilkins Pediatric Endocrine Society. Vitamin D deficiency in children and its management: review of current knowledge and recommendations. Pediatrics 2008;122(02):398–417 Utilizamos a diretriz da Endocrine Society, que define deficiência de 25(OH)D como níveis < 20 ng/mL, e a insuficiência como níveis < 30 ng/mL.1717 Holick MF, Binkley NC, Bischoff-Ferrari HA, et al. Endocrine Society. Evaluation, treatment, and prevention of vitamin D deficiency: an Endocrine Society clinical practice guideline. J Clin Endocrinol Metab 2011;96(07):1911–1930

A deficiência de vitamina D afeta a absorção intestinal de cálcio e fósforo, o que resulta na diminuição dos níveis séricos desses minerais. A glândula paratireoide libera hormônio para levar o cálcio sérico de volta aos níveis adequados. O PTH aumenta a reabsorção de cálcio nos rins e a excreção de fósforo, e também apresenta efeitos negativos na mineralização óssea, com o objetivo de aumentar os níveis de cálcio sérico.

Com o tempo, a deficiência crônica de vitamina D grave em bebês e crianças causa crescimento atrofiado, osteomalácia e raquitismo.1010 Misra M, Pacaud D, Petryk A, Collett-Solberg PF, Kappy MDrug and Therapeutics Committee of the Lawson Wilkins Pediatric Endocrine Society. Vitamin D deficiency in children and its management: review of current knowledge and recommendations. Pediatrics 2008;122(02):398–417 Moore et al.1818 Moore CE, Murphy MM, Holick MF. Vitamin D intakes by children and adults in the United States differ among ethnic groups. J Nutr 2005;135(10):2478–2485 relataram que a deficiência de vitamina D tem maior incidência entre crianças com obesidade e pele mais escura. Da mesma forma, a deficiência de vitamina D é mais frequente em meninas do que em meninos.

Os níveis de vitamina D, HPT e cálcio foram correlacionados com a densidade mineral óssea.1919 Goulding A, Cannan R, Williams SM, Gold EJ, Taylor RW, Lewis- Barned NJ. Bone mineral density in girls with forearm fractures. J Bone Miner Res 1998;13(01):143–148 A associação entre 25(OH)D e densidade mineral óssea foi examinada em diversos estudos,2020 Arya V, Bhambri R, Godbole MM, Mithal A. Vitamin D status and its relationship with bone mineral density in healthy Asian Indians. Osteoporos Int 2004;15(01):56–612121 Outila TA, Kärkkäinen MU, Lamberg-Allardt CJ. Vitamin D status affects serumparathyroid hormone concentrations during winter in female adolescents: associations with forearm bone mineral density. Am J Clin Nutr 2001;74(02):206–2102222 Liberman UA, Weiss SR, Bröll J, et al. The Alendronate Phase III Osteoporosis Treatment Study Group. Effect of oral alendronate on bone mineral density and the incidence of fractures in postmenopausal osteoporosis. N Engl J Med 1995;333(22): 1437–14432323 Schuit SC, van der Klift M, Weel AE, et al. Fracture incidence and associationwith bone mineral density in elderly men and women: the Rotterdam Study. Bone 2004;34(01):195–202 e a maioria deles mostrou uma conexão entre a ingestão adequada de vitamina D e alta densidade mineral óssea. A baixa densidade mineral óssea pode aumentar a taxa de fratura tanto em grupos adultos quanto pediátricos.2323 Schuit SC, van der Klift M, Weel AE, et al. Fracture incidence and associationwith bone mineral density in elderly men and women: the Rotterdam Study. Bone 2004;34(01):195–2022424 Johnston CC Jr, Miller JZ, Slemenda CW, et al. Calcium supplementation and increases in bone mineral density in children. N Engl J Med 1992;327(02):82–872525 Marwaha RK, Tandon N, Reddy DR, et al. Vitamin D and bone mineral density status of healthy schoolchildren in northern India. Am J Clin Nutr 2005;82(02):477–482 Um estudo2121 Outila TA, Kärkkäinen MU, Lamberg-Allardt CJ. Vitamin D status affects serumparathyroid hormone concentrations during winter in female adolescents: associations with forearm bone mineral density. Am J Clin Nutr 2001;74(02):206–210 que avaliou o estado da vitamina D de meninas adolescentes durante o inverno descobriu que baixos níveis de vitamina D têm um efeito negativo na densidade mineral óssea. E um estudo2424 Johnston CC Jr, Miller JZ, Slemenda CW, et al. Calcium supplementation and increases in bone mineral density in children. N Engl J Med 1992;327(02):82–87 que analisou a suplementação de cálcio e a densidade mineral óssea mostrou um efeito positivo da suplementação de vitamina D na alta densidade mineral óssea, o que pode reduzir a taxa de fratura pediátrica. Em nosso estudo, descobrimos que crianças com fratura da extremidade distal do rádio têm níveis estatisticamente mais baixos de vitamina D do que o grupo saudável. Por outro lado, entre os dois grupos não houve diferenças estatisticamente significativas nos níveis de Ca, Mg, P, FA, HPT.

Adolescentes são propensos à insuficiência de vitamina D devido às demandas minerais de seu esqueleto em crescimento. Um estudo realizado no norte da Índia encontrou uma alta prevalência de hipovitaminose D clínica e bioquímica em escolares saudáveis.2525 Marwaha RK, Tandon N, Reddy DR, et al. Vitamin D and bone mineral density status of healthy schoolchildren in northern India. Am J Clin Nutr 2005;82(02):477–482 A deficiência de vitamina D em crianças saudáveis tem sido submetida a diversos estudos,2626 Guillemant J, Taupin P, Le HT, et al. Vitamin D status during puberty in French healthymale adolescents. Osteoporos Int 1999; 10(03):222–2252727 Ford JA, Colhoun EM, McIntosh WB, Dunnigan MG. Rickets and osteomalacia in the Glasgow Pakistani community, 1961-71. BMJ 1972;2(5815):677–6802828 Goswami R, Gupta N, Goswami D, Marwaha RK, Tandon N, Kochupillai N. Prevalence and significance of low 25-hydroxyvitamin D concentrations in healthy subjects in Delhi. Am J Clin Nutr 2000;72(02):472–4752929 Dawson-Hughes B, Heaney RP, Holick MF, Lips P, Meunier PJ, Vieth R. Estimates of optimal vitamin D status. Osteoporos Int 2005;16 (07):713–716 que mostraram que a exposição à luz solar por si só não é suficiente para prevenir a hipovitaminose D, e que os hábitos nutricionais (alta ingestão de fitato dietético) ou a tendência genética (asiática) podem levar à deficiência de vitamina D. Em nosso estudo, observamos que 12% das crianças saudáveis tinham níveis de vitamina D < 20 ng/mL, o que caracteriza deficiência.

Uma das limitações deste estudo é que amostras de sangue foram coletadas de crianças independente da estação; portanto, algumas crianças podem não ter tido tempo o suficiente de produzir vitamina D, especialmente no final do inverno. Outra limitação do estudo é a falta de informação sobre os hábitos alimentares das crianças nos dois grupos. Estudos e grupos de controle mais detalhados com grandes amostras são necessários para que se encontrem dados mais convincentes sobre a correlação entre vitamina D e fraturas pediátricas.

Conclusão

Embora os níveis ótimos de vitamina D não tenham sido bem estabelecidos na literatura, eles têm sido usados para determinar a saúde óssea.2929 Dawson-Hughes B, Heaney RP, Holick MF, Lips P, Meunier PJ, Vieth R. Estimates of optimal vitamin D status. Osteoporos Int 2005;16 (07):713–716 Além dos níveis de vitamina D, minerais como Ca, Mg e P ou hormônios endócrinos (HPT) também têm sido utilizados como determinantes da remodelação óssea. Em adultos, a associação entre hipovitaminose D e fraturas osteoporóticas tem sido examinada em diversos estudos.2626 Guillemant J, Taupin P, Le HT, et al. Vitamin D status during puberty in French healthymale adolescents. Osteoporos Int 1999; 10(03):222–2252828 Goswami R, Gupta N, Goswami D, Marwaha RK, Tandon N, Kochupillai N. Prevalence and significance of low 25-hydroxyvitamin D concentrations in healthy subjects in Delhi. Am J Clin Nutr 2000;72(02):472–475 No entanto, na população pediátrica, não há estudo adequado para determinar qualquer correlação entre fraturas pediátricas e deficiência de vitamina D. Demonstramos com este estudo que os níveis de vitamina D podem ser usados como preditores de fraturas pediátricas. Especialmente na primavera e no verão, famílias cujas crianças com fraturas isoladas da extremidade distal do rádio devem ser informadas sobre a deficiência de vitamina D, e, em crianças com níveis baixos de vitamina D, a suplementação pode ser considerada.

  • *
    Trabalho desenvolvido no Departamento de Cirurgia Ortopédica e Traumatologia, Sisli Hamidiye Etfal Training and Research Hospital, Istambul, Turquia.

Referências

  • 1
    Nellans KW, Kowalski E, Chung KC. The epidemiology of distal radius fractures. Hand Clin 2012;28(02):113–125
  • 2
    Khosla S, Melton LJ 3rd, Dekutoski MB, Achenbach SJ, Oberg AL, Riggs BL. Incidence of childhood distal forearm fractures over 30 years: a population-based study. JAMA 2003;290(11):1479–1485
  • 3
    Hagino H, Yamamoto K, Ohshiro H, Nose T. Increasing incidence of distal radius fractures in Japanese children and adolescents. J Orthop Sci 2000;5(04):356–360
  • 4
    MathisonDJ,Agrawal D.Anupdate onthe epidemiologyof pediatric fractures. Pediatr Emerg Care 2010;26(08):594–603, quiz 604–606
  • 5
    Wren TA, Shepherd JA, Kalkwarf HJ, et al. Racial disparity in fracture risk between white and nonwhite children in the United States. J Pediatr 2012;161(06):1035–1040
  • 6
    Bischoff-Ferrari HA, Dietrich T, Orav EJ, Dawson-Hughes B. Positive association between 25-hydroxy vitamin D levels and bone mineral density: a population-based study of younger and older adults. Am J Med 2004;116(09):634–639
  • 7
    Myburgh KH, Hutchins J, Fataar AB, Hough SF, Noakes TD. Low bone density is an etiologic factor for stress fractures in athletes. Ann Intern Med 1990;113(10):754–759
  • 8
    Goulding A, Jones IE, Taylor RW, Williams SM, Manning PJ. Bone mineral density and body composition in boyswith distal forearm fractures: a dual-energy x-ray absorptiometry study. J Pediatr 2001;139(04):509–515
  • 9
    Tucker KL, Hannan MT, Chen H, Cupples LA, Wilson PW, Kiel DP. Potassium, magnesium, and fruit and vegetable intakes are associated with greater bone mineral density in elderly men and women. Am J Clin Nutr 1999;69(04):727–736
  • 10
    Misra M, Pacaud D, Petryk A, Collett-Solberg PF, Kappy MDrug and Therapeutics Committee of the Lawson Wilkins Pediatric Endocrine Society. Vitamin D deficiency in children and its management: review of current knowledge and recommendations. Pediatrics 2008;122(02):398–417
  • 11
    Bowden SA, Robinson RF, Carr R, Mahan JD. Prevalence of vitamin D deficiency and insufficiency in children with osteopenia or osteoporosis referred to a pediatricmetabolic bone clinic. Pediatrics 2008;121(06):e1585–e1590
  • 12
    Flynn JM, Jones KJ, GarnerMR, Goebel J. Eleven years experience in the operative management of pediatric forearmfractures. J Pediatr Orthop 2010;30(04):313–319
  • 13
    Landin LA. Epidemiology of children’s fractures. J Pediatr Orthop B 1997;6(02):79–83
  • 14
    Chung KC, Spilson SV. The frequency and epidemiology of hand and forearm fractures in the United States. J Hand Surg Am 2001; 26(05):908–915
  • 15
    Ryan LM, Teach SJ, Searcy K, et al. Epidemiology of pediatric forearmfractures inWashington, DC. J Trauma 2010;69(4, Suppl): S200–S205
  • 16
    Holick MF. High prevalence of vitamin D inadequacy and implications for health. Mayo Clin Proc 2006;81(03):353–373
  • 17
    Holick MF, Binkley NC, Bischoff-Ferrari HA, et al. Endocrine Society. Evaluation, treatment, and prevention of vitamin D deficiency: an Endocrine Society clinical practice guideline. J Clin Endocrinol Metab 2011;96(07):1911–1930
  • 18
    Moore CE, Murphy MM, Holick MF. Vitamin D intakes by children and adults in the United States differ among ethnic groups. J Nutr 2005;135(10):2478–2485
  • 19
    Goulding A, Cannan R, Williams SM, Gold EJ, Taylor RW, Lewis- Barned NJ. Bone mineral density in girls with forearm fractures. J Bone Miner Res 1998;13(01):143–148
  • 20
    Arya V, Bhambri R, Godbole MM, Mithal A. Vitamin D status and its relationship with bone mineral density in healthy Asian Indians. Osteoporos Int 2004;15(01):56–61
  • 21
    Outila TA, Kärkkäinen MU, Lamberg-Allardt CJ. Vitamin D status affects serumparathyroid hormone concentrations during winter in female adolescents: associations with forearm bone mineral density. Am J Clin Nutr 2001;74(02):206–210
  • 22
    Liberman UA, Weiss SR, Bröll J, et al. The Alendronate Phase III Osteoporosis Treatment Study Group. Effect of oral alendronate on bone mineral density and the incidence of fractures in postmenopausal osteoporosis. N Engl J Med 1995;333(22): 1437–1443
  • 23
    Schuit SC, van der Klift M, Weel AE, et al. Fracture incidence and associationwith bone mineral density in elderly men and women: the Rotterdam Study. Bone 2004;34(01):195–202
  • 24
    Johnston CC Jr, Miller JZ, Slemenda CW, et al. Calcium supplementation and increases in bone mineral density in children. N Engl J Med 1992;327(02):82–87
  • 25
    Marwaha RK, Tandon N, Reddy DR, et al. Vitamin D and bone mineral density status of healthy schoolchildren in northern India. Am J Clin Nutr 2005;82(02):477–482
  • 26
    Guillemant J, Taupin P, Le HT, et al. Vitamin D status during puberty in French healthymale adolescents. Osteoporos Int 1999; 10(03):222–225
  • 27
    Ford JA, Colhoun EM, McIntosh WB, Dunnigan MG. Rickets and osteomalacia in the Glasgow Pakistani community, 1961-71. BMJ 1972;2(5815):677–680
  • 28
    Goswami R, Gupta N, Goswami D, Marwaha RK, Tandon N, Kochupillai N. Prevalence and significance of low 25-hydroxyvitamin D concentrations in healthy subjects in Delhi. Am J Clin Nutr 2000;72(02):472–475
  • 29
    Dawson-Hughes B, Heaney RP, Holick MF, Lips P, Meunier PJ, Vieth R. Estimates of optimal vitamin D status. Osteoporos Int 2005;16 (07):713–716

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Ago 2021
  • Data do Fascículo
    May-Jun 2021

Histórico

  • Recebido
    31 Mar 2020
  • Aceito
    17 Set 2020
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Al. Lorena, 427 14º andar, 01424-000 São Paulo - SP - Brasil, Tel.: 55 11 2137-5400 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rbo@sbot.org.br