Acessibilidade / Reportar erro

Lesões agudas do tendão distal do bíceps: Diagnóstico e tratamento

Resumo

As lesões agudas do tendão distal do bíceps se apresentam, clinicamente, com uma dor súbita associada a perda aguda de força de flexão e supinação. Seu principal mecanismo de lesão ocorre durante contração excêntrica do bíceps. O “Hook Test” é o principal teste semiológico, sendo o mais sensível e específico. A ressonância magnética, exame padrão ouro para o diagnóstico, pode fornecer informações sobre a integridade, identificando as lesões parciais e/ou completas. O tratamento cirúrgico pode ser realizado por duas vias principais: anterior e por dupla via porém as técnicas de reinserção tendínea são diversas não havendo evidência clínica que recomende um método de fixação em detrimento ao outro; embora o botão cortical apresente maior resistência a falha nos estudos biomecânicos. Com o tratamento cirúrgico o retorno as atividades laborais foi de 89% em 14 semanas (média) porém ao esporte de alto rendimento o prazo foi longo, média de 1 ano, e não duradouro.

Palavras-chave
articulação do cotovelo/lesões; músculo esquelético; ruptura; lesões dos tendões

Abstract

Acute distal biceps injuries clinically present with sudden pain and acute loss of flexion and supination strength. The main injury mechanism occurs during the eccentric load of the biceps. The hook test is the most significant examination test, presenting the highest sensibility and specificity for this lesion. Magnetic resonance imaging, the gold standard imaging test, can provide information regarding integrity and identify partial and/or complete tears. The surgical treatment uses an anterior or double approach and several reattachment techniques. Although there is no clinical evidence to recommend one fixation method over the other, biomechanical studies show that the cortical button resists better to failure. Although surgical treatment led to an 89% rate of return to work in 14 weeks, the recovery of high sports performance occurred in 1 year, with unsustainable outcomes.

Keywords
elbow joint/injuries; muscle, sketal; rupture; tendon injuries

Introdução

As lesões do tendão distal do bíceps braquial são consideradas infrequentes representando 3% de todas as rupturas do bíceps.11 Safran MR, Graham SM. Distal biceps tendon ruptures: incidence, demographics, and the effect of smoking. Clin Orthop Relat Res 2002;(404):275–283,22 Freeman CR, McCormick KR, Mahoney D, Baratz M, Lubahn JD. Nonoperative treatment of distal biceps tendon ruptures compared with a historical control group. J Bone Joint Surg Am 2009; 91(10):2329–2334 As rupturas ocorrem mais comumente devido a uma carga excêntrica, como uma queda na mão estendida, extensão do cotovelo durante levantamento de peso, ou ainda uma extensão abrupta do cotovelo com o braço em supinação.33 Devereaux MW, ElMaraghy AW. Improving the rapid and reliable diagnosis of complete distal biceps tendon rupture: a nuanced approach to the clinical examination. Am J Sports Med 2013;41 (09):1998–2004

Idler et al.44 Idler CS, Montgomery WH III, Lindsey DP, Badua PA, Wynne GF, Yerby SA. Distal biceps tendon repair: a biomechanical comparison of intact tendon and 2 repair techniques. Am J Sports Med 2006;34(06):968–974 reportou rupturas tendíneas entre 204 N e 222 N44 Idler CS, Montgomery WH III, Lindsey DP, Badua PA, Wynne GF, Yerby SA. Distal biceps tendon repair: a biomechanical comparison of intact tendon and 2 repair techniques. Am J Sports Med 2006;34(06):968–974 valores diferentes dos obtidos por Garcia Júnior et al.55 Júnior JC, de Castro Filho CD, de Castro Mello TF, de Vasconcelos RA, Zabeu JL, Garcia JP. Isokinetic and functional evaluation of distal bíceps reconstruction using the Mayo mini-double route technique. Rev Bras Ortop 2015;47(05):581–587 que relatou lesão com força excêntrica superior a 400 N.55 Júnior JC, de Castro Filho CD, de Castro Mello TF, de Vasconcelos RA, Zabeu JL, Garcia JP. Isokinetic and functional evaluation of distal bíceps reconstruction using the Mayo mini-double route technique. Rev Bras Ortop 2015;47(05):581–587 A tensão normal do tendão do bíceps com cotovelo fletido a 90° é de aproximadamente 50 N.66 Srinivasan RC, Pederson WC, Morrey BF. Distal Biceps Tendon Repair and Reconstruction. J Hand Surg Am 2020;45(01): 48–56

O bíceps braquial é composto por duas cabeças. A longa (CL), origina-se no tubérculo supraglenoidal e a cabeça curta (CC) no processo coracóide e se insere na tuberosidade bicipital do rádio (TR).77 Eames MH, Bain GI, Fogg QA, van Riet RP. Distal biceps tendon anatomy: a cadaveric study. J Bone Joint Surg Am 2007;89(05): 1044–1049

Os tendões podem se manter distintos em todo trajeto (90% dos espécimes),88 Bhatia DN, Kandhari V, DasGupta B. Cadaveric Study of Insertional Anatomy of Distal Biceps Tendon and its Relationship to the Dynamic Proximal Radioulnar Space. J Hand Surg Am 2017;42 (01):e15–e23 com algum grau de interdigitação entre as cabeças ou ainda como único tendão.99 Athwal GS, Steinmann SP, Rispoli DM. The distal biceps tendon: footprint and relevant clinical anatomy. J Hand Surg Am 2007;32 (08):1225–1229 O tendão roda externamente 90° (graus) em seu eixo, na direção ulnar para radial até sua inserção.99 Athwal GS, Steinmann SP, Rispoli DM. The distal biceps tendon: footprint and relevant clinical anatomy. J Hand Surg Am 2007;32 (08):1225–1229 A CL apresenta-se de forma oval e sua inserção se dá na porção mais proximal da tuberosidade proporcionando uma maior força de supinação enquanto que a CC insere-se distalmente em forma de leque gerando maior força de flexão.77 Eames MH, Bain GI, Fogg QA, van Riet RP. Distal biceps tendon anatomy: a cadaveric study. J Bone Joint Surg Am 2007;89(05): 1044–1049 A inervação ocorre por um ramo do nervo musculocutâneo.1010 Pacha Vicente D, Forcada Calvet P, Carrera Burgaya A, Llusá Pérez M. Innervation of biceps brachii and brachialis: Anatomical and surgical approach. Clin Anat 2005;18(03):186–194

A incidência destas lesões aumentou de 1,2 em 200211 Safran MR, Graham SM. Distal biceps tendon ruptures: incidence, demographics, and the effect of smoking. Clin Orthop Relat Res 2002;(404):275–283 para 2,55 por 100.000 pacientes/ano em 2015 com incremento anual de 2,5%.1111 Kelly MP, Perkinson SG, Ablove RH, Tueting JL. Distal Biceps Tendon Ruptures: An Epidemiological Analysis Using a Large Population Database. Am J Sports Med 2015;43(08):2012–2017

As teorias das rupturas são duas: 1) Vascular: devido a uma zona de baixa irrigação entre as porções proximal e distal do tendão do bíceps (Fig. 1); 2) Mecânica: na supinação completa o tendão ocupa 85% da área entre o rádio e ulna e na pronação completa ocorre diminuição de 50% deste espaço.1212 Seiler JG III, Parker LM, Chamberland PD, Sherbourne GM, Carpenter WA. The distal biceps tendon. Two potential mechanisms involved in its rupture: arterial supply and mechanical impingement. J Shoulder Elbow Surg 1995;4(03):149–156

Fig. 1
Avaliação macroscópico do tendão do bíceps distal Legenda: Aspecto macroscópico do tendão do bíceps distal roto (visualizada degeneração e espessamento de sua porção distal), *Zona hipovascular do tendão do bíceps distal com aproximadamente 2,14 cm de comprimento; b) Preparo tendíneo, sutura tipo Krakow, com fio de alta resistência.

Como fatores de risco estão o tabagismo, com aumento de 7,5 vezes a chance de ruptura tendínea,11 Safran MR, Graham SM. Distal biceps tendon ruptures: incidence, demographics, and the effect of smoking. Clin Orthop Relat Res 2002;(404):275–283 o uso abusivo de esteróides anabolizantes1313 Pagonis T, Givissis P, Ditsios K, Pagonis A, Petsatodis G, Christodoulou A. The effect of steroid-abuse on anatomic reinsertion of ruptured distal biceps brachii tendon. Injury 2011;42(11): 1307–1312, sobrepeso e/ou obesidade (IMC > 30kg/m2) com incidência de ruptura de 66,7%.33 Devereaux MW, ElMaraghy AW. Improving the rapid and reliable diagnosis of complete distal biceps tendon rupture: a nuanced approach to the clinical examination. Am J Sports Med 2013;41 (09):1998–2004

Lesões bilaterais, não simultâneas, ocorrem em 8% dos pacientes, sugerindo que alterações prévias são fatores de risco para rupturas do lado não acometido1414 Green JB, Skaife TL, Leslie BM. Bilateral distal biceps tendon ruptures. J Hand Surg Am 2012;37(01):120–123 e as simultâneas são descritas como raras (relatos de casos).1515 Storti TM, Paniago AF, Faria RS. Simultaneous bilateral distal biceps tendon repair: case report. Rev Bras Ortop 2016;52(01): 107–110

Aproximadamente 2/3 das rupturas traumáticas aconteceram em pacientes entre 35 e 54 anos (média 46,3 anos) sendo 95,7% do sexo masculino, sem predileção pelo lado dominante.33 Devereaux MW, ElMaraghy AW. Improving the rapid and reliable diagnosis of complete distal biceps tendon rupture: a nuanced approach to the clinical examination. Am J Sports Med 2013;41 (09):1998–2004 Nas mulheres, em mais de 50% dos casos, as pacientes relataram início insidioso e atraumático dos sintomas com 87% de lesões parciais.1616 Jockel CR, Mulieri PJ, Belsky MR, Leslie BM. Distal biceps tendon tears in women. J Shoulder Elbow Surg 2010;19(05):645–650

As lesões parciais são mais raras, tipicamente acometem a cabeça curta e ainda podem ocorrer na junção musculotendinosa.33 Devereaux MW, ElMaraghy AW. Improving the rapid and reliable diagnosis of complete distal biceps tendon rupture: a nuanced approach to the clinical examination. Am J Sports Med 2013;41 (09):1998–2004,1111 Kelly MP, Perkinson SG, Ablove RH, Tueting JL. Distal Biceps Tendon Ruptures: An Epidemiological Analysis Using a Large Population Database. Am J Sports Med 2015;43(08):2012–2017

Clinicamente há dor, frequentemente associada a esforço físico, sem estalido audível, ascensão do ventre do bíceps, com possível presença do sinal “Popeye” Reverso,1717 Kannus P, Józsa L. Histopathological changes preceding spontaneous rupture of a tendon. A controlled study of 891 patients. J Bone Joint Surg Am 1991;73(10):1507–1525 seguido de diminuição de força para flexão do cotovelo (perda de 30%) e supinação do antebraço (perda 40%)11 Safran MR, Graham SM. Distal biceps tendon ruptures: incidence, demographics, and the effect of smoking. Clin Orthop Relat Res 2002;(404):275–283,22 Freeman CR, McCormick KR, Mahoney D, Baratz M, Lubahn JD. Nonoperative treatment of distal biceps tendon ruptures compared with a historical control group. J Bone Joint Surg Am 2009; 91(10):2329–2334,1111 Kelly MP, Perkinson SG, Ablove RH, Tueting JL. Distal Biceps Tendon Ruptures: An Epidemiological Analysis Using a Large Population Database. Am J Sports Med 2015;43(08):2012–2017 além de dificuldades para execução de atividades do dia a dia, maiores demandas físicas e/ou laborais.11 Safran MR, Graham SM. Distal biceps tendon ruptures: incidence, demographics, and the effect of smoking. Clin Orthop Relat Res 2002;(404):275–283

Avaliação Clínica

Devereaux e ElMaragh33 Devereaux MW, ElMaraghy AW. Improving the rapid and reliable diagnosis of complete distal biceps tendon rupture: a nuanced approach to the clinical examination. Am J Sports Med 2013;41 (09):1998–2004 relataram que 33% dos casos que apresentaram estalido doloroso tinham ruptura tendínea completa e a presença do sinal do “Popeye” reverso foi de 38% nas lesões totais e 33% nas parciais. Edema e equimose só são vistos nas lesões agudas, com menos de três semanas, porém, se a aponeurose bicipital permanecer íntegra o hematoma poderá não drenar permanecendo confinado aos planos profundos.33 Devereaux MW, ElMaraghy AW. Improving the rapid and reliable diagnosis of complete distal biceps tendon rupture: a nuanced approach to the clinical examination. Am J Sports Med 2013;41 (09):1998–2004

As manobras semiológicas mais utilizadas são, o “Hook Test”, o teste da pronação passiva e o do intervalo bicipital que quando positivos para lesão apresentam 100% de sensibilidade e especificidade33 Devereaux MW, ElMaraghy AW. Improving the rapid and reliable diagnosis of complete distal biceps tendon rupture: a nuanced approach to the clinical examination. Am J Sports Med 2013;41 (09):1998–2004 (Tabela 1) além dos testes para avaliação da força de supinação e flexão resistidos.22 Freeman CR, McCormick KR, Mahoney D, Baratz M, Lubahn JD. Nonoperative treatment of distal biceps tendon ruptures compared with a historical control group. J Bone Joint Surg Am 2009; 91(10):2329–2334

Tabela 1
Sensibilidade e especificidade dos testes semiológicos para lesão do bíceps distal

O “Hook Test” descrito por O'Driscoll et al.1818 O’Driscoll SW, Goncalves LB, Dietz P. The hook test for distal biceps tendon avulsion. Am J Sports Med 2007;35(11): 1865–1869 apresenta isoladamente uma sensibilidade de 81% e especificidade de 100%. É realizado com o cotovelo fletido a 90° e supinação máxima, mantida por uma das mãos do examinador, e com o indicador da mão contralateral do examinador é realizado o movimento de gancho de lateral para medial. O teste é positivo caso não haja anteparo tendíneo que limite a excursão do dedo indicador. Se for realizado de medial para lateral poderá ocorrer um falso-negativo no caso de integridade da aponeurose bicipital.1818 O’Driscoll SW, Goncalves LB, Dietz P. The hook test for distal biceps tendon avulsion. Am J Sports Med 2007;35(11): 1865–1869 Porém, se o teste não apresentar critérios para integridade ou lesão será necessário realizar o “Hook Test” resistido1919 Pallante GD, O’Driscoll SW. Return of an intact hook test result: clinical assessment of biceps tendon integrity after surgical repair. Orthop J Sports Med 2019;7(02):2325967119827311 (Fig. 2). Este consiste em se realizar resistência contra a pronação ativa do paciente associado ao “Hook Test”; se doloroso ou tendão ausente o teste será positivo para lesão.1919 Pallante GD, O’Driscoll SW. Return of an intact hook test result: clinical assessment of biceps tendon integrity after surgical repair. Orthop J Sports Med 2019;7(02):2325967119827311

Fig. 2
“Hook Test” Resistido Legenda: Teste realizado com resistência a pronação ativa do paciente associado ao “Hook Test”; se doloroso ou tendão ausente o teste será positivo para lesão.

Em 2020, Luokkala et al.2020 Luokkala T, Siddharthan SK, Karjalainen TV, Watts AC. Distal biceps hook test - Sensitivity in acute and chronic tears and ability to predict the need for graft reconstruction. Shoulder Elbow 2020;12(04):294–298 realizaram uma atualização da sensibilidade do “Hook Test” comparando-o com os achados intra-operatórios em 202 pacientes. A sensibilidade geral do teste foi de 86% sendo de 92% nas lesões completas com retração do coto, de 78% nas sem retração, 45% nas completas com lacertus fibrosus íntegro e de 30% nas lesões parciais.2020 Luokkala T, Siddharthan SK, Karjalainen TV, Watts AC. Distal biceps hook test - Sensitivity in acute and chronic tears and ability to predict the need for graft reconstruction. Shoulder Elbow 2020;12(04):294–298

Teste da pronação passiva, isoladamente, tem uma sensibilidade de 95% e especificidade de 100%. Ele é realizado com abdução ativa de 90° dos ombros e de 70° de flexão dos cotovelos associado ao movimento de prono-supinação do antebraço. O teste é positivo devido a incapacidade de realizar a supinação ativa do lado lesionado (pronação passiva).2121 Harding WG III. A new clinical test for avulsion of the insertion of the biceps tendon. Orthopedics 2005;28(01):27–29

Teste do intervalo bicipital é quantificação em centímetros (cm) da migração proximal do ventre muscular do bíceps em referência à linha antecubital do cotovelo acometido. Esta é uma avaliação comparativa ao lado contralateral e apresenta sensibilidade de 88% e especificidade de 50% para lesão.2222 ElMaraghy A, Devereaux M, Tsoi K. The biceps crease interval for diagnosing complete distal biceps tendon ruptures. Clin Orthop Relat Res 2008;466(09):2255–2262

Testes de força de supinação e flexão resistidos podem apresentar déficits de 40% e 30%, respectivamente, quando comparados ao lado contra-lateral.22 Freeman CR, McCormick KR, Mahoney D, Baratz M, Lubahn JD. Nonoperative treatment of distal biceps tendon ruptures compared with a historical control group. J Bone Joint Surg Am 2009; 91(10):2329–2334

Exames Complementares

Radiografias

As radiografias tradicionais (AP- anteroposterior e perfil) podem ser úteis para identificar possíveis anormalidades ósseas da tuberosidade bicipital do rádio ou calcificações; que sugerem tendinopatia (inflamação crônica). É extremamente incomum a presença de fraturas-avulsões nas lesões do tendão distal do bíceps mesmo nas causas traumáticas.2323 Giacalone F, Dutto E, Ferrero M, Bertolini M, Sard A, Pontini I. Treatment of distal biceps tendon rupture: why, when, how? Analysis of literature and our experience. Musculoskelet Surg 2015;99(Suppl 1):S67–S73

Ultrassonografia

O exame de ultrassonografia apresenta alguns achados característicos como: alterações morfológicas (espessamento, afilamento, descontinuidade tendínea); alterações estruturais (hiperecogenicidade, hipoecogenicidade e defeitos intrassubstanciais); presença de líquido ao redor do tendão; alongamento anormal das fibras, movimento anormal do tendão ou ausência do alongamento das fibras durante manobras dinâmicas2424 Lynch J, Yu CC, Chen C, Muh S. Magnetic resonance imaging versus ultrasound in diagnosis of distal biceps tendon avulsion. Orthop Traumatol Surg Res 2019;105(05):861–866,2525 Tagliafico A, Michaud J, Perez MM, Martinoli C. Ultrasound of distal brachialis tendon attachment: normal and abnormal findings. Br J Radiol 2013;86(1025):20130004 (Fig. 3a).

Fig. 3
Avaliação por métodos de imagem do tendão do bíceps distal Legenda: a) Ressonância magnética em corte sagital ponderado em T2: lesão completa do tendão do bíceps distal e sua retração proximal (seta); b) Corte axial ponderado em T2: destacamento do tendão do bíceps de seu “footprint” na tuberosidade do rádio; c) Corte ultrassonográfico longitudinal identificando a lesão tendínea (área pontilhada) e retração do tendão ao nível da articulação umeroradial (asterisco); d) Ressonância Magnética em corte FABS (flexão, abdução e supinação) ponderado em T1 demonstrando todo comprimento do tendão do bíceps distal (desde transição miotendínea distal até sua inserção na tuberosidade do rádio - seta) no pós operatório de reinserção.

Quando comparado ao exame de ressonância magnética, apresenta uma acurácia de 45,5% no diagnóstico de lesões completas e de 66,7% nas parciais, com sensibilidade de 62.5% e especificidade 20%.2424 Lynch J, Yu CC, Chen C, Muh S. Magnetic resonance imaging versus ultrasound in diagnosis of distal biceps tendon avulsion. Orthop Traumatol Surg Res 2019;105(05):861–866

Acurácia de 91%, sensibilidade de 95% e especificidade de 71% nas lesões completas e de 71,4% nas lesões parciais em relação aos achados cirúrgicos.2525 Tagliafico A, Michaud J, Perez MM, Martinoli C. Ultrasound of distal brachialis tendon attachment: normal and abnormal findings. Br J Radiol 2013;86(1025):20130004

Ressonância Magnética

A ressonância magnética (RM) é considerada o padrão-ouro no diagnóstico por imagem das afecções tendíneas.2626 Festa A, Mulieri PJ, Newman JS, Spitz DJ, Leslie BM. Effectiveness of magnetic resonance imaging in detecting partial and complete distal biceps tendon rupture. J Hand Surg Am 2010;35(01): 77–83

Nas lesões completas do tendão distal do bíceps a RM apresenta uma sensibilidade de 100%, especificidade de 82,8% com valores preditivos positivos (VPP) e negativos (VPN) de 81,44% e 100%, respectivamente.2626 Festa A, Mulieri PJ, Newman JS, Spitz DJ, Leslie BM. Effectiveness of magnetic resonance imaging in detecting partial and complete distal biceps tendon rupture. J Hand Surg Am 2010;35(01): 77–83 Os achados característicos são: descontinuidade tendínea (100%), aumento da intensidade do sinal nos tecidos ao redor do tendão distal do bíceps braquial (75%) e sinal líquido peri-tendíneo (74,9%)1919 Pallante GD, O’Driscoll SW. Return of an intact hook test result: clinical assessment of biceps tendon integrity after surgical repair. Orthop J Sports Med 2019;7(02):2325967119827311 (Fig. 3b, c).

Nas lesões parciais há uma baixa sensibilidade (59,1%), porém com alto valor preditivo positivo (100%), alta especificidade (100%) e valor preditivo negativo de 79,1%.2626 Festa A, Mulieri PJ, Newman JS, Spitz DJ, Leslie BM. Effectiveness of magnetic resonance imaging in detecting partial and complete distal biceps tendon rupture. J Hand Surg Am 2010;35(01): 77–83

Devido à baixa sensibilidade da RM para as lesões parciais, em 2004, Giuffrèe e Moss2727 Giuffrè BM, Moss MJ. Optimal positioning for MRI of the distal biceps brachii tendon: flexed abducted supinated view. AJR Am J Roentgenol 2004;182(04):944–946 sugeriram o posicionamento de flexão-abdução-supinação (FABS) para otimizar a visualização de toda a extensão do tendão do bíceps braquial desde sua inserção na tuberosidade bicipital do rádio até a junção miotendínea apresentando sensibilidade de 84%, especificidade 86%, VPP: 85% e VPN: 84%2828 Schenkels E, Caekebeke P, Swinnen L, Peeters J, van Riet R. Is the flexion-abduction-supination magnetic resonance imaging view more accurate than standard magnetic resonance imaging in detecting distal biceps pathology? J Shoulder Elbow Surg 2020; 29(12):2654–2660 (Fig. 3d).

Os achados mais frequentes nas lesões parciais são: aumento da intensidade do sinal intratendíneo (63,7%), sinal líquido peri-tendíneo (61,4%), aumento da intensidade do sinal nos tecidos ao redor do tendão do bíceps braquial (32%) e edema na tuberosidade do rádio (22,7%).2626 Festa A, Mulieri PJ, Newman JS, Spitz DJ, Leslie BM. Effectiveness of magnetic resonance imaging in detecting partial and complete distal biceps tendon rupture. J Hand Surg Am 2010;35(01): 77–83

Estas lesões podem ser classificadas (posição FABS, corte axial e ponderação T1 e T2) quanto à porcentagem acometida do tendão junto à tuberosidade do rádio como proposto por Festa et al.2626 Festa A, Mulieri PJ, Newman JS, Spitz DJ, Leslie BM. Effectiveness of magnetic resonance imaging in detecting partial and complete distal biceps tendon rupture. J Hand Surg Am 2010;35(01): 77–83

Lesões de Baixo Grau: comprometem até 25% da espessura do tendão; Moderado Grau: de 26% a 75% e Alto Grau: 76% a 99%.2626 Festa A, Mulieri PJ, Newman JS, Spitz DJ, Leslie BM. Effectiveness of magnetic resonance imaging in detecting partial and complete distal biceps tendon rupture. J Hand Surg Am 2010;35(01): 77–83 A correlação dos dados obtidos na RM (FABS) com os achados intraoperatórios foi de 85% a 100% nas lesões completas1717 Kannus P, Józsa L. Histopathological changes preceding spontaneous rupture of a tendon. A controlled study of 891 patients. J Bone Joint Surg Am 1991;73(10):1507–1525,2626 Festa A, Mulieri PJ, Newman JS, Spitz DJ, Leslie BM. Effectiveness of magnetic resonance imaging in detecting partial and complete distal biceps tendon rupture. J Hand Surg Am 2010;35(01): 77–83 e de 92% nas lesões parciais.2929 Fitzgerald SW, Curry DR, Erickson SJ, Quinn SF, Friedman H. Distal biceps tendon injury: MR imaging diagnosis. Radiology 1994;191 (01):203–206

Tratamento Não Cirúrgico

Lesões Parciais

As rupturas parciais, principalmente as que envolvem menos de 50% do diâmetro do tendão (baixo e moderado graus), são geralmente tratadas de forma não cirúrgica por um período mínimo de seis meses.3030 Frazier MS, Boardman MJ, Westland M, Imbriglia JE. Surgical treatment of partial distal biceps tendon ruptures. J Hand Surg Am 2010;35(07):1111–1114 Elas apresentam padrões com envolvimento variável dos tendões cabeça longa (CL) e curta (CC).3131 García Rodríguez C, García-Polín López C, Del Olmo Hernández T, Moros Marco S, Jacobo Edo O, Ávila Lafuente JL. Distal biceps tendon rupture: diagnostic strength of ultrasonography and magnetic resonance. Rev Esp Cir Ortop Traumatol (Engl Ed) 2020;64(02):77–82 O envolvimento do tendão da CL foi observado em 88,9% dos casos atraumáticos, enquanto o envolvimento do tendão da CC foi observado em 77,3% dos casos traumáticos.3232 Nicolay RW, Lawton CD, Selley RS, et al. Partial rupture of the distal biceps brachii tendon: a magnetic resonance imaging analysis. J Shoulder Elbow Surg 2020;29(09):1859–1868

Nos casos em que a terapia incruenta falhar o reparo primário poderá ser a opção. Se a lesão parcial for maior que 50% (alto grau) o reparo cirúrgico é normalmente recomendado.3030 Frazier MS, Boardman MJ, Westland M, Imbriglia JE. Surgical treatment of partial distal biceps tendon ruptures. J Hand Surg Am 2010;35(07):1111–1114

Lesões Completas

Atualmente, o tratamento clínico, ainda é amplamente utilizado; especialmente em pacientes acima de 50 anos e idosos com baixa demanda funcional (devido integridade do músculo braquial e supinador).2323 Giacalone F, Dutto E, Ferrero M, Bertolini M, Sard A, Pontini I. Treatment of distal biceps tendon rupture: why, when, how? Analysis of literature and our experience. Musculoskelet Surg 2015;99(Suppl 1):S67–S73 Pacientes com severa restrição de amplitude de movimento passivo do cotovelo e antebraço; infecção ativa; comorbidades que elevem o risco cirúrgico e comprometimento marcante do envelope de partes moles não são elegíveis ao tratamento cirúrgico.3030 Frazier MS, Boardman MJ, Westland M, Imbriglia JE. Surgical treatment of partial distal biceps tendon ruptures. J Hand Surg Am 2010;35(07):1111–1114 Dentre as comorbidades com altos índices de insucesso e/ou risco estão: diabetes, obesidade grau 2 (IMC >35kg/m2), doença pulomonar obstrutiva crônica (DPOC), insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica (dialíticos) e distúrbios de coagulação.3333 Goedderz C, Plantz MA, Gerlach EB, et al. Determining the incidence and risk factors for short-term complications following distal biceps tendon repair. Clin Shoulder Elbow 2022;25(01): 36–41

O tratamento consiste em tipóia simples por 7 a 14 dias, seguido de reestabelecimento da mobilidade do cotovelo e fortalecimento muscular conforme tolerado.22 Freeman CR, McCormick KR, Mahoney D, Baratz M, Lubahn JD. Nonoperative treatment of distal biceps tendon ruptures compared with a historical control group. J Bone Joint Surg Am 2009; 91(10):2329–2334 Os pacientes devem ser informados dos resultados desta modalidade de tratamento que incluem: deformidade cosmética, déficit de força de flexão e supinação, aumento da fatigabilidade e cãimbras.22 Freeman CR, McCormick KR, Mahoney D, Baratz M, Lubahn JD. Nonoperative treatment of distal biceps tendon ruptures compared with a historical control group. J Bone Joint Surg Am 2009; 91(10):2329–2334

Tratamento Cirúrgico

Vias de Acesso

A reinserção do tendão distal do bíceps pode ser realizada através de via única (anterior - VA) ou por dupla-via (anterior e posterior - DV). A VA pode ser realizada por uma única incisão de pele; transversal, vertical ou tipo “S”; tendo como referência a TR ou até com 2 “mini-vias” anteriores em casos com grande retração do coto tendíneo.3434 Pascarelli L, Righi LC, Bongiovanni RR, Imoto RS, Teodoro RL, Ferro HF. Technique and results after distal braquial biceps tendon reparation, through two anterior mini-incisions. Acta Ortop Bras 2013;21(02):76–79

É importante a supinação máxima na via anterior enquanto na via posterior o plano internervos é realizado entre o extensor ulnar do carpo (EUC) e o supinador com pronação máxima.66 Srinivasan RC, Pederson WC, Morrey BF. Distal Biceps Tendon Repair and Reconstruction. J Hand Surg Am 2020;45(01): 48–56

A supinação máxima na via anterior tem 2 vantagens: (1) mobiliza o nervo interósseo posterior (NIP) para fora do sítio cirúrgico, (2) evita um ponto de reinserção anterior, o que pode limitar a força de supinação final e diminuição da resistência a fadiga.66 Srinivasan RC, Pederson WC, Morrey BF. Distal Biceps Tendon Repair and Reconstruction. J Hand Surg Am 2020;45(01): 48–56

A VA cria um ponto de reinserção do tendão do bíceps mais dorsal na tuberosidade do rádio o que maximiza a força final de supinação enquanto a DV lesiona o músculo supinador, que é submetido a divulsão parcial de suas fibras durante a exposição da tuberosidade o que resulta em comprometimento da força de supinação.3535 Tanner C, Johnson T, Muradov P, Husak L. Single incision power optimizing cost-effective (SPOC) distal biceps repair. J Shoulder Elbow Surg 2013;22(03):305–311

Castioni et al.3636 Castioni D, Mercurio M, Fanelli D, Cosentino O, Gasparini G, Galasso O. Singleversus double-incision technique for the treatment of distal biceps tendon rupture. Bone Joint J 2020;102-B (12):1608–1617 em metanálise de 13 estudos (2.622 pacientes) comparou a VA com a DV avaliando os desfechos de: amplitude de movimento (ADM) final, escore “Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand” (DASH) e complicações neurológicas e não-neurológicas. Apresentaram os seguintes resultados: a VA apresentou uma ADM final de flexão e pronação maior; menores taxas de ossificação heterotópica e de reoperações; maior risco de parestesia do nervo cutâneo lateral do antebraço (NCLA); todos resultados com significância estatística; sem diferença no DASH e lesão do NIP.3636 Castioni D, Mercurio M, Fanelli D, Cosentino O, Gasparini G, Galasso O. Singleversus double-incision technique for the treatment of distal biceps tendon rupture. Bone Joint J 2020;102-B (12):1608–1617

Técnicas Cirúrgicas

A VA é realizada com o antebraço em supinação máxima realizando-se a dissecção inicial entre os músculos braquiorradial e pronador redondo.

A veia basílica e o NCLA são identificados e protegidos, o tendão roto é identificado e liberado das aderências. O coto do tendão é preparado com sutura tipo Krakow (Fig. 1), utilizando-se fios ultrarresistentes. A fixação poderá ser realizada com botão cortical (BC), 02 âncoras de sutura (AS) ou parafuso de interferência (PI), posicionado o mais ulnar possível no “footprint” da tuberosidade com supinação máxima; para diminuir o risco de lesão do NIP.

Saldua et al.3737 Saldua N, Carney J, Dewing C, Thompson M. The effect of drilling angle on posterior interosseous nerve safety during open and endoscopic anterior single-incision repair of the distal biceps tendon. Arthroscopy 2008;24(03):305–310 analisou a posição do túnel ósseo na tuberosidade do rádio (TR), na técnica com BC, e suas relações com o músculo supinador e o NIP, identificando a melhor posição e angulação para confecção do túnel que são: túnel centrado na tuberosidade, na posição de 30° em direção à ulna. Respeitando-se esses parâmetros, a distância ao NIP foi de 16,4 mm quando comparado com o túnel perpendicular (11,1 mm) com significância estatística (p= .001).3737 Saldua N, Carney J, Dewing C, Thompson M. The effect of drilling angle on posterior interosseous nerve safety during open and endoscopic anterior single-incision repair of the distal biceps tendon. Arthroscopy 2008;24(03):305–310

Nas reinserções com AS, estas são posicionadas na TR, alinhadas (uma proximal e outra distal), com 1 cm de distância entre si. Duas suturas independentes foram passadas pelo tendão. Inicia-se a fixação pela âncora distal para estabelecer o comprimento, em seguida o da proximal, maximizando a área de contato tendão-osso.3838 Maciel RA, Costa PS, Figueiredo EA, Belangero PS, Pochini AC, Ejnisman B. Acute distal biceps ruptures: single incision repair by use of suture anchors. Rev Bras Ortop 2017;52(02):148–153

Otto et al.3939 Otto A, Mehl J, Obopilwe E, et al. Biomechanical comparison of onlay distal biceps tendon repair: All-suture anchors versus titanium suture anchors. Am J Sports Med 2019;47(10): 2478–2483 nas reinserções com âncoras, comparou a utilização das bioabsorvíveis (BIO) com as metálicas de titânio (MET) em 16 espécimes, todos com a densidade mineral óssea da tuberosidade do rádio semelhantes; e apresentou como resultados: pico de torque até falha de 293,53 ± 122,15N nas BIO e de 280,02 ± 69,34 N nas MET (p = .834). O afastamento do tendão do “footprint” foi de 19,78 ± 2,95 N/mm e 19,30 ± 4,98 N/mm, respectivamente (p= .834).3939 Otto A, Mehl J, Obopilwe E, et al. Biomechanical comparison of onlay distal biceps tendon repair: All-suture anchors versus titanium suture anchors. Am J Sports Med 2019;47(10): 2478–2483

Maciel et al.3838 Maciel RA, Costa PS, Figueiredo EA, Belangero PS, Pochini AC, Ejnisman B. Acute distal biceps ruptures: single incision repair by use of suture anchors. Rev Bras Ortop 2017;52(02):148–153 no seguimento PO, apresentou 100% de satisfação com o aspecto estético da cirurgia, a ADM permaneceu inalterada em 95,4% dos casos, o Mayo Elbow Performance Score (MEPS) foi excelente e o retorno ao esporte (mesmo nível pré-lesão) ocorreu em todos pacientes; mesmo com 27,2% de complicações (neuropraxias e perda de ADM).3838 Maciel RA, Costa PS, Figueiredo EA, Belangero PS, Pochini AC, Ejnisman B. Acute distal biceps ruptures: single incision repair by use of suture anchors. Rev Bras Ortop 2017;52(02):148–153 A recuperação média da força de supinação no PO foi de 98% e de 94% da de flexão quando comparado ao lado não afetado.4040 de Mattos CA, Maia D, Castro R, Etchebehere M. Reinsertion of distal brachial biceps tendon rupture through single incision using anchors. Rev Bras Ortop 2020;55(02):191–197

Se optado pelo túnel transósseo (TO) será necessária a segunda incisão (DV) entre o extensor ulnar do carpo (EUC) e supinador, para exposição completa da tuberosidade; com o antebraço em pronação máxima.66 Srinivasan RC, Pederson WC, Morrey BF. Distal Biceps Tendon Repair and Reconstruction. J Hand Surg Am 2020;45(01): 48–56 A seguir é realizado orifício na tuberosidade do rádio com uma broca tipo “burr” de diâmetro semelhante ao do coto do tendão do bíceps.66 Srinivasan RC, Pederson WC, Morrey BF. Distal Biceps Tendon Repair and Reconstruction. J Hand Surg Am 2020;45(01): 48–56 Em seguida, são realizados três orifícios ósseos que permitirão a passagem dos quatro fios que serão tracionados e dessa forma o coto do tendão ficará em posição intraóssea.4141 Mazzocca AD, Burton KJ, Romeo AA, Santangelo S, Adams DA, Arciero RA. Biomechanical evaluation of 4 techniques of distal biceps brachii tendon repair. Am J Sports Med 2007;35(02): 252–258 Importante manter-se afastado da ulna para evitar lesão da membrana interóssea e por consequência ossificações heterotópicas ou sinostose rádio-ulnar.66 Srinivasan RC, Pederson WC, Morrey BF. Distal Biceps Tendon Repair and Reconstruction. J Hand Surg Am 2020;45(01): 48–56

Na série de casos de Miyazaki et al.,4242 Miyazaki AN, Fregoneze M, Santos PD, et al. Functional evaluation of patients with injury of the distal insertion of the biceps brachii muscle treated surgically. Rev Bras Ortop 2014;49(02): 129–133 tratados pela técnica com túneis transósseos, todos pacientes retornaram às atividades diárias, a ADM manteve-se inalterada e não foi observada alteração clínica da força muscular ou evidência de ossificação heterotópica e/ou sinostose rádio-ulnar (clínica ou radiograficamente).4242 Miyazaki AN, Fregoneze M, Santos PD, et al. Functional evaluation of patients with injury of the distal insertion of the biceps brachii muscle treated surgically. Rev Bras Ortop 2014;49(02): 129–133

Lang et al.4343 Lang NW, Bukaty A, Sturz GD, Platzer P, Joestl J. Treatment of primary total distal biceps tendon rupture using cortical button, transosseus fixation and suture anchor: A single center experience. Orthop Traumatol Surg Res 2018;104(06):859–863 relatou o resultado funcional, o impacto das complicações e a relação custo-benefício em pacientes submetidos ao reparo primário das rupturas do tendão distal do bíceps por BC, TO ou AS. Concluíram que a fixação TO com fios de sutura para ruptura total do tendão, realizada por DV e cirurgião experiente, é um método simples, barato e com resultados clínicos satisfatórios.4343 Lang NW, Bukaty A, Sturz GD, Platzer P, Joestl J. Treatment of primary total distal biceps tendon rupture using cortical button, transosseus fixation and suture anchor: A single center experience. Orthop Traumatol Surg Res 2018;104(06):859–863

Barret et al.4444 Barret H, Winter M, Gastaud O, Saliken DJ, Gauci MO, Bronsard N. Double incision repair technique with immediate mobilization for acute distal biceps tendon ruptures provides good results after 2 years in active patients. Orthop Traumatol Surg Res 2019;105 (02):323–328 também concluíram que a técnica de reparo utilizando a DV com mobilização pós-operatória imediata para rupturas agudas do tendão distal do bíceps é segura e oferece bons resultados após 2 anos em pacientes ativos. As modificações introduzidas por Morrey ao procedimento inicial associada à mobilização precoce está associada a um baixo índice de complicações e limitou a ocorrência de sinostose ou ossificações com resultados confiáveis.4444 Barret H, Winter M, Gastaud O, Saliken DJ, Gauci MO, Bronsard N. Double incision repair technique with immediate mobilization for acute distal biceps tendon ruptures provides good results after 2 years in active patients. Orthop Traumatol Surg Res 2019;105 (02):323–328

Mazzocca et al.4141 Mazzocca AD, Burton KJ, Romeo AA, Santangelo S, Adams DA, Arciero RA. Biomechanical evaluation of 4 techniques of distal biceps brachii tendon repair. Am J Sports Med 2007;35(02): 252–258 comparou os métodos de reinserção com túneis transósseos (TO), âncoras de sutura (AS), parafuso de interferência (PI) e botão cortical (BC) em 63 espécimes cadavéricos. Enquanto o TO e o BC ajustável apresentaram maior mobilidade tendínea no “footprint” de 3,55 e 3,42mm, respectivamente, o BC mostrou a maior resistência a falha (440N) comparado a AS (381N), TO (310N) e PI (232N).4141 Mazzocca AD, Burton KJ, Romeo AA, Santangelo S, Adams DA, Arciero RA. Biomechanical evaluation of 4 techniques of distal biceps brachii tendon repair. Am J Sports Med 2007;35(02): 252–258

Reabilitação Pós-Operatória

O maior risco de falha da reinserção tendínea ocorre nas duas primeiras semanas pós-operatórias. Nos reparos agudos os pacientes permanecem com imobilização do membro superior por este período de tempo, com o objetivo de evitar a extensão máxima do cotovelo utilizando órtese com limitação dos últimos 40° da extensão e a progressão no ganho final da extensão é de 10° por semana após a restrição inicial.66 Srinivasan RC, Pederson WC, Morrey BF. Distal Biceps Tendon Repair and Reconstruction. J Hand Surg Am 2020;45(01): 48–56 A reabilitação pós-operatória (PO) é dividida em quatro fases específicas: Fase 1 (0 a 6 semanas): objetiva o ganho completo da ADM do cotovelo respeitando a progressão semanal da extensão como descrito anteriormente; Fase 2 (6 a 12 semanas): manutenção da mecânica da articulação escapulo-torácica (exercícios de retração/ protração da escápula), início do fortalecimento do tríceps (isométrico e isotônico) e alongamentos dos flexores e extensores do punho; Fase 3 (12 a 16 semanas): isometria do bíceps e isotônico leve nas posições neutro, supinada e pronada; fortalecimento dos rotadores externos e peri-escapulares em cadeia cinética aberta e fechada; Fase 4 (mais de 16 semanas): manutenção e progressão do fortalecimento dos peri-escapulares, rotadores externos, bíceps e tríceps e início dos gestos esportivos específicos.4545 Logan CA, Shahien A, Haber D, Foster Z, Farrington A, Provencher MT. Rehabilitation following distal bíceps repair. Int J Sports Phys Ther 2019;14(02):308–317

Resultados Funcionais e Retorno ao Esporte

Em geral, os pacientes podem esperar menos de 5° na limitação da extensão e flexão e perda de até 10° da rotação do antebraço.4646 McKee MD, Hirji R, Schemitsch EH, Wild LM, Waddell JP. Patientoriented functional outcome after repair of distal biceps tendon ruptures using a single-incision technique. J Shoulder Elbow Surg 2005;14(03):302–306

47 Morrey BF, Askew LJ, An KN, Dobyns JH. Rupture of the distal tendon of the biceps brachii. A biomechanical study. J Bone Joint Surg Am 1985;67(03):418–421
-4848 Siebenlist S, Fischer SC, Sandmann GH, et al. The functional outcome of forty-nine single-incision suture anchor repairs for distal biceps tendon ruptures at the elbow. Int Orthop 2014;38 (04):873–879 A recuperaração da força de flexão e supinação será em média de 90% do lado não lesionado.4949 Rubinger L, Solow M, Johal H, Al-Asiri J. Return to work following a distal biceps repair: a systematic review of the literature. J Shoulder Elbow Surg 2020;29(05):1002–1009

Rubinger et al.4949 Rubinger L, Solow M, Johal H, Al-Asiri J. Return to work following a distal biceps repair: a systematic review of the literature. J Shoulder Elbow Surg 2020;29(05):1002–1009 em uma revisão sistemática com um total de 1.270 pacientes com 1.280 lesões do bíceps braquial, com média de idade de 45,38 anos, seguimento médio de 30 meses (6-84 meses) apresentou retorno completo ao trabalho, sem necessidade de adaptações em 89% dos pacientes (1.128) em um tempo médio de 14,37 ± 0,52 semanas.4949 Rubinger L, Solow M, Johal H, Al-Asiri J. Return to work following a distal biceps repair: a systematic review of the literature. J Shoulder Elbow Surg 2020;29(05):1002–1009 Quando se avalia o retorno ao esporte em alto rendimento, as médias são animadoras no período inicial seguidas de piora progressiva nos anos subsequentes.5050 Pagani NR, Leibman MI, Guss MS. Return to play and performance after surgical repair of distal biceps tendon ruptures in National Football League athletes. J Shoulder Elbow Surg 2021;30(02): 346–351

Pagani et al.5050 Pagani NR, Leibman MI, Guss MS. Return to play and performance after surgical repair of distal biceps tendon ruptures in National Football League athletes. J Shoulder Elbow Surg 2021;30(02): 346–351 reportou em seu estudo com 25 atletas profissionais da National Football League (NFL) um retorno ao esporte em 84% dos casos, todas na temporada seguinte (tempo médio para retorno de 321 ± 45 dias). A sobrevida no esporte após um ano da reinserção do bíceps braquial foi de 76% e com dois anos foi de 56%.5050 Pagani NR, Leibman MI, Guss MS. Return to play and performance after surgical repair of distal biceps tendon ruptures in National Football League athletes. J Shoulder Elbow Surg 2021;30(02): 346–351

Os jogadores que foram submetidos a tratamento cirúrgico tiveram duração da carreira pós-lesão significativamente mais curta e jogaram menos jogos por temporada que os demais jogadores da mesma idade e posição (p .001). Não houve diferença significativa, por posição, nos escores de desempenho.5050 Pagani NR, Leibman MI, Guss MS. Return to play and performance after surgical repair of distal biceps tendon ruptures in National Football League athletes. J Shoulder Elbow Surg 2021;30(02): 346–351

No levantamento de peso olímpico o retorno ao esporte de 61 atletas foi de 93,4%, (independentemente do nível esportivo) porém apenas 65,6% voltaram ao nível pré-lesão e com tempo médio de afastamento de 6 ± 2,8 meses. A reinserção com AS e cirurgia do lado dominante foram associados a uma menor probabilidade de retorno ao esporte no mesmo nível.5151 Gowd AK, Liu JN, Maheshwer B, et al. Return to sport and weightlifting analysis following distal biceps tendon repair. J Shoulder Elbow Surg 2021;30(09):2097–2104

Complicações

A Tabela 2 demonstra a avaliação comparativa das três revisões sistemáticas publicadas (Amarasooriya et al.5252 Amarasooriya M, Bain GI, Roper T, Bryant K, Iqbal K, Phadnis J. Complications after distal biceps tendon repair: A systematic review. Am J Sports Med 2020;48(12):3103–3111.; Ford et al.5353 Ford SE, Andersen JS, Macknet DM, Connor PM, Loeffler BJ, Gaston RG. Major complications after distal biceps tendon repairs: retrospective cohort analysis of 970 cases. J Shoulder Elbow Surg 2018; 27(10):1898–1906 e Dunphy et al.5454 Dunphy TR, Hudson J, Batech M, Acevedo DC, Mirzayan R. Surgical treatment of distal biceps tendon ruptures: An analysis of complications in 784 surgical repairs. Am J Sports Med 2017;45(13): 3020–3029) com o maior número de pacientes, entre os anos de 2010 e 2020, em relação as complicações maiores e menores da reinserção do tendão distal do bíceps.

Tabela 2
Complicações da Reinserção do Bíceps Distal

O momento da cirurgia desempenha um papel importante na ocorrência de complicações.5353 Ford SE, Andersen JS, Macknet DM, Connor PM, Loeffler BJ, Gaston RG. Major complications after distal biceps tendon repairs: retrospective cohort analysis of 970 cases. J Shoulder Elbow Surg 2018; 27(10):1898–1906

54 Dunphy TR, Hudson J, Batech M, Acevedo DC, Mirzayan R. Surgical treatment of distal biceps tendon ruptures: An analysis of complications in 784 surgical repairs. Am J Sports Med 2017;45(13): 3020–3029
-5555 Cain RA, Nydick JA, Stein MI, Williams BD, Polikandriotis JA, Hess AV. Complications following distal biceps repair. J Hand Surg Am 2012;37(10):2112–2117 Diversos autores como: Cain et al.5555 Cain RA, Nydick JA, Stein MI, Williams BD, Polikandriotis JA, Hess AV. Complications following distal biceps repair. J Hand Surg Am 2012;37(10):2112–2117, Bisson et al.5656 Bisson L, Moyer M, Lanighan K, Marzo J. Complications associated with repair of a distal biceps rupture using the modified two-incision technique. J Shoulder Elbow Surg 2008;17(01): 67S–71S e Kelly et al.5757 Kelly EW, Morrey BF, O’Driscoll SW. Complications of repair of the distal biceps tendon with the modified two-incision technique. J Bone Joint Surg Am 2000;82(11):1575–1581 apresentaram em suas séries de casos, taxas de complicações no tratamento precoce (até 2 semanas) entre 20 e 30% e a partir deste intervalo de tempo, de até 41%.5656 Bisson L, Moyer M, Lanighan K, Marzo J. Complications associated with repair of a distal biceps rupture using the modified two-incision technique. J Shoulder Elbow Surg 2008;17(01): 67S–71S

57 Kelly EW, Morrey BF, O’Driscoll SW. Complications of repair of the distal biceps tendon with the modified two-incision technique. J Bone Joint Surg Am 2000;82(11):1575–1581

58 Vandenberghe M, van Riet R. Distal biceps ruptures: open and endoscopic techniques. Curr Rev Musculoskelet Med 2016;9(02): 215–223
-5959 Alencar JB, Bernardes DF, Souza CJD, Girão MAS, Rocha PHMD, Façanha FAM. Clinical result of patients with distal biceps tendo rupture with endobutton. Acta Ortop Bras 2021;29 (03):149–152

Para evitar as complicações; a remoção de resíduos ósseos, lavagem da ferida e hemostasia poderá diminuir a taxa de ossificação heterotópica. Uso cuidadoso de afastadores, evitando a sua colocação cega, ou seja, posterior ao rádio, podem diminuir a incidência de paralisia do NIP, especialmente na técnica da VA.5858 Vandenberghe M, van Riet R. Distal biceps ruptures: open and endoscopic techniques. Curr Rev Musculoskelet Med 2016;9(02): 215–223

As re-rupturas são raras com uma taxa de cerca de 1 a 2%.5353 Ford SE, Andersen JS, Macknet DM, Connor PM, Loeffler BJ, Gaston RG. Major complications after distal biceps tendon repairs: retrospective cohort analysis of 970 cases. J Shoulder Elbow Surg 2018; 27(10):1898–1906

54 Dunphy TR, Hudson J, Batech M, Acevedo DC, Mirzayan R. Surgical treatment of distal biceps tendon ruptures: An analysis of complications in 784 surgical repairs. Am J Sports Med 2017;45(13): 3020–3029

55 Cain RA, Nydick JA, Stein MI, Williams BD, Polikandriotis JA, Hess AV. Complications following distal biceps repair. J Hand Surg Am 2012;37(10):2112–2117

56 Bisson L, Moyer M, Lanighan K, Marzo J. Complications associated with repair of a distal biceps rupture using the modified two-incision technique. J Shoulder Elbow Surg 2008;17(01): 67S–71S
-5757 Kelly EW, Morrey BF, O’Driscoll SW. Complications of repair of the distal biceps tendon with the modified two-incision technique. J Bone Joint Surg Am 2000;82(11):1575–1581 Uma taxa de re-ruptura mais alta, de 5%, foi publicado em pacientes tratados com fixação por AS.4545 Logan CA, Shahien A, Haber D, Foster Z, Farrington A, Provencher MT. Rehabilitation following distal bíceps repair. Int J Sports Phys Ther 2019;14(02):308–317

Limitações

Os estudos das lesões do tendão distal do bíceps são centrados, em sua maioria, nas vias de acesso, técnicas cirúrgicas e complicações. Os resultados finais são expressos por escores funcionais principalmente o MEPS que não necessariamente reproduzem a realidade da população acometida por esta lesão (adultos de 35-54 anos) além do tempo de seguimento insuficiente. Avaliações e testes funcionais e de força, dinamometria isocinética, são necessários em trabalhos futuros, pois o retorno ao esporte é longo, aproximadamente 1 ano, e em atletas profissionais a durabilidade da carreira pós-lesão é de 56% nos 2 anos subsequentes ao tratamento cirúrgico.

Comentários Finais

A ruptura do tendão distal do bíceps braquial é uma lesão infrequente. Ocorre principalmente em homens de meia-idade envolvidos em trabalhos pesados ou esportes. O reparo cirúrgico precoce produz os melhores resultados com diminuição da incidência de complicações e retorno da função de forma consistente.

  • Suporte Financeiro
    Não houve suporte financeiro de fontes públicas, comerciais, ou sem fins lucrativos.

References

  • 1
    Safran MR, Graham SM. Distal biceps tendon ruptures: incidence, demographics, and the effect of smoking. Clin Orthop Relat Res 2002;(404):275–283
  • 2
    Freeman CR, McCormick KR, Mahoney D, Baratz M, Lubahn JD. Nonoperative treatment of distal biceps tendon ruptures compared with a historical control group. J Bone Joint Surg Am 2009; 91(10):2329–2334
  • 3
    Devereaux MW, ElMaraghy AW. Improving the rapid and reliable diagnosis of complete distal biceps tendon rupture: a nuanced approach to the clinical examination. Am J Sports Med 2013;41 (09):1998–2004
  • 4
    Idler CS, Montgomery WH III, Lindsey DP, Badua PA, Wynne GF, Yerby SA. Distal biceps tendon repair: a biomechanical comparison of intact tendon and 2 repair techniques. Am J Sports Med 2006;34(06):968–974
  • 5
    Júnior JC, de Castro Filho CD, de Castro Mello TF, de Vasconcelos RA, Zabeu JL, Garcia JP. Isokinetic and functional evaluation of distal bíceps reconstruction using the Mayo mini-double route technique. Rev Bras Ortop 2015;47(05):581–587
  • 6
    Srinivasan RC, Pederson WC, Morrey BF. Distal Biceps Tendon Repair and Reconstruction. J Hand Surg Am 2020;45(01): 48–56
  • 7
    Eames MH, Bain GI, Fogg QA, van Riet RP. Distal biceps tendon anatomy: a cadaveric study. J Bone Joint Surg Am 2007;89(05): 1044–1049
  • 8
    Bhatia DN, Kandhari V, DasGupta B. Cadaveric Study of Insertional Anatomy of Distal Biceps Tendon and its Relationship to the Dynamic Proximal Radioulnar Space. J Hand Surg Am 2017;42 (01):e15–e23
  • 9
    Athwal GS, Steinmann SP, Rispoli DM. The distal biceps tendon: footprint and relevant clinical anatomy. J Hand Surg Am 2007;32 (08):1225–1229
  • 10
    Pacha Vicente D, Forcada Calvet P, Carrera Burgaya A, Llusá Pérez M. Innervation of biceps brachii and brachialis: Anatomical and surgical approach. Clin Anat 2005;18(03):186–194
  • 11
    Kelly MP, Perkinson SG, Ablove RH, Tueting JL. Distal Biceps Tendon Ruptures: An Epidemiological Analysis Using a Large Population Database. Am J Sports Med 2015;43(08):2012–2017
  • 12
    Seiler JG III, Parker LM, Chamberland PD, Sherbourne GM, Carpenter WA. The distal biceps tendon. Two potential mechanisms involved in its rupture: arterial supply and mechanical impingement. J Shoulder Elbow Surg 1995;4(03):149–156
  • 13
    Pagonis T, Givissis P, Ditsios K, Pagonis A, Petsatodis G, Christodoulou A. The effect of steroid-abuse on anatomic reinsertion of ruptured distal biceps brachii tendon. Injury 2011;42(11): 1307–1312
  • 14
    Green JB, Skaife TL, Leslie BM. Bilateral distal biceps tendon ruptures. J Hand Surg Am 2012;37(01):120–123
  • 15
    Storti TM, Paniago AF, Faria RS. Simultaneous bilateral distal biceps tendon repair: case report. Rev Bras Ortop 2016;52(01): 107–110
  • 16
    Jockel CR, Mulieri PJ, Belsky MR, Leslie BM. Distal biceps tendon tears in women. J Shoulder Elbow Surg 2010;19(05):645–650
  • 17
    Kannus P, Józsa L. Histopathological changes preceding spontaneous rupture of a tendon. A controlled study of 891 patients. J Bone Joint Surg Am 1991;73(10):1507–1525
  • 18
    O’Driscoll SW, Goncalves LB, Dietz P. The hook test for distal biceps tendon avulsion. Am J Sports Med 2007;35(11): 1865–1869
  • 19
    Pallante GD, O’Driscoll SW. Return of an intact hook test result: clinical assessment of biceps tendon integrity after surgical repair. Orthop J Sports Med 2019;7(02):2325967119827311
  • 20
    Luokkala T, Siddharthan SK, Karjalainen TV, Watts AC. Distal biceps hook test - Sensitivity in acute and chronic tears and ability to predict the need for graft reconstruction. Shoulder Elbow 2020;12(04):294–298
  • 21
    Harding WG III. A new clinical test for avulsion of the insertion of the biceps tendon. Orthopedics 2005;28(01):27–29
  • 22
    ElMaraghy A, Devereaux M, Tsoi K. The biceps crease interval for diagnosing complete distal biceps tendon ruptures. Clin Orthop Relat Res 2008;466(09):2255–2262
  • 23
    Giacalone F, Dutto E, Ferrero M, Bertolini M, Sard A, Pontini I. Treatment of distal biceps tendon rupture: why, when, how? Analysis of literature and our experience. Musculoskelet Surg 2015;99(Suppl 1):S67–S73
  • 24
    Lynch J, Yu CC, Chen C, Muh S. Magnetic resonance imaging versus ultrasound in diagnosis of distal biceps tendon avulsion. Orthop Traumatol Surg Res 2019;105(05):861–866
  • 25
    Tagliafico A, Michaud J, Perez MM, Martinoli C. Ultrasound of distal brachialis tendon attachment: normal and abnormal findings. Br J Radiol 2013;86(1025):20130004
  • 26
    Festa A, Mulieri PJ, Newman JS, Spitz DJ, Leslie BM. Effectiveness of magnetic resonance imaging in detecting partial and complete distal biceps tendon rupture. J Hand Surg Am 2010;35(01): 77–83
  • 27
    Giuffrè BM, Moss MJ. Optimal positioning for MRI of the distal biceps brachii tendon: flexed abducted supinated view. AJR Am J Roentgenol 2004;182(04):944–946
  • 28
    Schenkels E, Caekebeke P, Swinnen L, Peeters J, van Riet R. Is the flexion-abduction-supination magnetic resonance imaging view more accurate than standard magnetic resonance imaging in detecting distal biceps pathology? J Shoulder Elbow Surg 2020; 29(12):2654–2660
  • 29
    Fitzgerald SW, Curry DR, Erickson SJ, Quinn SF, Friedman H. Distal biceps tendon injury: MR imaging diagnosis. Radiology 1994;191 (01):203–206
  • 30
    Frazier MS, Boardman MJ, Westland M, Imbriglia JE. Surgical treatment of partial distal biceps tendon ruptures. J Hand Surg Am 2010;35(07):1111–1114
  • 31
    García Rodríguez C, García-Polín López C, Del Olmo Hernández T, Moros Marco S, Jacobo Edo O, Ávila Lafuente JL. Distal biceps tendon rupture: diagnostic strength of ultrasonography and magnetic resonance. Rev Esp Cir Ortop Traumatol (Engl Ed) 2020;64(02):77–82
  • 32
    Nicolay RW, Lawton CD, Selley RS, et al. Partial rupture of the distal biceps brachii tendon: a magnetic resonance imaging analysis. J Shoulder Elbow Surg 2020;29(09):1859–1868
  • 33
    Goedderz C, Plantz MA, Gerlach EB, et al. Determining the incidence and risk factors for short-term complications following distal biceps tendon repair. Clin Shoulder Elbow 2022;25(01): 36–41
  • 34
    Pascarelli L, Righi LC, Bongiovanni RR, Imoto RS, Teodoro RL, Ferro HF. Technique and results after distal braquial biceps tendon reparation, through two anterior mini-incisions. Acta Ortop Bras 2013;21(02):76–79
  • 35
    Tanner C, Johnson T, Muradov P, Husak L. Single incision power optimizing cost-effective (SPOC) distal biceps repair. J Shoulder Elbow Surg 2013;22(03):305–311
  • 36
    Castioni D, Mercurio M, Fanelli D, Cosentino O, Gasparini G, Galasso O. Singleversus double-incision technique for the treatment of distal biceps tendon rupture. Bone Joint J 2020;102-B (12):1608–1617
  • 37
    Saldua N, Carney J, Dewing C, Thompson M. The effect of drilling angle on posterior interosseous nerve safety during open and endoscopic anterior single-incision repair of the distal biceps tendon. Arthroscopy 2008;24(03):305–310
  • 38
    Maciel RA, Costa PS, Figueiredo EA, Belangero PS, Pochini AC, Ejnisman B. Acute distal biceps ruptures: single incision repair by use of suture anchors. Rev Bras Ortop 2017;52(02):148–153
  • 39
    Otto A, Mehl J, Obopilwe E, et al. Biomechanical comparison of onlay distal biceps tendon repair: All-suture anchors versus titanium suture anchors. Am J Sports Med 2019;47(10): 2478–2483
  • 40
    de Mattos CA, Maia D, Castro R, Etchebehere M. Reinsertion of distal brachial biceps tendon rupture through single incision using anchors. Rev Bras Ortop 2020;55(02):191–197
  • 41
    Mazzocca AD, Burton KJ, Romeo AA, Santangelo S, Adams DA, Arciero RA. Biomechanical evaluation of 4 techniques of distal biceps brachii tendon repair. Am J Sports Med 2007;35(02): 252–258
  • 42
    Miyazaki AN, Fregoneze M, Santos PD, et al. Functional evaluation of patients with injury of the distal insertion of the biceps brachii muscle treated surgically. Rev Bras Ortop 2014;49(02): 129–133
  • 43
    Lang NW, Bukaty A, Sturz GD, Platzer P, Joestl J. Treatment of primary total distal biceps tendon rupture using cortical button, transosseus fixation and suture anchor: A single center experience. Orthop Traumatol Surg Res 2018;104(06):859–863
  • 44
    Barret H, Winter M, Gastaud O, Saliken DJ, Gauci MO, Bronsard N. Double incision repair technique with immediate mobilization for acute distal biceps tendon ruptures provides good results after 2 years in active patients. Orthop Traumatol Surg Res 2019;105 (02):323–328
  • 45
    Logan CA, Shahien A, Haber D, Foster Z, Farrington A, Provencher MT. Rehabilitation following distal bíceps repair. Int J Sports Phys Ther 2019;14(02):308–317
  • 46
    McKee MD, Hirji R, Schemitsch EH, Wild LM, Waddell JP. Patientoriented functional outcome after repair of distal biceps tendon ruptures using a single-incision technique. J Shoulder Elbow Surg 2005;14(03):302–306
  • 47
    Morrey BF, Askew LJ, An KN, Dobyns JH. Rupture of the distal tendon of the biceps brachii. A biomechanical study. J Bone Joint Surg Am 1985;67(03):418–421
  • 48
    Siebenlist S, Fischer SC, Sandmann GH, et al. The functional outcome of forty-nine single-incision suture anchor repairs for distal biceps tendon ruptures at the elbow. Int Orthop 2014;38 (04):873–879
  • 49
    Rubinger L, Solow M, Johal H, Al-Asiri J. Return to work following a distal biceps repair: a systematic review of the literature. J Shoulder Elbow Surg 2020;29(05):1002–1009
  • 50
    Pagani NR, Leibman MI, Guss MS. Return to play and performance after surgical repair of distal biceps tendon ruptures in National Football League athletes. J Shoulder Elbow Surg 2021;30(02): 346–351
  • 51
    Gowd AK, Liu JN, Maheshwer B, et al. Return to sport and weightlifting analysis following distal biceps tendon repair. J Shoulder Elbow Surg 2021;30(09):2097–2104
  • 52
    Amarasooriya M, Bain GI, Roper T, Bryant K, Iqbal K, Phadnis J. Complications after distal biceps tendon repair: A systematic review. Am J Sports Med 2020;48(12):3103–3111
  • 53
    Ford SE, Andersen JS, Macknet DM, Connor PM, Loeffler BJ, Gaston RG. Major complications after distal biceps tendon repairs: retrospective cohort analysis of 970 cases. J Shoulder Elbow Surg 2018; 27(10):1898–1906
  • 54
    Dunphy TR, Hudson J, Batech M, Acevedo DC, Mirzayan R. Surgical treatment of distal biceps tendon ruptures: An analysis of complications in 784 surgical repairs. Am J Sports Med 2017;45(13): 3020–3029
  • 55
    Cain RA, Nydick JA, Stein MI, Williams BD, Polikandriotis JA, Hess AV. Complications following distal biceps repair. J Hand Surg Am 2012;37(10):2112–2117
  • 56
    Bisson L, Moyer M, Lanighan K, Marzo J. Complications associated with repair of a distal biceps rupture using the modified two-incision technique. J Shoulder Elbow Surg 2008;17(01): 67S–71S
  • 57
    Kelly EW, Morrey BF, O’Driscoll SW. Complications of repair of the distal biceps tendon with the modified two-incision technique. J Bone Joint Surg Am 2000;82(11):1575–1581
  • 58
    Vandenberghe M, van Riet R. Distal biceps ruptures: open and endoscopic techniques. Curr Rev Musculoskelet Med 2016;9(02): 215–223
  • 59
    Alencar JB, Bernardes DF, Souza CJD, Girão MAS, Rocha PHMD, Façanha FAM. Clinical result of patients with distal biceps tendo rupture with endobutton. Acta Ortop Bras 2021;29 (03):149–152

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Dez 2023
  • Data do Fascículo
    Sep-Oct 2023

Histórico

  • Recebido
    04 Jun 2022
  • Aceito
    12 Abr 2023
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Al. Lorena, 427 14º andar, 01424-000 São Paulo - SP - Brasil, Tel.: 55 11 2137-5400 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rbo@sbot.org.br