Acessibilidade / Reportar erro

Construção e validação fatorial de uma medida de inteligência emocional

Construction and factorial validation for a measurement of emotional intelligence

Resumos

O estudo teve como objetivo construir e validar uma medida que aferisse cinco habilidades da inteligência emocional. Dentre os 126 itens elaborados para representar as cinco habilidades, 97 deles que apresentaram consistência após análise teórica foram aplicados a uma amostra de 972 sujeitos dos sexos masculino e feminino, com idade média de 22,41 anos. Os dados foram submetidos à analise dos componentes principais e extraídos sete fatores com eigenvalues superiores a 2,0. A rotação dos fatores, através do método ortogonal (varimax), revelou que apenas os cinco primeiros apresentaram agrupamentos de itens teoricamente consistentes com as definições das cinco habilidades da inteligência emocional. O fator 1 cobre o conceito de empatia (14 itens, a = 0,87), o fator 2 o de sociabilidade (13 itens, a = 0,82), o fator 3 representa automotivação (12 itens, a = 0,82), o fator 4 o conceito de autocontrole (10 itens, a = 0,84) e o fator 5 a autoconsciência (10 itens, a= 0,78). A versão da medida da inteligência emocional, resultante deste estudo, abre perspectivas para futuras pesquisas nacionais sobre o assunto, visto que a MIE possui validade fatorial e fatores com índices de precisão que a indicam para aplicações no âmbito científico.

inteligência emocional; medida; inteligência


This study was set up to construct and validate a measurement of five skills of emotional intelligence. Among the 126 items elaborated to represent the five skills 97, which demonstrated consistency after theoretical analysis, were applied to a sample of 972 individuals, both male and female, with an average age of 22,41 years. The data were submitted to analysis of the principal components and seven factors were taken with eigenvalues over 2,0. The rotation of these factors, using the orthogonal method (varimax), showed that only the first five factors presented grouping of consistent items with the definitions of the five emotional intelligence skills. Factor 1 covers empathy (14 items, alpha = 0,87); factor 2 sociability (13 items, alpha = 0,82); factor 3 self-motivation (12 items, alpha = 0,82); factor 4 self-control (10 items, alpha = 0,84), and factor 5 self-consciousness (10 items, alpha = 0,78). The method for measuring emotional intelligence resulting from this study opens possible avenues for future national research on the subject seeing that the measurement is factorially valid and has factors with levels of accuracy which indicate this measure to scientific applications.

emotional intelligence; measure; intelligence


ARTIGOS

Construção e validação fatorial de uma medida de inteligência emocional

Construction and factorial validation for a measurement of emotional intelligence

Mirlene Maria Matias SiqueiraI,1 1 Endereço: R. Manoel Pimenta de Abreu, 116, Bloco A, Ap. 73. CEP: 08710-640 Mogi das Cruzes ¾ SP. E-mail: mmmsiqueira@bol.com.br ; Nilton Cesar BarbosaII; Matianny Thyssen AlvesIII

IUniversidade Metodista de São Paulo

IIPontifícia Universidade Católica de Campinas

IIIUniversidade Federal de Uberlândia

RESUMO

O estudo teve como objetivo construir e validar uma medida que aferisse cinco habilidades da inteligência emocional. Dentre os 126 itens elaborados para representar as cinco habilidades, 97 deles que apresentaram consistência após análise teórica foram aplicados a uma amostra de 972 sujeitos dos sexos masculino e feminino, com idade média de 22,41 anos. Os dados foram submetidos à analise dos componentes principais e extraídos sete fatores com eigenvalues superiores a 2,0. A rotação dos fatores, através do método ortogonal (varimax), revelou que apenas os cinco primeiros apresentaram agrupamentos de itens teoricamente consistentes com as definições das cinco habilidades da inteligência emocional. O fator 1 cobre o conceito de empatia (14 itens, a = 0,87), o fator 2 o de sociabilidade (13 itens, a = 0,82), o fator 3 representa automotivação (12 itens, a = 0,82), o fator 4 o conceito de autocontrole (10 itens, a = 0,84) e o fator 5 a autoconsciência (10 itens, a= 0,78). A versão da medida da inteligência emocional, resultante deste estudo, abre perspectivas para futuras pesquisas nacionais sobre o assunto, visto que a MIE possui validade fatorial e fatores com índices de precisão que a indicam para aplicações no âmbito científico.

Palavras-chave: inteligência emocional; medida; inteligência.

ABSTRACT

This study was set up to construct and validate a measurement of five skills of emotional intelligence. Among the 126 items elaborated to represent the five skills 97, which demonstrated consistency after theoretical analysis, were applied to a sample of 972 individuals, both male and female, with an average age of 22,41 years. The data were submitted to analysis of the principal components and seven factors were taken with eigenvalues over 2,0. The rotation of these factors, using the orthogonal method (varimax), showed that only the first five factors presented grouping of consistent items with the definitions of the five emotional intelligence skills. Factor 1 covers empathy (14 items, alpha = 0,87); factor 2 sociability (13 items, alpha = 0,82); factor 3 self-motivation (12 items, alpha = 0,82); factor 4 self-control (10 items, alpha = 0,84), and factor 5 self-consciousness (10 items, alpha = 0,78). The method for measuring emotional intelligence resulting from this study opens possible avenues for future national research on the subject seeing that the measurement is factorially valid and has factors with levels of accuracy which indicate this measure to scientific applications.

Key words: emotional intelligence; measure; intelligence.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Recebido em 27.10.1998

Primeira decisão editorial em 05.11.1999

Versão final em 28.01.2000

Aceito em 07.02.2000

  • Advinícula, I.F. (1991). Tendência atualizante e vontade de potência: um paralelo entre Rogers e Nietzsche. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 7, 201-14.
  • Almeida, L.S. (1996). Considerações em torno da medida da inteligência. Em L. Pasquali (Org.), Teoria e métodos de medida em ciências do comportamento (pp. 199¾223). Brasília: UnB/INEP.
  • Barroso, C.L. (1975). Análise das dimensões de percepção de controle pessoal: desenvolvimento de uma escala. Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada,27, 16-29.
  • Binet, A. & Simon, T. (1905). Méthodes nouvelles pour le diagnostic du niveau intellectuel des anormaux. L'Année Psychologique,11, 191¾244.
  • Broom, M.E. (1928). A note on the validity of a test of social intelligence. Journal of Applied Psychology,12, 426¾428.
  • Broom, M.E. (1930). A further study of the validity of a test of social intelligence. Journal of Educational Research, 22, 403¾405.
  • Buhrmester, D. & Furman, W. (1988). Five domains of interpersonal competence in peer relationships. Journal of Personality and Social Psychology,55, 991-1008.
  • Butcher, J. (1972). A inteligência humana (D.M. Leite, Trad.) São Paulo: Perspectiva. (Trabalho original publicado em 1968)
  • Chlopan, B.E., McCain, M.L., Carbonell, J.L. & Hager, R.L. (1985). Empathy: Review of available measures. Journal of Personality and Social Psychology,48, 635-53.
  • Cofer, C.N. (1980). Motivação e emoção ( B. Jablonski & R. Fucs, Trads.) Rio de Janeiro: Interamericana. (Trabalho original publicado em 1972)
  • Damásio, A.R. (1996). O erro de Descartes: emoção, razão e cérebro humano. (D. Vicente & Segurado, Trads.) São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1994)
  • Del Prette, A., Del Prette, Z.A.P., Torres, A.C. & Pontes, A.C. (1998). Efeitos de uma intervenção sobre a topografia das habilidades sociais dos professores. Psicologia Escolar e Educacional,2(1), 11-22.
  • Del Prette, Z.A.P., Del Prette, A. & Correia, M.F.B. (1992). Competência social: um estudo comparativo entre alunos de Psicologia, Serviço Social e Engenharia Mecânica. Psicólogo escolar: identidade e perspectivas, pp. 382-384.
  • Diniz, M.D. & Mettel, T.B. (1986). Persistência na tarefa: uma contribuição ao estudo do autoconceito. Arquivos Brasileiros de Psicologia,38, 110-132.
  • Erthal, T.C. (1986). Auto-imagem: possibilidades e limitações da mudança. Arquivos Brasileiros de Psicologia,38, 39-46.
  • Farias, F.R. & Carvalho, S.A.C. (1987). Escala de auto-avaliação sobre esquema corporal. Arquivos Brasileiros de Psicologia,39, 23-35.
  • Ford, M.E. & Tisak, M.S. (1983). A further search for social intelligence. Journal of Educational Psychology,75, 196-206.
  • Gardner, H. (1995). Inteligências múltiplas: a teoria na prática (M.A.V. Veronese, Trad.) Porto Alegre: Artes Médicas. (Trabalho original publicado em 1993)
  • Goleman, D. (1996). Inteligência emocional (M. Santarrita, Trad.) Rio de Janeiro: Objetiva. (Trabalho original publicado em 1995)
  • Gresham, F.M. (1992). Social skills and learning disabilities: Causal, concomitant, or correlation? School Psychology Review, 21, 343-60.
  • Guilford, J.P. (1959). Three faces of intellect. American Psychologist,14, 469¾479.
  • Guilford, J.P. (1967). The nature of intelligence New York: McGraw-Hill.
  • Hidalgo, C.L. & Melo, N.A. (1991). Comunicacion interpersonal Santiago do Chile. Ediciones Universidade Católica.
  • Keating, D.P. (1978). A search of social intelligence. Journal of Educational Psychology,70, 218 ¾ 233.
  • Lane, R.D., Quinlan, D.M., Schwartz, G.E., Walker, P.A. & Zeitlin, S.B. (1990). The levels of emotional awareness scale: A cognitive-developmental measure of emotion. Journal of Personality Assessment,55(1-2), 124-134.
  • Levenson, H. (1981). Differentiating among internality, powerfull others, and chance. H.M. Lefcourt (Org.), Research with the locus of control construct New York: Academic Press.
  • Mayer, J.D. & Geher, G. (1996). Emotional intelligence and the identification of emotion. Intelligence,22, 89-113.
  • Mayer, J.D. & Salovey, P. (1997). What is emotional intelligence? Em P. Salovey & D.J. Sluyter (Orgs.), Emotional development and emotional intelligence: Educational implications (pp. 3-31), New York: Basic Books.
  • Mayer, J.D., DiPaolo, M. & Salovey, P. (1990). Perceiving affective content in ambiguous visual stimuli: A component of emotional intelligence. Journal of Personality Assessment,54(3/4), 772-781.
  • McClatehy, V.R. (1929). A theorical and statistical critique of the concept of social intelligence and of attempts to measure such a process. Journal of Abnormal and Social Psychology,24, 217¾220.
  • Mendonça, E.M. (1989). Autoconceito e percepção de normas de ética pública. Arquivos Brasileiros de Psicologia,41, 34-38.
  • Novaes, M.H. (1985). Autoconceito-um sistema multidimensional hierárquico e sua avaliação em adolescentes. Arquivos Brasileiros de Psicologia,37, 27-43.
  • O'Sullivan, M. & Guilford, J.P. (1966). Six factor tests of social intelligence: Manual of instructions and interpretations Beverly Hills: Sheridan Psychological Services.
  • Pasquali, L. (1996). Medida psicométrica. Em L. Pasquali (Org.), Teoria e métodos de medida em ciências do comportamento (pp. 73-116). Brasília: UnB/INEP.
  • Rodrigues, A. (1985). Padronização da versão em português da Escala de Autoconceito de Janis e Field revisada por Eagly. Psicologia: Teoria e Pesquisa,1, 158-167.
  • Ryff, C.D. (1989). Happiness is everything, or it? Exploration on the meaning of psychological well-being. Journal of Personality and Social Psychology,57, 1069-1081.
  • Salovey, P. & Mayer, J.D. (1990). Emotional intelligence. Imagination, Cognition, and Personality,9, 185-211.
  • Santana, R.P., Alta, E. & Bastos, M.F. (1993). Um estudo naturalístico de comportamentos empáticos em pré-escolares. Psicologia: Teoria e Pesquisa,9, 575-586.
  • Tamayo, A. (1981). EFA: escala fatorial de autoconceito. Arquivos Brasileiros de Psicologia,33, 87-102.
  • Tamayo, A. (1989). Validade fatorial da escala de Levinson de locus de controle. Psicologia: Teoria e Pesquisa,5, 111-122.
  • Telford, C.W. & Sawrey, J.M. (1977). Psicologia: uma introdução aos princípios fundamentais do comportamento (O.M. Cajado, Trad.) São Paulo: Cultrix. (Trabalho original publicado em 1968)
  • Thorndike, R.L. (1936). Factor analysis of social and abstract intelligence. Journal of Educational Psychology,27, 231¾233.
  • Wechsler, D. (1950). Cognitive, conative, and non-intellective intelligence. American Psychologist,15, 78¾83.
  • 1
    Endereço: R. Manoel Pimenta de Abreu, 116, Bloco A, Ap. 73. CEP: 08710-640 Mogi das Cruzes ¾ SP. E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      15 Fev 2013
    • Data do Fascículo
      Ago 1999

    Histórico

    • Aceito
      07 Fev 2000
    • Revisado
      28 Jan 2000
    • Recebido
      27 Out 1998
    Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, 70910-900 - Brasília - DF - Brazil, Tel./Fax: (061) 274-6455 - Brasília - DF - Brazil
    E-mail: revistaptp@gmail.com