Acessibilidade / Reportar erro

Sensibilidade materna durante o banho

Maternal sensibility during the bath

Resumos

A teoria do apego tem considerado a relação mãe-criança como um determinante do desenvolvimento, sendo que sua qualidade tem sido relacionada com a sensibilidade do cuidador, e conseqüentemente com a qualidade das relações com seus próprios cuidadores. Recentemente, tem se relacionado a sensibilidade materna com vários fatores, incluindo classe social e educação. Este trabalho teve como objetivo investigar as variáveis que influenciam a sensibilidade materna na situação de banho. Foram filmados 60 banhos dados por mães de classe baixa e classe média. As díades foram constituídas por mães que tinham entre 18 a 40 anos de idade, e por crianças de zero a um ano. Encontraram-se menores freqüências de comportamentos sensíveis entre mães de classe baixa do que entre mães de classe média, que possuíam mais escolaridade, mais idade e tinham com quem dividir os cuidados infantis. Estes resultados sugerem que a sensibilidade materna é um fenômeno relacionado com variáveis socioculturais.

relação mãe-criança; sensibilidade materna; apego


The theory of the attachment has been considering the mother-child relation as a determinant of the development. Its quality has been being related with the sensibility of the caretaker, and consequently with the quality of the relations with its own caretakers. Recently, maternal sensibility has been related with several factors such as social class and education. The goal of the present work is to investigate some variables that influence the maternal sensibility in the bath situation. Sixty baths given by mothers belonging to low or average classes were filmed. The dyads were constituted by mothers that had between 18 to 40 years and children of 0 to 1 year old. Sensitive behaviors were less frequent among mothers of low class than among mothers of middle class, which were more educated, older and which have the possibility to share the care of their infant with someone. These results suggest that the maternal sensibility is a phenomenon related to sociocultural variables.

mother-child relation; maternal sensibility; attachment


Sensibilidade materna durante o banho1 1 Este estudo foi parte integrante da dissertação de mestrado da primeira autora, realizada e defendida no Programa de Pós-Graduação em Psicologia: Teoria e Pesquisa do Comportamento, da Universidade Federal do Pará. Os autores agradecem os comentários valiosos de Maria Auxiliadora Dessem, na primeira versão do manuscrito, e a ajuda na coleta de dados realizada por Andressa L. Fernandes, Lívia C.A. Costa, Sarah Danielle B. Silva e Volanda G.M. Santis. 2 Endereço: Rua Rodrigues de Farias, 16, Curió - Belém, PA. CEP: 66610-530.

Maternal sensibility during the bath

Simone Souza da Costa SilvaI, 2 1 Este estudo foi parte integrante da dissertação de mestrado da primeira autora, realizada e defendida no Programa de Pós-Graduação em Psicologia: Teoria e Pesquisa do Comportamento, da Universidade Federal do Pará. Os autores agradecem os comentários valiosos de Maria Auxiliadora Dessem, na primeira versão do manuscrito, e a ajuda na coleta de dados realizada por Andressa L. Fernandes, Lívia C.A. Costa, Sarah Danielle B. Silva e Volanda G.M. Santis. 2 Endereço: Rua Rodrigues de Farias, 16, Curió - Belém, PA. CEP: 66610-530. ; Yvonnick Le PenduI; Fernando Augusto Ramos PontesI; Michel DuboisII

IUniversidade Federal do Pará

IIUniversidade de Grenoble II, Grenoble-França

RESUMO

A teoria do apego tem considerado a relação mãe-criança como um determinante do desenvolvimento, sendo que sua qualidade tem sido relacionada com a sensibilidade do cuidador, e conseqüentemente com a qualidade das relações com seus próprios cuidadores. Recentemente, tem se relacionado a sensibilidade materna com vários fatores, incluindo classe social e educação. Este trabalho teve como objetivo investigar as variáveis que influenciam a sensibilidade materna na situação de banho. Foram filmados 60 banhos dados por mães de classe baixa e classe média. As díades foram constituídas por mães que tinham entre 18 a 40 anos de idade, e por crianças de zero a um ano. Encontraram-se menores freqüências de comportamentos sensíveis entre mães de classe baixa do que entre mães de classe média, que possuíam mais escolaridade, mais idade e tinham com quem dividir os cuidados infantis. Estes resultados sugerem que a sensibilidade materna é um fenômeno relacionado com variáveis socioculturais.

Palavras-chave: relação mãe-criança; sensibilidade materna; apego.

ABSTRACT

The theory of the attachment has been considering the mother-child relation as a determinant of the development. Its quality has been being related with the sensibility of the caretaker, and consequently with the quality of the relations with its own caretakers. Recently, maternal sensibility has been related with several factors such as social class and education. The goal of the present work is to investigate some variables that influence the maternal sensibility in the bath situation. Sixty baths given by mothers belonging to low or average classes were filmed. The dyads were constituted by mothers that had between 18 to 40 years and children of 0 to 1 year old. Sensitive behaviors were less frequent among mothers of low class than among mothers of middle class, which were more educated, older and which have the possibility to share the care of their infant with someone. These results suggest that the maternal sensibility is a phenomenon related to sociocultural variables.

Key words: mother-child relation; maternal sensibility; attachment.

Tradicionalmente, a Psicologia do Desenvolvimento sempre deu grande importância ao papel das primeiras relações, em particular aquelas estabelecidas com as figuras maternas e paternas. Este interesse pelas relações parentais culminou com a definição de apego dada por Bowlby em 1969 como um construto definido pela busca constante da criança de proximidade e exploração do ambiente.

Bowlby (1969) considerou que existe uma forte relação causal entre as experiências de um indivíduo com seus pais e sua capacidade posterior para estabelecer vínculos afetivos, sugerindo que as condições que contribuem para o desenvolvimento ou não do apego infantil incluem a sensibilidade da figura que cuida do bebê para responder aos seus sinais. Ainsworth (1969) considerou que a sensibilidade materna apresenta quatro componentes essenciais: atenção aos sinais infantis, precisão na interpretação dos sinais, resposta apropriada aos sinais e tempo que a mãe precisa para responder às solicitações da criança.

A capacidade de a mãe ser sensível diante das demandas infantis está associada com sua história pessoal de vínculos afetivos com seus cuidadores (Bowlby, 1969). Nesta perspectiva, durante as décadas de 70, 80 e inicio dos anos 90, tratou-se a sensibilidade e os padrões de apego infantil como construtos estáveis e que são transmitidos de geração a geração. Benoit e Parker (1994) realizaram um estudo longitudinal com 96 crianças, mães e avós destas. Seus resultados sugerem que o padrão de apego é estável e transmitido de uma geração a outra em torno de 75% da amostra.

Na leitura cuidadosa da definição de sensibilidade apresentada por Ainsworth (1969), percebe-se que se trata de um construto diádico, já que só pode ser entendida no contexto do encontro do cuidador e uma criança especifica (Oppenheim, Koren-Karie, & Sagi, 2001). Esta perspectiva diádica implica em conceber a sensibilidade como uma variável influenciada não somente pela história dos vínculos afetivos da mãe (Bowlby, 1969), mas por todas as características dos pares que compõem a díade, ou seja, do cuidador e da criança (Thompson, 1997). Dentre as variáveis que podem influenciar o comportamento materno, destaca-se o gênero (Weinberg, Tronick, Cohn & Olson, 1999) e a idade da criança (Lavelli & Fogel, 2002). Com relação aos fatores maternos associados com a sensibilidade, a literatura tem dado ênfase à classe social da mãe (Durbrow, Pena, Masten, Sesma & Williamson, 2001, Rabinovich, 1992, 1994, 1995, Von der Lippe, 1999) escolaridade (Mansbach & Greenbaum, 1999) e rede de apoio (Dessen & Brás, 2000).

Dentro da rede de apoio, as relações que mais influenciam o comportamento materno são aquelas estabelecidas com os parceiros (Amato, 1986; Belsky, 1981; Belsky, Young-blade, Rovine & Volling, 1991; Brody & Pillegrini, 1986; Dickstein (1988) e Frosch, Mangelsdorf & McHale, 2000). Em geral, estes trabalhos sugerem uma conexão entre satisfação conjugal e sensibilidade materna.

Além do parceiro, a rede de apoio é constituída com as relações estabelecidas entre a mãe e os outros membros da família (Tudge & cols., 2000), as avós, as enfermeiras e as babás, que ocupam um papel de destaque no processo de desenvolvimento do apego.

A literatura é vasta em descrever a sensibilidade materna e conseqüentemente as características do apego. Em termos metodológicos, estes estudos coletam seus dados na maioria das vezes em situações experimentais e, em menor proporção, em contextos naturalísticos. No entanto, Oppenheim e cols. (2001) argumentam que é somente no contexto dos cuidados diários em ambiente natural, que a sensibilidade pode ser observada. Todavia, apesar da riqueza da pesquisa em apego, são raros os trabalhos que observam o comportamento de mães e crianças na situação de banho.

A situação do banho é um momento rico de manipulações demandadas pela tarefa. A constância de manipulações acarreta maior freqüência de interações. Devido a natureza deste momento, a mãe se vê diante de exigências da tarefa e relacionais apresentadas pela criança. Esta riqueza de relações que caracteriza este momento tem contribuído com a escolha desta situação com fins de investigação (Gasparetto, 1993).

Dentre os estudos que utilizaram este momento de interação destaca-se Schola e Samuels (1992) e Gasparetto (1993). Estes autores acreditam que o vínculo mãe-bebê desenvolve-se nas pequenas atividades diárias como brincar, alimentar, vestir e banhar. Postulam que as investigações destes contextos possam revelar estratégias, condizentes com a situação, de expressar a sensibilidade materna.

Considerando a riqueza relacional do momento do banho e que neste pode-se encontrar indicadores comportamentais de sensibilidade materna, escolheu-se este momento para se observar comportamentos que indiquem a sensibilidade da mãe, e relacioná-los com fatores, tais como: a classe social, escolaridade, idade da mãe e do bebê, gênero da criança e rede apoio.

Método

Sujeitos

Sessenta díades mãe-criança distribuídas igualmente em dois grupos, foram analisadas. Um grupo foi constituído por pessoas economicamente pobres, com rendimento mensal médio de um salário mínimo e meio por família, moradores da periferia de Belém, usuários do serviço de saúde oferecido pelo hospital universitário. O outro grupo foi constituído por pessoas de classe média, com renda média em torno de 10 salários mínimos, moradores de regiões menos periféricas, que utilizavam serviço de saúde oferecido por médicos conveniados a planos de saúde.

As díades foram constituídas por mães com idades e níveis de escolaridades diferentes e crianças que se encontram na faixa-etária de dois a onze meses. Deste modo, é possível demonstrar o grupo de 60 sujeitos de acordo com as tabelas abaixo.

A tabela 1 mostra que as mães de primeiro grau estão concentradas na classe baixa enquanto que as mães de terceiro grau estão na classe média. Na tabela 2 verifica-se que a classe baixa caracteriza-se por mães que se encontram na faixa-etária de 15-20 e 21-30 anos enquanto a classe média caracteriza-se por mães que se encontram na faixa etária de 21-30 e 31-40 anos. Na tabela 3 observa-se que o primeiro grau predomina entre as mães que estão na faixa etária de 15-20 e 21-30 anos enquanto que o terceiro grau concentra-se entre as mães que estão entre 31-40 anos.

Procedimento

O contato inicial com a amostra de classe baixa foi feito através de abordagem na sala de espera do hospital universitário, ocasião em que foi apresentado os objetivos da pesquisa e solicitada a participação no projeto.

As mães de classe média foram indicadas por médicos pediatras conveniados a planos de saúde que foram contatadas por telefone. A escolha dos médicos contatados foi feita aleatoriamente através do manual dos convênios. Quarenta e dois médicos foram contatados, sendo que apenas 30 concordaram em ceder os telefones de suas pacientes.

Cada díade foi visitada duas vezes em suas residências.Na primeira visita era feita uma entrevista semi-estruturada de abordagem, e a primeira sessão de observação, na segunda visita, era realizada a ultima filmagem. As entrevistas tinham por objetivo facilitar o contato inicial com a mãe, foram respondidas, em média, durante trinta minutos eram constituídas por aspectos referentes à gestação, nascimento, relacionamento conjugal, número de moradores na casa, nível econômico e escolaridade. Foge aos objetivos deste trabalho a análise desse material.

No geral, foram filmadas 120 sessões de observações, isto é, cada uma das 60 díades foi filmada duas vezes. Todas as filmagens foram feitas pela pesquisadora e com o auxilio de uma aluna de graduação do curso de psicologia que tinha como tarefa tirar fotografias e realizar a entrevista semi-estruturada. A situação filmada, isto é, o banho foi dividido em dois momentos: o banho propriamente dito e o vestir. Deste modo, as filmagens foram feitas desde o momento que a mãe colocava a criança em contato com a água até o momento em que terminava de vesti-la.

A exploração das filmagens foi feita através do programa Etolog v 2.3, o qual permite, após a entrada dos comportamentos observados, o registro da duração, freqüência e seqüência dos eventos.

As categorias observacionais foram desenvolvidas após as filmagens terem sido concluídas. Participaram do desenvolvimento do sistema de categorias, um grupo constituído por sete pessoas, sendo a pesquisadora e seis alunas do curso de graduação em psicologia, para tal, foi gasto em torno de 23 sessões de gravação. Após inúmeras discussões, foi definido o sistema preliminar de categorias, o qual foi testado, pois a cada desacordo retornava-se a etapa anterior, isto é, rediscutir e reformular o sistema. Esta fase foi constituída pela observação de 15 sessões de observação, quando finalmente o grupo concluiu que havia acordo entre os observadores em 95% das situações.

Tendo em vista os objetivos do estudo, o sistema de categorias foi construído considerando os comportamentos que indicavam maior ou menor sensibilidade materna. Para registrar estes comportamentos, foi utilizada a técnica de observação de registro seqüencial categórico que possibilitava o registro do evento, sua duração e a seqüência destes. No entanto, os dados aqui apresentados se referem apenas a freqüência de todos os comportamentos e a seqüência de algumas categorias especificas.

Categorias comportamentais

Categorias comportamentais maternas

Fala Adulta: Comportamento verbal materno apresentado em um tom semelhante àquele falado com outros adultos, geralmente se apresenta em forma de conselhos, observação, chamados de atenção e perguntas. Ex. "Não pegue no sabonete!"

Fala infantil: Comportamento verbal materno apresentado com a criança, geralmente emitido em ritmo cantarolado em tom de voz baixo e mais agudo em relação à fala adulta. Apresenta-se na forma de provocações e acalento. Ex: "Vem com a mamãe, vem meu amô"

Acariciar e Manejo Delicado: Acariciar consiste na expressão clara de carinho. Por exemplo, dar ou jogar beijos para a criança. O manejo delicado está relacionado com o modo como a mãe manipula a criança. Ao ser delicada a mãe executa movimentos lentos e suaves e fica evidente que não estava fazendo força ou pressão durante o movimento. Esta categoria foi registrada em momentos específicos: ao colocar a criança na banheira, ao jogar água na cabeça da criança, ao tirar a criança da banheira, ao enxugar a cabeça da criança, ao colocar a fralda na criança.

Oferecimento: Refere-se ao oferecer de brinquedos ou objetos e coisas que tenham a finalidade de acalmar, envolver, redirecionar a atenção da criança, por exemplo: bichinhos de borracha, saboneteiras, recipiente de margarina, etc.

Olhar a Criança: Consiste em ajustamento postural da mãe possibilitando contato visual.

Interromper e Manejo Grosseiro: Interromper consiste na ação intencional da mãe de interromper o comportamento infantil sem levar em consideração o estado motivacional da criança, por exemplo: trocar o vidro de xampu que a criança esta manipulando por um brinquedinho de borracha. Manejo Grosseiro está relacionado ao modo como a mãe manipula a criança. Ao ser grosseira, a mãe utiliza muita força, velocidade e faz pressão sob o bebê durante o movimento. Esta categoria foi registrada em momentos específicos: ao colocar a criança na banheira, ao jogar água na cabeça da criança, ao tirar a criança da banheira, ao enxugar a cabeça da criança, ao colocar a fralda na criança.

Indiferença diante do vocalizar infantil: Ocorre quando o comportamento infantil de vocalizar não altera o comportamento da mãe que se mantém apresentando o mesmo comportamento como se a criança não tivesse vocalizado. Esta categoria era registrada considerando o tempo que a mãe mantinha seu comportamento inalterado diante da vocalização infantil.

Indiferença diante do chorar infantil: Ocorre quando a mãe não muda a seqüência de seus comportamentos após o choro da criança. Esta categoria era registrada considerando o tempo que a mãe mantinha seu comportamento inalterado diante do choro infantil.

Considerando a qualidade dos comportamentos, isto é, o quanto estes indicavam sensibilidade da mãe diante das demandas infantis, optou-se por analisá-los, classificando-os em positivos e negativos. As categorias positivas foram: fala adulta, fala infantil, acariciar e manejo delicado, oferecimento e olhar a criança. As categorias chamadas negativas foram: interromper e manejo grosseiro, indiferença diante do vocalizar infantil e indiferença diante do chorar infantil.

Categorias comportamentais infantis

Vocalização: Consiste na produção vocal expressa através de grunhidos, balbucios, pequenas frases com ou sem intenção. Estas frases poderiam ter a intenção de solicitar algo, fazer uma reclamação ou um comentário.

Chorar: É a expressão clara de descontentamento através de agitação dos membros acompanhada de produção de sons, com ou sem lágrimas.

Toca Mãe: Consiste no movimento infantil de tocar com os dedos da mão o rosto ou os membros superiores da mãe ao mesmo tempo em que olha para a figura materna.

Pegar Objeto: Ocorre quando a criança tem a iniciativa de pegar um brinquedo ou um outro objeto que utiliza como brinquedo a fim de manipulá-lo. Este comportamento pode ocorrer em resposta ou não ao oferecimento da mãe.

Olhar Mãe: Este comportamento é registrado sempre que a criança se detém em olhar a mãe sem fazer outros comportamentos.

Comparações e testes

Em um primeiro momento os dados referentes aos comportamentos maternos foram submetidos à Análise dos Componentes Principais (ACP) a fim de identificar os conjuntos de variáveis que são relativamente independentes uma das outras (Benzecri e Benzecri, 1980). A ACP consiste em uma ferramenta de análise que tem por objetivo obter, de um conjunto de componentes principais, o máximo possível de informação contida nas variáveis originais. A ACP transforma as variáveis originais em "n" novas variáveis, de tal modo que a primeira nova variável computada seja responsável pela maior variação possível existente no conjunto de dados; a segunda, pela maior variação possível restante, e assim por diante até que toda a variação do conjunto tenha sido explicada.

A análise dos componentes principais foi realizada considerando as 60 mães, a duração média dos dois banhos, a idade da criança e a média, por hora, das freqüências das oito categorias comportamentais maternais apresentadas anteriormente.

Em função das diferenças apontadas pela análise de componentes principais, os dados foram testados utilizando-se testes não paramétricos. As comparações de média com três amostras foram testadas com o auxilio do teste de Kruskal-Wallis e, quando significativo, o teste de Dunn foi usado para determinar a origem da heterogeneidade. Às comparações de médias com duas amostras foi aplicado o teste de Mann-Whitney. Paras as categorias que apresentavam freqüências extremamente baixas (acariciar e manejo delicado, interromper e manejo grosseiro) foi aplicado o teste de Fisher, com o objetivo de comparar as freqüências de mães que apresentaram ou não o comportamento.

Os comportamentos maternos e os infantis foram relacionados com as variáveis: classe social, escolaridade materna, idade da mãe, experiência materna e divisão dos cuidados infantis. Além destes fatores, os comportamentos infantis foram relacionados com a idade e o sexo da criança. Nestas situações também foram aplicados os mesmos testes não paramétricos que foram utilizados para testar os dados referentes aos comportamentos maternos.

O comportamento infantil de vocalizar foi correlacionado com o comportamento materno "fala infantil" (teste de correlação de Wilcoxon).

Resultados

O comportamento materno

A analise em componentes principais

Os três primeiros eixos representam respectivamente 26%, 20% e 12% da variação total dos dados. Todavia, apenas o primeiro e o segundo eixos são aqui apresentados por considerar-se baixa a variação representada pelo terceiro eixo. Com base na ACP foi possível representar espacialmente os dados, relacionando-os com as variáveis classe social, escolaridade materna e idade da mãe.

Classe social e comportamento materno

A figura 1 demonstra que os comportamentos positivos da mãe, como acariciar e manejo delicado, olhar a criança, fala infantil, oferecimento e fala adulta foram freqüentemente emitidos pelas mães de classe média e os comportamentos negativos interromper e manejo grosseiro, indiferença diante do chorar infantil e indiferença diante do vocalizar infantil foram apresentados mais pelas mães de classe baixa.


Escolaridade e comportamento materno

O grupo de mães de classe média era constituído, na sua maioria, por mães que tinham o terceiro grau, enquanto que o grupo de classe baixa era composto freqüentemente, por sujeitos com o primeiro grau e alguns com o segundo grau. Em consonância com a Figura 1, a Figura 2 demonstra que os comportamentos maternos negativos são mais freqüentemente apresentados no grupo de sujeitos de 1º grau, enquanto que os comportamentos maternos positivos estão distribuídos entre os sujeitos de 2º e 3º grau.


Ao serem analisadas as diferenças encontradas na ACP, identificou-se o aumento de alguns comportamentos positivos (fala infantil, oferecimento, olhar criança) na medida em que aumenta a escolaridade materna (Kruskall-Wallis, p < 0,0001) enquanto que os comportamentos negativos se mantiveram estáveis (ver Figura 3).


Divisão dos cuidados infantis e comportamento materno

Em geral, as mães que dividiam a tarefa de cuidar da criança com outras pessoas (avó ou babá), emitiram com mais freqüência comportamentos positivos que as mães que executavam estas tarefas sozinhas (Mann-Whitney, p < 0,0001). Por outro lado, não foi encontrada diferença entre os grupos com relação aos comportamentos negativos (ver Figura 4).


O comportamento infantil

Classe social e comportamento infantil

A figura 5 demonstra as diferenças significativas nos comportamentos de crianças pertencentes ao nível sócio econômico baixo e médio. As crianças pertencentes à classe média apresentaram com mais freqüência os comportamentos de vocalizar, pegar objeto e olhar a mãe do que as crianças pertencentes à classe baixa.


Escolaridade materna e comportamento infantil

Na figura 6, percebe-se que a freqüência dos comportamentos infantis de vocalizar e pegar objeto aumentam na medida em que aumenta a escolaridade materna.


Idade da criança e comportamento infantil

A figura 7 demonstra que as crianças mais velhas vocalizaram e pegaram mais objeto do que as mais jovens, enquanto que estas últimas olharam mais para a mãe do que as primeiras.


Sexo da criança e comportamento infantil

A figura 8 sugere que o sexo da criança não constitui um fator que influencia no comportamento infantil já que não foi encontrada diferença significativa entre os grupos de meninos e meninas (vocalizar, p = 0,07; chorar, p = 0,3; tocar mãe, p = 0,4; pegar objeto, p = 0,53 e olhar mãe p = 0,47).


Fala Infantil Materna e vocalização infantil

O teste de Wilcoxon revelou que existe uma forte correlação entre o vocalizar infantil e o fala infantil materno (r = 0,278), ou seja, quanto mais a criança vocalizava, mais a mãe falava a fala infantil e vice-versa (figura 9).


Discussão

Levando em conta o contexto estudado (situação de banho), este estudo sugere que as mães de classe média são mais sensíveis que as mães de classe baixa. Este resultado é compatível com os resultados apresentados por Vondra, Hommerding e Shaw (1999), que verificaram a estabilidade e mudança do apego em uma amostra pertencente a classe sócio-econômica baixa. Esse estudo verificou também que as mudanças no apego que estão associadas, dentre vários fatores, a sensibilidade materna ocorria mais no sentido de crianças seguramente apegadas tornarem-se inseguras do que o contrário. Graves (1976) verificou que mães de classe baixa eram menos prováveis de iniciar interações e mostraram menos reciprocidade diante dos comportamentos infantis que as mães de classe média. É possível que em sociedades onde as pessoas se vêem diariamente diante de questões básicas de sobrevivência, como saúde, desemprego, violência familiar, etc., a prioridade para comportamentos afetuosos seja mais baixa que a tarefa a ser executada.

Os resultados sugerem que mães de classe baixa que tinham pouca escolaridade apresentaram menos comportamentos indicadores de sensibilidade materna. Entende-se que o ensino formal possibilita a aquisição de informações gerais sobre a importância dos cuidados infantis. As mães de classe média são as que têm mais educação formal, e, também dispõem de mais informação em seu ambiente. Estas mães têm acesso a revistas, jornais, programas televisivos, etc., que apresentam informações genéricas a respeito do que seja adequado em termos de cuidados infantis.

O fato de que mães pertencentes a classe média e/ou com alta escolaridade apresentarem uma proporção de comportamentos positivos maior que de negativos quando comparadas com mães de classe baixa e/ou com pouca escolaridade confirma os dados de Lordelo (2000). Esta pesquisadora demonstrou que as mães de classe baixa e com pouca escolaridade agiam no sentido de conter os movimentos da criança, colocando-as no colo e pouco respondendo as suas demandas, enquanto as mães de classe média, com maior nível de escolaridade, procuravam dispor condições para a criança ocupar-se de outra coisa, interrompendo muitas vezes a entrevista para responder as solicitações infantis.

Os resultados deste estudo também confirmaram os achados de Howes, Calinsky e Kontos (1998) que verificaram as modificações comportamentais de cuidadores substitutos após um curto programa de treinamento. Embora não terem esclarecido os mecanismos envolvidos, Scher e Mayseless (2000) verificaram que mães de crianças seguras tinham mais anos de escolaridade do que mães de bebês ambivalentes. Wendland-Carro, Piccininni e Milar (1999) relacionaram o nível de informação da mãe acerca do desenvolvimento infantil com as repercussões desta variável sobre a relação. Os autores perceberam que os sujeitos que haviam recebido informações acerca da relação afetiva com o bebê foram mais capazes de desenvolver relações sincrônicas com a criança do que as mães que receberam somente informações acerca dos cuidados físicos necessários.

Van den Boom (1994) desenvolveu uma pesquisa com dois grupos, sendo um experimental e um grupo controle. O grupo experimental foi submetido a uma intervenção com o objetivo de promover o apego seguro pelo aumento das habilidades maternas para monitorar os sinais infantis atentamente e responder-lhes apropriadamente e contingencialmente. A amostra de sujeitos foi constituída por um grupo de risco, pois eram mães pertencentes à classe baixa e crianças altamente irritadas. As mães foram instruídas enquanto interagiam com suas próprias crianças a respeito das ações que eliciavam o comportamento infantil desejável.

Os dados indicaram que as mães que receberam intervenção foram significativamente mais responsivas, mais estimuladoras, mais atentas visualmente e mais controladoras dos comportamentos infantis do que as mães do grupo controle. Os testes também sugeriram que crianças do grupo que recebeu intervenção foram significativamente mais sociáveis, mais capazes de se auto-acalmar e explorar quando comparadas com as crianças do grupo controle. Neste grupo, 78% dos bebês foram classificados como inseguros, enquanto que no grupo que recebeu intervenção apenas 38% foram classificados como inseguramente apegados.

Vale a pena ressaltar, os resultados obtidos nas observações dos comportamentos maternos são compatíveis com os dados referentes ao comportamento infantil. Mães que apresentavam mais indicadores de sensibilidade, ou seja, aquelas pertencentes a classe média e com alta escolaridade tinham filhos que vocalizavam, tocavam e olhavam mais freqüentemente do que as outras crianças. É possível que uma análise minuciosa possa revelar que estes comportamentos são indicadores de padrões de apego compatíveis com os padrões de sensibilidade indicados pelas categorias observacionais das mães.

Quanto a idade dos bebês, os dados sugerem diferentes formas das crianças estabelecerem suas relações com a mãe. De fato, em função do desenvolvimento motor e cognitivo da amostra, bebês mais jovens interagem freqüentemente através do olhar enquanto os mais velhos se utilizam da vocalização. Todavia, é importante destacar que, em função das estratégias peculiares de crianças de faixas etárias diferentes é provável que o modo de expressar sensibilidade das mães sofra alterações decorrentes da idade dos bebês.

A análise do gênero das crianças é compatível com os dados da literatura. Lavelli & Fogel (2002) e Weinberg, Tronick, Cohn & Olson (1999) sugerem maior inclinação feminina para a sociabilidade. Isto é compatível com os dados observacionais dos comportamentos das meninas que apresentam mais freqüentemente vocalização, olhar e pegar objeto do que os meninos cujo comportamento mais freqüente é o choro.

Como foi apresentado na seção de resultados, ao se relacionar comportamento materno e infantil com divisão de cuidados encontrou-se uma relação de correspondência, por exemplo, mães que falavam freqüentemente a fala infantil tinham filhos que vocalizavam freqüentemente. Assim, quando a mãe dividia os cuidados da criança com outras pessoas, tal como avó, tia ou babá, expressava mais sensibilidade do que quando realizava esta atividade sozinha. Por outro lado, os filhos destas mulheres apresentam mais comportamentos indicadores de apego, como vocalização, pegar objeto e olhar para mãe.

É possível que ao dividir os cuidados com outra pessoa a mãe se sinta menos estressada, mais tranqüila, mais capaz de se comportar sensivelmente diante das demandas infantis quando se encontrar na relação com a criança. Esta perspectiva relaciona-se com a noção de Donley (1993), que entende a relação mãe-criança como o reflexo da relação da mãe com todos os membros, próximos ou distantes, da unidade familiar. Assim, as relações não somente com outros possíveis cuidadores, como é o caso da avó e da presença da babá, mas também a relação com o parceiro, com os outros filhos, com seus próprios pais, etc., constitui uma rede grande de relações que atuam sobre o padrão comportamental adotado pela mãe ao se relacionar com seu filho.

É provável também que ao dividir os cuidados com outra pessoa, a mãe se concentre mais sobre a tarefa de dar banho na criança, já que dispõe de menos oportunidades de tomar contato com seu filho. Deste modo, este momento se torna incomum, a qual se dedica intensamente. Por outro lado, no geral, mães que dividem os cuidados com outra pessoa têm menos oportunidades de demonstrar insensibilidade do que aquelas que realizam estas tarefas sozinhas.

De acordo com Howes e cols. (1998), em famílias onde a mãe dispõe de ajuda nos cuidados infantis, é possível que a criança desenvolva características no apego em função da relação estabelecida com o cuidador substituto. Então, os comportamentos infantis encontrados nos resultados podem estar em função das características da relação com a "babá", avó, etc., e não em conseqüência da sensibilidade materna. De fato, a relação estabelecida entre criança e cuidador substituto não foi analisada.

Dentro desta perspectiva dinâmica, entende-se que a análise cuidadosa dos indicadores de sensibilidade materna e conseqüentemente dos comportamentos infantis requer necessariamente a investigação das relações familiares como um todo. Para efeito de sugestão para futuras pesquisas, acredita-se que um trabalho que analise as relações parentais dentro do contexto familiar pode enriquecer significativamente a literatura com dados compatíveis com a dinâmica das relações de apego dentro da família.

Recebido em 29/09/2002

Versão final em 15/11/2002

Aceito em 29/11/2002

  • Ainsworth, M.D.S. (1969). Object relationships, dependency, and attachment: a theoretical review of the infant-mother relationship. Child Development. 40: 969-1026.
  • Amato, P.R. (1986). Marital conflict, the parent-child relationship and child self-esteem. Family Relations, 35, 403-410.
  • Belsky, J. (1981). Early human experience: A family perspective. Developmental Psychology, 17, 3-23.
  • Belsky, J., Isabella, R.A. (1991). Interactional Sinchrony and the Origins of Infant-Mother Attachment: A Replication Study. Child Development, 62, 373-384.
  • Benzecri, J.P. & Benzecri, F. (1980). Pratique de l'analyse des données. Dunod, Paris.
  • Bowlby, J. (1969). Attachment and loss: Vol. I. Attachment. Basic Books. New York
  • Brody, G.H., Pillegrini, A.D. & Sigel, I.E. (1986). Marital quality and mother-child and father-child interactions with school-aged children. Developmental Psychology, 22, 291-296.
  • Claussen, A.H. e Crittenden, P.M. (2000). Maternal sensitivity. In the organization of attachment relationships: Maturation, culture and context. Ed. Crittenden, P.M.E Claussen, A.H. Cambridge university press. New York.
  • Dickstein, S. & Parke, R.D. (1988). Social referencing in infancy: A glance at fathers and marriage. Child Development, 59, 506-511.
  • Dixon, S., Tronick, E., Keefer, C. & Brazelton, T.B. (1981). Mother-infant interaction among the Gusii of Kenya. In T. Field, A. Sostek, P. Vietze & P. Leiderman (Eds.), Culture and early interaction (pp 149-168). Hillsdale, NJ: Erlbaum.
  • Donley, M.G. (1993). Attachment and the emotional unit. Family Process, 32: 03-20.
  • Frosch, C.A. Mangelsdorf, S.C. e McHale, J.L. (2000) Marital behavior and the security of preschooler-parent attachment relationships. Journal of family psychology. V. 14, 01: 144-161.
  • Gasparetto, S. (1998) Desenvolvimento de um programa de intervenção para mães de bebês pré-termo. Tese de doutorado, Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. São Paulo.
  • Graves, L. (1976). Nutrition, infant behavior and maternal characteristics: A pilot study in West Bengal, Índia. American Journal of Clinical Nutrition, 29, 305-319.
  • Grossmann, K., Grossmann, K. (1990). The wider concept of attachment in cross-cultural research. Human Development, 33, 31-47.
  • Harkness, S. & Super, C.M. (1985). Child-environment interactions in the socialization of affect. In M. Lewis e C. Saarni (eds.), The socialization of emotions. New York: Plenum.
  • Howes, C. Galinsky, E. e Kontos, Susan. (1998).Child care caregiver and attachment. Social Development, 07, 01, 25-36.
  • Lewis, M. e Saarni, C. (eds.). (1985). The socialization of emotions. New York: Plenum.
  • Lordelo, E.R., Fonseca, A.L., Araújo, Mariana Lamêgo V.B. (2000). Responsividade do ambiente de desenvolvimento: Crenças e práticas como sistema cultural de criação de filhos. Psicologia: Reflexão e Critica, 13, 01.
  • Macfarlane, A. (1977). The psychology of childbirth Cambridge Mass: Harvard University Press.
  • Oppenheim, D., Koren-Karie, N e Sagi, A. (2001). Mothers 'empathic undestanding of their prechoolers' internal experience: Relations with early attachment. International journal of behavioral development. 25 (1): 16-26.
  • Rabinovich, E. P. (1992). Modo de vida e a relação mãe-criança: o mamar e o andar, o modo de morar e o modo de dormir Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo. São Paulo.
  • Rabinovich, E. P. (1994). Modo de vida de crianças "sem casa sedentárias": Suas casas, suas famílias, suas vidas. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, São Paulo, 4 (1), 73-79.
  • Rabinovich, E.P. (1995). O viés etnocêntrico: Uma tentativa de analisar algumas questões do desenvolvimento infantil a partir do estudo de crianças do interior do Piauí. Rev. Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, São Paulo, 5 (1/2), 60-65.
  • Scher, A. e Mayselss, O. (2000). Mothers of anxious/ambivalent infants: Maternal characteristics and child-care context. Child Development, 71, 1629-1639.
  • Scholz, K. e Samuels, C.A. (1992). Neonatal bathing and massage intervention with fathers, behavioural effects 12 weeks after birth of the first baby: The sunraysia Australia intervention project. International Journal of Behavioral Development, 15: 67-81.
  • Thompson, R.A. (1997). Sensitivity and Security: New Questions to ponder. Child Development, 68, 595-597.
  • Tudge, J., Hayes, S., Doucet, F., Odero, D., Kulakova, N., Tammeveski, P., Meltsas, M. e Lee, S. (2000). Parent's participation in cultural practices with their preschoolers. Psicologia: Teoria e Pesquisa. 16 (1): 01-11.
  • Van den Boom, D.C. (1994). The influence of temperament and mothering on attachment and exploration: An experimental manipulation of sensitive responsiveness among lower-class mothers with irritable infants. Child Development, 65: 1457-1477.
  • Vondra, J.I., Hommerding, K. D. e S. D.S. (1999) Stability and change in infant attachment in a low-income sample. Monographs of the society for research in child development, 64, 03: 119-144.
  • Wendland-Carro, J., Piccininni, C. A. & Milar, S. (1999). The role of an early intervention on enhancing the quality of mother-infant interaction. Child Development, 70, 713-717.
  • 1
    Este estudo foi parte integrante da dissertação de mestrado da primeira autora, realizada e defendida no Programa de Pós-Graduação em Psicologia: Teoria e Pesquisa do Comportamento, da Universidade Federal do Pará. Os autores agradecem os comentários valiosos de Maria Auxiliadora Dessem, na primeira versão do manuscrito, e a ajuda na coleta de dados realizada por Andressa L. Fernandes, Lívia C.A. Costa, Sarah Danielle B. Silva e Volanda G.M. Santis.
    2
    Endereço: Rua Rodrigues de Farias, 16, Curió - Belém, PA. CEP: 66610-530.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      01 Set 2003
    • Data do Fascículo
      Dez 2002

    Histórico

    • Aceito
      29 Nov 2002
    • Recebido
      29 Set 2002
    Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, 70910-900 - Brasília - DF - Brazil, Tel./Fax: (061) 274-6455 - Brasília - DF - Brazil
    E-mail: revistaptp@gmail.com