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Phraseology in Foreign Language Learning and Teaching

NOTAS SOBRE LIVROS BOOKNOTES

Por/by: Francisco Gomes de Matos

Letras/CAC/UFPE, Recife. E-mail: fcgm@hotlink.com.br

MEUNIER, Fanny & GRANGER, Sylviane (eds). 2008. Phraseology in Foreign Language Learning and Teaching. Amsterdam / Philadelphia. John Benjamins Publishing Company. ISBN 9789027232441. xii + 259 p.

Um dos avanços promissores na Tradição de Ensino-Aprendizagem de Línguas tem a ver com Estudos Fraseológicos. Embora, intuitivamente, professores de línguas trabalhem a dimensão fraseológica, faltava, na literatura de Lingüística Aplicada, um volume que apresentasse uma síntese de pesquisas sobre fraseologia, conceito-termo ainda com baixa frequência de uso em programas de formação de professores, tanto de língua materna quanto segunda. Por isso, é mais que bem-vinda esta coletânea organizada por duas pesquisadoras da Universidade Católica de Louvain/ Bélgica. A um magistral Prefácio de Nick C. Ellis (Phraseology. The periphery and the heart of language), seguem-se uma introdução, pelas organizadoras, 4 seções (I. Extracting and describing phraseological units; II. Learning phraseological units; III. Recording and exploiting phraseological units;

IV. Concluding remarks e dois índices (autores/assuntos). Fruto de um encontro interdisciplinar sobre Fraseologia, realizado em Louvain-la-Neuve em outubro de 2005, este volume (a ser complementado por outro: Phraseology: An Interdisciplinary Perspective, sob responsabilidade das referidas organizadoras) dá visibilidade a uma tradição que teve notáveis precursores, dentre os quais John R. Firth e Charles C. Fries - na era estruturalista - e, mais recentemente, o saudoso John Sinclair, a quem o livro é dedicado. Ao lado desses lingüistas, acrescentaríamos o nome de W.R.Lee, autor do pioneiro A Study Dictionary of Social English, publicado pela Pergamon Press em 1983. Nessa criação lexicográfica há 33 fraseologias referentes a situações sociais freqüentes, dentre as quais Agreeing/Disagreeing e Sympathizing. Chamo atenção para esse livro, por ser pouco conhecido, mesmo entre pesquisadores de Fraseologia. Com base em sua experiência e intuição, Lee orienta sobre possíveis valores sociais atribuidos a variantes frasais.

Aos interessados em um bom exemplo de aplicação de Estudos Fraseológicos à Lexicografia em língua portuguesa, recomendo a consulta ao Dicionário UNESP do Português Contemporâneo, de Francisco S.Borba (São Paulo, Editora UNESP, 2004), em que se faz uso da prática de construções equivalentes em vários verbetes, "com o intuito de estimular a ampliação do vocabulário do usuário, por meio de um jogo de equivalências" (Introdução). Ainda a propósito de equivalência fraseológica, registre-se a inclusão de duas técnicas centradas nesse conceito - diálogos equivalentes e frases equivalentes - no material didático Português do Brasil para Estrangeiros. Conversação, Cultura e Criatividade, elaborado no Centro de Lingüística Aplicada Yázigi/SP em 1978, de co-autoria de Sonia Biazzioli e este resenhador.

Após essa digressão, historicamente motivada, comentemos alguns dos aspectos positivos desta coletânea, produzida por 15 autores, assim distribuídos nacionalmente: Bélgica (4),

França, Alemanha, Inglaterra, Nova Zelândia (2, cada), Espanha, Estados Unidos e Taiwan (1, cada). Em seu Prefácio, Ellis argumenta que "the phrase is the basic level of language representation where form and meaning meet with greatest reliability" e acrescenta que para Sinclair, a unidade lingüística é "the phrase, the whole phrase, and nothing but the phrase" (6). Na primeira Parte (5 capítulos), discute-se: Fraseologia em relação a verbos do inglês no British National Corpus, Erros de aprendizes adiantados de inglês, Contrastes Inglês-Espanhol de fraseologias interpessoais. A segunda Parte enfoca as relações entre Fraseologia e Inglês para fins acadêmicos e os tipos de recursos e instrumentos digitais que podem incentivar a aprendizagem de expressões multivocabulares. Na terceira Parte, uma síntese bem documentada da abordagem fraseológica em dicionários para aprendizes de inglês, francês e alemão. As Conclusões constituem um balanço das realizações na fascinante área da Fraseologia e dos desafios com que se deparam pesquisadores.

Granger e Meunier argumentam, com razão, em favor de uma conscientização fraseológica em programas de formação de professores. Eis suas palavras: "Teachers (and particularly non-native teachers) should be made aware of the phraseological view of language and of the exercises and tools that research on phraseology has promoted, as they will undoubtedly help foster both teacher and learner empowerment"(251). Embora o volume seja destinado a quem atua no Ensino de Línguas Estrangeiras, pode o mesmo beneficiar educadores da área de Língua Materna, onde alguns avanços significativos já ocorrem na área de Estudos Fraseológicos. Um exemplo: o livro de Jeff Zwiers, Developing Academic Thinking Skills in grades 6 - 12. A Handbook of Multiple Intelligence Activities, publicado pela International Reading Association, 2004, no qual encontram-se 12 fraseologias.

Em suma, uma expressiva contribuição belga à relevante área de Estudos Fraseológicos Aplicados à Educação em Língua Estrangeira.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Set 2009
  • Data do Fascículo
    2008
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