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Language as a complex adaptive system

NOTAS SOBRE LIVROS

Ellis, Nick C. & Diane Larsen-Freeman (Eds.) 2009. Language as a complex adaptive system. Ann Arbor: Language Learning, 59. Supplement 1, December. Language Learning research club. University of Michigan. Published by Wiley-Blackwell. ISSN 0023-8333

Francisco Gomes de Matos

(Professor Emérito, UFPE e Professor Visitante, FAFIRE, Recife)

Em dezembro de 1988, a revista Language Learning, A journal of research and language studies, publicou um número comemorativo de seus 50 anos. Aquele Jubilee Special Issue incluiu uma contribuição do saudoso J. C. Catford para a História da Linguística Aplicada: Language Learning and Applied Linguistics: a historical sketch (34 p.). Nesse texto, Catford endossa minha afirmação (1980) de que o início institucional da Linguística Aplicada ocorreu em 1941, ano da fundação do English Language Institute, University of Michigan. Vale registrar que a referida revista foi a primeira, no mundo, a incluir a expressão Applied Linguistics em seu nome. Assim, no subtítulo, lia-se A journal of Applied Linguistics. A mudança de subtítulo ocorreu em 1992, por sugestão de Alister Cumming.

Decorridos 60 anos do auspicioso lançamento de Language Learning, publica-se este número sob a competente organização de dois notáveis linguistas aplicados, cuja obra é (re)conhecida internacionalmente. Os textos incluídos resultam de um encontro realizado na University of Michigan, de 7 a 9 de novembro de 2008.

Como está organizado este número, relevante para estudos interdisciplinares teóricos e aplicados? Após o Editorial and Dedications (3 p.), seguem-se 11 textos cujos títulos informam sobre a diversidade temática abordada: Language is a complex adaptive system: Position paper (coescrito por 10 linguistas: 3 da University of Michigan, 3 da University of New Mexico, 1 da University of Edinburgh, 1 de Indiana University,1 de Cornell University e 1 do Santa Fe Institute); A Usage-based account of constituency and reanalysis: The speech community in evolutionary language dynamics; Linking rule acquisition in novel phrasal constructions; Constructing a second language: analyses and computational simulations of the emergence of linguistic constructions from usage; A usage-based approach to recursion in sentence processing; Evolution of brain and language; Complex adaptive systems and the origins of adaptive structure: what experiments can tell us; Meaning in the making: meaning potential emerging from acts of meaning; Individual differences: interplay of learner characteristics and learning environment; If Language is a complex adaptive system, what is language assessment?

Os leitores também se beneficiam com um Subject Index (7 p.), do qual selecionei os conceitos-termos com mais de 10 entradas: affect, agent, arguments, attention, categorization, change, comprehension, context, construction, cortex, criterion features, data, emergence, evolution, factors, frequency, grammar, interaction, language, learning, memory, modeling methods, network, performance, production, selection, semantics, situations, social interaction, speech, task, usage-based, us.

Aos leitores interessados em Terminologia, sugiro que observem as ocorrências de process, mechanism e phenomenon. O primeiro termo tem freqüência maior, mas mechanism também aparece em várias passagens. O terceiro termo é o menos usado. Em um mesmo parágrafo (p.15) os três termos são usados: phenomenon, uma vez; mechanisms, duas vezes; process, uma vez. Caberia aos terminólogos atuantes em Linguística levantar a frequência dos dois termos, process e mechanism e verificar, com ajuda da Estilística, as preferências terminológicas atuais. A propósito, para quem conheceu idioleto na era dos estudos estruturalistas, esse termo ocorre várias vezes no magnífico Position Paper (cf.pp.14 e 15). A criatividade terminológica dos linguistas está bem representada no volume. Veja-se, por exemplo, lingueme (p.13), que designa todos os tipos de variação linguística, desde sons vocálicos à estrutura frasal.

Após a leitura deste número e de muitas anotações fazer, concluo com três afirmações (traduzidas) que podem inspirar pesquisadores:

(I) Pesquisas recentes, em ciências cognitivas, demonstram que padrões de uso exercem grande influência na maneira como a linguagem é adquirida, usada e modificada. Esses processos interdependentes constituem facetas do mesmo sistema complexo adaptável: a linguagem.(p.1); (II) A abordagem de SCA-Sistema complexo adaptativo-propicia novos rumos para pesquisas centradas em dados oriundos de métodos diversos: análise de corpora, comparações interlinguísticas, estudos antropológicos e históricos de gramaticalização, experimentos psicológicos e de neurociência e modelização computacional (p.3); (III) A compreensão de conhecimentos de Linguística cognitiva, Psicolinguística e Sociolinguística aplicados à aquisição de uma segunda língua requer níveis de complexidade que vão além dos referentes à aquisição da primeira língua (p.11).

Privilegiadamente, acompanho a evolução de Language Learning, desde 1959, quando mestrando na University of Michigan, trabalhei no escritório dessa notável publicação e lá, em 1962, ensaiei meus primeiros passos como book reviewer. Mas isso é outra história...

Aos organizadores, autores e à editora, felicito por essa contribuição relevante: mostra o que um grupo de pesquisadores da anglofonia está pesquisando, em áreas complexas, mas fascinantes sobre a maravilha mental mulfiforme à nossa disposição criadores de sentido: a linguagem.

E-mail: fcgm@hotlink.com.br

  • GOMES DE MATOS, F. 1980. First person. Linguistic Reporter. Newsletter of the Center of Applied Linguistics. Washington, D.C., October, p.7.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Abr 2011
  • Data do Fascículo
    2010
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