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Dicionário de Fonética e Fonologia

NOTAS SOBRE LIVROS BOOKNOTES

Francisco Gomes de Matos

Professor Emérito de Linguística, UFPE, Recife e-mail: fcgm@hotlink.com.br

SILVA, Thais Cristófaro. 2011. Dicionário de Fonética e Fonologia. Colaboradoras: Daniela Oliveira Guimarães e Maria Mendes Cantoni. São Paulo: Editora Contexto ISBN 978-85-7244-620-4 239 p.

Auspiciosa contribuição à Tradição de Dicionários Terminológicos em língua portuguesa, esta obra de referência e de aprendizagem autônoma resulta do trabalho incansável de uma de nossas mais produtivas foneticistas-fonólogas, autora de Fonética e Fonologia do Português e Exercícios de Fonética e Fonologia, ambos publicados pela Editora Contexto. Este Dicionário de Fonética e Fonologia (DFF) recebeu o apoio do CNPq, da Fapemig, do e-Labore (Laboratório Eletrônico de Oralidade e Escrita) e da Faculdade de Letras da UFMG.

DFF contém Agradecimentos (1 p.), Apresentaçãp (4 p.), Índice inglês-português (14 p.), Sons do português (14 p.), Relação Letra-Som (4 p.), Entradas (178 p), Bibliografia (3 p.), Índice remissivo (9 p.), informações sobre a Autora (1 p.) e sobre as Colaboradoras (1 p.).

Na Apresentação, Silva esclarece que buscou-se também "incluir termos técnicos relevantes para as áreas de Letras, Fonoaudiologia, Psicolinguística, Pedagogia, Música e Tecnologia da Fala" (9), o que talvez justificasse o acréscimo de "e de termos de áreas afins" no título da obra. Ainda na Apresentação sabemos que houve "consulta a manuais clássicos de Fonética e Fonologia utilizados no Brasil"(p.7). Essa decisão louvável justificaria a inclusão, na Bibliografia, do Dicionário de Linguística e Gramática, do saudoso J.Mattoso Camara Jr. (Vozes, 1977 e sucessivas edições), uma vez que essa criação terminológica Mattosiana contém diversos verbetes de natureza fonético-fonológica.

Há muitos pontos positivos no DFF. Destaco cinco:

1. A listagem bilíngue, dos termos (inglês-português), o que contribui para a formação terminológica, nossa e de nossos estudantes. Perguntemo-nos e aos nossos alunos: Além de conhecermos a terminologia em inglês, conhecemos os termos equivalentes, em português? Se a resposta for negativa, evidencia-se a necessidade de preencher-se essa lacuna. Em meus cursos de Linguística Aplicada ao Ensino de Inglês (FAFIRE, Recife), costumo testar esse domínio terminológico bilíngue dos posgraduandos: alguns dos termos em português são desconhecidos. Chamo atenção para esse fato, pois tem a ver com os Direitos e Deveres Terminológicos de cientistas e educadores.

2. As bem organizadas, exemplificadas seções sobre Sons do Português e Relação Som-Letras. Subsídios relevantes para quem ensina português como língua materna ou língua estrangeira. Professores engajados no Letramento (ou na Literacia, para usar a variante adotada em Portugal) beneficiar-se-ão das Tabelas apresentadas. Louve-se o senso didático da autora e de suas colaboradoras.

3. Uso de negrito para destacar os termos (na Apresentação e no corpo do DFF). Promove, assim, processabilidade terminológica visual.

4. Cada entrada, em português, é seguida do equivalente em inglês. Excelente estratégia de auto-aprendizagem terminológica, principalmente para as pessoas que não estejam acostumadas a ler livros de Fonética e Fonologia em inglês.

5. Figuras relativas a algumas das definições. Esse contributo visual também otimiza a função didática do DFF. Exemplos de entradas com visualização: Aparelho fonador (p.60), Audição (p.66), Fonologia Métrica (p.117), Pregas vocais (cordas vocais) (p.179), Traço distintivo (212).

Mas, o que pode ser questionado em DFF? A ausência dos termos variedade e marcador do discurso e a opção (direito terminológico de Silva e colaboradoras) por fenômeno, em vez de processo, em muitas definições de termos. Exemplos: aférese, apócope, síncope, assimilação, neologismo, palatalização. Cabe perguntar se, didaticamente, essa opção por fenômeno seria mantida ou se optar-se-ia por processo. A definição para aliteração está incompleta: a rigor, trata-se da repetição de um som ou uma letra inicial em várias palavras em sequência, e não, como ensina DFF, de um som inicial (p.52). Na listagem terminológica bilíngue (inglês-português), senti falta de self-correction (auto-correção) e de false start (falso começo).

Em suma, DFF é um marco na história de criações terminológicas na área da Linguística, em língua portuguesa. Felicito a autora, as colaboradoras e a Editora pelo lançamento deste utilíssimo volume.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Set 2011
  • Data do Fascículo
    2011
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