Acessibilidade / Reportar erro

AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO NO CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM DE UM CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

EVALUACIÓN DE FORMACIÓN DEL CURSO TÉCNICO EN ENFERMERÍA DE UN CENTRO ESTATAL DE FORMACIÓN PROFESIONAL

RESUMO:

Avaliar a formação dos trabalhadores Técnicos em Enfermagem é uma necessidade para entender como esta formação se relaciona com a atuação profissional. Neste trabalho, objetivou-se traçar o perfil dos egressos de uma escola técnica; identificar como avaliam o processo ensino-aprendizagem realizado no curso; avaliar, na perspectiva dos egressos, a formação vivenciada em relação a sua atuação profissional. Estudo exploratório descritivo, com dados quantitativos distribuídos conforme frequência absoluta e relativa e qualitativos submetidos à análise de conteúdo. Participaram 128 egressos, 92,97% mulheres; 34,37 % casadas; 77,34% com menos de 40 anos; 64,07% conseguiram trabalho em até seis meses após o fim do curso; 40,63% estão empregados no serviço privado; a maioria das disciplinas foram consideradas suficientes para atuação profissional, com percentuais acima de 80%. Sistematizaram-se as temáticas: a formação técnica é passaporte para a inserção no mundo do trabalho; da formação técnica à formação humana integral; do papel dos professores na formação e coisas que poderiam ser diferentes no Curso Técnico em Enfermagem. A formação, na perspectiva dos egressos, foi suficiente e determinante em suas vidas para inserção e permanência no trabalho, demonstrando a importância de espaços públicos de formação técnica em enfermagem.

Palavras-chave:
Educação Técnica em Enfermagem; Educação Profissionalizante; Avaliação do Ensino

RESUMEN:

La evaluación de la formación de los trabajadores del Técnico de Enfermería es necesaria para comprender cómo esta formación se relaciona con el desempeño profesional. El objetivo fue rastrear el perfil de los egresados de una escuela técnica; identificar cómo evalúan el proceso de enseñanza-aprendizaje experimentado en el curso; evaluar, desde la perspectiva de los egresados, la formación experimentada en relación a su desempeño profesional. Estudio exploratorio descriptivo, con datos cuantitativos distribuidos según frecuencia absoluta y relativa y cualitativos sometidos a análisis de contenido. Participaron 128 egresados, 92,97% mujeres; 34,37% casado; 77,34% menores de 40 años; El 64,07% consiguió un trabajo dentro de los seis meses posteriores a la finalización del curso; El 40,63% está empleado en el servicio privado; la mayoría de las asignaturas se consideraron suficientes para el ejercicio profesional, con porcentajes superiores al 80%. Se sistematizaron los temas: la formación técnica es un pasaporte para el ingreso al mundo laboral; de la formación técnica a la formación humana integral; el rol del docente en la formación y las cosas que podrían ser diferentes en el Curso Técnico de Enfermería. La formación, desde la perspectiva de los egresados, fue suficiente y decisiva en la vida de los egresados para la inserción y permanencia en el trabajo, mostrando la importancia de los espacios públicos para la formación técnica en enfermería.

Palabras clave:
Educación Técnica en Enfermería; Educación Vocacional; Evaluación de la Enseñanza

ABSTRACT:

There is a need to evaluate the licensed practical nurse (LPN) programs to understand how this educational background is related to professional performance. The objective was to track the alumni profile of an LPN school; identify how they evaluate the teaching-learning process experienced in the course; and evaluate, from the alumni perspective, the training experienced in relation to their professional performance. This is a descriptive exploratory study, with quantitative data distributed according to absolute and relative frequency and qualitative subjected to content analysis. In total, 128 alumni participated, 92.97% were women; 34.37% were married; 77.34% were under the age of 40; 64.07% got a job within six months after completing the course; 40.63% were employed in the private service; most of the disciplines were considered sufficient for professional practice, with percentages higher than 80%. The topics were systematized: technical training is a passport to enter the world of work; from technical training to comprehensive human training; the role of teachers in training and the things that could be different in the technical nursing course. The training, from alumni perspectives, was sufficient and decisive in their lives for insertion and permanence in work, showing the importance of public spaces for technical training in nursing.

Keywords:
Licensed Practical Nurse Program; Professional Education; Teaching Evaluation

INTRODUÇÃO

Os desafios na formação técnica em enfermagem envolvem desde o contexto histórico, político e econômico do país, até os múltiplos fatores pessoais inerentes aos professores e alunos. A formação profissional no ensino técnico de nível médio, cujo objeto deve ser a socialização da ciência, da cultura, das técnicas e de instrumentos que possam conduzir o egresso a ser agente de mudança no contexto do trabalho, pode ser apreendida para se demonstrar como ela prepara seus alunos para o desempenho profissional.

O olhar histórico para a educação profissional no Brasil revela marcas de uma formação marginalizada, direcionada a uma parcela da população que possivelmente não acessaria níveis superiores de formação (CUNHA, 2000CUNHA, Luiz A. O ensino industrial-manufatureiro no Brasil. Revista Brasileira de Educação. n. 14, maio./jun./jul./ago., 2000. <https://doi.org/10.1590/S1413-24782000000200006>
https://doi.org/10.1590/S1413-2478200000...
; MANFREDI, 2002MANFREDI, Silvia M. Educação Profissional no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002.). A própria terminologia acerca da educação profissional porta significados que remetem ao preparo para tarefas manuais (GALLINDO, 2013GALLINDO, Jussara. Formação para o trabalho e profissionalização no Brasil: da assistência à educação formal. In: BATISTA, E. L; MÜLLER, M. T. A Educação profissional no Brasil: história, desafios e perspectivas para o Século XXI. Campinas, SP: Editora Alínea, 2013. p. 68-75.). Relaciona-se com as mudanças nos processos produtivos na constituição econômica brasileira, o que configurou, no Brasil, a chamada dualidade educacional (formação de acordo com a classe social a que se pertence), conformando diferentes possibilidades de acesso à educação (CUNHA, 2000CUNHA, Luiz A. O ensino industrial-manufatureiro no Brasil. Revista Brasileira de Educação. n. 14, maio./jun./jul./ago., 2000. <https://doi.org/10.1590/S1413-24782000000200006>
https://doi.org/10.1590/S1413-2478200000...
). Distanciando-a, portanto, da reflexão teórica que deveria ser a marca de todos os processos de formação, especialmente nos anos finais da educação básica e na educação superior.

Estudos sobre a educação profissional técnica de nível médio em enfermagem no Brasil têm demonstrado a preocupação em avaliar a formação ofertada. Franco e Milão (2020FRANCO, Miriam T.; MILLÃO, Luzia F. Integração ensino-serviço na formação técnica de enfermagem. Rev. Eletr. Enferm ., v. 22, 22, n. 55299, p. 1-7, 2020. <https://doi.org/10.5216/ree.v22.55299>
https://doi.org/10.5216/ree.v22.55299...
) estudaram a integração ensino-serviço na formação técnica em Enfermagem. Bógus et al. (2011BÓGUS, Cláudia M. et al. Conhecendo egressos do Curso Técnico de Enfermagem do PROFAE. Rev Esc Enferm USP. v. 45, n. 4, p. 945-52, 2011. <https://doi.org/10.1590/S0080-62342011000400022>
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201100...
) pesquisaram, no Estado de São Paulo, os reflexos do curso para a atuação na profissão e a mobilidade no mercado de trabalho e, Brasil (2020BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Rede de Escolas Técnicas do SUS. Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. Formação de trabalhadores técnicos em saúde no Brasil. Relatório Final. Rio de Janeiro, 2020.) analisou a formação de trabalhadores técnicos em saúde no Brasil no período de 2010 a 2016, sob a ótica da política de formação, da análise das diretrizes teórico-metodológicas e da comparação de formação em diferentes regiões do Brasil.

Atualmente, o Curso Técnico em Enfermagem é um dos cursos da educação profissional, porém nem sempre foi realizado na modalidade de educação profissional técnica de nível médio, assim como as demais formações profissionais no Brasil. Foi a partir de 2004 que alçaram essa categoria, pelo Decreto No. 5.154/2004, o qual tinha em vista superar a dualidade educacional, característica da formação de trabalhadores (BRASIL, 2004BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto Nº 5.154 de 23 de julho de 2004. Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 41 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e dá outras providências. Brasília, 2004.; BRASIL, 2012BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução nº 6, de 20 de setembro de 2012. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio. Brasília, 2012.).

A realização desse estudo articula-se, portanto, com o processo de constituição da enfermagem e de seu ensino que, no contexto nacional e internacional, em face da divisão social do trabalho, conformou-se como uma profissão com diferentes agentes para realizar o cuidado. Ao longo da história, esse trabalho foi prestado por práticos, religiosas, atendentes de enfermagem, auxiliares de enfermagem e, a partir da década de 1960, somaram-se a esse grupo de profissionais os Técnicos em Enfermagem. A equipe de enfermagem no Brasil é composta pelo enfermeiro, responsável pela coordenação e formação, e os auxiliares e técnicos (OGUISSO; CAMPOS; MOREIRA, 2011OGUISSO, Taka; CAMPOS, Paulo F. S.; MOREIRA, Almerinda. Enfermagem pré-profissional no Brasil: questões e personagens. Enferm. Foco, v. 2, p. 68-72, maio 2011. <https://doi.org/10.21675/2357-707X.2011.v2.nSUP.85>
https://doi.org/10.21675/2357-707X.2011....
; GEOVANINI et al., 2019GEOVANINI, Telma. et al. História da Enfermagem: versões e interpretações. 4. ed.Rio de Janeiro: Thieme Revinter Publicações, 2019.).

Segundo o Conselho Federal de Enfermagem, atuam na área, 2.432.299 profissionais, sendo 429.182 (17,65%) auxiliares de enfermagem, 1.408.311 (57,9%) técnicos em enfermagem, 594.503 (24,44%) enfermeiros e 303 (0,01%) obstetrizes (COFEN, 2021COFEN. Enfermagem em números. 2021. Disponível em: <Disponível em: http://www.cofen.gov.br/enfermagem-em-numeros >. Acesso em:18/02/2021.
http://www.cofen.gov.br/enfermagem-em-nu...
). Esses dados mostram que o profissional Técnico em Enfermagem assume, em maior quantidade, o cuidado de enfermagem nas instituições.

Dentre as escolas que ofertam essa formação na cidade de Cascavel, localizada na região Oeste do Estado do Paraná, há o Centro Estadual de Educação Profissional Pedro Boaretto Neto (CEEP), que passou a ofertá-la em 2005. O CEEP é uma escola estadual, com diversos cursos de nível técnico, que iniciou suas atividades em 2003, quando a formação na educação profissional foi retomada no Paraná (BUGS et al., 2015BUGS, Bruna M. et al. Formação de auxiliares e técnicos de enfermagem em Cascavel - Paraná: 1980 a 2010. Hist enferm Rev eletrônica. v. 6, n. 2, p. 265-87, 2015. Disponível em:<Disponível em:https://here.abennacional.org.br/here/Formacao_auxililiares_HERE_2015.pdf >. Acesso em 12/08/2019.
https://here.abennacional.org.br/here/Fo...
).

Para Cerqueira et al. (2009CERQUEIRA, Marília B. R. et al. O egresso da Escola Técnica de Saúde da Unimontes: conhecendo sua realidade no mundo do trabalho. Trab. Educ. Saúde. Rio de Janeiro, v. 7 n. 2, p. 305-328, jul./out. 2009. <https://doi.org/10.1590/S1981-77462009000200007>
https://doi.org/10.1590/S1981-7746200900...
), se a escola cumpre sua função educativa e de preparação para o mundo do trabalho, ela seria facilitadora da inserção e continuação da vida profissional do indivíduo, uma escola inclusiva que proporciona a cidadania e desenvolve o pensamento crítico-reflexivo. A avaliação dessa formação, a partir dos egressos pode contribuir para o acompanhamento, desenvolvimento, reformulação e, se necessário, construir novos caminhos para o curso Técnico em Enfermagem.

O modelo de educação proposto nas escolas técnicas no Paraná, a partir de 2002, havia sido o de emancipação para o trabalho, sem dualidade, em consonância com a construção de uma sociedade justa, baseando-se na formação que articulasse as diversas relações e os fenômenos encontrados ao longo do exercício profissional. Esta compreensão da educação profissional rompe com a exclusiva adequação da formação ao mercado de trabalho, à empregabilidade e laboralidade; adota-se o compromisso com a formação humana pela apropriação de conhecimentos científicos, tecnológicos e histórico sociais, por meio da escolarização (PARANÁ, 2006PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Departamento de Educação Profissional. Diretrizes da educação profissional: fundamentos políticos e pedagógicos. Curitiba: SEED-PR, 2006.).

Este estudo buscou responder como Técnicos em Enfermagem avaliam a formação vivenciada em relação com sua inserção no mundo do trabalho, tendo como objetivos: traçar o perfil dos formandos de uma escola técnica; identificar como os egressos avaliam o processo ensino-aprendizagem experienciado no curso e avaliar, na perspectiva dos egressos, a formação vivenciada em relação a sua atuação profissional.

Parte-se do pressuposto de que a escola deve cumprir a sua missão enquanto formadora de indivíduos profissionalizados com possibilidades de exercício técnico na área de enfermagem com a finalidade de consolidar o que foi mediado pelos professores em sala de aula, em laboratório e campo de estágio, com conhecimento científico e com o esclarecimento da necessidade de buscar o constante aperfeiçoamento tendo em vista das mudanças frequentes da área de saúde. Sendo assim, acredita-se que a formação técnica em enfermagem oferecida deveria formar indivíduos com conhecimento científico e com relações humanas necessárias para atuar nos cuidados do indivíduo, da família e da coletividade, em todas as fases evolutivas, com capacidade de desenvolver atividades nos três níveis de atenção à saúde, aptos a refletir sobre seus atos durante a assistência de enfermagem.

APONTAMENTOS METODOLÓGICOS

Este trabalho classifica-se como um estudo de caso (YIN, 2015YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Tradução: Cristhian Matheus Herrera, 5. ed.Porto Alegre: Bookman, 2015.), exploratório descritivo, com dados quantitativos e qualitativos, cujos participantes foram alunos egressos do curso Técnico em Enfermagem de um Centro Estadual de Educação Profissional na região Oeste do Paraná que oferta cursos na modalidade subsequente e integrada em três turnos de funcionamento. Ao todo são 88 turmas e aproximadamente 2700 alunos, provenientes de cerca de 35 municípios da região. O Centro conta com cerca de 45 funcionários e 211 professores; laboratórios de informática, eletrônica, eletromecânica, enfermagem, edificações, física, química e biologia, Central de Estágio e Central de Materiais (CEEP, 2017PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento de Educação e Trabalho. Plano de Curso Técnico em Enfermagem - Subsequente. 2016.).

Esse curso iniciou-se em 2005 na modalidade subsequente, semestral, com dois anos de duração. É o único curso público de técnico em enfermagem do município, criado após o fim do governo Jaime Lerner, que encerrou o curso público de Auxiliar de Enfermagem do Colégio Estadual Marilis Faria Pirotelli (GIRARDELLO; RODRIGUES; CONTERNO, 2014GIRARDELLO, Débora T. F. RODRIGUES, Rosa M., CONTERNO, Solange F. R. A história da educação profissionalizante em enfermagem no Oeste do Paraná: enfoque no Centro Estadual de Educação Profissional Pedro Boaretto Neto-CEEP. Educere - Revista de Educação. v. 9, n. 17, p. 307-315. jan./jun. 2014. <https://doi.org/10.17648/educare.v9i17.8142>
https://doi.org/10.17648/educare.v9i17.8...
; CEEP, 2017). As mudanças ocorridas nas matrizes curriculares desde a sua criação, evidenciam a busca para ajustar a equação formação profissional e sujeitos humanos autônomos, de forma que atendam ao que é necessário no campo da saúde coletiva e não somente à assistência hospitalar, ao par da constante preocupação em acompanhar as exigências do mundo do trabalho, assim como as configurações do Sistema Único de Saúde (BUGS et al., 2015BUGS, Bruna M. et al. Formação de auxiliares e técnicos de enfermagem em Cascavel - Paraná: 1980 a 2010. Hist enferm Rev eletrônica. v. 6, n. 2, p. 265-87, 2015. Disponível em:<Disponível em:https://here.abennacional.org.br/here/Formacao_auxililiares_HERE_2015.pdf >. Acesso em 12/08/2019.
https://here.abennacional.org.br/here/Fo...
). Atualmente, a formação se desenvolve em um projeto político pedagógico disciplinar com 17 disciplinas divididas em quatro semestres.

Para contatar os egressos, foram enviados convites a 303 dos 377 (nem todos foram localizados) que concluíram o curso entre os anos de 2014 e 2018, com o link para preenchimento do instrumento de coleta de dados on-line e desses, retornaram 128 instrumentos com as questões obrigatórias respondidas. Os critérios de inclusão foram: ter cursado e concluído o ensino técnico em enfermagem no CEEP entre 2014 e 2018 e ter devolvido o instrumento de coleta de dados on-line, com todas as questões obrigatórias respondidas. Delimitou-se o período de 2014 a 2018, por considerar que seria tempo suficiente para captar o processo de formação e inserção profissional, assim como, avaliar se a formação foi suficiente para esta inserção. Além disso, períodos anteriores seriam prejudicados pela inacessibilidade aos endereços de e-mail e telefone. Os nomes e telefones dos egressos foram obtidos após protocolo de pedido de autorização de pesquisa junto ao Núcleo Regional de Educação, o qual se encontra dentro da estrutura organizacional da Secretaria de Educação do Estado do Paraná.

O instrumento de coleta de dados, com 40 questões, foi construído considerando a caracterização dos sujeitos, os elementos que compõem o processo ensino-aprendizagem (planejamento docente, conteúdos/disciplinas, metodologias de ensino, avaliação, relação professor-aluno, recursos para o ensino - físicos, humanos, materiais - e a inserção/atuação profissional. Ele teve como referência as Diretrizes Curriculares para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio (BRASIL, 2012BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução nº 6, de 20 de setembro de 2012. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio. Brasília, 2012.), o Projeto Pedagógico dos Cursos Técnicos em Enfermagem do Paraná (PARANÁ, 2016PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento de Educação e Trabalho. Plano de Curso Técnico em Enfermagem - Subsequente. 2016.) e o Projeto Pedagógico da escola (CEEP, 2017PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento de Educação e Trabalho. Plano de Curso Técnico em Enfermagem - Subsequente. 2016.).

Esse instrumento foi avaliado por seis docentes do curso Técnico em Enfermagem em uma oficina, no dia 04 de fevereiro de 2020, que sugeriram alterações no formato das perguntas, as quais foram acatadas. O instrumento contemplou a avaliação de todas as disciplinas do curso, individualmente numa escala de 1 a 10, ao quanto cada uma foi suficiente para sua atuação profissional. Os valores de 1 a 4 foram considerados insuficientes, de 5 a 7 parcialmente suficientes, e 8 a 10 suficientes.

A coleta de dados quantitativos ocorreu de maneira virtual, mediante o envio de instrumento assíncrono (FLICK, 2013FLICK, Uwe. Introdução à metodologia de pesquisa: um guia para iniciantes. Tradução: Magda Lopes; revisão técnica: Dirceu da Silva. Porto Alegre: Penso, 2013.), utilizando se a ferramenta LimeSurvey (LIMESURVEY, 2015LIMESURVEY. Limesurvey Project Team/Carsten Schmitz. LimeSurvey: An Open Source survey tool. LimeSurvey Project Hamburg, Germany, 2015.), versão 2.64, atualizada em março de 2017, e o link dos questionários foi enviado por aplicativo de mensagens (WhatsApp).

Dentre as listas de alunos dos anos selecionados foram sorteados dois de cada semestre, uma vez que a escola tem duas entradas ao ano, os quais foram contatados via WhatsApp para verificação da disponibilidade e interesse em participar de uma entrevista, compondo os participantes da etapa qualitativa de coleta de dados, de forma que, ao final foram realizadas 30 entrevistas cuja questão norteadora foi: fale sobre sua formação e o quanto ela contribuiu na sua atuação; e outras questões foram elaboradas visando a levantar o processo vivenciado (conteúdos, métodos de ensino, avaliação, condições estruturais físicas e humanas), na formação para atuação profissional. As entrevistas deveriam ser presenciais ou com chamadas de vídeo, mas em função da pandemia do Covid-19 e da disponibilidade dos participantes, o meio possível foram as trocas de mensagens de texto e áudio. A coleta de dados quantitativos e qualitativos ocorreu nos meses de abril e maio de 2020. Definiram-se previamente duas entrevistas por semestre, as quais foram suficientes, pois as respostas convergiam, não havendo necessidade de ampliar o número previamente estipulado.

Os dados quantitativos foram distribuídos em tabelas para exposição dos números absolutos e percentuais, e os qualitativos foram submetidos à análise de conteúdo nas três etapas propostas para esse tipo de análise (BARDIN, 2016BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. 3ª Reimpressão. São Paulo: Edições 70, 2016.). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, Parecer 3669176 e CAE 24300619.3.0000.0107. As falas estão identificadas com as iniciais da palavra aluno = A, o ano, semestre e turno.

RESULTADOS

A Tabela 1 mostra a distribuição dos respondentes, observando-se que, em média 41,2% devolveram o questionário com maior percentual de respostas no ano de 2018 com 45 (58,44%).

Tabela 1
Distribuição dos egressos e participantes do estudo, entre os anos de 2014 e 2018. Cascavel/PR, 2020.

Dentre os 128 egressos que responderam, 119 (92,97%) eram do sexo feminino e nove (7,03%) masculino. Eram casadas(os) 44 (34,37%); solteiras(os) 46 (35,94%); viviam em união estável, 27 (21,1%); eram divorciadas(os) 10 (7,81%); e uma viúva (0,78%), mostrando um perfil predominante de mulheres, com famílias constituídas.

A distribuição, quanto à idade, evidencia que a maioria 99 (77,34%) tem menos de 40 anos, pois 32 (25%) tinham de 20 a 24 anos; 25 (19,53%), de 25 a 29 anos; 19 (14,84%), de 30 a 34 anos; 23 (17,97%), de 35 a 39 anos; 14 (10,94%), de 40 a 49 anos; 9 (7,03%) de 45 a 49 anos e, 6 (4,69%) tinham 50 anos ou mais.

Os egressos informaram, em sua maioria, 82 (64,07%), que conseguiram trabalho em até seis meses após o fim do curso; oito (6,25%) um ano após formado; três (2,34%) dois anos após formado; quatro (3,12%), não conseguiram trabalho; seis (4,69%) decidiram não atuar na área; quatro (3,12%) decidiram fazer outra formação, e 21 (16,41%) deram outras respostas a esta questão. Destaca-se que mesmo nos anos mais recentes (2017 e 2018), a maioria conseguiu emprego em até seis meses após formado, mostrando o rápido ingresso no mercado de trabalho.

A maioria, 75 (58,79%), informou exercer a profissão com vínculo formal de trabalho (Carteira assinada - CLT). Uma parcela de 21 (16,41%) atuava em serviços públicos de saúde, após concurso público; dois (1,56%) estavam afastados por problemas de saúde; cinco (3,91%) estavam desempregados, e cinco (3,91%) abandonaram a profissão. Outras respostas foram dadas por 20 (15,62%) entrevistados, destacando-se os que haviam cursado e estavam exercendo profissões de nível superior como enfermagem (2), biomedicina (1) e medicina (1). Dentre os cinco que abandonaram a profissão, quatro (80%) alegaram motivos pessoais e familiares e um (20%) por outro motivo.

Quanto ao número de vínculos empregatícios, 79 (61,72%) atuam com um vínculo, 23 (17,97%) têm dois vínculos, e 26 (20,31%) não trabalham como técnicos em enfermagem. Informaram, em sua maioria 50 (39,06%), que trabalham 40 horas semanais. Entretanto, 41 (32,03%) trabalham mais de 40 horas semanais, 16 (12,5%) trabalham 30 horas semanais, dois (1,57%) trabalham 20 horas semanais, e 19 disseram desenvolver outra carga horária de trabalho.

No ano de 2020, período da pesquisa, o salário-mínimo nacional era de R$1.045,00 (hum mil e quarenta e cinco reais). Com base nele, os egressos informaram sua renda mensal que foi de dois salários-mínimos para 63 (49,22%); um salário-mínimo para 42 (32,81%); três salários-mínimos para 16 (12,5%); quatro salários-mínimos para 6 (4,69%) e cinco salários-mínimos para um (0,78%) dos entrevistados. Observa-se que a expressiva maioria, 105 (82,03%), recebe até dois salários-mínimos.

O hospital privado foi o local de trabalho mais citado, sendo 52 (40,63%), seguido do hospital público com 11 participantes (8,59%); hospital filantrópico foi citado por 10 (7,81%); a atenção domiciliar privada por quatro (3,13%); a unidade de saúde da família ou unidade básica de saúde, a Secretaria Municipal de Saúde e a Secretaria Estadual de Saúde tiveram duas menções (1,56%) cada, totalizando seis (4,68%) egressos. Informaram outros locais de trabalho 20 pessoas (35,16%).

A Tabela 2 mostra a distribuição da avaliação das disciplinas cursadas e o quanto elas foram suficientes para a atuação profissional, possibilitando observar que em todos os semestres, percentuais acima de 80% foram suficientes. Avaliações ligeiramente inferiores a 80% foram atribuídas às disciplinas de Biossegurança e Processamento de Artigos e Assistência de Enfermagem em Saúde Mental (segundo semestre), Assistência de Enfermagem à Criança e ao Adolescente e Fundamentos do Trabalho (terceiro semestre) e Enfermagem em Vigilância em Saúde (quarto semestre).

Tabela 2
Distribuição das disciplinas por semestre letivo e avaliação dos egressos. Cascavel/PR, 2020.

Quando avaliaram a carga horária das disciplinas, 113 egressos (88,28%) a consideraram suficiente; 12 (9,38%) parcialmente suficiente e três (2,34%) a consideraram insuficiente. O estágio curricular supervisionado foi considerado suficiente para 118 (92,19%), e parcialmente suficiente para 10 (7,81%).

Já os métodos de ensino foram considerados suficientes para 111 (86,72%); para 16 (12,5%) foram parcialmente suficientes, e para um (0,78%), foram insuficientes. Já as estratégias de avaliação foram suficientes para 117 (91,41%); para 10 (7,81%), parcialmente suficientes, e insuficiente para um (0,78%) egresso.

A estrutura física, por sua vez, foi considerada suficiente para 114 (89,06%) entrevistados; para 12 (9,38%) deles, parcialmente suficiente, e para dois (1,56%), insuficiente. Ao avaliar os laboratórios, 119 (92,97%) consideraram suficientes e, para nove (7,03%) eram parcialmente suficientes.

Quanto aos campos de prática onde realizaram os Estágios Curriculares Supervisionados, esses eram suficientes para 118 (92,19%) entrevistados; parcialmente suficientes para nove (7,03%); e um (0,78%) os considerou insuficientes. Na avaliação do desempenho dos professores que atuaram na formação, 125 (97,66%) consideraram ser suficientes; dois (1,56%), parcialmente suficientes, e um (0,78%) avaliou como insuficiente. Instados sobre a formação em todo o curso e o quanto ela os preparou para atuar profissionalmente, 121 (94,53%) consideraram o preparo suficiente, e sete (5,47%), parcialmente suficiente.

A sistematização pela análise de conteúdo dos dados qualitativos coletados de forma síncrona e assíncrona se deu pelas temáticas: a formação técnica é passaporte para a inserção no mundo do trabalho; da formação técnica à formação humana integral; do papel dos professores na formação; e das coisas que poderiam ser diferentes no Curso Técnico em Enfermagem, como apresentado no Quadro 1.

Em decorrência dos conhecimentos técnicos e científicos que adquiriram no curso, a atuação da escola foi determinante para a inserção no trabalho, pelo reconhecimento social da escola e a satisfação pessoal pela inserção e importância da formação, principalmente, nas respostas que a destacam como referência de qualidade, embora exija esforço.

As subjetividades, elementos de uma formação integral, se expressam nos sentimentos de gratidão, orgulho, mas para além disso, os egressos avaliam que a formação os tornou melhores, mudando sua forma de enfrentar o mundo, desde aspectos pessoais até os financeiros. Eles expressam o afeto desenvolvido pela profissão, como quando o egresso considera que o exercício profissional deve ser desenvolvido com amor ou a se colocar no lugar do outro, ou a se sentir apaixonado pelo trabalho, orgulhoso da qualidade de seu trabalho. Esses afetos foram mediados pelo processo de formação que atuou na construção da humanidade do sujeito trabalhador técnico em enfermagem.

Destacou-se, quando foram solicitados a avaliar a formação que receberam, na questão final do questionário on-line, a qualidade da atuação docente, como elemento diferenciador em sua formação. Importa considerar que a questão era sobre a avaliação da formação que receberam e os egressos voltam, em grande medida, a suas memórias à atuação docente que vivenciaram, o que sugere o valor que o professor da educação profissional adquire. As respostas repetem elementos já elencados nas subjetividades presentes na formação integral, para destacar que os professores desempenharam com competência seu trabalho, que a escola, de forma geral é um ambiente preparado para a formação de Técnicos em Enfermagem. Em duas respostas, aparece a importância de que o professor domine o que ensina e que poderiam melhorar as formas de ensinar, assim como a relação com os alunos.

Na temática das coisas que poderiam ser diferentes, foi registrada a necessidade de participação dos alunos nas decisões sobre a formação, remetendo à necessidade de diálogo entre os professores, a coordenação e os alunos. Alguns registraram a falta de materiais em alguns momentos para o ensino prático, a necessidade de melhorar a relação entre docentes e alunos e algumas disciplinas que poderiam ser deslocadas entre os semestres e outras inseridas, além de aumentar a carga horária para a formação.

Quadro 1
Temáticas e falas ilustrativas dos egressos sobre a formação. Cascavel/PR, 2020.

Quadro 1
Continuação

Quadro 1
Cntinuação...

Quadro 1
Continuação...

Os dados quantitativos e qualitativos mostram que a formação tem conseguido se diferenciar ao dispor, para o campo assistencial, técnicos em enfermagem em condições de assumir o cuidado desde a dimensão técnica até a humana. Eles estão discutidos conjuntamente na sequência.

DISCUSSÃO

A formação de Técnicos em Enfermagem no Brasil é majoritariamente privada: dos 1788 cursos, em 2015, 1214 eram privados, 503 eram estaduais, 48 federais e 23 municipais. A modalidade de oferta que se destaca é a subsequente, com 1229 cursos, 301 integrados e 258 concomitantes (BRASIL, 2020BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Rede de Escolas Técnicas do SUS. Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. Formação de trabalhadores técnicos em saúde no Brasil. Relatório Final. Rio de Janeiro, 2020.), dados que alertam para a necessidade de que os cursos públicos sejam fortalecidos e contribuam com a formação de profissionais diferenciados, em um ambiente dominado pelo setor privado.

No setor saúde, no qual atuam os técnicos em enfermagem, é notória e histórica a participação feminina. A enfermagem (enfermeiros, técnicos e auxiliares) corresponde a 78,9% desta força de trabalho, e 85,3% dos técnicos em enfermagem são mulheres e 14,7% homens (HERNANDES; VIEIRA, 2020HERNANDES, Elizabeth S. C.; VIEIRA, Luciana. A guerra tem rosto de mulher: trabalhadoras da saúde no enfrentamento à COVID-19. Associação Nacional dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental, 2020. Disponível em: Disponível em: http://anesp.org.br/todas-as-noticias/2020/4/16/a-guerra-tem-rosto-de-mulher-trabalhadoras-da-sade-no-enfrentamento-covid-19 . Acesso em:17/02/2021.
http://anesp.org.br/todas-as-noticias/20...
). Em Reis et al. (2020REIS, Regimarina S. et al. Desafios da formação de trabalhadores de nível médio para o Sistema Único de Saúde no Maranhão. Trabalho, Educação e Saúde, v. 18, n.2, 2020, e0025991. <https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00259>
https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol002...
), os números apontam que 81,7% eram mulheres e dentre elas, e 44% casadas. Os técnicos e auxiliares de enfermagem constituem 77% dos profissionais da equipe (Machado et al., 2015aMACHADO, Maria H. et al. Características gerais da enfermagem: o perfil sociodemográfico. Enferm. Foco. v. 6, n. 1/4, p. 11-17, 2015a. <https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.686>
https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016....
) e os técnicos em enfermagem representam 57,9% (1.408.311), dos profissionais da enfermagem (COFEN, 2021COFEN. Enfermagem em números. 2021. Disponível em: <Disponível em: http://www.cofen.gov.br/enfermagem-em-numeros >. Acesso em:18/02/2021.
http://www.cofen.gov.br/enfermagem-em-nu...
). Observa-se pelos dados locais que há quase 10% a mais de mulheres formadas no curso estudado, em relação à média nacional. Entretanto, está se firmando na enfermagem uma tendência à “masculinização” da categoria, com o aumento da presença masculina na sua composição. Essa tendência é recente, data do início da década de 1990. A predominância de mulheres foi um legado do modelo anglo americano, transladado ao Brasil que proibia a integração de homens à equipe de enfermagem (MACHADO et al., 2015aMACHADO, Maria H. et al. Características gerais da enfermagem: o perfil sociodemográfico. Enferm. Foco. v. 6, n. 1/4, p. 11-17, 2015a. <https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.686>
https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016....
, p. 10).

Neste estudo, evidenciam-se jovens que terminaram o ensino médio e foram buscar a profissionalização, vistos no total de 32 (25%), com idade de 20 a 24 anos; e adultos jovens que estão se profissionalizando ou ascendendo na própria equipe para um curso técnico, como os da faixa etária de 35 a 39 anos em um total de 23 (17,97%), revelando a importância da educação profissional para a inserção, mesmo que tardia, em uma atividade profissional sustentada em formação escolar. Reis et al. (2020REIS, Regimarina S. et al. Desafios da formação de trabalhadores de nível médio para o Sistema Único de Saúde no Maranhão. Trabalho, Educação e Saúde, v. 18, n.2, 2020, e0025991. <https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00259>
https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol002...
) encontraram a maior concentração (35,9%) na faixa etária entre 31 e 40 anos. Em Machado et al. (2015aMACHADO, Maria H. et al. Características gerais da enfermagem: o perfil sociodemográfico. Enferm. Foco. v. 6, n. 1/4, p. 11-17, 2015a. <https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.686>
https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016....
), discute-se que a enfermagem é uma profissão em rejuvenescimento, pois 40% dos trabalhadores tinham idade entre 36 e 50 anos, 38% entre 26 e 35 anos; além disso, 61,7% (1 milhão e 100 mil) tinham até 40 anos, configurando uma equipe predominantemente jovem.

A expansão do setor de saúde pode explicar a rápida inserção profissional dos participantes, expansão que se fez pelo contexto demográfico (crescimento e envelhecimento populacional), econômico, social (recuperação do mercado de trabalho e acesso de parte importante da população a planos de assistência médica, com aumento da pressão para a produção de bens, serviços e tecnologias de saúde diversificados e qualificados), e do ponto de vista político destacou-se a consolidação do Sistema Único de Saúde - SUS, com consequente avanço das políticas públicas na área. A Estratégia de Saúde da Família, por exemplo, contribuiu com a descentralização e expansão do mercado de trabalho da enfermagem, alterando o foco da assistência exclusiva dos hospitais para ambulatórios e comunidade (MACHADO et al., 2016aMACHADO, Maria H. et al. Mercado de trabalho em enfermagem no âmbito do SUS: uma abordagem a partir da pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil. Divulgação em Saúde Para Debate. Rio de Janeiro, n. 56, P. 52-69, de. 2016a. Disponível em:<Disponível em:https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/04/884409/mercado-de-trabalho-em-enfermagem-no-ambito-do-sus-uma-abordage_Uir6lGY.pdf >. Acesso em: 08/06/2019.
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/...
). O setor público de saúde, com dimensões continentais, abrange 75 mil estabelecimentos de saúde e incorpora mais de 1 milhão de trabalhadores da enfermagem, mais da metade da empregabilidade da categoria em todas as esferas (municipal, estadual e federal) (MACHADO et al., 2020MACHADO, Maria H. et al. Mercado de trabalho e processos regulatórios - a Enfermagem no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva. v. 25, n. 1, p. 101-112, 2020. <https://doi.org/10.1590/1413-81232020251.27552019>
https://doi.org/10.1590/1413-81232020251...
).

Como já discutido acima, a expansão do setor saúde explica a incorporação dos egressos no trabalho formal. Entretanto, neste estudo, os egressos estão sendo mais incorporados em instituições hospitalares (privadas e filantrópicas), com vínculo de trabalho da CLT. É uma profissão que se desenvolve institucionalizada, inserindo-se fortemente nas estruturas formais de emprego, seja no setor público, privado ou filantrópico, evidenciando que há empregabilidade intrínseca à categoria. Atividades autônomas são desenvolvidas, mas não chegam a configurar a atuação liberal expressiva, como por exemplo, na atenção domiciliar (MACHADO et al., 2015bMACHADO, Maria H. et al. Mercado de trabalho da enfermagem: aspectos gerais. Enferm. Foco, v. 6, n. 1/4, p. 43-78, 2015b. <https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.691>
https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016....
). Silva et al. (2020SILVA, Raimunda M. et al. Precarização do mercado de trabalho de auxiliares e técnicos de Enfermagem no Ceará, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, n. 1, p.135-145, 2020. <https://doi.org/10.1590/1413-81232020251.28902019>
https://doi.org/10.1590/1413-81232020251...
) evidenciaram um quadro de quase pleno emprego entre auxiliares e técnicos em enfermagem, em estudo nacional no ano de 2013, quando estavam desempregados 4,1% destes profissionais. No entanto, nos últimos 12 meses daquele ano, o percentual aumentou para 8,3%. Machado et al. (2015bMACHADO, Maria H. et al. Mercado de trabalho da enfermagem: aspectos gerais. Enferm. Foco, v. 6, n. 1/4, p. 43-78, 2015b. <https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.691>
https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016....
) identificaram que o desemprego é uma realidade para os auxiliares e técnicos uma vez que 9,4% deles informaram ter experimentado o desemprego nos últimos 12 meses daquele estudo.

Em relação à continuidade da formação, o estudo mostrou que 1/3 (34,3%) dos auxiliares e técnicos está cursando ou já possui nível superior, configurando uma categoria que amplia sua qualificação, motivada pelo maior acesso a cursos superiores evidenciado no país nos últimos anos. Dentre os que fizeram graduação em enfermagem, 1/3 (31,4%) realizou curso de técnico ou de auxiliar de enfermagem e exerceram a atividade anteriormente (MACHADO et al., 2016bMACHADO, Maria H. et al. Aspectos gerais da formação da enfermagem: o perfil da formação dos enfermeiros, técnicos e auxiliares. Enferm. Foco. v. 6, n. 2/4, p. 15-34, 2016b. <https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.687>
https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016....
). Os técnicos em enfermagem, ao buscar a graduação, almejam por qualificação e mobilidade ascendente no mercado de trabalho, movimento recente e acelerado no setor saúde (CHINELLI; VIEIRA; SCHERER, 2019CHINELLI, Fillippina; VIEIRA, Monica; SCHERER, Magda D. A. Trajetórias e subjetividades no trabalho de técnicos de enfermagem no Brasil. Laboreal, v. 15, n. 1, 2019. <https://doi.org/10.4000/laboreal.1661>
https://doi.org/10.4000/laboreal.1661...
).

É comum na enfermagem a afirmação de que há sobrecarga de trabalho, mas os dados mostram que a maioria atua em um emprego. Os resultados de Machado et al. (2015bMACHADO, Maria H. et al. Mercado de trabalho da enfermagem: aspectos gerais. Enferm. Foco, v. 6, n. 1/4, p. 43-78, 2015b. <https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.691>
https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016....
) mostraram que 65,4% dos sujeitos atuavam em uma atividade laboral, e 24% tinham dois vínculos de trabalho, evidenciando o que os autores chamam de “mito do múltiplo emprego”. Contudo, alertam que ao fazer esta afirmação, o participante pode não estar considerando as atividades temporárias que realiza ou mesmo fazendo plantões extras nas instituições. Outrossim, é possível considerar que, sendo na maioria mulheres e casadas, essas profissionais enfrentam a dupla jornada agregando ao cotidiano os trabalhos domésticos de cuidado familiar. Isso pode ser verificado no importante percentual (32,03%) que trabalha mais de 40 horas semanais. No mesmo estudo, 71,9% tinham jornadas de trabalho de até 60 horas semanais, e 38,6% trabalhavam mais de 41 horas por semana.

Os dados sobre a renda estão em consonância com outros estudos que identificaram a predominância de salários iguais ou superiores a um salário-mínimo, e sem tendência de melhoria. No setor público, a situação é melhor que no privado que, por sua vez, em relação ao filantrópico, está mais bem posicionado (SILVA et al., 2020SILVA, Raimunda M. et al. Precarização do mercado de trabalho de auxiliares e técnicos de Enfermagem no Ceará, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, n. 1, p.135-145, 2020. <https://doi.org/10.1590/1413-81232020251.28902019>
https://doi.org/10.1590/1413-81232020251...
; MACHADO et al., 2016aMACHADO, Maria H. et al. Mercado de trabalho em enfermagem no âmbito do SUS: uma abordagem a partir da pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil. Divulgação em Saúde Para Debate. Rio de Janeiro, n. 56, P. 52-69, de. 2016a. Disponível em:<Disponível em:https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/04/884409/mercado-de-trabalho-em-enfermagem-no-ambito-do-sus-uma-abordage_Uir6lGY.pdf >. Acesso em: 08/06/2019.
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/...
). Há, no trabalho em enfermagem, condições precárias de sobrevivência com subsalários (salários menores que R$ 1.000) subjornadas (jornadas inferiores a 20 horas semanais) e subempregos, que são a associação destes dois conceitos (aquele profissional que trabalha sem regularidade ou poucas horas na semana - subjornada - ou aquele que recebe rendimentos muito aquém - subsalário - do que seria devido pelas funções que exerce, em consonância com o que se define legalmente) (MACHADO et al., 2015bMACHADO, Maria H. et al. Aspectos gerais da formação da enfermagem: o perfil da formação dos enfermeiros, técnicos e auxiliares. Enferm. Foco. v. 6, n. 2/4, p. 15-34, 2016b. <https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.687>
https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016....
). Os profissionais vislumbram o valor entre R$ 1.000,00 e R$ 2.000,00 como um salário ideal (SILVA et al., 2020REIS, Regimarina S. et al. Desafios da formação de trabalhadores de nível médio para o Sistema Único de Saúde no Maranhão. Trabalho, Educação e Saúde, v. 18, n.2, 2020, e0025991. <https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00259>
https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol002...
).

Identificou-se, quanto aos locais de atuação, consonância com o contexto nacional em que as atividades da enfermagem se concentram - nos hospitais -, onde 58,3% dos técnicos e auxiliares de enfermagem estão atuando. Chama a atenção, a pouca inserção dos egressos na atenção primária à saúde (3,13%), quando no cenário nacional, 17,4% dos técnicos e auxiliares de enfermagem atuam neste nível de cuidado, que é a porta de entrada do SUS, sistema geralmente utilizado pela população para obter assistência (MACHADO et al., 2015bMACHADO, Maria H. et al. Mercado de trabalho da enfermagem: aspectos gerais. Enferm. Foco, v. 6, n. 1/4, p. 43-78, 2015b. <https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.691>
https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016....
). Esse aspecto pode se relacionar à pouca oferta de concursos para a contratação de profissionais para o serviço público ou à maior facilidade de integrar o serviço privado que, como se viu acima, se expandiu junto com o setor saúde.

Conforme Reis et al. (2019REIS, Regimarina S. et al. Desafios da formação de trabalhadores de nível médio para o Sistema Único de Saúde no Maranhão. Trabalho, Educação e Saúde, v. 18, n.2, 2020, e0025991. <https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00259>
https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol002...
) verificaram, em estudo com egressos de escola técnica do SUS no Maranhão, antes da formação 95,5% trabalhavam no serviço público, número que decresceu para 86% após a formação, alertando que os serviços privados, de alguma forma, agregam à força de trabalho formada pelo SUS e para o SUS, evidenciando a complexidade do processo de qualificação de trabalhadores neste setor. De qualquer modo, as instituições privadas e filantrópicas atuam na composição da oferta de serviços para o SUS, o que implica que os egressos, de alguma forma, acabam atuando no SUS.

Segundo Saviani (2011SAVIANI, Demerval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 11. ed. rev. Campinas, SP: Autores Associados, 2011.), cabe à escola socializar, por meio de instrumentos, o saber elaborado e deve-se organizar para que haja o acesso a este conhecimento. A educação formal é assegurada à população desde a Constituição Federal de 1988 (BRASIL 1988BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988.), no artigo 205, como direito de todos e dever do Estado e da família. É uma instituição metodicamente organizada e que tem no seu projeto pedagógica a materialização de sua prática, no caso estudado, em um currículo disciplinar. O papel da educação formal é dar acesso ao saber sistematizado e nesse sentido, pela avaliação dos egressos, a escola tem cumprido seu papel.

Dessa forma, a educação busca repassar e proporcionar aos indivíduos conhecimentos e comportamentos que os tornem aptos a atuarem em todos os setores da sociedade. Bruno (2014BRUNO, Ana. Educação formal, não formal e informal: da trilogia aos cruzamentos, dos hibridismos a outros contributos. Mediações - Revista OnLine da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal. v. 2, n. 2, 2014. <https://doi.org/10.60546/mo.v2i2.68>
https://doi.org/10.60546/mo.v2i2.68...
) e Biesdorf (2011BIESDORF, Rosane K. O papel da educação formal e informal: educação na escola e na sociedade. Itinerarius Reflectionis, v. 7, n. 2, 2011. <10.5216/rir.v1i10.1148>
https://doi.org/10.5216/rir.v1i10.1148...
) esclarecem que a educação formal necessita de tempos e locais específicos para acontecer, pessoal especializado, organização, sistematização sequencial das atividades, disciplina, regulamentos e leis, órgãos superiores, requer método, e organização de acordo com as idades e níveis de conhecimento. O que se espera da educação formal é a aprendizagem efetiva e significativa, de forma que o indivíduo consiga avançar no conhecimento escolar, profissional e na inserção social.

É importante frisar que a formação profissional do técnico em enfermagem deve estar comprometida com o desenvolvimento de competências básicas para exercer a profissão, contemplando seus aspectos técnicos e humanísticos, e para seguir esse itinerário formativo, exige-se processo de educação formal (PERTILLE; DONDÉ; OLIVEIRA, 2020PERTILLE, Fabiane; DONDÉ, Luana; OLIVEIRA, Maíra C. B. Formação profissional de nível médio em enfermagem: desafios e estratégias de ensino. J. nurs. health. v. 10, 2020. <https://doi.org/10.15210/jonah.v10i4.14710>
https://doi.org/10.15210/jonah.v10i4.147...
).

Evidenciou-se, neste estudo, a possibilidade de desenvolvimento pessoal e profissional por meio da formação, ao abrir portas para inserção laboral. Conseguir trabalho contribui para a construção de identidades, trajetórias, experiências de autorreconhecimento e de formação política e ideológica e, consequentemente, das subjetividades. Em outro estudo, conseguir trabalho representou a possibilidade de maior estabilidade e remuneração em relação ao que viviam, fazendo com que os técnicos em enfermagem fossem menos vulneráveis quando ingressassem no trabalho em saúde (CHINELLI; VIEIRA; SCHERER, 2019CHINELLI, Fillippina; VIEIRA, Monica; SCHERER, Magda D. A. Trajetórias e subjetividades no trabalho de técnicos de enfermagem no Brasil. Laboreal, v. 15, n. 1, 2019. <https://doi.org/10.4000/laboreal.1661>
https://doi.org/10.4000/laboreal.1661...
). Isso se dá em consonância com o horizonte da formação de trabalhadores que extrapola a mera empregabilidade e adequação ao mercado de trabalho para a formação emancipadora e, portanto, integral (FERREIRA; AZEVEDO, 2020FERREIRA, Samuel; AZEVEDO, Rosa. Orientação profissional e formação humana integral na educação profissional técnica de nível médio. Educação Profissional e Tecnológica em Revista. v. 4, n. 1, p. 107-29, 2020. <https://doi.org/10.36524/profept.v4i1.488>
https://doi.org/10.36524/profept.v4i1.48...
). A formação integral deve contemplar as múltiplas dimensões do sujeito em formação, ou nas palavras de Ciavatta (2014CIAVATTA, Maria. O ensino integrado, a politecnia e a educação omnilateral: por que lutamos? Trabalho & Educação. Belo Horizonte. v. 23, n. 1, p. 187-205, jan./mar. 2014. Disponível em: <Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/trabedu/article/view/9303/6679 >. Acesso em:12/08/2019.
https://periodicos.ufmg.br/index.php/tra...
, p. 190-91), a educação “politécnica ou omnilateral que contemple todos os aspectos da vida humana - física, intelectual, estética, moral e para o trabalho -, integrando a formação geral e a educação profissional”.

Quando os participantes refletem sobre seu fazer profissional, incorporando as subjetividades, revelam o valor social que o trabalho adquire em suas vidas. Em outro estudo, a percepção desse valor e o reconhecimento dos usuários foram elencados como motivos de satisfação. Embora o cotidiano do trabalho seja intensificado e provoque sofrimento, dadas as características do modo capitalista de organização do trabalho, ele pode promover a constituição do sujeito trabalhador e novas relações de sociabilidade revelando a centralidade do trabalho na construção das subjetividades, quando alternativas de escolhas e de gestão do seu processo de trabalho podem aferir-lhe maior sentido e autenticidade (CHINELLI; VIEIRA; SCHERER, 2019CHINELLI, Fillippina; VIEIRA, Monica; SCHERER, Magda D. A. Trajetórias e subjetividades no trabalho de técnicos de enfermagem no Brasil. Laboreal, v. 15, n. 1, 2019. <https://doi.org/10.4000/laboreal.1661>
https://doi.org/10.4000/laboreal.1661...
).

Nesse quesito, Fabbro et al. (2018FABBRO, Márcia R. C. et al. Estratégias ativas de ensino e aprendizagem: percepções de estudantes de Enfermagem. REME - Rev Min Enferm. v. 22, e-1138, 2018. <http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0130>
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0...
), em um trabalho relacionado à avaliação de disciplina da formação em enfermagem, consideram que os professores têm a possibilidade não só de fazer diferente, mas fazer melhor, conforme a avaliação do egresso; e esse novo modo de fazer pode ser técnico e, também, humano, acredita-se que a partir disso é possível a formação de profissionais críticos, reflexivos e socialmente responsáveis.

Quanto ao tempo destinado para a formação, 113 (88,28%) participantes o consideraram suficiente, indicando que o equilíbrio na distribuição da carga horária do curso proporciona o alcance dos objetivos propostos no PPP, que visam a articular conhecimentos científicos e tecnológicos até a formação humanística para formar técnicos em enfermagem capazes de responder às demandas de diferentes grupos sociais, com respeito às diferenças culturais, sociais, étnicas e econômicas (CEEP, 2017CEEP. Projeto Político Pedagógico. Centro de Estadual de Educação Profissional Pedro Boaretto Neto (CEEP), 2017.).

Os métodos de ensino, considerados como suficientes para a maioria, são fortalezas, pois métodos planejados e avaliados são bons aliados no alcance dos objetivos da aprendizagem (ARAÚJO; FRIGOTTO, 2015ARAÚJO, Ronaldo M. L.; FRIGOTTO, Gaudêncio. Práticas pedagógicas e ensino integrado. Revista Educação em Questão, Natal, v. 52, n. 38, p. 61-80, maio/ago. 2015. <https://doi.org/10.21680/1981-1802.2015v52n38ID7956>
https://doi.org/10.21680/1981-1802.2015v...
; CARDOSO et al., 2020CARDOSO, Alessandra T. et al. Metodologias ativas na educação profissional e tecnológica: uma ferramenta no ensino de análise instrumental. REDEQUIM - Revista Debates em Ensino de Química. v. 6, n. 2, p. 114-32, 2020. Disponível em: <Disponível em: https://www.journals.ufrpe.br/index.php/REDEQUIM/article/view/3121/482483927 >. Acesso em: 12/08/2019.
https://www.journals.ufrpe.br/index.php/...
). Em Sobral e Campos (2012SOBRAL, Fernanda R.; CAMPOS, Claudinei J. G. Utilização de metodologia ativa no ensino e assistência de enfermagem na produção nacional: revisão integrativa. Rev. esc. enferm. USP. São Paulo, v. 46, n. 1, p. 208-218, fev. 2012. <https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000100028>
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201200...
), a educação dos profissionais da saúde tem se baseado no modelo dos cursos médicos, dando ênfase aos aspectos biológicos, à fragmentação do saber, fortalecendo a dicotomia entre teoria e prática e desconsiderando as necessidades do SUS. Para fortalecer a necessidade de reorientar a prática metodológica, Weber, Firmini e Weber (2019WEBER, Amanda P.; FIRMINI, Fernanda; WEBER, Lídia C. Metodologias ativas no processo de ensino da enfermagem: revisão integrativa. Revista Saúde Viva Multidisciplinar da AJES. Juína/MT, v. 2, n. 2, jan./dez. 2019. Disponível em:<Disponível em:http://www.revista.ajes.edu.br/revistas-noroeste/index.php/revisajes/article/view/20 >. Acesso em: 08/06/2019.
http://www.revista.ajes.edu.br/revistas-...
) consideram que o professor deveria dominar metodologias ativas e que na formação de novos profissionais, toda mudança deveria vir acompanhada da necessidade de uma revisão nos conceitos de ensinar e aprender. Em Ramos (2017RAMOS, Marise N. O pacto pelo ensino médio: reflexões (pregressas) sobre a educação científica. Margens: Revista Interdisciplinar do PPGCITI. v. 11, n. 16, p. 68-83, jan. 2017. <http://dx.doi.org/10.18542/rmi.v11i16.5384>
https://doi.org/10.18542/rmi.v11i16.5384...
), defende-se que conteúdo e método não se separem, assim como ambos não se justificam se desconsiderarem um projeto de sociedade e propósitos mais amplos em termos da formação humana e social.

A estrutura física da escola, assim como a do laboratório, foi citada como suficiente para a maioria dos egressos, mas segundo Monteiro e Silva (2015MONTEIRO, Jéssica S.; SILVA. Diego P. A influência da estrutura escolar no processo de ensino-aprendizagem: uma análise baseada nas experiências do estágio supervisionado em Geografia. Geografia Ensino & Pesquisa, v. 19, n.3, set./dez. 2015. <https://doi.org/10.5902/2236499414315>
https://doi.org/10.5902/2236499414315...
), uma escola necessita de instalações e materiais de qualidade, pois o processo de ensino-aprendizagem é muito complexo e requer mais do que estrutura; ele requer competência e habilidade.

As atividades realizadas durante os estágios são lembradas pelos alunos como necessárias para o desenvolvimento prático da profissão. Ao demonstrarem e transmitirem conhecimento, os professores foram reconhecidos como bons professores, pois além do conhecimento técnico, houve a relação com as atitudes e qualificação necessárias à profissão docente. Segundo Lima e Pereira (2014LIMA, Daniela; PEREIRA, Olguimar. Contribuições do estágio supervisionado para a formação do profissional de enfermagem: expectativas e desafios. Revista Enfermagem Contemporânea, [S.l.], v. 3, n. 2, dez. 2014. <https://doi.org/10.17267/2317-3378rec.v3i2.391>
https://doi.org/10.17267/2317-3378rec.v3...
), as atividades desenvolvidas durante o estágio supervisionado contribuem para a percepção do futuro profissional sobre a relevância do trabalho na sociedade, assim como para a reflexão crítica sobre o seu processo de execução. Conforme Dias et al. (2014DIAS, Emerson P. et al. Expectativas de alunos de enfermagem frente ao primeiro estágio em instituições de saúde. Rev. psicopedag ., São Paulo, v. 31, n. 94, p. 44-55, 2014. Disponível em <Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v31n94/06.pdf >. Acesso em:31/07/2019.
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v...
), a realização do estágio é o momento em que os estagiários precisam contar com a compreensão e o conhecimento do docente para que agreguem os conhecimentos construídos aos valores da autoconfiança e se vejam claramente mais preparados e confortáveis para lidar com as práticas relacionadas ao processo de formação.

Os dados quantitativos e qualitativos se reforçam quando os participantes avaliam em termos positivos as disciplinas, a organização da formação, os campos de prática e a atuação dos professores. A educação profissional pode proporcionar aos alunos uma educação libertadora, com embasamento necessário para que possam executar a profissão escolhida e, a partir disso, alcançarem a emancipação profissional e pessoal.

Na docência para a educação profissional, faz-se necessário compreender para além do ato de ensinar um ofício, mas entender sobre o aluno, o sujeito, que muitas vezes é um trabalhador, uma dona de casa, uma mãe, um marido e um pai. Ao buscar por uma formação, esse sujeito também busca o seu reconhecimento na sociedade, a autorrealização e o reconhecimento da sua própria interpretação individual do seu lugar no mundo.

Os sujeitos revelam afetos como a gratidão, o que pode ser um indicador de qualidade para avaliar o curso, logo que naturalmente o ser humano é grato por aquilo que transformou sua vida positivamente. O empoderamento pessoal após a conclusão do curso, citado pelos egressos demonstra não só a aprendizagem de uma nova profissão, mas o reconhecimento pessoal na sociedade em que vive. Demonstram gratidão pela formação recebida, destacam o preparo que receberam e consideram suficientes para o exercício profissional.

Com relação à escola mencionada na pesquisa, Bugs et al. (2015BUGS, Bruna M. et al. Formação de auxiliares e técnicos de enfermagem em Cascavel - Paraná: 1980 a 2010. Hist enferm Rev eletrônica. v. 6, n. 2, p. 265-87, 2015. Disponível em:<Disponível em:https://here.abennacional.org.br/here/Formacao_auxililiares_HERE_2015.pdf >. Acesso em 12/08/2019.
https://here.abennacional.org.br/here/Fo...
) evidenciaram que ela existe pela luta do corpo de professores para manter ativa a única escola pública no município, mostrando que, apesar das forças políticas e projetos societários adversos, a determinação dos sujeitos foi fator decisivo na existência da escola e isso se revela no compromisso que os alunos percebem no exercício docente de seus professores. Demonstrando assim que o professor deve articular as estratégias de aprendizagem dos alunos, não apenas proporcionando a busca de informações, mas criando situações para aprender a pensar e a ser crítico sobre suas vivências. O papel do professor não se finda no ensino e nos conteúdos de sua disciplina, mas deve estimular a questionar como são construídos os saberes (FREIRE, 2000FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2000. 134p.).

Além do domínio de conteúdo técnico, o professor necessita desenvolver habilidades didáticas pedagógicas, o que o diferencia de um profissional assistencial para um docente. A qualidade do trabalho dos professores foi destaque na avaliação dos egressos (MENEGAZ; BACKES, 2016MENEGAZ, Jouhanna C.; BACKES, Vânia M. S. Bons professores de enfermagem, medicina e odontologia: Percepção acerca do conhecimento sobre os alunos. Esc Anna Nery. v. 20, n. 2, p. 268-274, 2016. <https://doi.org/10.5935/1414-8145.20160036>
https://doi.org/10.5935/1414-8145.201600...
). A docência em enfermagem, seja na graduação ou no ensino técnico, atua diretamente no ensino de jovens e adultos que trazem experiências vivenciadas na sua trajetória de vida e escolar. O professor precisa identificar as suas singularidades, pois podem influenciar no processo ensino-aprendizagem.

As queixas, quanto à atuação dos professores, alertam para a necessária formação e profissionalização deste fazer. De longa data, a formação de professores vem assumindo posição de destaque nas discussões relativas às políticas públicas. Conforme afirma Ferreira Júnior (2008FERREIRA JUNIOR, Marcos A. Os reflexos da formação inicial na atuação dos professores enfermeiros. Rev. bras. enferm ., Brasília, v. 61, n. 6, p. 866-871, dez. 2008. <https://doi.org/10.1590/S0034-71672008000600012>
https://doi.org/10.1590/S0034-7167200800...
), em se tratando de professores enfermeiros que irão capacitar profissionais para atuar na equipe de enfermagem, espera-se que compreendam a necessidade do domínio de saberes técnicos e pedagógicos para suprirem, o que esbarra em sua formação inicial que, por vezes, é tecnicista e assistencialista.

Igualmente percebe-se que para o professor da área técnica é preciso exercer e ser profissional técnico atuante para que então seja reconhecido como um bom professor, considerando em segundo plano a formação específica necessária para o “fazer docente”. Nóvoa (2017NOVOA, Antônio. Firmar a posição como professor, afirmar a profissão docente. Cad. Pesqui ., São Paulo, v. 47, n. 166, p. 1106-1133, dez. 2017. <https://doi.org/10.1590/198053144843>
https://doi.org/10.1590/198053144843...
) argumenta que a formação é fundamental para construir a profissionalidade docente, e não só para preparar os professores do ponto de vista técnico, científico ou pedagógico. Para o autor (NÓVOA, 2019NOVOA, Antônio. Entre a formação e a profissão: ensaio sobre o modo como nos tornamos professores. Currículo sem Fronteiras, v. 19, n. 1, p. 198-208, jan./abr. 2019. Disponível em:<Disponível em:https://www.curriculosemfronteiras.org/vol19iss1articles/novoa.pdf >. Acesso em:08/06/2019.
https://www.curriculosemfronteiras.org/v...
), é preciso investir na formação de professores, pois este é um ponto central na defesa da escola pública e da profissão docente, e não pode existir boa formação de professores se a profissão estiver fragilizada, enfraquecida; assim como a profissão não conseguirá se fazer fortalecida enquanto for resumida em quais disciplinas irá ensinar ou às técnicas pedagógicas que devem ser utilizadas em sala de aula.

Mesmo com a avaliação positiva na maior parte dos elementos do processo ensino-aprendizagem, os participantes destacaram fragilidades que devem ser objeto de reflexão. Destaca-se, dentre elas, a necessidade de diálogo entre a gestão e os alunos, uma vez que práticas dialógicas vivenciadas no processo de formação podem sensibilizar para a sua reprodução nas relações de trabalho. Outrossim, registram sugestões de aumento de carga horária e disciplinas para ampliar o acesso aos conhecimentos que a atuação profissional exigiu. De fato, são importantes sugestões que devem ser consideradas pela gestão para ampliar a qualidade da formação ofertada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Perceber e discutir sobre atender às necessidades pedagógicas da formação técnica em enfermagem de nível médio é necessário, pois é a maior categoria dentro da equipe de enfermagem. Alinhar o projeto pedagógico com a regulamentação das profissões e as necessidades da sociedade é imprescindível para o sucesso da formação profissional e a qualidade da formação recebida no curso técnico em enfermagem pode impactar diretamente nas ações de saúde prestadas à população.

O estudo aponta que a formação técnica vivenciada foi essencial para ingressar no mundo do trabalho, sem necessidade de ficar procurando emprego por um longo período. As constantes mudanças da própria profissão da enfermagem fazem com que a escola busque oferecer o ensino com qualidade e que atenda às necessidades e demandas da sociedade. Contudo, destaca-se a baixa remuneração dos técnicos em enfermagem, estampando a desvalorização profissional que persiste, mesmo que se reconheça o valor do seu trabalho. De fato, o SUS seria impactado pela ampliação do número de profissionais e melhor remuneração, de forma que os trabalhadores pudessem ter um vínculo de trabalho exclusivo e não precisassem dobrar sua jornada em outro vínculo ou na mesma instituição para auferir melhor rendimento.

Observou-se nos discursos dos egressos, sentimentos de gratidão, superação e desenvolvimento pessoal, gerados a partir da mudança positiva que a profissão ocasionou nas suas vidas, revelando que a formação possibilita a aquisição de um saber profissional e a possibilidade de alçar a uma profissão que ainda tem relativa segurança trabalhista, uma vez que os egressos atuam com registros formais de trabalho, sejam públicos ou privados. Outrossim, revelam o significado do trabalho na vida, ao produzir subjetividades, inserção social e possibilidades de ascensão profissional e reconhecimento social, ou seja, permitindo que a humanidade que habita nos sujeitos possa ser experimentada e que eles possam se reproduzir socialmente.

O papel dos professores na vida dos participantes foi destacado, pois em sua maioria consideravam os professores preparados e dedicados à profissão, no entanto, não se pode deixar de lembrar situações em que foi mencionada a falta de preparo em algumas disciplinas, o que certamente deixou de colaborar na formação dos técnicos.

Com base na percepção dos egressos, considera-se que o processo de ensino-aprendizagem vivenciado no curso estudado foi suficiente para atuação na profissão e no mundo do trabalho; apesar das observações pontuais dos egressos sobre a falta de diálogo da coordenação pedagógica do curso para com os alunos, falta de material didático pedagógico no laboratório e por alguns egressos considerarem pouca a quantidade de aulas práticas, consideram-se aptos a desempenhar a função e levaram para a vida profissional um enorme senso de respeito, admiração e gratidão pelos professores e pela escola.

A pesquisa mostra a importância da formação profissional pública na preparação de pessoas para o cuidado em saúde. Revela o valor social que os processos de formação agregam na experiência de vida dos egressos e fortalece a certeza da necessária participação do poder público neste ato em todas as áreas que dela necessitam; é condição para o desenvolvimento econômico e social, desde o espaço micro até o macrogeográfico.

Ressalta-se que as limitações do estudo se deram pela dificuldade em localizar todos os egressos e pelo número de respostas completas que foram de 42,24% dos questionários enviados. Destaca-se a pouca produção sobre egressos de curso técnicos em enfermagem para que assim pudessem ser usadas na comparação e colaboração para a construção da discussão. Além disso, a coleta de dados e discussão de resultados ocorreu durante a pandemia do Covid-19, quando a maioria dos egressos atuavam na linha de frente, em uma carga horária exaustiva, o que levava à diminuição do tempo para responder à pesquisa, assim como a pesquisadora que estava na função de enfermeira assistencialista durante essa árdua jornada.

Sugere-se não só ao Governo do Estado, mas às escolas e aos professores que realizem pesquisas semelhantes para que dessa forma seja possível avaliar e reavaliar a qualidade do ensino ofertado e assim o fortalecimento da construção da profissão de técnico em enfermagem. Sabe-se que o ensino profissional carece de processos avaliativos, e as iniciativas podem contribuir para que se construam sistemas de avaliação nacional desta modalidade de ensino.

REFERÊNCIAS

  • ARAÚJO, Ronaldo M. L.; FRIGOTTO, Gaudêncio. Práticas pedagógicas e ensino integrado. Revista Educação em Questão, Natal, v. 52, n. 38, p. 61-80, maio/ago. 2015. <https://doi.org/10.21680/1981-1802.2015v52n38ID7956>
    » https://doi.org/10.21680/1981-1802.2015v52n38ID7956
  • BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo Tradução Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. 3ª Reimpressão. São Paulo: Edições 70, 2016.
  • BIESDORF, Rosane K. O papel da educação formal e informal: educação na escola e na sociedade. Itinerarius Reflectionis, v. 7, n. 2, 2011. <10.5216/rir.v1i10.1148>
    » https://doi.org/10.5216/rir.v1i10.1148
  • BÓGUS, Cláudia M. et al Conhecendo egressos do Curso Técnico de Enfermagem do PROFAE. Rev Esc Enferm USP v. 45, n. 4, p. 945-52, 2011. <https://doi.org/10.1590/S0080-62342011000400022>
    » https://doi.org/10.1590/S0080-62342011000400022
  • BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Constituição da República Federativa do Brasil Brasília, 1988.
  • BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto Nº 5.154 de 23 de julho de 2004 Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 41 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e dá outras providências. Brasília, 2004.
  • BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução nº 6, de 20 de setembro de 2012. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio. Brasília, 2012.
  • BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Rede de Escolas Técnicas do SUS. Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. Formação de trabalhadores técnicos em saúde no Brasil. Relatório Final. Rio de Janeiro, 2020.
  • BRUNO, Ana. Educação formal, não formal e informal: da trilogia aos cruzamentos, dos hibridismos a outros contributos. Mediações - Revista OnLine da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal v. 2, n. 2, 2014. <https://doi.org/10.60546/mo.v2i2.68>
    » https://doi.org/10.60546/mo.v2i2.68
  • BUGS, Bruna M. et al Formação de auxiliares e técnicos de enfermagem em Cascavel - Paraná: 1980 a 2010. Hist enferm Rev eletrônica v. 6, n. 2, p. 265-87, 2015. Disponível em:<Disponível em:https://here.abennacional.org.br/here/Formacao_auxililiares_HERE_2015.pdf >. Acesso em 12/08/2019.
    » https://here.abennacional.org.br/here/Formacao_auxililiares_HERE_2015.pdf
  • CARDOSO, Alessandra T. et al Metodologias ativas na educação profissional e tecnológica: uma ferramenta no ensino de análise instrumental. REDEQUIM - Revista Debates em Ensino de Química v. 6, n. 2, p. 114-32, 2020. Disponível em: <Disponível em: https://www.journals.ufrpe.br/index.php/REDEQUIM/article/view/3121/482483927 >. Acesso em: 12/08/2019.
    » https://www.journals.ufrpe.br/index.php/REDEQUIM/article/view/3121/482483927
  • CEEP. Projeto Político Pedagógico Centro de Estadual de Educação Profissional Pedro Boaretto Neto (CEEP), 2017.
  • CERQUEIRA, Marília B. R. et al O egresso da Escola Técnica de Saúde da Unimontes: conhecendo sua realidade no mundo do trabalho. Trab. Educ. Saúde Rio de Janeiro, v. 7 n. 2, p. 305-328, jul./out. 2009. <https://doi.org/10.1590/S1981-77462009000200007>
    » https://doi.org/10.1590/S1981-77462009000200007
  • CHINELLI, Fillippina; VIEIRA, Monica; SCHERER, Magda D. A. Trajetórias e subjetividades no trabalho de técnicos de enfermagem no Brasil. Laboreal, v. 15, n. 1, 2019. <https://doi.org/10.4000/laboreal.1661>
    » https://doi.org/10.4000/laboreal.1661
  • CIAVATTA, Maria. O ensino integrado, a politecnia e a educação omnilateral: por que lutamos? Trabalho & Educação Belo Horizonte. v. 23, n. 1, p. 187-205, jan./mar. 2014. Disponível em: <Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/trabedu/article/view/9303/6679 >. Acesso em:12/08/2019.
    » https://periodicos.ufmg.br/index.php/trabedu/article/view/9303/6679
  • COFEN. Enfermagem em números 2021. Disponível em: <Disponível em: http://www.cofen.gov.br/enfermagem-em-numeros >. Acesso em:18/02/2021.
    » http://www.cofen.gov.br/enfermagem-em-numeros
  • CUNHA, Luiz A. O ensino industrial-manufatureiro no Brasil. Revista Brasileira de Educação n. 14, maio./jun./jul./ago., 2000. <https://doi.org/10.1590/S1413-24782000000200006>
    » https://doi.org/10.1590/S1413-24782000000200006
  • DIAS, Emerson P. et al Expectativas de alunos de enfermagem frente ao primeiro estágio em instituições de saúde. Rev. psicopedag ., São Paulo, v. 31, n. 94, p. 44-55, 2014. Disponível em <Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v31n94/06.pdf >. Acesso em:31/07/2019.
    » http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v31n94/06.pdf
  • FABBRO, Márcia R. C. et al Estratégias ativas de ensino e aprendizagem: percepções de estudantes de Enfermagem. REME - Rev Min Enferm v. 22, e-1138, 2018. <http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0130>
    » https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0130
  • FERREIRA, Samuel; AZEVEDO, Rosa. Orientação profissional e formação humana integral na educação profissional técnica de nível médio. Educação Profissional e Tecnológica em Revista v. 4, n. 1, p. 107-29, 2020. <https://doi.org/10.36524/profept.v4i1.488>
    » https://doi.org/10.36524/profept.v4i1.488
  • FERREIRA JUNIOR, Marcos A. Os reflexos da formação inicial na atuação dos professores enfermeiros. Rev. bras. enferm ., Brasília, v. 61, n. 6, p. 866-871, dez. 2008. <https://doi.org/10.1590/S0034-71672008000600012>
    » https://doi.org/10.1590/S0034-71672008000600012
  • FLICK, Uwe. Introdução à metodologia de pesquisa: um guia para iniciantes. Tradução: Magda Lopes; revisão técnica: Dirceu da Silva. Porto Alegre: Penso, 2013.
  • FRANCO, Miriam T.; MILLÃO, Luzia F. Integração ensino-serviço na formação técnica de enfermagem. Rev. Eletr. Enferm ., v. 22, 22, n. 55299, p. 1-7, 2020. <https://doi.org/10.5216/ree.v22.55299>
    » https://doi.org/10.5216/ree.v22.55299
  • FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2000. 134p.
  • GALLINDO, Jussara. Formação para o trabalho e profissionalização no Brasil: da assistência à educação formal. In: BATISTA, E. L; MÜLLER, M. T. A Educação profissional no Brasil: história, desafios e perspectivas para o Século XXI. Campinas, SP: Editora Alínea, 2013. p. 68-75.
  • GEOVANINI, Telma. et al História da Enfermagem: versões e interpretações. 4. ed.Rio de Janeiro: Thieme Revinter Publicações, 2019.
  • GIRARDELLO, Débora T. F. RODRIGUES, Rosa M., CONTERNO, Solange F. R. A história da educação profissionalizante em enfermagem no Oeste do Paraná: enfoque no Centro Estadual de Educação Profissional Pedro Boaretto Neto-CEEP. Educere - Revista de Educação v. 9, n. 17, p. 307-315. jan./jun. 2014. <https://doi.org/10.17648/educare.v9i17.8142>
    » https://doi.org/10.17648/educare.v9i17.8142
  • HERNANDES, Elizabeth S. C.; VIEIRA, Luciana. A guerra tem rosto de mulher: trabalhadoras da saúde no enfrentamento à COVID-19. Associação Nacional dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental, 2020. Disponível em: Disponível em: http://anesp.org.br/todas-as-noticias/2020/4/16/a-guerra-tem-rosto-de-mulher-trabalhadoras-da-sade-no-enfrentamento-covid-19 Acesso em:17/02/2021.
    » http://anesp.org.br/todas-as-noticias/2020/4/16/a-guerra-tem-rosto-de-mulher-trabalhadoras-da-sade-no-enfrentamento-covid-19
  • LIMA, Daniela; PEREIRA, Olguimar. Contribuições do estágio supervisionado para a formação do profissional de enfermagem: expectativas e desafios. Revista Enfermagem Contemporânea, [S.l.], v. 3, n. 2, dez. 2014. <https://doi.org/10.17267/2317-3378rec.v3i2.391>
    » https://doi.org/10.17267/2317-3378rec.v3i2.391
  • LIMESURVEY. Limesurvey Project Team/Carsten Schmitz. LimeSurvey: An Open Source survey tool LimeSurvey Project Hamburg, Germany, 2015.
  • MACHADO, Maria H. et al Características gerais da enfermagem: o perfil sociodemográfico. Enferm. Foco v. 6, n. 1/4, p. 11-17, 2015a. <https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.686>
    » https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.686
  • MACHADO, Maria H. et al Mercado de trabalho da enfermagem: aspectos gerais. Enferm. Foco, v. 6, n. 1/4, p. 43-78, 2015b. <https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.691>
    » https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.691
  • MACHADO, Maria H. et al Mercado de trabalho em enfermagem no âmbito do SUS: uma abordagem a partir da pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil. Divulgação em Saúde Para Debate Rio de Janeiro, n. 56, P. 52-69, de. 2016a. Disponível em:<Disponível em:https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/04/884409/mercado-de-trabalho-em-enfermagem-no-ambito-do-sus-uma-abordage_Uir6lGY.pdf >. Acesso em: 08/06/2019.
    » https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/04/884409/mercado-de-trabalho-em-enfermagem-no-ambito-do-sus-uma-abordage_Uir6lGY.pdf
  • MACHADO, Maria H. et al Aspectos gerais da formação da enfermagem: o perfil da formação dos enfermeiros, técnicos e auxiliares. Enferm. Foco v. 6, n. 2/4, p. 15-34, 2016b. <https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.687>
    » https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.687
  • MACHADO, Maria H. et al Mercado de trabalho e processos regulatórios - a Enfermagem no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva v. 25, n. 1, p. 101-112, 2020. <https://doi.org/10.1590/1413-81232020251.27552019>
    » https://doi.org/10.1590/1413-81232020251.27552019
  • MANFREDI, Silvia M. Educação Profissional no Brasil São Paulo: Cortez, 2002.
  • MENEGAZ, Jouhanna C.; BACKES, Vânia M. S. Bons professores de enfermagem, medicina e odontologia: Percepção acerca do conhecimento sobre os alunos. Esc Anna Nery v. 20, n. 2, p. 268-274, 2016. <https://doi.org/10.5935/1414-8145.20160036>
    » https://doi.org/10.5935/1414-8145.20160036
  • MONTEIRO, Jéssica S.; SILVA. Diego P. A influência da estrutura escolar no processo de ensino-aprendizagem: uma análise baseada nas experiências do estágio supervisionado em Geografia. Geografia Ensino & Pesquisa, v. 19, n.3, set./dez. 2015. <https://doi.org/10.5902/2236499414315>
    » https://doi.org/10.5902/2236499414315
  • NOVOA, Antônio. Firmar a posição como professor, afirmar a profissão docente. Cad. Pesqui ., São Paulo, v. 47, n. 166, p. 1106-1133, dez. 2017. <https://doi.org/10.1590/198053144843>
    » https://doi.org/10.1590/198053144843
  • NOVOA, Antônio. Entre a formação e a profissão: ensaio sobre o modo como nos tornamos professores. Currículo sem Fronteiras, v. 19, n. 1, p. 198-208, jan./abr. 2019. Disponível em:<Disponível em:https://www.curriculosemfronteiras.org/vol19iss1articles/novoa.pdf >. Acesso em:08/06/2019.
    » https://www.curriculosemfronteiras.org/vol19iss1articles/novoa.pdf
  • OGUISSO, Taka; CAMPOS, Paulo F. S.; MOREIRA, Almerinda. Enfermagem pré-profissional no Brasil: questões e personagens. Enferm. Foco, v. 2, p. 68-72, maio 2011. <https://doi.org/10.21675/2357-707X.2011.v2.nSUP.85>
    » https://doi.org/10.21675/2357-707X.2011.v2.nSUP.85
  • PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Departamento de Educação Profissional. Diretrizes da educação profissional: fundamentos políticos e pedagógicos. Curitiba: SEED-PR, 2006.
  • PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento de Educação e Trabalho. Plano de Curso Técnico em Enfermagem - Subsequente 2016.
  • PERTILLE, Fabiane; DONDÉ, Luana; OLIVEIRA, Maíra C. B. Formação profissional de nível médio em enfermagem: desafios e estratégias de ensino. J. nurs. health v. 10, 2020. <https://doi.org/10.15210/jonah.v10i4.14710>
    » https://doi.org/10.15210/jonah.v10i4.14710
  • RAMOS, Marise N. O pacto pelo ensino médio: reflexões (pregressas) sobre a educação científica. Margens: Revista Interdisciplinar do PPGCITI v. 11, n. 16, p. 68-83, jan. 2017. <http://dx.doi.org/10.18542/rmi.v11i16.5384>
    » https://doi.org/10.18542/rmi.v11i16.5384
  • REIS, Regimarina S. et al Desafios da formação de trabalhadores de nível médio para o Sistema Único de Saúde no Maranhão. Trabalho, Educação e Saúde, v. 18, n.2, 2020, e0025991. <https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00259>
    » https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00259
  • SAVIANI, Demerval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 11. ed. rev. Campinas, SP: Autores Associados, 2011.
  • SILVA, Raimunda M. et al Precarização do mercado de trabalho de auxiliares e técnicos de Enfermagem no Ceará, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, n. 1, p.135-145, 2020. <https://doi.org/10.1590/1413-81232020251.28902019>
    » https://doi.org/10.1590/1413-81232020251.28902019
  • SOBRAL, Fernanda R.; CAMPOS, Claudinei J. G. Utilização de metodologia ativa no ensino e assistência de enfermagem na produção nacional: revisão integrativa. Rev. esc. enferm. USP São Paulo, v. 46, n. 1, p. 208-218, fev. 2012. <https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000100028>
    » https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000100028
  • WEBER, Amanda P.; FIRMINI, Fernanda; WEBER, Lídia C. Metodologias ativas no processo de ensino da enfermagem: revisão integrativa. Revista Saúde Viva Multidisciplinar da AJES Juína/MT, v. 2, n. 2, jan./dez. 2019. Disponível em:<Disponível em:http://www.revista.ajes.edu.br/revistas-noroeste/index.php/revisajes/article/view/20 >. Acesso em: 08/06/2019.
    » http://www.revista.ajes.edu.br/revistas-noroeste/index.php/revisajes/article/view/20
  • YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Tradução: Cristhian Matheus Herrera, 5. ed.Porto Alegre: Bookman, 2015.

Disponibilidade de dados

Citações de dados

HERNANDES, Elizabeth S. C.; VIEIRA, Luciana. A guerra tem rosto de mulher: trabalhadoras da saúde no enfrentamento à COVID-19. Associação Nacional dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental, 2020. Disponível em: Disponível em: http://anesp.org.br/todas-as-noticias/2020/4/16/a-guerra-tem-rosto-de-mulher-trabalhadoras-da-sade-no-enfrentamento-covid-19 Acesso em:17/02/2021.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Mar 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais Avenida Antonio Carlos, 6627., 31270-901 - Belo Horizonte - MG - Brasil, Tel./Fax: (55 31) 3409-5371 - Belo Horizonte - MG - Brazil
E-mail: revista@fae.ufmg.br