LIVROS QUE TODOS LÊEM
Feliz Ano Velho, vitória da língua brasileira
Márcio Souza
Escritor e jornalista
Considero o livro "FELIZ ANO VELHO", de Marcelo Rubens Paiva, um dos textos brasileiros mais importantes que li recentemente. Confesso minha desconfiança ao abrir o livro, fruto de preconceitos e mesmo de falta de paciência para autocomiseração. Mas o testemunho de Marcelo é uma leitura, logo descobriria, que vem com o vigor da invenção.
A importância do texto, e dai a razão de seu sucesso de vendas, vem principalmente de dois aspectos. Primeiro, porque recria o universo da chamada geração do arbítrio, isto é, revela pela primeira vez que essa juventude é articulada, tem um vocabulário mais abrangente que a irritante sinteticidade dos surfistas, e é um tonificante jogo de bom humor sem as recriminações que marcaram os depoimentos dos retornados do exílio ou dos ex-guerrilheiros. "FELIZ ANO VELHO", ainda que seja o testemunho de uma experiência excepcional e dolorosa, que nos coloca nos limites, sabe escapar para longe do melodrama, empurra o leitor para fora da curiosidade mórbida exatamente por vir carregado dessa agradável descoberta de uma geração até então em silêncio. Em segundo lugar, e em decorrência do primeiro aspecto, é um texto que torna vernáculo, com desenvoltura e sem pedir nenhuma autoridade para isso, a língua brasileira deste final de século. O que tem irritado os puristas e os reacionários, mas que é uma vitória de Marcelo.
Márcio Souza é o romancista do grupo. Com "Galvez, o Imperador do Acre" despontou nas listas dos livros mais vendidos. Logo se seguiu o sucesso de "O Boto Tucuxi" e de outros, entre os quais o mais recente "A Ordem do Dia". Até hoje, Márcio Souza vendeu cerca de 100.000 exemplares.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
01 Fev 2011 -
Data do Fascículo
Jun 1984