Editorial
Estamos lançando o terceiro fascículo do volume 17 da Revista Brasileira de Farmacognosia. Neste número estamos publicando 21 artigos, sendo 9 na língua inglesa e 12 em Português. Aproveitamos a oportunidade para comunicar aos assinantes e leitores em geral algumas notícias importantes para o nosso periódico. Prestamos nesse número uma homenagem à inesquecível Maria Elizabeth Oliveira Michiles, falecida no dia 30 de junho de 2007. A Sociedade Brasileira de Farmacognosia reconhece de público, a inestimável colaboração dada à fitoterapia brasileira pela Professora Elizabeth Michiles.
A partir de agora, a RBFgnosia conta com dois números ISSN. Um deles já é conhecido (0102-695X) e diz respeito à versão impressa. O novo número relaciona-se a versão on-line e passa a ser 1981-528X.
Passamos a ser indexados também no sistema LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde. Trata-se de mais uma vitória obtida pela nossa revista, resultando em mais visibilidades nos níveis nacional e internacional.
Os Editores
No dia 30 de junho desse ano perdemos uma pessoa especial, tanto por seu companheirismo, quanto por sua atuação profissional na área de plantas medicinais. Maria Elizabeth Oliveira Michiles, farmacêutica sanitarista.
Não há como falarmos da história das plantas medicinais e fitoterapia no Brasil, sem que seu nome seja pronunciado, pois como poucas pessoas, sua vida foi marcada pelo carinho e pela luta apaixonada pelas plantas medicinais, como também pela sua inserção no cenário da saúde pública brasileira.
Possuidora de um temperamento sanguíneo temperado por um delicioso senso de humor, essa amazonense, fruto da miscigenação típica brasileira, inclusive de índios Maués, como costumava frisar, veio cedo para o Rio de Janeiro para estudar saúde pública na ENSP, e acabou por se envolver com políticas públicas, na área das plantas medicinais.
No início da década de 90 idealizou e lutou pela criação do Programa Estadual de Plantas Medicinais (PROPLAN), na Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro, onde atuou como coordenadora até ser internada em meados de junho de 2007. Neste programa fez estudos importantes como um mapeamento das ações públicas com plantas medicinais no estado, e outro que mostrava a potencialidade do uso de fitoterápicos dentro da realidade da assistência farmacêutica no Rio de Janeiro, além de articular legislações de âmbito estadual como a resolução estadual sobre o serviço de fitoterapia (SES 1590), e de contra-indicação de algumas plantas medicinais (SES-RJ 1757). Neste mesmo Programa publicou um "Guia de Implantação de Fitoterapia no Serviço Público", realizou Fóruns para discussão da fitoterapia no serviço público, e implantou um dos primeiros sites institucionais na internet, com o objetivo de agregar e difundir informações sobre o assunto para profissionais e interessados em plantas medicinais.
Ela também foi idealizadora e fundadora do Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais (IBPM), ao qual dedicou uma boa parte do seu trabalho em vida, tendo uma atuação estratégica na organização e realização nas Jornadas de Fitoterapia do Rio de Janeiro em 2002 e 2003, além do Congresso Ibero-Americano de Plantas Medicinais, realizado em Angra dos Reis em 2004.
Com sua energia inquietante, foi uma pioneira na luta pela criação de uma Política Nacional de Plantas Medicinais, o que só acabou se tornando realidade através do decreto 5813, em junho de 2006.
Gostaríamos de prestar esta homenagem a esta verdadeira "guerreira das plantas medicinais", esforçando-nos para fazer com que a nossa satisfação em ter acompanhado parte de sua trajetória-história e de suas realizações sobreponha a perda pela sua partida.
Alexandros S. Botsaris
Antonio Carlos Siani
Ivone Manzali de Sá
Paulo Leda
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
11 Out 2007 -
Data do Fascículo
Set 2007
