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Avanços na pesquisa de bioativos de algas

EDITORIAL

Avanços na pesquisa de bioativos de algas

Eliane Marinho-SorianoI; Ernani PintoII; Nair S. YokoyaIII; Pio ColepicoloIV; Valeria Laneuville TeixeiraV; Yocie Yoneshigue-ValentinVI

IDepartamento de Oceanografia e Limnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brazil

IIDepartamento de Análises Clínicas e Toxicológicas, Universidade de São Paulo, Brazil

IIINúcleo de Pesquisa em Ficologia, Instituto de Botânica, Brazil

IVDepartamento de Bioquímica, Instituto de Química, Universidade de São Paulo, Brazil

VInstituto de Biologia, Universidade Federal Fluminense, Brazil

VIInstituto de Biologia, Departamento de Botânica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brazil

O Brasil possui uma enorme biodiversidade aquática e terrestre que está intimamente ligada com a rica herança sócio-cultural do país. No ambiente marinho as algas marinhas representa um dos maiores grupos em termos de diversidade. Do total de 32.000 espécies conhecidas, pelo menos 820 táxons foram identificados ao longo da costa brasileira. Para sobreviver no ambiente aquático altamente competitivo, as algas de água doce e marinha têm desenvolvido estratégias de defesa que resultam em uma enorme diversidade de compostos produzidos através de diferentes vias metabólicas. Isto faz das algas, organismos promissores como fonte de novos compostos bioquimicamente ativos, além de compostos essenciais para a nutrição humana. Quatro das principais áreas de investigação em produtos naturais aquáticos tem sido desenvolvido desde 1975: toxinas, bioprodutos, quimiotaxonomia e ecologia química. Estimulado pelo advento de sofisticadas técnicas espectrais para caracterização estrutural, as estruturas químicas de cerca de 13.000 novos compostos isolados de algas foram determinados nos últimos 35 anos.

As macroalgas ocorrem em todo o globo e sendo a base da cadeia alimentar, serve como fonte de nutrientes para uma grande variedade de organismos aquáticos. Elas são os principais consumidores de nitrato e CO2 e liberam uma grande quantidade de oxigênio para a atmosfera via fotossíntese. Elas também fornecem abrigo e proteção para pequenos peixes e outros organismos aquáticos. Consequentemente as algas, desempenham um papel vital na manutenção do equilíbrio marinho, na preservação da biodiversidade e na mitigação do aquecimento global. Em muitos países, indústrias alimentícias empregam uma ampla gama de derivados de algas que contem alto conteúdo de fibras, ácidos graxos poliisaturados, polissacarídeos, minerais, vitaminas e antioxidantes. Algas e produtos de algas também têm um impacto econômico em vários setores, como a aqüicultura de peixe e camarão, na indústria farmacêutica, nutracêuticos, biomedicina, medicina veterinária, indústria de cosméticos e na saúde pública. Devido à crescente importância econômica das algas, existe uma necessidade crescente para melhores técnicas de isolamento de extratos de algas, frações ou compostos puros e de novas estratégias para bioprospecção e rápido scrreening de extratos e frações de bioatividades. Além disso, as macroalgas têm um enorme potencial no desenvolvimento da biotecnologia e, como tal, constitui um importante recurso natural estratégico para o país. Como o mercado em expansão de produtos à base de algas traz o risco de sobreexploração das populações naturais, mais melhorias em cultivos controlados, colheita e conservação das algas serão necessárias para assegurar a sustentabilidade, a produção em larga escala e produtos derivados de algas, evitando danos ainda maiores para o ambiente marinho.

A edição especial do RBF reúne artigos revisados selecionados com base nas palestras apresentadas por seus autores no "II Workshop - Novos bioativos de macroalgas: Manejo, Cultivo, Conservação, Biotecnologia e técnicas de Bioatividade". Este evento realizado em Ilhabela, SP, Brasil, reuniu 150 investigadores do setor acadêmico e indústria. Esta edição especial fornece, portanto, um panorama dos esforços de investigação atual no Brasil nas áreas de maricultura e propagação de algas e de bioprospecção para uso potencial de metabólitos bioativos de algas.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Jun 2011
  • Data do Fascículo
    Abr 2011
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