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Gênero e água - desenhos do Norte, alternativas do Sul: análise da experiência do semi-árido Brasileiro na construção do desenvolvimento democrático

RESUMOS DE TESES E DISSERTAÇÕES APRESENTADAS NO PPGS-SOL/UNB

TESE DE DOUTORADO

Orientador: Profª Drª Lourdes Maria Bandeira

Curso: Doutorado de Sociologia

Data da Defesa: 20.11.2009

RESUMO

Esta tese é o resultado da reflexão acerca da incorporação da perspectiva de gênero na formulação e implementação de políticas de água e tem como objetivo analisar o impacto de tais políticas na vida das mulheres do semi-árido brasileiro. Problemas relacionados à qualidade e quantidade da água vêm afetando os mais diferentes setores da sociedade. Frente à complexidade dos desafios decorrentes de tais questões, a necessidade de uma transformação profunda nas abordagens adotadas para que contemplem as especificidades inerentes à natureza de uma política pública que tem como objetivo a democratização da água se faz premente. A incorporação da perspectiva de gênero na gestão das águas nacionais vai a esse encontro uma vez que valoriza a participação da mulher fortalecendo a condição social de quem, por tradição cultural e subjetividade individual, está posicionada de maneira mais estratégica para zelar pelas futuras gerações. Considerando os fatores acima e tendo como pano de fundo a questão do desenvolvimento, foram escolhidos três eixos para a discussão: democracia, gênero e água. Para servir de moldura para essa reflexão foi selecionada uma política governamental de gestão da água que tem no seu desenho a incorporação da perspectiva de gênero com vistas a um desenvolvimento mais sustentável, o Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC), cuja área de abrangência é o semi-árido brasileiro, região tradicionalmente marcada pela falta de água, por suas características expulsivas e pela pobreza, sendo a escassez hídrica frequentemente apontada como causa do subdesenvolvimento da região. A aridez que marca a vida no sertão influencia o desenho da ocupação do território em sua dispersão sócio-espacial, nos traços identificáveis no modo de vida, na organização da família e do poder. Essa configuração exacerba o isolamento e a consequente invisibilidade das mulheres tendo em vista que suas vidas estão basicamente restritas à reprodução do trabalho doméstico. Nessas regiões a desigualdade de gênero assume traços ainda mais claros uma vez que a pesada carga diária para a obtenção de água costuma recair sobre mulheres e meninas, o que implica em uma maior assimetria no que se refere à divisão sexual do trabalho doméstico afetando diretamente o bem-estar e fazendo com que muitas delas não possam frequentar a escola. O acesso à água por meio da cisterna na porta de suas casas traz benefícios concretos como saúde, dinheiro e tempo para as famílias contempladas e particularmente para as mulheres, uma vez que estas têm seu trabalho reduzido. É nesse sentido que discutir a questão da água para essas populações insere-se em uma discussão mais ampla e complexa que articula relações de poder; divisão sexual do trabalho; organização social e desenvolvimento.

Palavras-chave: gênero; água; semi-árido; desenvolvimento; desertificação; direito à água; políticas de água; gestão de recursos hídricos.

  • Gênero e água - desenhos do Norte, alternativas do Sul: análise da experiência do semi-árido brasileiro na construção do desenvolvimento democrático

    Daniela Nogueira Soares
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      25 Mar 2011
    • Data do Fascículo
      Abr 2010
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