Editorial
Edson Farias
Já em clássicos, à maneira de Simmel e Weber, é depositada ênfase em uma concepção aberta, processual e incompleta de social ou de relações sociais.
Motivadas por alterações que se consistem desde a extensão sem antecedentes das interdependências sociohumanas mundo afora, deixando em xeque fronteiras de ordens diversas, até a busca por alternativas que avancem para além de disjunções como micro e macro, história e evento, indivíduo e sociedade, razão e emoção, nas últimas décadas facções de correntes e autores nas ciências sociais em geral têm investido, justamente, em propostas teóricas e analíticas cujo traço comum é apreender, tratar e conceituar o social à luz da sua mutabilidade fugidia e polissêmica.
Tendência esta traduzida no conjunto de artigos reunidos neste número que encerra o volume 25 da Sociedade e Estado, claro, levando-se às peculiaridades de cada um dos textos.
Em Habitus de migrante: um conceito que visa captar o cotidiano dos atores em mobilidade espacial, a professora Ângela Xavier de Brito atravessa a multifacialidade dos agentes capazes de serem denominados "migrantes" com a finalidade de forjar um conceito sociológico que os defina. Mas, no mesmo movimento, propõe-se ao exercício de flexionar o conceito de habitus com o propósito de torná-lo mais elástico no sentido de fazê-lo apto à compreensão desses "indivíduos em mobilidade espacial."
No artigo Projetos Socioeducativos: a naturalização da exclusão nos discursos de educadores, a proposta de levar ao lugar do pensado a temática da inclusão/exclusão nos projetos e práticas educacionais para crianças e jovens em situação de risco está na contrapartida do interesse em ampliar o debate inserindo argumentos relativos à dimensão da desigualdade.
Teorizando o agonismo: crítica a um modelo incompleto, do professor Daniel de Mendonça, é focalizado no modelo agonístico proposto por Chantal Mouffe como modelo teórico alternativo às teorias deliberativas, em especial as de Rawls e Habermas. Por outro lado, apresenta o modelo agonístico de democracia.
A proposta da professora Eliane Tavares dos Reis, em Em nome da "cultura":porta-vozes, mediação e referenciais de políticas públicas no Maranhão é analisar quais e como são mobilizados rep-ertórios que estão dispostos nos espaços de inserção e dos perfis sociais de agentes habilitados à disputa pela autoridade legítima no instante de definir o sentido de "cultura" naquele estado brasileiro.
Sob o objetivo de comparar e compreender a colaboração entre autores na sociologia com outras áreas do conhecimento, em Colaboração na produção científica na Ciência Política e na Sociologia brasileiras, assinado pelo professor Glaucio Ary Dillon Soares, em parceria com a doutoranda Cíntia Pinheiro Ribeiro de Souza Tatiana e com a mestranda Whately de Moura, põe-se em discussão os estilos de cognição de produção em rede.
O argumento de que atualmente se assiste o advento de um universalismo global está manifesto "no imperativo ético-moral a defesa e a promoção de valores como a diversidade cultural" conduz a argumentação em Diversidade Cultural, Patrimônio Cultural Material e Cultura Popular: a Unesco e a Construção de um Universalismo Global, do professor Elder Patrick Maia Alves.
Produção Interdisciplinar de Conhecimento Científico no Brasil: temas ambientais, de Tatiana Maranhão, devota atenção à tendência de reprodução de campos disciplinares autocentrados na produção de conhecimento brasileiro, embora cada vez mais adquiram envergaduras de problemas cuja complexidade exige tratamento interdisciplinar.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
24 Fev 2011 -
Data do Fascículo
Dez 2010