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A economia simbólica dos acervos literários: itinerários de Cora Coralina, Hilda Hilst e Ana Cristina César

TESE DE DOUTORADO

A economia simbólica dos acervos literários: itinerários de Cora Coralina, Hilda Hilst e Ana Cristina César

Clovis Carvalho Britto

Orientador Prof.º Doutor Edson Silva de Farias

Banca Prof.º Doutor Edson Silva de Farias (SOL/UnB)

Prof.ª Doutora Analia Laura Soria Batista (SOL/UnB)

Prof.º Doutor Anderson Luis Nunes da Mata (IESB)

Prof.ª Doutora Andrea Borges Leão (UFC)

Prof.ª Doutora Mariza Veloso Motta Santos (SOL/UnB)

Prof.ª Doutora Maria Angélica Brasil Gonçalves Madeira (SOL/UnB)

Data da defesa 03/06/11

RESUMO

Este trabalho tem como horizonte temático as trajetórias e estratégias mobilizadas por algumas escritoras para a inserção e reconhecimento no campo literário brasileiro, ao longo do século XX, a partir do que definimos como uma sociologia dos/nos acervos literários. Mediante os procedimentos teórico-metodológicos de Pierre Bourdieu, observamos especificidades e estratégias comumente utilizadas pelas poetisas Cora Coralina, Hilda Hilst e Ana Cristina César para obter sua inserção e distinção no campo de produção simbólica, notadamente no que diz respeito ao modo como seus acervos integram as tramas de uma economia simbólica. A partir desse contorno, destacamos como os acervos pessoais consistem em nichos para a manipulação do capital e moeda valiosa na economia de trocas simbólicas, especialmente na configuração dos trajetos e memórias das mulheres escritoras. O recurso metodológico ao acervo das autoras contribuiu para a visualização de seus projetos estéticos, biográficos e políticos, já que, por meio dos documentos, construíram determinadas imagens de si e de suas obras para a posteridade, herança mobilizada pelas titulares e herdeiros simbólicos, no intuito de produzir e sustentar determinadas crenças em seus nomes. A partir dos acervos foi possível reconstruir relações promovidas por e em nome das poetisas, explicitando vinculações hierarquizantes entre suas trajetórias e os registros produzidos, na batalha pela distinção no campo literário. A visualização das diferentes posições e das tentativas de profissionalização das escritoras em um período marcado por um maior processo de mercantilização cultural é apresentada em cinco capítulos, distribuídos em três partes. A primeira empreende um esboço do que definimos como uma sociologia dos acervos e estabelece possíveis caminhos para a utilização dos acervos pessoais como objeto sociológico. A segunda contempla a análise dos registros documentais cujo intuito é reconstruir as trajetórias das autoras, suas incursões e estratégias no espaço de possíveis expressivos, demonstrando como suas obras incorporaram marcas e/ou apresentaram resistência à inserção marginal a que foram submetidas, em uma arena de poder marcadamente masculina. Já a última parte avalia como os acervos contribuem para a manutenção e reinvenção das crenças em obras e autoras, confluindo para a compreensão de algumas práticas de fabricação/consagração de legados, de encenação da imortalidade e do entrosamento entre os subsistemas cultural e econômico.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Fev 2012
  • Data do Fascículo
    Ago 2011
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