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Maconha e contexto familiar: um estudo psicossocial entre universitários do Rio de Janeiro

Marijuana and family context: a psychosocial study among university students of Rio de Janeiro

Resumos

O objetivo deste trabalho foi estudar o contexto familiar de usuários e não-usuários de maconha. Adotamos a teoria das representações sociais de Moscovici (1961/1976, 1988), além de algumas reflexões de Becker (1971) e Foucault (1977, 1994, 1997). Participaram da pesquisa sessenta universitários do Rio de Janeiro, de ambos os sexos, entre 17 e 30 anos. Utilizamos um questionário com perguntas abertas, no qual eles apresentaram seus familiares. O material obtido foi analisado em termos temáticos e estatísticos. Entre os usuários de maconha, prevaleceu a autoridade e a ênfase nos papéis sociais, sendo a interação familiar marcada pelo acento emocional e pela idealização. Entre os não-usuários a autoridade coexistiu com relações interpessoais de companheirismo e partilha, num contexto familiar em que predominaram não aspectos afetivos mas práticas de proteção e cuidados. Podemos afirmar que o papel da família na prevenção ao uso de drogas está associado à promoção da autonomia, diferenciação e garantia de um espaço próprio para o jovem.

maconha; representações sociais; família; jovens


The objective of this paper was to study the family context among marijuana users and non-users. Moscovici's theory of social representations, as well as some considerations from Becker and Foucault, was used as theoretical basis for data analysis. The empirical research included sixty university students from Rio de Janeiro, 17-30 years old, of both sexes. Using a questionnaire with open questions, we requested participants to freely describe their family members. The answers were treated according to content analysis principles, followed by chi-square tests. The results presented significant differences between both groups. Among marijuana users, authority and emphasis of social roles predominated, family interactions being characterized by emotional emphasis and idealization. Among non-users, authority coexisted with interpersonal relations characterized by fellowship and sharing, in a family context where practices of protection and care prevailed instead of expressions of affection. We can assert that the role of families in drug use prevention is associated to promoting autonomy, differentiation and guaranteeing a youngster's own space.

marijuana; social representations; family; youngsters


Maconha e contexto familiar: um estudo psicossocial entre universitários do Rio de Janeiro

Marijuana and family context: a psychosocial study among university students of Rio de Janeiro

Violeta Martins FerreiraI; Edson A. de Sousa FilhoII

ISecretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

IIUniversidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi estudar o contexto familiar de usuários e não-usuários de maconha. Adotamos a teoria das representações sociais de Moscovici (1961/1976, 1988), além de algumas reflexões de Becker (1971) e Foucault (1977, 1994, 1997). Participaram da pesquisa sessenta universitários do Rio de Janeiro, de ambos os sexos, entre 17 e 30 anos. Utilizamos um questionário com perguntas abertas, no qual eles apresentaram seus familiares. O material obtido foi analisado em termos temáticos e estatísticos. Entre os usuários de maconha, prevaleceu a autoridade e a ênfase nos papéis sociais, sendo a interação familiar marcada pelo acento emocional e pela idealização. Entre os não-usuários a autoridade coexistiu com relações interpessoais de companheirismo e partilha, num contexto familiar em que predominaram não aspectos afetivos mas práticas de proteção e cuidados. Podemos afirmar que o papel da família na prevenção ao uso de drogas está associado à promoção da autonomia, diferenciação e garantia de um espaço próprio para o jovem.

Palavras-chave: maconha; representações sociais; família; jovens.

ABSTRACT

The objective of this paper was to study the family context among marijuana users and non-users. Moscovici's theory of social representations, as well as some considerations from Becker and Foucault, was used as theoretical basis for data analysis. The empirical research included sixty university students from Rio de Janeiro, 17-30 years old, of both sexes. Using a questionnaire with open questions, we requested participants to freely describe their family members. The answers were treated according to content analysis principles, followed by chi-square tests. The results presented significant differences between both groups. Among marijuana users, authority and emphasis of social roles predominated, family interactions being characterized by emotional emphasis and idealization. Among non-users, authority coexisted with interpersonal relations characterized by fellowship and sharing, in a family context where practices of protection and care prevailed instead of expressions of affection. We can assert that the role of families in drug use prevention is associated to promoting autonomy, differentiation and guaranteeing a youngster's own space.

Keywords: marijuana, social representations, family, youngsters.

Pensamos ser a questão das drogas, em especial a maconha, um fenômeno psicossocial marcante, já que envolve uma multiplicidade de características de nossa cultura. Os chamados comportamentos desviantes entre jovens; a influência dos pares vs. influência dos familiares; o padrão de interação pais e filhos; o conformismo vs. o papel ativo dos jovens na escolha de um estilo de vida próprio; as várias formas do exercício do poder na sociedade, mediadas pelas instituições familiares, religiosas e culturais através dos controles sociais formais e informais; a reação à normatividade social imposta pelas instituições, incluindo aí a família; a busca do não-convencionalismo; o contexto social que, segundo critérios incoerentes e contraditórios, estimula/proíbe o consumo de drogas.

De acordo com dados do levantamento domiciliar realizado em 2001, abrangendo um total de quase nove mil pessoas, entre 12 e 65 anos, em 107 cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes, a maconha aparece efetivamente como a droga ilícita preferida pelos brasileiros (6,9%). Admite-se, contudo, que os números tenham sofrido distorções e sejam bem maiores na realidade: afinal, trata-se de um levantamento domiciliar que envolve uma droga ilícita. Apesar disso, os índices são inferiores aos registrados em países como o Chile (16,6%), a Espanha (22,2%) ou os Estados Unidos (34,2%), conforme informações do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas ([Cebrid], 2002).

Segundo o Relatório Mundial de Drogas 2006, o problema das drogas está sendo contido, com exceção da maconha, usada em 2004 por 162 milhões de pessoas, número que equivale a cerca de 4% da população mundial entre 15-64 anos e representa mais da metade do total de usuários de drogas por ano em todo o mundo. No Brasil, segundo o mesmo relatório, as estatísticas oficiais apontam tendência de queda no consumo. Na Argentina e no Uruguai, contudo, houve um ligeiro crescimento no uso da droga, ao lado de um aumento considerável dos índices no Paraguai. Pesquisas realizadas pelo governo brasileiro em escolas indicam redução do número de usuários em 2004, tendo o índice baixado para 6,4%, entre jovens de 10 a 18 anos, depois de uma trajetória crescente, iniciada em 1989, quando chegou a 7,6% em 1997 (Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime [Unodc], 2006).

Embora as drogas lícitas continuem sendo as mais consumidas pelos brasileiros, inclusive pelos jovens, parece existir ainda hoje, entre nós, uma representação social bastante contrária à maconha que, em termos de saúde pública, não tem a importância do álcool e do tabaco. A mesma sociedade que tolera que os jovens bebam e fumem, reage de uma forma aparentemente irracional quando se trata de um cigarro de maconha.

Partindo do princípio de que o homem é um ser social, qualquer fenômeno humano não deve ser apenas visto de forma isolada, mas contextualizado histórica e culturalmente, para a sua compreensão mais ampla. Privilegiamos Moscovici e sua teoria das representações sociais, aqui entendidas como modalidades de pensamento social que, a partir das permanentes interações individuais/grupais, produzem uma nova realidade partilhada coletivamente (Moscovici, 1961/1976).

Como salienta Moscovici (1988), dependendo das representações que modelam a interpretação da realidade, somos levados a diferentes formas de ver o uso de drogas, por exemplo, concebido como doença ou herança genética, considerado sintoma de ruptura familiar ou ritual de passagem, percebido como tradição cultural ou substância de valor ritualístico.

Através das famílias, cuja influência na formação dos indivíduos é indiscutível, os grupos desenvolvem representações que, por sua vez, atuam sobre as representações sociais de muitos outros objetos, daí a importância da interação familiar no nosso estudo.

Um dos objetivos principais deste trabalho é a identificação de relações entre o contexto familiar/social e o uso/não-uso da maconha. Acreditamos que possa representar uma contribuição na evolução dos conhecimentos sobre o papel desempenhado direta ou indiretamente pelos familiares sobre certos comportamentos considerados indesejáveis de seus filhos, muitas vezes atribuídos ao uso da maconha ou às chamadas más companhias. Confirma-se assim a necessidade de pensar a droga sem condená-la a priori, mas buscando entender o significado de seu uso, num dado contexto histórico-cultural e familiar.

Nesse sentido, os estudos epidemiológicos mostram a maconha como a droga ilícita preferida dos brasileiros, o que se traduz com nitidez pela existência de um volume crescente de usuários, pelo menos nas grandes cidades. O que é fácil de entender: antes limitado aos setores carentes, o consumo estendeu-se às classes média e alta, nos nossos dias. Por sinal, as drogas só parecem ter começado a ser vistas como um problema de fato quando usadas por jovens dos estratos mais altos da população – uma mudança de comportamento que reflete uma transformação social ampla, dentro das famílias e das escolas (Velho, 1980).

Analisando a questão sob outro viés, o mesmo autor assinala que o que realmente assusta nas drogas são as fantasias que a relacionam com áreas consideradas essenciais para a vida social: trabalho, família e sexualidade (Velho, 1985). Em consonância com essa análise, MacRae e Simões (2000) apontam o temor pelo futuro dos filhos como central na preocupação dos pais com o consumo de maconha. O que é compreensível, afinal, usuários de maconha apresentam comumente comportamentos indesejáveis, tais como faltar às aulas, ter notas baixas no colégio, faltar ao trabalho, gerar problemas familiares, ser motivo de discriminação etc. Sem esquecer a marginalização social dos usuários, que acaba estimulando o prazer da transgressão – a "motivação para o desvio" de Becker (1971) – e contribuindo para a cristalização de subculturas delinqüentes, identificadas com freqüência ao tráfico e à violência (Zaluar, 2002).

Nos últimos 40 anos, com o aumento do consumo pelos jovens, intensificaram-se as investigações sobre o assunto, com o desenvolvimento de muitas teorias a respeito de gangues, da subcultura delinqüente e da socialização entre pares. De modo geral, quase todas têm uma característica em comum: o jovem é apresentado, alternadamente, sob a influência dos familiares ou dos pares, minimizando o papel do indivíduo na própria socialização.

Indo contra essa corrente de pensamento, Aseltine Jr. (1995), a partir de um estudo com universitários norte-americanos, ao longo de três anos, considera uma abordagem mais produtiva focalizar, não a influência, mas a interação social, levando em conta as formas pelas quais os jovens escolhem os contextos sociais e ambientes, modelam-nos e os modificam, ao mesmo tempo em que são influenciados por esses mesmos ambientes. Ou seja, evidenciar padrões de interação mutuamente reforçadores, em que o sujeito é visto de uma forma ativa e não como um ser passivo, mero joguete na mão de uns e outros.

No que diz respeito especificamente à maconha, a influência dos pares apresenta-se, sem dúvida, como fator importante para o início e a manutenção do uso, como mostra Becker (1971) em seu estudo com cinqüenta usuários, na maioria músicos. No entanto, permanece inalterado o papel desempenhado seja pela interação familiar na evolução psicossocial dos jovens, seja pelas relações entre o jovem e as normas socioculturais associadas ao consumo de drogas e outras condutas consideradas desviantes em sociedade (Brook, Brook, Gordon, Whiteman & Cohen, 1990; Hopfer, Stalling, Hewitt & Crowley, 2003; Napoli, Marsiglia & Kulis, 2003; Connor, Poyrazli, Ferrer-Wreder & Grahame, 2004; Dishion, Nelson & Bullock, 2004).

Sabemos que desde a época do aparecimento do estudo de Becker (1971), a maconha passou a ser consumida em escala muito maior nas sociedades, aumentando a diversidade de quadros sociais para o entendimento psicossocial, tanto da gênese quanto da manutenção do consumo do produto em termos individuais e de grupo (Coutinho, Araújo & Gontiès, 2004). Mesmo assim, acreditamos que a maconha esteja associada a símbolos sociais e coletivos, tanto de prazer quanto de transgressão, tal como eram considerados na década de 50 e 60. Tais aspectos merecem ser levados em conta, assim como a difusão das informações a respeito do que é tal produto e o que ele pode oferecer ao possível usuário.

Tendo em vista que boa parte dos consumidores é representada pela juventude (Windle & Wiesner, 2004; Schulenberg, Merline, Johonstron & O'Malley, 2005), quando muitos ainda estão vivendo a dinâmica familiar de modo mais direto e intenso, este contexto social passa a ter um papel maior para o aprofundamento psicossocial do fenômeno (Kotchick & Forehand, 2002). Especificamente, acreditamos que a juventude esteja, em muitas sociedades marcadas por autoritarismo político no sentido amplo do termo, em um momento de emergência do conflito social, uma vez que o jovem descobre seu potencial de liberdade, de autonomia, de diferenciação em relação às autoridades familiares e sociais em geral.

Consideramos que a situação mundial mudou no sentido de que o direito ao prazer individual é considerado legítimo e mesmo necessário, face às condições de vida enfrentadas por todos (Johnson, 2004; Macleod et al., 2004). Contudo, ainda não se avançou muito em termos de emancipação psicossocial em relação ao contexto familiar, no qual prevalece em muitos meios sociais uma conduta de duplicidade moral no que se refere às relações pais/avós e filhos/netos. Em certos ambientes de classe média, por exemplo, as relações de interdependência entre membros da família são mantidas junto com certo culto de personalidade, no qual apenas as autoridades familiares parecem ter direitos à liberdade e diferenciação social, prejudicando a afirmação do jovem.

Método

Trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva com o objetivo de identificar as relações entre o contexto familiar/social e o uso/não-uso da maconha, que seguiu os procedimentos éticos de pesquisa científica. Na amostra de 60 universitários, de 17 a 30 anos, 29 participantes classificaram-se como usuários de maconha e 31 autodefiniram-se não-usuários. A média de idade dos usuários foi de 22.38 e o desvio padrão da amostra, 3.41. Entre não-usuários, x = 20.54; dp = 2.84.

Apesar de se tratar de uma pequena amostra, nosso objetivo foi realizar um estudo qualitativo, não tendo havido intenção de comparar influências advindas das áreas de estudo. A amostra incluiu estudantes de Economia, Ciências Contábeis, Comunicação Social, Psicologia e Serviço Social. O sexo masculino prevaleceu entre os consumidores da droga (18 homens contra 11 mulheres) e o sexo feminino entre os não-usuários (20 mulheres contra 11 homens), regularidade não considerada por nós significativa, necessitando de confirmação em estudo mais abrangente.

Usuários foram aqui considerados os indivíduos que, por ocasião da pesquisa, tinham o costume de fumar maconha, sendo entendidos como não-usuários aqueles que nunca consumiram a droga e também os que experimentaram eventualmente e interromperam o uso por decisão própria.

A coleta dos dados foi feita por um dos autores do trabalho em locais abertos do campus de uma universidade pública do Rio de Janeiro, através de questionários auto-administrados entregues diretamente aos alunos, que foram contatados informalmente, ao acaso, e solicitados a participar de uma pesquisa sobre maconha. Ocasião em que se solicitava que apresentassem da forma que preferissem, os membros de sua família, nuclear e ampliada, dos lados materno e paterno, além de outros parentes que desejassem mencionar. Como complemento, dados pessoais tais como idade, sexo, escolaridade de familiares etc. Praticamente, não tivemos recusa e/ou dificuldade para o preenchimento do questionário.

Tratamos o material simbólico por meio de técnicas de análise de conteúdo (Bardin, 2000), com a interpretação e a categorização em unidades temáticas de significados comuns. Os resultados foram dispostos em tabelas de freqüência e percentagem, tendo sido aplicados testes de qui-quadrado.

A seguir relacionamos as categorias temáticas em destaque, com sua descrição, dando exemplos de alguns conteúdos mais representativos, seguidos pela identificação dos participantes (U = usuários; NU = Não-usuários; f = sexo feminino; m = sexo masculino; idade).

Os familiares são apresentados pela personalidade individual, que reúne traços da personalidade, aspectos subjetivos e psíquicos que não precisam de outra pessoa para a sua realização – tais como: " batalhadora, sensível..." (NU, f, 18); "muito ansioso" (NU, f, 18) – e pelo comportamento social, categoria que se refere à expressão de aspectos manifestos do convívio, indicativos de interações ou potenciais para ação prática, em determinadas situações sociais, sem que se procure entender, aparentemente, o padrão interno que orienta esses comportamentos. Por exemplo: "calado" (U, m, 28); "gente boa" (U, m, 29); "pessoa bem interessante" (U, m, 22); "muquirana" (U, m, 29).

Os familiares são lembrados também pelo viés da proteção/cuidado – ou seja, práticas reais ou simbólicas de cuidados, recebidos/dedicados a familiares, em qualquer fase da vida. Como exemplos: "preocupada" (NU, m, 17); "um pouco ausente" (NU, f, 21); "traz conforto, protetor" (NU, f, 23); "muito presente" (NU, f, 22). São representados ainda pelo afeto recebido/sentido, categoria que reúne vivências de diferentes afetos dentro da família, como por exemplo: "seu carinho com a família" (U, m, 22); "amo ele" (U, f, 20); "tenho muito carinho pelos dois, e isso é recíproco" (U, m, 29); "mal-amada" (U, f, 18).

Outra temática em relevo refere-se a valor moral/ético – descrições de familiares a partir de valores supra-individuais/grupais ligados a princípios morais e éticos gerais. Por exemplo: "pessoa justa, caridosa" (NU, f, 19); "muito correta" (NU, m, 20); "generosa" (NU, m, 22); "bondosa" (NU, m, 20); "um pouco falsa" (NU, f, 21); "egoísta" (NU, f, 18). A categoria temática vida/morte abrange aspectos relacionados à vida/vitalidade/saúde e também à morte/morbidez/decadência física de familiares, tais como: "...morreu há pouco" (U, m, 20); "morreu quando eu tinha menos de um ano" (U, m, 22); "morreu quando eu tinha cinco anos" (U, f, 17); "...já morreram todos" (U, m, 29); "falecida" (U, m, 18).

Os conteúdos referentes à categoria família/idealização caracterizam-se pela supervalorização dos aspectos positivos nas descrições de familiares. Por ex: "a maior e melhor pessoa do mundo" (U, m, 19); "uma pessoa fantástica" (U, f, 22); "uma pessoa maravilhosa" (U, f, 18); "...é tudo pra mim" (U, m, 20). Outra categoria em evidência é papel social/ contexto, abrangendo relatos de experiências interpessoais com parentes, em que são ressaltamos os papéis sociais e/ou o pertencimento familiar. Podemos citar alguns exemplos: "simplesmente minha mãe" (U, m, 24); "é a chefe da família" (U, m, 24); "pai de 15 filhos" (U, m, 27); "...largou a família" (U, f, 21).

Amizade/comunidade diz respeito à visão de um familiar como amistoso e fraternal, num tipo de comportamento caracterizado pela partilha de conteúdos, em exemplos como: "amigão" (NU, f, 22); "companheira" (NU, f, 18); "uma amiga" (NU, f, 22). Exige respeito/rígido, pelo contrário, refere-se a familiares rigorosos e exigentes, que buscam impor suas verdades sem levar muito em conta a opinião dos demais. Como exemplos, "autoritária" (NU, f, 21); "muito crítica" (NU, f, 17); "disciplinador" (NU, m, 22); "sempre foi muito rígido e severo" (NU, f, 17); "uma pessoa imperativa" (NU, m, 18).

Resultados

Apresentamos a seguir as tabelas relacionadas às representações dos familiares expressas pelos usuários e não-usuários. Importante ressaltar que os valores constantes das tabelas não se referem ao número de participantes da pesquisa, mas aos vários conteúdos encontrados em suas respostas, durante a nossa análise.

Na Tabela 1, podemos constatar que o item personalidade individual foi o mais enfatizado pelos dois grupos, na apresentação dos seus familiares. Contudo, foi entre os não-usuários que houve maior ênfase nesse conteúdo, ao lado de proteção/cuidado recebido pelo participante e outros familiares, além de amizade/comunidade e valores morais/éticos gerais. Em contraste, os usuários tenderam a representar as autoridades familiares em geral em termos de comportamento social, afeto recebido/sentido. Outros conteúdos destacados pelo mesmo grupo foram família/idealização, papel social/ contexto e vida/morte.

Em busca de maior entendimento das múltiplas dimensões envolvidas nas representações de familiares enquanto contexto social, apresentamos na Tabela 2 um agrupamento temático em que as categorias foram reagrupadas em subconjuntos de temas mais abrangentes como indivíduo, família, grupo cultural e sociedade.

Assim, um primeiro conjunto de representações refere-se ao familiar enquanto indivíduo (personalidade individual, cognição, realização profissional, valor trabalho, formação dos parentes, realização subjetiva). Em seguida, as representações de familiares dizem respeito a situações de interação, as quais se organizaram segundo três tipos: o primeiro, centrado nas necessidades básicas dos membros da família, inclusive do próprio participante (afeto recebido/sentido, proteção/cuidado, formação do participante, presença/ausência); o segundo, focalizando as relações interpessoais entre membros da família, incluindo o participante (comportamento social, amizade/comunidade, expressão/comunicação, satisfação/diversão); um último, voltado para a autoridade controladora (família/idealização, interação/papel social, exige respeito/rígido, permissivo/recompensador, moderno/flexível).

Ademais, as representações relativas à inserção do familiar na sociedade foram divididas em três partes: uma relativa ao grupo cultural (identidade étnica/religião/cultura, família ampliada, traço físico/concreto); outra, referente a uma postura sociopolítica indicativa de busca de conformidade (bem-comportado/desviante, valor moral/ético geral) e/ou de mudança social (evento sociopolítico, reconhecimento social). Por fim, foram reunidos os aspectos vitais (vida/morte).

Observamos que o agrupamento temático exposto na Tabela 2 reforçou algumas tendências psicossociais e diluiu outras. De todo jeito, o teste estatístico de qui-quadrado não foi significativo. Contudo, algumas tendências pontuais merecem destaque. Assim, os usuários mostraram mais conteúdos temáticos referentes aos familiares como autoridades controladoras, bem como temas sobre vida/morte, enquanto os não-usuários, ainda que mantendo o mesmo modelo centrado na autoridade, tenderam a uma maior freqüência de temas voltados para as necessidades básicas e conformidade na sociedade.

Discussão

Os resultados a que chegamos mostram dois perfis distintos, a partir dos conteúdos expressos pelos jovens na sua apresentação dos familiares. Trata-se de buscar descrever os contextos de vivência familiar de ambos os grupos de modo a traçar possíveis elementos formadores/decorrentes do consumo de maconha.

A partir do que foi descrito, podemos dizer que o modelo de organização familiar dos usuários tem como tônica a autoridade controladora. Parte desses conteúdos pode ser tanto formador quanto decorrente do consumo de maconha. Sabemos que o itinerário do consumidor de maconha no âmbito da família costuma ser de ocultação da prática até a revelação da mesma, quando se inicia um ciclo de conflitos intrafamiliares, muitas vezes culminando com uma ruptura sem retorno. Contudo, acreditamos que a ocultação já é sinal de que não existe uma relação mais democrática nas relações familiares, que supõe vivências de oportunidades de explicitar e negociar conteúdos mentais/comportamentais de afirmação individual e mesmo de transgressão de regras.

Ora, os jovens usuários definiram seus parentes pelo que denominamos comportamento social, em que se vive uma espécie de rotina de interações superficiais positivas, o que nos sugere a ausência de grandes questionamentos. Ao lado disso, nota-se que a interação é marcada pelo acento emocional, com predomínio das manifestações de afeto e de idealização dos valores positivos, sendo enfatizados os papéis sociais de familiares (pais/filhos; avós/netos, entre outros) e a autoridade, em relação às quais os jovens manteriam relações de submissão.

Diríamos que a experiência/representação dos familiares por parte de usuários oferece um terreno propício para a emergência do que poderíamos chamar de uma "síndrome de dependência psicossocial" em que os jovens, necessitando inserir-se sem conflitos em grupos de pares, tenderiam a se submeter, primeiro, às exigências dos pais e, em seguida, dos pares.

Ademais, a existência de um "culto à personalidade" de autoridades familiares poderia ter efeitos sufocantes para o desenvolvimento individual dos jovens, estimulando a necessidade de transgressão em relação às mesmas. Daí talvez a importância demonstrada pelos usuários quanto aos temas relativos à saúde/decadência física/morte de parentes, possivelmente se referindo à busca de manutenção dos vínculos familiares. Esta hipótese parece ser reforçada pelos conteúdos relacionados com a formação dos parentes, a respeito de episódios, experiências e práticas, acadêmicas ou não, num tipo de culto às autoridades familiares, transformadas em modelos dificilmente realizáveis pelos filhos.

Podemos nos perguntar até que ponto o aspecto afetivo característico da interação entre os usuários e seus familiares não corresponderia a um tipo de sedução usado pelos pais para suavizar e diminuir a distância criada a partir da idealização dos pais por parte dos filhos. Nesse ambiente de considerável sufocação e autoritarismo, com menos espaço pessoal de liberdade, os jovens em busca de evasão familiar seriam atraídos pelo "canto das sereias" em direção ao comodismo/normalização, segurança/estabilidade.

Entre os não-usuários, o perfil da família parece ser também tradicional, embora com características distintas. Os jovens referiram-se aos parentes sobretudo como indivíduos considerados separadamente, sendo ressaltados traços de personalidade individuais/aspectos subjetivos que os distinguiriam dos demais. Trata-se basicamente de uma família centrada nas necessidades básicas do indivíduo, com predominância de práticas de cuidado/proteção dedicadas a filhos/netos, chamando atenção a ênfase dada aos princípios morais e éticos gerais, na descrição de familiares. Embora em grau bem menor, a autoridade também está presente nesta família, aparecendo mais diluída, possivelmente pela existência de irmãos, os vínculos familiares mais citados neste grupo, que favorecem relações interpessoais marcadas por interações de partilha e companheirismo.

Aparentemente, as representações das autoridades familiares entre os não-usuários exerceriam função de modelos a serem seguidos (Chapple, Hope & Whiteford, 2005), num jogo recíproco de serviços prestados uns aos outros, satisfazendo necessidades individuais de modo separado e/ou combinado (entre irmãos e outros, se situando no mesmo nível hierárquico do ambiente familiar), sem existir a unilateralidade em relação às partes mais poderosas da vida familiar, presente nos conteúdos que analisamos entre os usuários.

Tal tipo de representação/relação geraria submissão às normas sociais sem comprometer o desenvolvimento do indivíduo de modo mais sério, fazendo aparecer mais tarde uma "linha de produção" de indivíduos autodisciplinados, cuja dependência inicial transformar-se-ia em aceitação sem quaisquer questionamentos dos valores parentais (Reis, 1985). Poderia encaixar-se aí, talvez, a conformidade social marcante entre não-usuários, que representa possivelmente um instrumento facilitador de certa internalização das normas sociais. Ou seja, o referido processo de individuação num quadro de conformismo às normas sociais a partir de valores morais predominantes na sociedade, por exemplo, seria parte da negociação psicossocial entre as partes implicadas no ambiente familiar.

Para alguns autores, o que realmente ameaça na maconha são as fantasias associando o uso a determinados modos de vida que interferem em áreas como o trabalho e a família, consideradas essenciais para a vida em comunidade (Velho, 1985), havendo quem correlacione a reação familiar/social ao uso recreacional da maconha e à repressão da sexualidade (MacRae & Simões, 2000).

A partir do chamado dispositivo da sexualidade de Foucault, que teria possibilitado o controle social sobre a vida dos indivíduos, ao final do século XVIII, pode-se entender a associação freqüente entre drogas e sexualidade. Por volta dos séculos XVI e XVII, inúmeras técnicas de vigilância e controle já começam a ser usadas em escolas e hospitais caracterizando o olhar disciplinar. O poder da norma ao mesmo tempo homogeneíza e individualiza, introduzindo toda uma graduação das diferenças entre os indivíduos (Foucault, 1997).

Podemos supor que tais práticas/representações ainda estão presentes no âmbito da família, que passou a exercer na vida moderna papel semelhante ao que a Igreja desempenhava no passado em termos de confissão e renúncia à privacidade, por exemplo. Assim, as representações que examinamos, sobretudo a respeito dos pais/avós de usuários de maconha, indicaram existir nessas relações interpessoais um ambiente que, curiosamente, aparenta ser sem conflito, quase sem problemas, acompanhado por lembranças/descrições de autoridades familiares como personagens que merecem ser respeitados e seguidos enquanto lideranças. Seria necessário investigar se o uso regular de maconha seria conhecido por parte dos mesmos familiares e suas possíveis repercussões nas relações interpessoais nesse âmbito.

Assim, a influência do Estado intensifica-se no século XVIII, tornando a família um refúgio contra o controle social permanente, além de espaço para onde converge a afetividade, não havendo lugar, no entanto, para a individualidade. A partir da revolução industrial, acaba o monopólio da vida privada/familiar, com sua multiplicidade de papéis e funções, surgindo uma sociedade complexa na qual coexistem diferentes categorias sociais, étnicas e religiosas em decorrência da divisão social do trabalho, da desigualdade na distribuição de riquezas e da heterogeneidade cultural (Ariès, 1981). Ao contrário do que acontecia nas sociedades mais primitivas, onde o grupo era referência permanente, as sociedades industrializadas propiciam a experiência de isolamento e solidão e, paralelamente, estimulam a capacidade de independência, liberdade e decisão individuais (Elias, 1994).

A progressiva especialização das profissões exige um processo de preparação dos jovens para desempenhar papéis adultos na sociedade, onde o indivíduo passa a ser uma categoria importante. No entanto, no mundo cristão, sobretudo entre os países católicos menos industrializados, e independente da classe social, existe um firme investimento na normalização do comportamento do indivíduo, no sentido de não valorizar suas possibilidades de autonomia/diferença.

Nesse sentido, não acreditando na emancipação do indivíduo em muitos ambientes na cultura contemporânea, Foucault (1997) faz um paralelo entre o surgimento da sociedade industrial e o desenvolvimento sistemático das campanhas de cristianização das classes populares do século XIX: alheios aos frutos do seu trabalho, os operários devem internalizar uma moral rigorosa para trabalhar sem revoltas. Para isso, o Estado moderno faz uso do poder pastoral, um poder disciplinar que atua como as práticas da confissão, da obediência, da renúncia ao mundo e a si mesmo, em prol da salvação – elementos integrantes da identidade cristã (Foucault, 1977, 1994).

O que vem a confirmar Becker (1971) para quem o desvio existe apenas na interação, pela reação dos outros à infração de regras, criadas arbitrariamente por grupos sociais. Assim, o comportamento desviante não depende da natureza do ato, mas do rótulo e da experiência de vivência deste rótulo, principalmente para os indivíduos que pertencem a grupos que regulam seu comportamento/bem-estar a partir de critérios de avaliação externos.

Outro ponto de conflito no relacionamento pais-filhos, e objeto de vigilância permanente, são os amigos. Fora da área de controle familiar, são invariavelmente responsabilizados pelos comportamentos indesejáveis dos filhos, talvez, em parte, por contribuírem para a maior independência em relação à família e para o necessário questionamento de seus valores (MacRae & Simões, 2000).

Inclusive, é possível perceber com freqüência a existência de um mecanismo familiar que, ao mesmo tempo, atua como estímulo/ desestímulo à independência do jovem, levado de certa forma a não assumir responsabilidades sociais, pela sua alegada insuficiente capacitação/falta de maturidade para enfrentar o difícil mundo adulto (Casas, 2000). Pode-se questionar se esta postura paternalista não se deveria mais às próprias necessidades emocionais dos familiares de manter os filhos junto a si, num mecanismo não-consciente, que se poderia chamar até um tanto perverso, por representar uma gratificação em detrimento do desenvolvimento do outro.

Sem dúvida, a permanência dos filhos maiores de idade na casa dos pais, além do período considerado habitual, parece ser um fenômeno emergente em várias culturas ocidentais, na contemporaneidade. Tanto que já recebeu a designação de famiglia lunga (Scabini, 2000), no que se poderia traduzir por família grande, tendo como conseqüência a ampliação da fase da juventude e o adiamento da transição para o mundo adulto. Nesse sentido, consideramos que os resultados da pesquisa aqui relatada poderão servir de subsídio para o aperfeiçoamento de políticas públicas de saúde mental, no âmbito da rede de serviços de atenção primária e para campanhas preventivas de caráter informativo-educativo que priorizem a influência das relações familiares na gênese da dependência de drogas.

Os dois grupos de jovens que observamos, sistematicamente, ofereceram-nos oportunidade para realizar uma reflexão a respeito das possibilidades de emancipação sociocultural no âmbito da família, focalizando a problemática do consumo ou não da maconha. A abordagem das representações sociais, como abordagem psicossocial que levou em conta a construção de conteúdos psicológicos partilhados por parte de jovens no contexto de suas experiências familiares, mostrou-se adequada e heurística.

Apesar do tamanho pequeno de amostras com que trabalhamos, a maconha como representação/prática social apareceu num contexto intersubjetivo em que as autoridades familiares foram consideradas, sobretudo, por suas dimensões controladoras, idealizadas positivamente e fixadas enquanto papéis sociais pais/filhos netos/avós. Tais resultados indicam que seria preciso investigar mais a dinâmica psicossocial das relações familiares para melhor compreender a gênese de consumo de drogas. Enfim, consideramos que o consumo de maconha seja mais uma forma de o jovem buscar sua emancipação na sociedade.

Recebido: 27/06/2006

1ª revisão: 03/10/2006

Aceite final: 28/11/2006

Violeta Martins Ferreira é psicóloga, com especialização em Dependência Química. Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Trabalha na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Endereço para correspondência: Av. Presidente Vargas, 1997 (2º andar) – Centro – Rio de Janeiro, RJ. violetaferreira@hotmail.com

Edson A. de Sousa Filho é doutor em Psicologia Social pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris. Professor da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFRJ. Pesquisador de produtividade do CNPq. Tem pesquisado nos seguintes campos teóricos psicossociais: representações sociais; relações intra e entre grupos; influência social; entre outros. edsouzafilho@gmail.com

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Maio 2007
  • Data do Fascículo
    Abr 2007

Histórico

  • Aceito
    28 Nov 2006
  • Revisado
    03 Out 2006
  • Recebido
    27 Jun 2006
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