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Psicologia das massas: contexto e desafios brasileiros

Psychology of masses: context and brazilian challenges

Resumos

A interpenetração de valores e práticas sociais entre culturas, no contexto da globalização, é baseada na interdependência econômica dos países, em meios de transportes mais eficazes, na comunicação aberta e em mobilizações massivas. O fenômeno das massas ou multidões tem sido objeto de vários estudos, especialmente pelas Ciências Sociais. A Psicologia, porém, pouco tem contribuído na discussão. Uma das dimensões dessa realidade é a formação de novos movimentos sociais, que buscam modelos alternativos de apoio e organização e têm conduzido, ao redor do mundo, mobilizações de rua que superam seus objetivos iniciais, a exemplo dos distúrbios em Londres e da Primavera Árabe. Este artigo apresenta um histórico do conceito de massas, sua abordagem como construto psicossocial, o desenvolvimento do conceito e os desafios para sua pesquisa e aplicação no âmbito da Psicologia Social brasileira.

globalização; mobilização; identidade social; processos grupais; massas


Interpenetration of values and social practices between cultures, in the context of globalization is based on the economical interdependency of countries, on more effective transportation means, on the open communication and in massive mobilizations. The phenomenon of the masses or crowds has been subject of several studies, especially by the Social Sciences. Psychology, although, has contributed little in the discussion. One of the dimensions of this reality is the formation of new social movements that seek alternative models of support and organization, and have led, around the world, street mobilizations which surpass their original aims, like London Riots and Arab Spring. This article presents a history of the concept of masses, its approach as psychosocial construct, the development of the concept and the challenges to its research and application in brazilian Social Psychology.

globalization; mobilization; social identity; group processes; masses


ARTIGOS

Psicologia das massas: contexto e desafios brasileiros

Psychology of masses: context and brazilian challenges

Jaqueline Gomes de Jesus

Universidade de Brasília, Brasília-DF, Brasil

RESUMO

A interpenetração de valores e práticas sociais entre culturas, no contexto da globalização, é baseada na interdependência econômica dos países, em meios de transportes mais eficazes, na comunicação aberta e em mobilizações massivas. O fenômeno das massas ou multidões tem sido objeto de vários estudos, especialmente pelas Ciências Sociais. A Psicologia, porém, pouco tem contribuído na discussão. Uma das dimensões dessa realidade é a formação de novos movimentos sociais, que buscam modelos alternativos de apoio e organização e têm conduzido, ao redor do mundo, mobilizações de rua que superam seus objetivos iniciais, a exemplo dos distúrbios em Londres e da Primavera Árabe. Este artigo apresenta um histórico do conceito de massas, sua abordagem como construto psicossocial, o desenvolvimento do conceito e os desafios para sua pesquisa e aplicação no âmbito da Psicologia Social brasileira.

Palavras-chave: globalização; mobilização; identidade social; processos grupais; massas.

ABSTRACT

Interpenetration of values and social practices between cultures, in the context of globalization is based on the economical interdependency of countries, on more effective transportation means, on the open communication and in massive mobilizations. The phenomenon of the masses or crowds has been subject of several studies, especially by the Social Sciences. Psychology, although, has contributed little in the discussion. One of the dimensions of this reality is the formation of new social movements that seek alternative models of support and organization, and have led, around the world, street mobilizations which surpass their original aims, like London Riots and Arab Spring. This article presents a history of the concept of masses, its approach as psychosocial construct, the development of the concept and the challenges to its research and application in brazilian Social Psychology.

Keywords: globalization; mobilization; social identity; group processes; masses.

Uma caminhada por qualquer estação movimentada do metrô paulistano poderá mostrar, ao pesquisador social atento, a imanência das multidões na vida urbana contemporânea: milhares de pessoas circulam todos os dias, em maior ou menor densidade, de forma relativamente organizada.

A massa humana que se orienta coletivamente pelos corredores das estações e veículos do transporte metropolitano da cidade de São Paulo tem racionalidade, bastando-lhe algumas poucas informações visuais corretas para se orientar, ao contrário do que se esperaria, tendo-se em mente o estereótipo popular ou os conceitos acadêmicos mais arcaicos sobre multidões, que se expressam nos meios de comunicação em matérias jornalísticas que, corriqueiramente, relacionam multidões à "bagunça", à "desordem", ao "caos".


O tema "massas" ou "multidão" tem sido pouco abordado e, em geral, estigmatizado por psicólogos sociais brasileiros, em função de características específicas do desenvolvimento histórico da Psicologia no país, que, apesar de em seus primórdios ter tratado da questão, "foi pelo viés do fenômeno das multidões que a psicologia moderna efetuou uma de suas primeiras aproximações na direção do social" (Silva, 2004, p. 18). Ela abandonou essa questão ao longo de seu trajeto, em prol de uma preocupação maior com pequenos grupos, condição provavelmente relacionada ao fortalecimento da área organizacional em Psicologia, em virtude de seu desenvolvimento em uma sociedade industrial.

No presente artigo é revisada a literatura sobre massas de pessoas, também denominadas de multidões, desenvolvendo-se uma leitura crítica sobre as abordagens e a invisibilidade dessa temática na ciência psicológica social no Brasil, a fim de se apresentar uma perspectiva teórico-empírica atualizada, que reconheça as massas como um fenômeno social possível de ser investigado pela Psicologia Social.

Globalização e ações coletivas

O processo de globalização marca o mundo contemporâneo com transições heterogêneas na compreensão e na constituição subjetiva dos grupos sociais e das nações (Bhabha, 1998; Hall, 2006).

O estabelecimento de sociedades fundamentadas nesse modelo utiliza, de forma intensa, as tecnologias da informação e a comunicação em rede (Castells, 2008), o que tem subsidiado a adaptação de antigas moralidades a discursos e práticas sociais cada vez mais compartilhadas e integradas, por reavaliação da importância dada a novos valores.

Como ressalta Magnoli (2003), a interpenetração de discursos e práticas sociais entre culturas, constatadas na globalização, está relacionada não apenas aos fatores comunicacionais mais abertos, mas também à interdependência das economias ao redor do globo e na possibilidade de deslocamentos rápidos entre diferentes pontos do planeta.

O fenômeno tem sido extensamente debatido por diversos pensadores, geralmente ligados às ciências políticas, sociais ou econômicas, que têm apontado para os aspectos macroestruturais da questão, relativos às estratégias de expansão das organizações para além das fronteiras nacionais (O’Rourke & Williamson, 2001) ou aos movimentos de governos no sentido de dominar político-ideologicamente outras populações (Hardt & Negri, 2004).

Uma das dimensões dessa realidade é a formação de novos movimentos sociais, cada vez mais ágeis, com um número maior de participantes e ações frequentes e organizadas, como apontam Melucci (1999), cujas ações coletivas são entendidas como "de caráter sócio-político e cultural que viabilizam distintas formas da população se organizar e expressar suas demandas" (Gohn, 2003, p. 13).

As ações coletivas, ocorridas nos espaços públicos, demarcam essas orientações ideológicas e/ou políticas a partir de uma práxis que se coaduna com o pensamento de Milton Santos (2007), para quem, no mundo globalizado, a localização das ações está diretamente relacionada com a sua eficácia, e a rua é o espaço público por excelência.

Mobilizações massivas

As ações de movimentos sociais, principalmente os de multidões sem uma liderança determinada, têm chamado cada vez mais a atenção dos meios de comunicação, que buscam, junto a especialistas, explicações para a sua ocorrência.

Entretanto, como constata o psicólogo Stephen Reicher, da Universidade de St Andrews, estudioso das massas, há uma dificuldade em entender os fenômenos de massa que transcendem movimentos organizados, devido a um foco inadequado ou mesmo anticientífico, que busca nas cognições e comportamentos individuais a explicação para ações de âmbito coletivo, envolvendo desde centenas a milhões de indivíduos (Burns, 2011). No campo das massas, o nível de análise precisa ser outro.

Multidões não podem ser compreendidas pelo mesmo espectro de movimentos sociais, dada sua amplitude e desvinculação de princípios de afiliação próprios dos movimentos sociais. Utilizar os mesmos parâmetros para entender um e o outro fenômeno leva a entendimentos falaciosos acerca do funcionamento das massas humanas.

Recentes eventos, conhecidos como Distúrbios ou Tumultos Londrinos (London Riots), ocorreram entre os dias 6 e 10 de agosto de 2011, após uma marcha pacífica contra o assassinato cometido por um policial. Vários distritos da capital inglesa e do seu entorno foram alvo de estimados 3.443 atos de vandalismo, saques e incêndios criminosos generalizados (Figura 2), com 14 cidadãos feridos e cinco assassinados, enquanto tentavam proteger suas comunidades1 1 Ver http://www.bbc.co.uk/news/uk-14532532 .


Em torno de 3.100 pessoas foram presas e mais de 1.000 responsabilizadas criminalmente (May, 2011).

Várias explicações foram dadas ao acontecimento, desde aquelas envolvendo discrepâncias socioeconômicas, desemprego, cortes nos gastos sociais, oportunismo de criminosos ou relações étnico-raciais desiguais, até as que apontavam para um "efeito de manada", que teria levado o grande número de manifestantes a se "descontrolar" coletivamente e agir de forma "selvagem" (Williams, 2011), entre outras considerações, o que reitera a consideração de Reicher quanto à predominância de argumentos populares da Psicologia, porém inadequados, usados inclusive por especialistas, a fim de explicar multidões.

É fundamental chamar atenção para o fato de que todo tipo de especialista foi contatado para interpretar o ocorrido, evidenciando as divergências entre psicólogos acerca do entendimento desse fenômeno e a falta de conhecimentos ou mesmo o desprezo por conceitos tratados pela Psicologia das Massas contemporânea, como a racionalidade, as falhas de julgamento, a descentralização no uso e no acesso às informações sobre onde e quando ocorrerem mobilizações e a habilidade em traduzir os juízos individuais em decisões coletivas.

Esses podem ser fatores explicativos consistentes para explicar a amplitude do evento londrino e de tantos outros que ocorrem em todo o globo, como a Primavera Árabe (Arab Spring), que iniciou na Tunísia em 18 de dezembro de 2010, decorrente da autoimolação de um feirante acossado por policiais corruptos, e tem abalado ou derrubado várias ditaduras (Tunísia, Egito, Líbia, Iêmen, Bahrein, Síria, entre outras) ante a intensa mobilização popular (Figura 3) e ao custo da perda de inúmeras vidas.


Um dos eventos relacionados à Primavera Árabe, a revolta na Síria que se tornou uma guerra civil, acentuou-se ao longo do segundo semestre de 2012 como conflito internacional, com repercussões diretas particularmente nos vizinhos Líbano e Turquia, decorrentes da afluência de refugiados sírios para esses países, e se configurou em episódios como o do sequestro de sírios em território libanês2 2 Ver http://www.nytimes.com/2012/08/16/world/middleeast/explosion-in-damascus-syria.html?pagewanted=all&_r=2& e o de ataques militares a comunidades turcas próximas à fronteira com a Síria3 3 Ver http://www.cbc.ca/news/world/turkey-returns-artillery-fire-at-syria-for-5th-day-1.1145085 . De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, até meados de agosto, pelo menos 200.000 cidadãos sírios se refugiaram em outros países, fugindo da guerra4 4 Ver http://www.bbc.co.uk/news/world-middle-east-19370506 .

No Brasil, revoltas e mobilizações coletivas permeiam a formação da nacionalidade e possibilitam a conquista de direitos fundamentais, das lutas contra a escravidão às manifestações de trabalhadores (Aquino, Vieira, Agostino, & Roedel, 1999; Conrad, 1975; Fiabani, 2005; Moura, 1959).

Coetaneamente, as marchas pela reforma agrária, das mulheres ao seu corpo (Marcha das Vadias), das trabalhadoras do campo (Marcha das Margaridas), da população negra (Marcha Zumbi), de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (Paradas do Orgulho LGBT), de grupos religiosos (Marcha para Jesus), pela liberalização do uso de drogas (Marcha da Maconha), entre outras acontecem e são visíveis em todo o país, com suas dezenas ou milhões de participantes, e compõem um quadro vivo da movimentação massiva pela defesa de ideias, crenças e direitos (Jesus, 2012).

Podem ser relacionadas outras modalidades de mobilização, como as ocupações em massa de prédios, por movimentos pela moradia, e de órgãos públicos, por grupos de interesses variados, como os de grevistas e de trabalhadores rurais; ou ainda, como exemplo concreto, os distúrbios envolvendo camelôs na cidade de São Paulo, que incluíram enfrentamento com policiais5 5 Ver http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2610201114.htm .

Essas mobilizações no Brasil incluem ocupações de reitorias por estudantes universitários, que, apesar de se iniciarem como movimentos de grupos organizados, repercutem junto a toda a comunidade universitária, que geralmente tem-se aliado aos demandantes.

Podem ser citadas algumas ocupações, como as ocorridas em 2007, contra a adesão da Universidade Federal do Rio de Janeiro ao programa de reestruturação das universidades – Reuni6 6 Ver http://oglobo.globo.com/educacao/estudantes-mantem-ocupacao-da-reitoria-da-ufrj-4146976 ; a da Universidade de Brasília em 20087 7 Ver http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=1480 e a da Universidade Federal de Rondônia em 20118 8 Ver http://educacao.uol.com.br/noticias/2011/11/23/ocupacao-da-reitoria-da-universidade-federal-de-rondonia-chega-ao-50-dia.htm , ambas ações pela saída dos Reitores; e a da Universidade de São Paulo em fins de 2011, decorrente da detenção de alunos9 9 Ver http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/11/entenda-ocupacao-feita-por-alunos-em-predios-da-usp.html , a qual foi reiterada em 2013, desta vez com base na demanda por mudanças no modelo de escolha da reitoria10 10 Ver http://noticias.terra.com.br/educacao/usp-classifica-ocupacao-de-barbarie-reitoria-sera-reaberta-em-15-dias,724599758bd42410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html) . É razoável considerar, ainda, as revoltas de junho de 2013, de cunho popular, que mobilizaram diversos segmentos das sociedades civis de várias áreas urbanas do país, inicialmente em torno de reclamações contra o aumento de tarifas do transporte coletivo, mas cujos discursos se pluralizaram, questionando as autoridades ao apresentar críticas quanto ao acesso e à qualidade dos serviços públicos e ao abordar questões estruturantes, como os direitos sociais, econômicos e de livre expressão (Maricato, 2013).

Para Tarde (1976) e Cooley (2003), quanto maior a densidade populacional, maior a competição pelos recursos que as cidades podem oferecer. Na conjuntura contemporânea, as ações coletivas se configuraram como estratégias efetivas de diferentes grupos sociais ou ideológicos na aquisição de recursos e na ocupação de espaços de poder. Mas, o que a Psicologia tem a ver com tudo isso? Não seriam os fenômenos de massas objetos de análise apenas para ciências como a Sociologia, a Ciência Política ou a História?

Além dos estudos sociológicos, políticos ou mesmo históricos, os da Psicologia têm muito a contribuir no entendimento da formação das multidões e sua evolução, considerando-se esse um complexo fenômeno relacionado à sociabilidade humana, e que explicita "a inerentemente dialética natureza do relacionamento entre o indivíduo e a sociedade" (Reicher, 2008, p. 197).

Breve histórico da psicologia das massas

O conceito de "massa" não é historicamente bem visto. O filósofo Baudrillard (1985) considerava que as massas seriam selvagens, agindo apenas com vistas ao presente e, por isso, não teriam História. Essa visão é calcada em conceitos que se formaram ao longo dos tempos.

A Psicologia Social já se preocupou mais com a questão, especialmente em períodos conturbados, em que ideologias como o Fascismo influenciaram povos inteiros e os levaram a cometer ou concordar silenciosamente com humilhações e desumanização, levando a atrocidades e genocídios (Reich, 2001).

Entretanto, o foco nessa área foi desprezado, até mesmo estigmatizado em nosso meio acadêmico, em função de um zeitgeist de repúdio ao assunto e, especificamente, à preferência por estudos com pequenos grupos ou organizações, com foco no mercado de trabalho, o que valorizou a Psicologia Social de enfoque psicológico e viés norte-americano (Álvaro & Garrido, 2006).

Essa tendência teórica e empírica quanto às multidões, segundo Reicher (2008), pode ser percebida na "notável escassez de pesquisa psicológica dos processos de massa e o fato de que ela é ignorada pelos paradigmas dominantes na Psicologia Social" (p. 183).

Um panorama da Psicologia das Massas como área do conhecimento psicológico deve levar em conta as especificidades do funcionamento das massas, como entes que agem diferentemente dos sujeitos que as compõem.

Etimologicamente, o conceito de massa de pessoas se refere à totalidade ou grande maioria, a um número considerável de pessoas que mantêm entre si certa coesão de caráter social, cultural, econômico, a uma turba, a uma multidão.

Apropriações e transformações do termo, não apenas linguísticas, foram feitas ao longo do tempo. Exemplos são encontrados no francês "foule", usado por Gustave Le Bon (1954) em seu estudo seminal sobre comportamento das massas "Psychologie des Foules", publicado em 1895; no inglês "group", utilizado por McDougall (1920) em "The Group Mind"; e no alemão "masse", apropriado por Freud (1921/1991) em "Massenpsychologie und Ich-Analyse", estudo fundamental para a crítica à cultura de massas e sua relação com a popularização da ideologia fascista, identificadas por Adorno (1951/2006).

A pesquisa científica sobre os fenômenos de massa remonta meados do século XIX, principiou-se em um contexto europeu tomado pelos tumultos urbanos característicos do período, circunstância histórica que se tornou terreno propício para que pesquisadores refletissem acerca dos comportamentos de massa, a partir de uma ótica preconceituosa, em que estes eram vistos como irracionais, desordenados e instáveis.

Autores representativos desse período são Mackay (1841/2002), em cuja obra as massas são categorizadas como focos de loucuras e frustrações em larga escala; e principalmente Le Bon, considerado o pioneiro, e cujas considerações sobre "comportamento de manada" foram utilizadas na área de comunicação.

Ele foi um autor prolífico, envolvido em ideias variadas, algumas associadas à lógica eugenista da época, como a de superioridade racial. Apesar de representar uma reação conservadora às multidões, a sua principal contribuição ao campo da Psicologia das Massas foi a ideia de que a massa é uma entidade psicológica independente, apesar da concepção negativa que ele atribui a essa entidade, pois, para ele, as decisões dos indivíduos podem ser racionais, mas dificilmente as de uma massa também o serão (Le Bon, 1895/1954).

Essa concepção se preservou durante décadas, tanto no espectro científico quanto no popular, sendo primeiramente contestada por McDougall (1920), que considerou nas massas a existência de condições para elevar o que ele chamava de "vida mental coletiva", que estaria relacionada ao desenvolvimento afetivo e intelectual das pessoas por meio da participação em coletividades voltadas a elementos culturais positivos. O pesquisador descreve tais condições como:

1. A persistência no grupo;

2. A idealização da natureza, composição, funções e capacidades do grupo;

3. A interação com outros grupos semelhantes, com diferenças pontuais;

4. Tradições, costumes e hábitos, em especial na relação entre membros;

5. Estrutura definida.

Esse delineamento se confunde com o de grupos, e remonta ao conceito maior de que a massa é racional, que existe uma "sabedoria" das massas, e essa concepção é central para a Psicologia das Massas, quando se questiona se as multidões são racionais ou irracionais.

Posteriormente, Brown (1954) desenvolveu uma taxionomia dos tipos de comportamentos coletivos, destacando o de "tumultos urbanos". Canetti (1995) e Surowiecki (2004) reconheceram a natureza racional das multidões, que, apesar de serem constituídas por um número elevado de indivíduos, caracterizam-se por qualidades como regularidade, cooperação, inibição de conflito e adaptação.

Essa ideia remete sutilmente à Teoria da Identidade Social (Tajfel, 1982, 1983), no que tange à percepção de homogeneidade do outgroup (grupo do outro) e de heterogeneidade do ingroup (nosso grupo), o que leva tanto à despersonalização do "outro" grupo como ao fortalecimento da percepção de uma identidade em comum no "nosso" grupo (Billig, 1976; Leyens, 1985; Sumner, 1906; Taylor & Moghaddam, 1994), essa comparação social (Festinger, 1964) seria um elemento importante de identificação e coesão para essa massa.

Park (1955) via comportamentos de massa nas seitas, sem identificar diferenças significativas entre os membros de uma seita religiosa ou política. Quaisquer seitas, no seu ponto de vista, têm uma vida subjetiva com tensões internas, conflitos, repressões e sublimações incidentes ao esforço de manter integridade e coerência com o pensamento da coletividade. Hoffer (1968) generalizou a ideia ao considerar que todos os movimentos de massa são basicamente doutrinários, tendendo ao fanatismo, apesar das diferenças entre os grupos religiosos e os demais.

Hofstätter (1971) apresentou uma crítica à lógica e às conclusões dos autores clássicos da Psicologia das Massas ao alertar que o sucesso de Le Bon junto aos acadêmicos representa uma arte demagógica de primeiro grau, uma absolvição secularizada, frente à representação social da massa como "manada", em um sentido valorativo negativo. Em outras palavras, muitos pesquisadores podem pensar: "eu não sou massa, porque percebo a massificação alheia". Não reconhecer essa crença tem prejudicado o entendimento do fenômeno.

Visões contemporâneas sobre as massas

O paradigma contemporâneo é o de que a massa é um sistema social organizado, estruturador de comportamento coletivo, de modo que mesmo a mais simples observação do cotidiano, desde que prevenida ante os estereótipos, atesta que decisões tomadas em grupo são melhores que as individuais, porque a massa toma decisões mais rapidamente, é menos sujeita à influência de agentes externos e é auto-organizada.

Porém, na perspectiva de Surowiecki (2004), nem toda massa é sábia, intrinsecamente. Falhas de julgamento decorrentes de defeitos sistemáticos no sistema de tomada de decisões podem levar a massa a tomar decisões irracionais, incoerentes, erradas, porque há interferentes no sucesso de suas decisões. Tais erros de juízo se constituem pela: (a) consciência excessiva da opinião alheia, que leva à imitação; e pela (b) perda de informações e juízos pessoais.

Nessa perspectiva, as consequências do mau desempenho da massa quando da imitação e da perda dos juízos pessoais são o excesso de centralização, a fragmentação no acesso às informações e a imitação irrefletida dos comportamentos e decisões da maioria.

Para que se possam desenvolver massas "sábias", isto é, que apresentam bom desempenho na tomada de decisões, são necessários descentralização no uso das informações, liberdade no acesso individual às informações, independência para formação de opiniões individuais e habilidade em traduzir os juízos individuais em decisões coletivas.

Canetti (1995) apresenta a ideia de que a massa é um recurso dos indivíduos para se libertarem do temor de contato com o desconhecido, pois ela iguala os sujeitos, trazendo-lhes segurança. Para o autor, a massa tem como características:

1. A busca por crescimento contínuo, incluindo-se a necessidade de ser cada vez mais densa;

2. A prevalência da igualdade no seu interior, o que fortalece as teorias igualitárias em seu âmago;

3. A necessidade de uma direção, uma meta comum que fortalece o sentimento de igualdade. Canetti defende que as massas se originam na unidade primitiva conhecida como "malta", na qual pequenos grupos humanos se deslocavam sem a possibilidade de crescerem.

De acordo com Milgram e Toch (1969), movimentos sociais apresentam comportamentos de massa, e o sucesso de um movimento social não depende de tamanho, de organização, de qualidade da liderança ou de sofisticação dessa massa, mas de sua capacidade de expressar sentimentos, ressentimentos, preocupações, temores, ânsias e esperanças de uma coletividade, e que pode ser visto como veículo para solução de problemas generalizados.

Smelser (1962) defende que as massas ou multidões podem ser definidas como movimentos sem uma meta em particular ou orientados por normas ou valores. As massas orientadas por normas dependem de condições estruturais para implementação das normas, como no caso do movimento abolicionista, que dependia de mudanças na estrutura econômica para concretizar os ideais de liberdade e igualdade que se chocavam com a prática escravocrata. As massas orientadas por valores se pautam pela mudança de valores vigentes, e podem resultar em:

1. Revolução política (o que se tem observado em algumas nações abrangidas pela Primavera Árabe);

2. Uma coletividade em princípio revolucionária, mas contida no sistema político;

3. Desaparecimento do próprio movimento (como observado nos tumultos londrinos).

Para Moscovici (1985), a vida social no mundo de hoje, a partir do renascimento, inventou a individualidade, no entanto nosso sentimento histórico de identidade sempre esteve interconectado com o espaço público, com algum grupo, com o "nós".

Esse desejo atávico de ser parte do grupo, da multidão, de ser um "eu" entre o "nós", tem sido propiciado principalmente pelos meios de comunicação de massa. Psicólogos sociais, como Jovchelovitch (2000), têm dado atenção especial à relação entre meios de comunicação e formação de identidades sociais no espaço público.

O tema já fora abordado, como crítica à cultura de massa, por Adorno e Horkheimer (1947/1985), para quem a cultura contemporânea se caracteriza pelo nivelamento pelas massas, e não pelos especialistas ou profundos conhecedores, o que significaria, no seu entendimento, um rebaixamento cultural, quando o preferível seria ter dado acesso das massas à alta cultura.

Tipologias de massas têm sido adotadas a fim de classificar diferentes tipos de aglomerações, considerando alguns aspectos de sua caracterização, tais como o propósito da multidão; a sua duração; o início, a localização das pessoas; as "fronteiras" do evento, os níveis de conflito e de afiliação com a massa (reconhecendo-se algum nível de identificação social); os níveis de interação dentro da massa e entre outras massas ou grupos; a heterogeneidade da população componente da massa; o tamanho dos subgrupos dentro da massa; a quantidade de material que cada pessoa carrega e que pode ser utilizado como defesa ou ataque contra grupos ou outras massas identificados como indesejáveis ou perigosos; e, até mesmo, as condições climáticas no momento do agrupamento (Berlonghi, 1995; Momboisse, 1967).

Existem simuladores de comportamento de massa, inclusive disponíveis para compra pela internet, tais como Legion, Myriad II e Mass Motion. Eles se baseiam em pressuposições sobre comportamento humano em multidões e têm diferentes aplicações, cujas qualidades e limitações devem ser analisadas criticamente antes da utilização.

Alguns trabalhos recentes enfocam o comportamento das pessoas em multidões, não como produto da massa, mas como resultante complexa dos propósitos dos indivíduos. Eles são influenciados pela contribuição original de Floyd Allport (1920), para quem o comportamento dos grupos é variável, dependente do comportamento das pessoas, sendo o conceito de "mente grupal" nada mais que uma abstração.

Reelaborando esse modelo de análise, e identificando a complexa relação entre as pessoas nas multidões, autores têm apontado que a função das massas seria a de fazer convergir indivíduos com intentos semelhantes e que estão predispostos a agir de maneira similar (Drury & Reicher, 1999).

Em linhas gerais, a Psicologia Social, atenta aos fenômenos de massa, tem-se orientado por muitas linhas teóricas e de investigação diferentes acerca das massas, das Teorias Clássicas à Teoria dos Jogos. Serão apresentadas, sucintamente, quatro teorias, as consideradas mais atualizadas: a teoria da desindividualização, a teoria da identidade social, a teoria da convergência e o modelo da norma emergente.

Teoria da desindividualização

Desindividualizar-se é se tornar parte da massa, que sob a capa do anonimato torna sua responsabilidade individual difusa entre os demais membros da multidão. Pesquisas lideradas por Diener (1980) e Mullen (1986) indicam uma relação diretamente proporcional entre tamanho da massa e senso de anonimato, que tende a maior desinibição e impulsividade.

Os primeiros teóricos da desindividualização nas massas foram Festinger, Pepitone e Newcombe (1952) e Zimbardo (1970). Com base no conceito de mente grupal, os autores defendiam que, quando em grupos com os quais se identificam, as pessoas passam por um processo de perda das restrições morais e comportamentais, tornando-se mais suscetíveis a agir de forma diferente da cotidiana e até mesmo de se engajar em práticas antissociais, de acordo com as orientações do grupo maior.

Discordando da atribuição de causalidade dada ao anonimato, Reicher (2008) considera que a teoria da desindividualização falha ao ignorar o senso de empoderamento adquirido pelos indivíduos que se integram a multidões. Ele defende que, tendo em vista que nas multidões se reúnem pessoas com predisposições parecidas, o comportamento de cada indivíduo nesses grandes coletivos — além de resultar de seus próprios interesses — é mais influenciado pela identificação social com as normas do grupo do que pelo anonimato.

Teoria da identidade social

A Teoria da Identidade Social de Tajfel e Turner (1979) aplicada às massas pressupõe que as pessoas se percebem e são percebidas como integrantes de uma determinada multidão com base no compartilhamento de crenças e de sentimentos com o grupo e no comprometimento com a ação coletiva.

As normas e a categorização de alguém como integrante do coletivo, em agrupamentos tipicamente desestruturados, como são as multidões, são inferidas pelos participantes a partir da observação das ações e dos discursos daqueles considerados membros representativos do grupo (ingroup). Em um contexto de relações intergrupais, a existência de outgroups (como a polícia) é considerada fundamental para se compreender as definições de uma determinada massa sobre si e sobre os outros, os auto e heteroestereótipos, e como esses grupos se tratam (Drury & Reicher, 2009).

Subjacente a uma identificação social dos indivíduos com a massa, há solidariedade e, com isso, o aumento da possibilidade de participação nos assuntos de que essa trata e nos enfrentamentos coletivos da massa (Melucci, 1989; Simon et al., 1998), especialmente em situações quando a identidade social se torna mais proeminente do que a identidade pessoal, o que leva as pessoas a se definirem em termos do que os tornam semelhantes aos demais membros da massa (Van Stekelenburg & Klandermans, 2010).

Teoria da convergência

Fundamentada na Teoria da Dissonância Cognitiva de Festinger (1975), a Teoria da convergência pressupõe que o comportamento das massas depende das contribuições das pessoas que as compõem. Entretanto, aqueles que desejam fazer parte precisam se identificar com a consciência e as orientações que prevalecem, mesmo que tenham de minimizar ou abandonar cognições e comportamentos em dissonância com a maioria (Haslam, Turner, Oakes, McGarty, & Hayes, 1992).

A teoria defende que multidão tende a se convergir para posições que minimizem diferenças intragrupais. Somente a entrada de mais pessoas que pensam diferente do subgrupo majoritário pode mudar os conceitos intragrupais da massa. Esse processo de mudança tende a ser demorado, de longo prazo.

Modelo da norma emergente

Proposto por Turner (1964), esse modelo pressupõe que as massas se organizam em torno de cognições sociais em comum, preservando traços individuais. Alguns desses traços podem ser assumidos por um subgrupo maior dentro da massa, o que o torna característico da consciência da massa de forma geral.

Os papéis sociais não são rígidos, alguns indivíduos eventualmente se consolidam como líderes da massa e em outros momentos como seguidores e, conforme o próprio nome do modelo sugere, na multidão, as normas emergem conforme as interações simbólicas entre os envolvidos (Turner & Killian, 1987), limitando-se, portanto, a uma análise em nível micro acerca da sociabilidade intragrupal.

Psicologia das massas no Brasil

Falta bibliografia atualizada no Brasil, pois é reduzida à práxis e à produção de conhecimento em Psicologia das Massas no país. No exterior, governos como o britânico entendem a dimensão estratégica do assunto e têm apoiado pesquisas (Cabinet Office, 2009).

A quase ausência de psicólogos sociais brasileiros interessados em estudar as multidões e a estigmatização do tema se afigura paradoxal quando se sabe, por exemplo, que Aroldo Rodrigues (1986), considerado uma das maiores referências na vertente psicológica da Psicologia Social, criticava a falta de conhecimento sobre as aplicações da Psicologia Social e defendia a análise psicossocial de situações sociais complexas, tais como tumultos e inclusive conflitos internacionais.

Os primeiros psicólogos sociais brasileiros, influenciados pelo pensamento de Le Bon, traziam como uma de suas principais preocupações o entendimento sobre as multidões e como controlá-las, buscando explicar, a partir de referencial psicológico, a ação do líder sobre as massas (Silva, 2004), ainda sob uma perspectiva patologizante.

Essa tendência pode ser atribuída ao fato de que, em seus primórdios, a Psicologia Social brasileira aderiu ao evolucionismo social, linha de racismo científico hegemônica até a década de 30, que desqualificava os povos não europeus, principalmente os afrodescendentes, os quais, para autores da época, como Nina Rodrigues, eram pessoas biologicamente e psicologicamente inferiores às brancas e europeias, de modo que suas aglomerações tendiam a se tornar lutas selvagens de loucos. Dessa forma, Nina Rodrigues definiu a Revolta de Canudos (1896-1897): Antônio Conselheiro era um mestiço hereditariamente louco que contaminou as massas do campo, seres distantes do estágio de civilização supostamente alcançado pela Europa e, portanto, suscetíveis a emoções irracionais (Chaves, 2003).

Essa superada visão racialista das massas pode ser uma das explicações para o mal-estar que a discussão sobre multidões causa ainda hoje e para a falta de pesquisas aplicadas à realidade brasileira.

Os estudos psicossociais que atualmente mais se aproximam de uma análise qualificada das massas geralmente se enfocam nos movimentos sociais, tais como os de Prado (2001), Toneli e Perucchi (2006), Perucchi (2009) e Prado e Costa (2011), que têm analisado as estratégias contradiscursivas de alianças e de parcerias de mobilização de grupos historicamente discriminados.

Considerações finais

A Psicologia das Massas, para além dos estereótipos, tenta propiciar respostas para problemas do nosso tempo, defendendo e pesquisando a racionalidade das massas. Um confronto entre centenas de banhistas e uma dezena de guardas municipais, ocorrido no dia 9 de outubro de 2012, uma terça-feira, na Praia de Ipanema, cidade do Rio de Janeiro, é significativo para essa questão.

A associação entre episódios como a burla por um banhista da proibição da prática entre as 8 horas e as 17 horas do altinho, um jogo praticado à beira-mar, sua admoestação violenta por parte de guardas municipais e a revolta de alguns usuários da praia (incluindo uma pessoa que passeava com o seu cachorro pelas areias, ato também proibido) levou à confusão11 11 Ver http://oglobo.globo.com/rio/guardas-municipais-entram-em-confronto-com-banhistas-na-praia-de-ipanema-6351810#ixzz29HyZiZHM .

A multidão se mobilizou rapidamente, incitada e orientada por mais de um indivíduo, contra aqueles que ela entendia como opressores de seus direitos, violadores do seu espaço. Os guardas se afastaram, sob cocos e cadeiras de praia arremessados contra eles (Figura 4).


Vale comentar que o trecho em que ocorreu o incidente, conhecido como "Coqueiral", é um local particular na cartografia da orla carioca, no qual as "tribos" mais frequentes são pessoas que advogam a liberdade de expressão e tradicionalmente sempre se opõem à truculência policial. As autoridades informaram que investigariam eventuais excessos dos guardas. Alguns dos participantes do distúrbio declararam posteriormente que, pelo fato de o espaço ser democrático, consideravam-no como "deles"12 12 Ver http://oglobo.globo.com/rio/altinho-beira-dagua-volta-acirrar-animos-de-guardas-municipais-banhistas-6369615#ixzz29Hz0dVrP .

O entendimento de democracia como laissez faire permitiria violar posturas sobre o uso das praias (determinadas no município do Rio de Janeiro pelo Decreto n. 29.881, consolidado pelo prefeito Cesar Epitácio Maia, em 2008). A ação da massa em Ipanema, apesar de questionável no regime democrático, surgiu como resposta imediata à revolta generalizada contra os guardas municipais, tendo sido, portanto, uma decisão plenamente racional, tendo em vista as informações que as pessoas dispunham no momento.

Mais do que apenas questionar a validade das leis, a sua fiscalização e a punição de infratores, uma resposta que pode ser dada pela perspectiva psicossocial — e em particular pela Psicologia das Massas — nesse contexto de violações reiteradas, aliado a visões arcaicas das multidões como inerentemente irracionais e potencialmente agressivas (as quais prejudicam uma gestão racional das massas por parte das autoridades), é a de que a mudança cultural das representações sociais acerca do que é democracia, o uso dos espaços públicos e os limites da ação fiscalizatória e repressiva, efetivada nos espaços de educação, é capaz de melhorar as relações interpessoais e intergrupais, minimizando conflitos.

O conflito pode ainda estar relacionado à chamada "imagem de espelho" (Osgood, 1962), fenômeno aplicado a massas, decorrente da percepção social sobre o seu grupo (ingroup), que é visto como o oposto do outro grupo (outgroup). No caso da "Batalha da Praia de Ipanema", se é que se pode assim chamar o distúrbio supracitado, o ingroup (banhistas) teria uma autoimagem positiva, vendo-se como detentor de direitos e como pacífico, somente reagindo a uma agressão, ao passo que vê essa imagem refletida de forma negativa no outgroup (guardas), destituinte de direitos e beligerante.

Desse modo, quando da interação física dos dois grupos, em uma situação de conflito como a da ocupação das areias, o fato de os guardas estarem armados com cassetetes pode ter se tornado uma justificativa para que os banhistas também se armassem, mesmo que provisoriamente, com cocos e cadeiras de praia à disposição, com base na cognição social de tendenciosidade ao equilíbrio (Heider, 1958) e à comparação social (Festinger, 1964): "precisamos nos defender deles".

A reflexão acerca da natureza e do funcionamento das massas pode contribuir para a compreensão de eventos de participação massiva, possibilitando a instrumentalização dos pesquisadores no sentido de aumentar sua capacidade preditiva com relação ao desenvolvimento desses fenômenos.

Pode-se concluir, sem grande margem de erro, que a Psicologia das Massas é um campo controverso, com enormes possibilidades teóricas e empíricas. Um dos maiores desafios é o de entender se a massa influencia os indivíduos ou se a ação coletiva é o resultado de decisões individuais, ou se tais influências ocorrem concomitantemente. Que os psicólogos sociais interessados nas grandes mobilizações do mundo de hoje busquem mais respostas.

Notas

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Recebido em: 2011-12-02

Revisão em: 2012-09-01

Aceite em: 2013-07-14

Jaqueline Gomes de Jesus é Doutora em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações pela Universidade de Brasília (UnB) e pós-doutoranda pela Escola de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Rio). Professora do Centro Universitário Planalto do Distrito Federal (UNIPLAN). Endereço: UnB Colina, Bl. J, Apto. 106. Campus Universitário Darcy Ribeiro, Asa Norte, Brasília/DF, Brasil. CEP 70904-110. Email: jaquelinejesus@unb.br

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      24 Jan 2014
    • Data do Fascículo
      2013

    Histórico

    • Recebido
      02 Dez 2011
    • Aceito
      14 Jul 2013
    • Revisado
      01 Set 2012
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