Acessibilidade / Reportar erro

Análise da estimulação cardíaca artificial atrioventricular universal (DDD) em comparação à ventricular (VVI): estudo multicêntrico

Comparative analysis of universal atrio-ventricular (DDD) vs ventricular (VVI) artificial cardiac stimultion: a multicenter study

Resumos

Este trabalho analisa, em nosso meio, através das avaliações radiológica, cicloergométrica, ecocardiográfica e também na eletrocardiografia dinâmica (Holter), o desempenho da estimulação DDD em relação à VVI. Para isso, foi elaborado um estudo, do qual participaram 7 grandes Centros que implantam marcapasso no Brasil. No material estudado, não se notou diferença significativa entre a estimulação DDD e a estimulação VVI no paciente. Também não houve diferença quando se consideraram os pacientes chagásicos e não chagásicos.

estimulação cardíaca; estimulação cardíaca; marcapassos cardíacos


This paper documents, through radiological, stress test, echocardiography and Holter monitor, the effect of DDD and VVI stimulation. Seven Centers with large experience in pacemakers contributed cases. We didn't notice significant differences between DDD and VVI stimulation in the patients studied and in Chagas or non-Chagas disease.

cardiac stimulation; cardiac stimulation; pacemakers, cardiac


Análise da estimulação cardíaca artificial atrioventricular universal (DDD) em comparação à ventricular (VVI): estudo multicêntrico

Comparative analysis of universal atrio-ventricular (DDD) vs ventricular (VVI) artificial cardiac stimultion: a multicenter study

Ro to V. ArditoI; Osvaldo T. GrecoI; Domingo M. BraileI; Paulo R. BrofmanII; Ricardo EloyIII; Rubens MinilloIV; Dirceu O. Faelli Jr.IV; Aldo PesariniV; Rubens T. BarrosVI; José Carlos S. AndradeVII

IDo Instituto de Moléstias Cardiovasculares de São José do Rio Preto

IIDo Hospital Evangélico de Curitiba

IIIDo Hospital Santa Izabel de Salvador

IVDo Hospital Stella Maris de Guarulhos

VDa Santa Casa de Misericórdia de Curitiba

VIDa Santa Casa de Misericórdia de Marília

VIIDa Escola Paulista de Medicina

Endereço para separatas Endereço para separatas: Roberto V. Ardito Rua Castelo DÁgua, 3030 São josé do Rio Preto, SP, Brasil

RESUMO

Este trabalho analisa, em nosso meio, através das avaliações radiológica, cicloergométrica, ecocardiográfica e também na eletrocardiografia dinâmica (Holter), o desempenho da estimulação DDD em relação à VVI. Para isso, foi elaborado um estudo, do qual participaram 7 grandes Centros que implantam marcapasso no Brasil. No material estudado, não se notou diferença significativa entre a estimulação DDD e a estimulação VVI no paciente. Também não houve diferença quando se consideraram os pacientes chagásicos e não chagásicos.

Descritores: estimulação cardíaca, artificial; estimulação cardíaca, técnicas; marcapassos cardíacos.

ABSTRACT

This paper documents, through radiological, stress test, echocardiography and Holter monitor, the effect of DDD and VVI stimulation. Seven Centers with large experience in pacemakers contributed cases. We didn't notice significant differences between DDD and VVI stimulation in the patients studied and in Chagas or non-Chagas disease.

Descriptors: cardiac stimulation, artificial; cardiac stimulation, techniques; pacemakers, cardiac.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Trabalho realizado no Instituto de Moléstias Cardiovasculares. São José do Rio Preto, SP, Brasil; no Hospital Evangélico de Curitiva, PR, Brasil; no Hospital Santa Izabel, Salvador, BA, Brasil; no Hospital Stella Maris de Guarulhos, SP, Brasil; na Santa Casa de Misericórdia de Marília, SP, Brasil e na Escola Paulista de Medicina, São Paulo, SP, Brasil.

Apresentado ao 13º Congresso Nacional de Cirurgia Cardíaca, São Paulo, SP, 4 e 5 de abril, 1986.

Discussão

DR. PAULO GAUCH

Sâo Paulo, SP

Desejo agradecer à Comissão Organizadora do 13? Congresso Nacional de Cirurgia Cardíaca a indicação do meu nome como comentador oficial deste trabalho. Os resultados obtidos neste estudo multicêntrico não diferem do que pensamos em relação às vantagens ou benefícios de estimulação DDD em relação à VVI. Baseados na apresentação do Dr. Ardito, observamos que 37% dos pacientes se beneficiaram com a estimulação DDD, em comparação à VVI. No entanto, 63% não obtiveram benefícios significativos com o tipo de estimulação de dupla câmara. A nossa meta é individualizar os pacientes que realmente se beneficiam com a estimulação DDD, classificando-os conforme a etiologia, o tipo de distúrbio da condução que induziu ao implante do marcapasso, a presença, ou não, de insuficiência cardíaca, arritmias, etc. Inúmeros trabalhos, na literatura, demonstram que o implante de marcapasso VVI devolve qualidade e quantidade de vida à grande maioria de pacientes que recebem este tipo consagrado de estimulação. No entanto, o fato de um implante de marcapasso VVI devolver ao paciente a expectativa de vida de uma população normal, não afasta a possibilidade de permanência ou persistência de sintomas. Estes sintomas podem persistir pela própria patologia de base, ou serem originados pela perda do sincronismo átrioventricular e os fenômenos decorrentes (Slide). Observamos, neste diapositivo, que os pacientes com bloqueio da condução átrioventricular, mesmo após o implante de marcapasso VVI, possuem uma porcentagem maior de sintomas decorrentes da miocardiopatia associada, enquanto que o grupo de pacientes com disfunção sinusal apresentam uma porcentagem significativa de sintomas relacionados com a síndrome do marcapasso (Slide). Portanto, no grupo de pacientes com bloqueio plante de marcapasso DDD se justificaria para meda condução átrioventricular, a indicação de imlhorar a capacidade física em pacientes jovens; nos bloqueios A-V associados à insuficiência coronária, obtendo-se a queda do consumo de oxigênio do miocárdio e nos bloqueios A-V associados e anomalias congênitas e afecções valvares, procurando-se obter melhor condição hemodinâmica no território pulmonar (Slide). Já as indicações nas disfunções sinusais são mais amplas, devendo-se, obrigatoriamente, indicar o DDD como modo de estimulação em pacientes portadores de síndrome do marcapasso; na doença intrínseca do nó sinusal associada a distúrbios da condução A-V e presença de condução retrógrada, e na forma cárdio-inibitória da hipersensibilidade do seio carotídeo pelo alto risco de bloqueios da condução A-V e alta incidência de condução retrógrada associada (Slide). Concluímos nosso comentário salientando que a estimulação DDD pode trazer benefícios para grupos selecionados de pacientes, devendo-se, por outro lado, evitar-se o seu uso indiscriminado, visto que os benefícios da estimulação VVI satisfazem a maioria dos pacientes.

DR. ARDITO

(Encerrando)

Gostaria de agradecer ao Dr. Paulo Gauch, pelos comentários, e salientar que o marcapasso DDD deve ser colocado em pacientes que apresentem uma boa resposta atrial ao esforço, com implemento de freqüência, e ai teríamos a situação ideal, com o sincronismo átrioventricular. Outro fato importante que devemos frizar é que o paciente não chagásico tem as mesmas manifestações de resposta ao marcapasso que o paciente chagásico. Quero deixar, aqui, mais uma vez, aos meus colegas que colaboraram com este estudo multicêntrico, os agradecimentos em nome de todos e, ao Dr. Naim Savaia, pela orientação estatística.

  • 1 ALT, E.; KRIEG, J.; VÖLKER, R. - Long term results in 127 patients with physiological pacemakers (phPM). PACE, 8:A-35, 1985.
  • 2 DODINOT, B - Dual chamber pacing modes in cardiac pacing. In: Proceedings of the XII World Symposium on Cardiac Pacing. Viena, maio 1983. p. 449.
  • 3 GODIN, J. F.; POTIRON-JOSSE, M.; LE MAREC, H.; LOUVET, S.; L'HÉNAFF, H. W. - Oxygen uptake during stress testing ind DDD versus VVI pacing. PACE, 8:A-34, 1985.
  • 4 GRECO, O. T.; ARDITO, R. V.; LORGA, A. M.; RIBEIRO, R. A.; BELLINI, A. J.; BILAQUI, A.; NICOLAU, J. C.; JACOB, J. L. B.; AYOUB, J. C. A.; ANGELONI, M. A.; LIMA, E. R.; ANSELMO, E. F.; FEDOZZI, N. M.; BRAILE, D. M. - O marcapasso cardíaco artificial deve ser multiprogramável?: estudo em 931 pacientes. Arq. Bras. Cardiol, 45 (Supl. 1): 105, 1985. (Resumo)
  • 5 KOURKOULAKOS, C.; GIALAFOS, J.; PARASKEVAS, P.; TSAKIRIS, M.; KREMASTINOS, D.; TOUTOUZAS, P. - Assessment of left ventricular (LV) function in ventricular and A-V pacing using systolic time intervals and thermodilution technique. PACE, 8: A-34, 1985.
  • 6 PINTO, G. H. C.; LORGA, A. M.; AYOUB, J. A. C.; CURY, M. V. A. R.; GRECO, O. T.; NICOLAU, J. C.; JACOB, J. L. B.; ARDITO, R. V.; GARZON, S. A. C; BELLINI, A. J.; RIBEIRO, R. A.; BILAQUI, A.; BRAILE, D. M. - Marcapasso atrial transesofágico: eficácia diagnostica e terapêutica. Arq. Bras. Cardiol, 45 (Supl. 1): 107, 1985. (Resumo)
  • 7 POTVIN, E. A.; GOLDMAN, B. S.; DUNCAN, J. A.; TONG, C. P.; SCHOICHET, M.; CAMERON, D. A. - Morbidity and mortality during follow-up of patients with dual chamber pacemakers. PACE. 8: A-36, 1985.
  • 8 YAMAGATA, S.; MATSUMURA, K.; OHYAGI, K.; IKEDA, K.; ISHIGURO, T.; MATSUMOTO, K.; MATSUSHITA, T.; TAKENOSHITA, T. - An application of the dual-chamber pacemaker to a single chamber pacing: a preliminary report of VVD Mode. PACE, 8: A-36,1985.
  • Endereço para separatas:

    Roberto V. Ardito
    Rua Castelo DÁgua, 3030
    São josé do Rio Preto, SP, Brasil
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      16 Fev 2011
    • Data do Fascículo
      Dez 1986
    Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular Rua Afonso Celso, 1178 Vila Mariana, CEP: 04119-061 - São Paulo/SP Brazil, Tel +55 (11) 3849-0341, Tel +55 (11) 5096-0079 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: bjcvs@sbccv.org.br