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Editorial

Editorial

Nas ultimas três décadas, a população da Amazônia Brasileira cresceu muito e encontra-se em processo acelerado de ocupação que, embora tenha levado a um desmatamento considerável de sua cobertura florestal devido às varias atividades antrópicas, também contribuiu diretamente à instalação e ao desenvolvimento econômico-social da população dessa região. Atualmente, há uma demanda cada vez maior por parte dos vários setores econômicos dos estados da Amazônia e de órgãos governamentais por informações climáticas e/ou produtos de previsões meteorológicas que sejam sistematicamente aplicados no processo de planejamento e tomada de decisão das suas atividades. Uma das demandas principais refere-se à previsão dos eventos ou fenômenos meteorológicos extremos. Para atender essa demanda foi criada a rede de monitoramento e pesquisa de fenômenos meteorológicos extremos (REMAM), que está configurada na interligação de diversas instituições de vocações distintas e que foram agrupadas em centros específicos na rede, cujo ponto de interconexão é o SIPAM. As instituições voltadas à pesquisa e desenvolvimento englobam o centro de pesquisa e as universidades. As instituições ligadas às operações meteorológicas cotidianas estão no Centro de Previsão e, por fim, a Defesa Civil e suas unidades representado os órgãos de gestão dos impactos dos eventos extremos.

Neste sentido a REMAM tem por objetivo implementar, desenvolver e sistematizar uma estratégia de monitoramento e pesquisa sobre fenômenos meteorológicos extremos nos estados da Amazônia focando, particularmente, os eventos severos de curto prazo que frequentemente produzem descargas elétricas, vendavais ou rajadas de vento e chuva intensa, e eventos climatológicos de longo prazo como enchentes, secas e estiagens prolongadas. Para esse fim foram definidas as seguintes áreas temáticas: Modelagem Numérica e Previsão do Tempo; Modelagem Climática; Estudos Diagnósticos Observacionais; Desenvolvimento de Produtos e Aplicativos para previsão de tempo e clima; Monitoramento, Analise e Modelagem Hidrológica; Definição da Linguagem de Alertas dos Eventos Extremos; Integração e Difusão da Rede de Monitoramento; Ferramentas para Difusão de Produtos de Tempo, Clima e Hidrológico aos órgãos de Mitigação.

Este número especial da RBMET é dedicado a trabalhos relacionados ao Projeto REMAM. Dois artigos tratam de aplicações do modelo OLAM. Ramos da Silva et al. tratam em um artigo das estimativas climáticas e em outro da aplicação do modelo para previsão de tempo sobre o leste da Amazônia. Cohen et al. usam dados de radar para estudar a variabilidade espacial e temporal da precipitação na confluência dos rios Tapajós e Amazonas. Dois artigos abordam os relâmpagos da região. Santos et al. estudam os casos de queda no abastecimento de energia elétrica em virtude de raios e Ribeiro et al. estudam casos de raios nuvem-solo em eventos de chuva intensa sobre Belém. O ponto de vista termodinâmico também é abordado por dois artigos. Em um deles Santos et al. apresentam uma climatologia da Energia Potencial Convectiva Disponível sobre Belém. Em outro, Gille e Mota discutem os cenários termodinâmicos relacionados a eventos extremos na região metropolitana de Belém. Loureiro et al. estudam os eventos extremos que ocorreram em 2009 e fazem associações com os principais sistemas meteorológicos que atuam sobre o Pará. Os impactos nos recursos hídricos são abordados em dois artigos. Cunha et al. estudam um evento extremo de chuva-vazão na bacia do rio Araguari. Já Nóbrega estuda os impactos do desmatamento e mudanças climáticas nos recursos hídricos do oeste da Amazônia.

Enio Pereira de Souza e Júlia Clarinda Paiva Cohen

Editores do Número Especial

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Jan 2015
  • Data do Fascículo
    Dez 2014
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