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Espacialização da Precipitação Diária em Bacias Hidrográficas do Sul do Espírito Santo

Spatialization of Daily Rainfall in Hydrographic Basins in the South of Espírito Santo

Resumo

Dados espacializados de precipitação diária são úteis para diversas aplicações relacionadas à meteorologia aplicada e à hidrologia, tais como a detecção de mudanças climáticas, estudo de inundações, e compreensão da interação do clima com os processos hidrológicos e biogeoquímicos. Contudo, cada espacialização da chuva deve ser avaliada para uma determinada região específica antes de sua ampla utilização. Nesse sentido, o presente trabalho objetivou, para as bacias hidrográficas do sul do Espírito Santo (bioma Mata Atlântica), a avaliação de métodos de interpolação espacial, a criação de uma base de dados espaciais de precipitação diária em formato grid, e a comparação desta base com outras bases de dados de precipitação diária em formato grid. A avaliação dos interpoladores foi feita por meio de validação cruzada, na qual o método da Distância Angular Ponderada (ADW) apresentou melhor desempenho. A aplicação do ADW, para todos os dias do período entre 1980 e 2018, originou uma base de dados de precipitação diária em formato grid com resolução espacial de 0,01°. A base de dados criada teve desempenho semelhante à de XAVIER para a representação espacial das chuvas na região, sendo melhor que as demais avaliadas.

Palavras-chave
ADW; Random Forest; CHIRPS; interpolação; precipitação

Abstract

Spacialized daily precipitation data are useful for several applications related to Applied meteorology and hydrology, such as detecting climate change, studying floods, and understanding the interaction of climate with hydrological and biogeochemical processes. In addition, each spatialization of rain must be analyzed for a given region. In this sense, the work aimed for the hydrographic basins of the South of Espírito Santo, the evaluation of spatial interpolation methods, the creation of a spatial database of daily precipitation in a grid format, and the comparison of this base with other daily precipitation databases in a grid format. The hydrographic basins were chosen because they are located within the Atlantic Forest biome. The evaluation of the interpolators was carried using means of cross-validation, in which the Weighted Angular Distance (ADW) method presented the best performance. The application of ADW for every day of the period between 1980 and 2018, originated a database of daily precipitation in a grid format and with a spatial resolution of 0.01 °. The database created had a performance similar to that of XAVIER for the spatial representation of rainfall in the region, being better than others also evaluated.

Keywords
ADW; Random Forest; CHIRPS; interpolation; precipitation

1. Introdução

O conhecimento dos comportamentos espacial e temporal da precipitação é essencial para a maioria dos estudos ambientais, como o monitoramento de secas, o planejamento do manejo de bacias hidrográficas (Aslami et al., 2019), a detecção de mudanças climáticas (Salviano et al., 2016SALVIANO, M.F.; GROPPO, J.D.; PELLEGRINO, G.Q. Análise de tendências em dados de Precipitação e Temperatura no Brasil. Revista Brasileira de Meteorologia, v. 31, n. 1, p. 64-73, 2016. doi
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; Trenberth, 2011TRENBERTH, K.E. Changes in precipitation with climate change. Climate Research, v. 47, n. 1, p. 123-138, 2011. doi
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), a prevenção contra inundações (Madsen et al., 2014MADSEN, H.; LAWRENCE, D.; LANG, M.; MARTINKOVA, M.; KJELDSEN, T.R. Review of trend analysis and climate change projections of extreme precipitation and floods in Europe. Journal of Hydrology, v. 519, p. 3634-3650, 2014. doi
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; Schumacher, 2016SCHUMACHER, R.S. The Studies of Precipitation, Flooding, and Rainfall Extremes across Disciplines (SPREAD) Workshop: An Interdisciplinary Research and Education Initiative. Bulletin of the American Meteorological Society, v. 97, n. 10, p. 1791-1796, 2016. doi
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), e o entendimento da interação meteorológica com os processos terrestres hidrológicos e biogeoquímicos (Hofstra et al., 2008HOFSTRA, N.; HAYLOCK, M.; NEW, M.; JONES, P.; FREI, C. Comparison of six methods for the interpolation of daily, European climate data. Journal of Geophysical Research, v. 113, p. 1-19, 2008. doi
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). Portanto, medições confiáveis da precipitação são essenciais. Estas medições podem ser feitas de diversas formas; todavia, registros de estações de dados medidos em superfície são considerados os mais precisos para a obtenção de informações sobre os totais precipitados (Pessi et al., 2019PESSI, D.D.; SANTOS, C.S.A.; NONATO, J.J.; DOURADO, L.G.A.; SILVA, O.P. et al. Validação das estimativas de precipitação do satélite TRMM no Estado de Mato Grosso, Brasil. Revista de Ciências Agrárias, v. 42, n. 1, p. 81-90, 2019. doi
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; Simpson et al., 2017SIMPSON, M.J.; HIRSCH, A.; GREMPLER, K.; LUPO, A. The importance of choosing precipitation datasets. Hydrological Processes, v. 31, n. 25, p. 4600-4612, 2017. doi
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). No entanto, a rede pluviométrica espacialmente esparsa e os registros muitas vezes incompletos dificultam o uso destas informações em bases diárias (Almeida et al., 2015ALMEIDA, C.T.; DELGADO, R.C.; OLIVEIRA JUNIOR, J.F.; GOIS, G.; CAVALCANTI, A.S. Avaliação das estimativas de precipitação do produto 3B43-TRMM do Estado do Amazonas. Floresta e Ambiente, v. 22, n. 3, p. 279-286, 2015. doi
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; Maidment et al., 2017MAIDMENT, R.I.; GRIMES, D.; BLACK, E.; TARNAVSKY, E.; YOUNG, M. et al. A new, long-term daily satellite-based rainfall dataset for operational monitoring in Africa. Scientific Data, v. 4, n. 1, p. 1-17, 2017. doi
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), em especial, no Brasil.

Devido à essa escassez de dados de precipitação diária medidos no Brasil, torna-se necessário encontrar alternativas para o estudo das chuvas no País, como o uso dos grids contendo dados de chuva obtidos por sensoriamento remoto, ou por interpolação espacial de dados de chuva medidos em estações (Bier e Ferraz, 2017BIER, A.A.; FERRAZ, S.E.T. Comparação de Metodologias de Preenchimento de Falhas em Dados Meteorológicos para Estações no Sul do Brasil. Revista Brasileira de Meteorologia, v. 32, n. 2, p. 215-226, 2017. doi
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; Guo et al., 2020GUO, B.; ZHANG, J.; MENG, X.; XU, T.; SONG, Y. Long-term spatio-temporal precipitation variations in China with precipitation surface interpolated by ANUSPLIN. Scientific Reports, v. 10, n. 81, p. 1-17, 2020. doi
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).

Os dados de chuvas em formato de grade (grid), oriundos de sensoriamento remoto, podem fornecer informações de precipitação onde não há estações (Darand et al., 2017DARAND, M.; AMANOLLAHI, J.; ZANDKARIMI, S. Evaluation of the performance of TRMM Multi-satellite Precipitation Analysis (TMPA) estimation over Iran. Atmospheric Research, v. 190, p. 121-127, 2017. doi
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). O uso destes dados é necessário devido à heterogeneidade temporal e espacial das chuvas, sendo imprescindível extrapolar as medições pontuais (estações in situ) para obtenção de informações em locais sem medição (Sloat et al., 2018SLOAT, L.L.; GERBER, J.S.; SAMBERG, L.H.; SMITH, W.K.; HERRERO, M. et al. Increasing importance of precipitation variability on global livestock grazing lands. Nature Climate Change, v. 8, p. 214-218, 2018. doi
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; Wang et al., 2011WANG, S.; LIANG, X.; NAN, Z. How much improvement can precipitation data fusion achieve with a Multiscale Kalman Smoother-based framework? Water Resources Research, v. 47, n. 3, p. 1-18, 2011. doi
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). No que tange às informações climáticas, existem bases de dados de precipitação disponíveis, criadas em projetos de pesquisa específicos. Estas bases estão disponibilizadas no formato grid, a exemplo do CHIRPS, SM2RAIN-ASCAT e TRMM (Brocca et al., 2014BROCCA, L.; CIABATTA, L.; MASSARI, C.; MORAMARCO, T.; HAHN, S. et al. Soil as a natural rain gauge: Estimating global rainfall from satellite soil moisture data. Journal of Geophysical Research: Atmospheres, v. 119, n. 9, p. 5128-5141, 2014. doi
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; Ceccherini et al., 2015CECCHERINI, G.; AMEZTOY, I.; HERNáNDEZ, C.P.R.; MORENO, C.C. High-Resolution precipitation datasets in South America and West Africa based on Satellite-Derived rainfall, enhanced vegetation index and Digital Elevation Model. Remote Sensing, v. 7, n. 5, p. 6454-6488, 2015. doi
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; Prakash, 2019PRAKASH, S. Performance assessment of CHIRPS, MSWEP, SM2RAIN-CCI, and TMPA precipitation products across India. Journal of Hydrology, v. 571, p. 50-59, 2019. doi
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). Todavia, os produtos gerados por estas bases de dados cobrem uma extensa região do globo terrestre e, por consequência, sua resolução espacial é pequena (pixels grandes). Mesmo com os avanços tecnológicos dos últimos anos, a baixa resolução dificulta sua ampla utilização (Falck et al., 2016FALCK, A.S.; VILA, D.; TOMASELLA, J.; MAGGIONI, V.; DINIZ, F.L.R. Avaliação de um Modelo Estocástico de Erro Multidimensional Aplicado a Estimativas de Precipitação por Satélite. Revista Brasileira de Meteorologia, v. 31, n. 1, p. 52-63, 2016. doi
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; He et al., 2016HE, X.; CHANEY, N.W.; SCHLEISS, M.; SHEFFIELD, J. Spatial downscaling of precipitation using adaptable random forests. Water Resources Research, v. 52, n. 10, p. 8217-8237, 2016. doi
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), sendo necessária a realização de estudos que evidenciem sua adequabilidade para regiões específicas.

Com relação à interpolação espacial de variáveis climáticas diárias, especificamente a chuva, sua viabilidade depende da disponibilidade da rede de pluviômetros e da seleção de um método de interpolação espacial apropriado. Tal método deve considerar a variabilidade da chuva relacionada com outros fatores que influenciam os padrões de precipitação na região de interesse, como mudanças nos regimes de precipitação devido ao uso da terra e características topográficas e meteorológicas (Yeggina et al., 2019YEGGINA, S.; TEEGAVARAPU, R.S.V.; MUDDU, S. A conceptually superior variant of Shepard’s method with modified neighbourhood selection for precipitation interpolation. International Journal of Climatology, v. 39, n. 12, p. 4627-4647, 2019. doi
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). Desta forma, para definir qual método de interpolação é o mais indicado para a espacialização da precipitação diária em determinada região, é necessário analisar o desempenho de diferentes interpoladores espaciais (Chen et al., 2017CHEN, T.; REN, L.; YUAN, F.; YANG, X.; JIANG, S. et al. Comparison of Spatial Interpolation Schemes for Rainfall Data and Application in Hydrological Modeling. Water, v. 9, n. 342, p. 1-18, 2017. doi
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; Yin et al., 2019YIN, L.H.; TING, N.Y.; SHAN, F.P.; SHIMIZU, K.; LATEH, H. Estimation of precipitation data by using deterministic interpolation methods: A case study in Penang Island. AIP Conference Proceedings, v. 2184, n. 1, p. 1-11, 2019. doi
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) antes de aplicá-los.

Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo geral o estudo da espacialização de dados diários de precipitação do sul do Espírito Santo, considerando o período de 1980 a 2018. Os objetivos específicos foram: a) avaliar diferentes interpoladores espaciais para a espacialização dos totais precipitados diários; b) criar uma base dados de precipitação diária, em formato grid e com resolução espacial de 0,01°; c) comparar a base de dados criada com outras bases de dados de precipitação diária atualmente existentes.

2. Metodologia

2.1. área de estudo

A área de estudo consiste em bacias hidrográficas do sul do estado do Espírito Santo (Benevente; Guarapari; Itabapoana; Itapemirim; Jucu; Rio Novo e Santa Maria da Vitória), que, em conjunto, abrangem uma área de drenagem de 14.604 km2 (AGERH, 2019AGERH, Agência Estadual de Recursos Hídricos. Comitês de Bacias Hidrográficas. Disponível em https://agerh.es.gov.br/documentos-dos-comites, acesso em 20 mai. 2020.
https://agerh.es.gov.br/documentos-dos-c...
), cerca de 31,70% da área total do Estado. Essas bacias estão localizadas entre os paralelos 39°41’17” e 41°52’47” S e entre os meridianos 17°53’30” e 21°18’06” W, conforme apresentado na Fig. 1.

Figura 1
Estações pluviométricas e meteorológicas nas bacias hidrográficas do Sul do Espírito Santo.

As áreas em estudo estão situadas no bioma Mata Atlântica, que possui grande importância nacional e internacional, por conter, segundo MMA (2010a)MMA. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade e Florestas. O que é a Mata Atlântica? In: CAMPANILI, M.; SCHäFFER, W.B. (orgs.). Mata Atlântica: Manual de Adequação Ambiental. Brasília: MMA, p. 3-11, 2010a., a maior diversidade de flora do mundo por unidade de área. Em relação à fauna, o fato mais expressivo é a enorme quantidade de espécies endêmicas, ou seja, que não podem ser encontradas em nenhum outro lugar do planeta.

O bioma Mata Atlântica está distribuído ao longo de quase toda a faixa continental Atlântica leste do Brasil. Originalmente, mais de 1,3 milhões de km2 em 17 estados do território brasileiro eram cobertos por essas florestas, porém, atualmente, restam cerca de 27% de sua cobertura original, devido ao desmatamento e queimadas (Jesus et al., 2020JESUS, J.B.; ROSA, C.N.; BARRETO, I.D. de C.; FERNANDES, M.M. Análise da incidência temporal, espacial e de tendência de fogo nos biomas e unidades de conservação do Brasil. Ciência Florestal, v. 30, n. 1, p. 176-191, 2020. doi
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; MMA, 2010bMMA. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade e Florestas. Biodiversidade única e ameaçada. In: CAMPANILI, M.; SCHäFFER, W.B. (orgs.). Mata Atlântica: Patrimônio Nacional dos Brasileiros. Brasília: MMA, p. 55-68, 2010b.).

Contudo, apesar da pouca extensão territorial, o Espírito Santo apresenta uma variabilidade climática significativa, a qual se deve à presença de suas duas distintas regiões naturais: o litoral, que se estende na direção norte-sul por 400 km, e o planalto (Regoto et al., 2018REGOTO, P.; DERECZYNSKI, C.; SILVA, W.L.; SANTOS, R.; CONFALONIERI, U. Tendências de extremos de precipitação para o Estado do Espírito Santo. Anuário do Instituto de Geociências, v. 41, n. 1, p. 365-381, 2018. doi
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), situado a oeste, após o litoral. Segundo Alvares et al. (2014)ALVARES, C.A.; STAPE, J.L.; SENTELHAS, P.C.; GONçALVES, J.L.M.; SPAROVEK, G. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, v. 22, n. 6, p. 711-728, 2014. doi
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a classificação climática de Köppen-Geiger é Aw (clima tropical) e ocorre em toda a região costeira, juntamente com as classificações Am (clima tropical úmido ou subúmido) e Af (clima tropical úmido ou superúmido), contornando os vales e planaltos em altitudes inferiores a 450 m, porque acima dessa elevação a temperatura média anual é inferior a 18 °C (Alvares et al., 2014ALVARES, C.A.; STAPE, J.L.; SENTELHAS, P.C.; GONçALVES, J.L.M.; SPAROVEK, G. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, v. 22, n. 6, p. 711-728, 2014. doi
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).

2.2. Dados

Utilizaram-se dados diários de total precipitado, para o período de 1980 a 2018, medidos em 72 estações pluviométricas, cuja distribuição espacial está apresentada na Fig. 1.

Os dados de precipitação foram obtidos de forma direta através de consulta ao portal HidroWeb da Agência Nacional de águas (ANA) e, através do Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa (BDMEP) do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Ademais, os dados utilizados no presente trabalho são dados consistidos pela ANA e dados brutos (em raros casos).

2.3. Avaliação dos interpoladores espaciais

Avaliaram-se diferentes interpoladores espaciais indicados na literatura: o Inverso da Distância Ponderada (IDW), a Distância Angular Ponderada (ADW), a Krigagem Ordinária (OK) e o Random Forest (RF) (Cai et al., 2019CAI, X.; WANG, X.; JAIN, P.; FLANNIGAN, M.D. Evaluation of gridded precipitation data and interpolation methods for forest fire danger rating in Alberta, Canada. Journal of Geophysical Research: Atmospheres, v. 124, n. 1, p. 3-17, 2019. doi
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; Camera et al., 2014CAMERA, C.; BRUGGEMAN, A.; HADJINICOLAOU, P.; PASHIARDIS, S.; LANGE, M.A. Evaluation of interpolation techniques for the creation of gridded daily precipitation (1 × 1 km2); Cyprus, 1980-2010. Journal of Geophysical Research: Atmospheres, v. 119, n. 2, p. 693-712, 2014. doi
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; Hengl et al., 2018HENGL, T.; NUSSBAUM, M.; WRIGHT, M.N.; HEUVELINK, G.B.M.; GRäLER, B. Random Forest as a generic framework for predictive modeling of spatial and spatio-temporal variables. Peer J, v. 6, p. 1-49, 2018.; Mendez et al., 2019MENDEZ, M.; CALVO-VALVERDE, L.A.; MAATHUIS, B.; ALVARADO-GAMBOA, L.F. Generation of Monthly Precipitation Climatologies for Costa Rica Using Irregular Rain-Gauge Observational Networks. Water, v. 11, n. 70, p. 1-22, 2019. doi
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; Xavier et al., 2015XAVIER, A.C.; KING, C.W.; SCANLON, B.R. Daily gridded meteorological variables in Brazil (1980-2013). International Journal of Climatology, v. 36, n. 6, p. 2644-2659, 2015. doi
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).

Para essa avaliação utilizou-se a técnica de validação cruzada, a qual, segundo Li et al. (2011)LI, J.; HEAP, A.D.; POTTER, A., DANIELL, J.J. Application of machine learning methods to spatial interpolation of environmental variables. Environmental Modelling e Software, v. 26, n. 12, p. 1647-1659, 2011. doi
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, é uma técnica de avaliação de erros de estimativas que consiste na comparação de valores estimados com os observados. A validação cruzada foi aplicada utilizando-se o procedimento leave one out, no qual uma estação específica é retirada da base de dados, sendo a interpolação realizada e o valor de precipitação estimado no local da estação removida. Posteriormente, a estação retorna à base de dados e o procedimento é repetido para todas as demais estações disponíveis (Faraco et al., 2008FARACO, M.A.; URIBE-OPAZO, M.A.; SILVA, E.A.A.; JOHANN, J.A.; BORSSOI, J.A. Seleção de modelos de variabilidade espacial para elaboração de mapas temáticos de atributos físicos do solo e produtividade da soja. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 32, n. 2, p. 463-476, 2008. doi
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). Este procedimento foi aplicado para cada interpolador em cada dia da série histórica.

Finalmente, a partir dos valores de totais precipitados observados (Oi) e estimados (Ei) por cada interpolador, calcularam-se as estatísticas de desempenho descritas nas Eqs. (1)-(3) (Hallak e Pereira Filho, 2011HALLAK, R.; PEREIRA FILHO, A.J. Metodologia para análise de desempenho de simulações de sistemas convectivos na Região Metropolitana de São Paulo com o modelo ARPS: sensibilidade a variações com os esquemas de advecção e assimilação de dados. Revista Brasileira de Meteorologia, v. 26, n. 4, p. 591-608, 2011. doi
doi...
; Ceccherini et al., 2015CECCHERINI, G.; AMEZTOY, I.; HERNáNDEZ, C.P.R.; MORENO, C.C. High-Resolution precipitation datasets in South America and West Africa based on Satellite-Derived rainfall, enhanced vegetation index and Digital Elevation Model. Remote Sensing, v. 7, n. 5, p. 6454-6488, 2015. doi
doi...
; Machado et al., 2015MACHADO, N.G.; MEIRELLES, T.; DANELICHEN, V.H.M.; QUERINO, C.A.S.; BIUDES, M.S. Estimation of rainfall by neural network over a Neotropical Region. Revista Brasileira de Climatologia, v. 17, p. 44-54, 2015. doi
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; Santos et al., 2019SANTOS, L.O.F. dos; QUERINO, C.S.A.; QUERINO, J.K.A. da S.; PEDREIRA, J.A.L.; MOURA, A.R. de M. et al. Validation of rainfall data estimated by GPM satellite on Southern Amazon region. Revista Ambiente & água, v. 14, n. 1, p. 1-9, 2019. doi
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; Xavier et al., 2015XAVIER, A.C.; KING, C.W.; SCANLON, B.R. Daily gridded meteorological variables in Brazil (1980-2013). International Journal of Climatology, v. 36, n. 6, p. 2644-2659, 2015. doi
doi...
).

(1) d = 1 [ i = 1 n ( E i O i ) 2 i = 1 n ( | E i O ¯ i | + | O i O ¯ i | ) 2 ]
(2) B I A S = 1 n i = 1 n O i E i
(3) R M S E = 1 n i = 1 n ( E i O i ) 2

em que d é o índice de concordância de Willmott (Willmott, 1981WILLMOTT, C.J. On the validation of models. Physical Geography, v. 2, n. 2, p. 184-194, 1981.), adimensional; BIAS é o desvio sistemático do valor real, mm; RMSE é a raiz do quadrado médio do erro, mm; Ei são os totais precipitados diários estimados, mm; Oi são os totais precipitados diários observados, mm; O¯ é a média dos valores de precipitação observados, mm; e n indica o número total de dias.

As métricas estatísticas descritas nas Eqs. (1)-(3) foram utilizadas para eleger o melhor interpolador e a melhor base de dados de precipitação diária em grid de acordo com o método descrito em Schumacher et al. (2020)SCHUMACHER, V.; JUSTINO, F.; FERNáNDEZ, A.; MESEGUER’RUIZ, O.; SARRICOLEA, P. et al. Comparison between observations and gridded datasets over complex terrain in the Chilean Andes: precipitation and temperature. International Journal of Climatology, v. 40, n. 12, p. 5266-5288, 2020. doi
doi...
.

2.3.1. Distância angular ponderada (ADW)

A ponderação de distância angular (ADW) é uma abordagem comum para interpolação de uma rede irregular de observações meteorológicas em uma grade regular. Uma versão amplamente usada do ADW emprega a distância de decaimento de correlação (CDD) para selecionar estações que devem contribuir para cada estimativa do ponto de grade e definir o componente de distância dos pesos das estações (Hofstra e New, 2009HOFSTRA, N.; NEW, M. Spatial variability in correlation decay distance and influence on angular-distance weighting interpolation of daily precipitation over Europe. International Journal of Climatology, v. 29, n. 12, p. 1872-1880, 2009. doi
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). Esta ponderação das estações vizinhas é calculada usando as distâncias e os ângulos entre as estações vizinhas (Ok) e a estação desconhecida (Ek) (Xavier et al., 2015XAVIER, A.C.; KING, C.W.; SCANLON, B.R. Daily gridded meteorological variables in Brazil (1980-2013). International Journal of Climatology, v. 36, n. 6, p. 2644-2659, 2015. doi
doi...
).

O ângulo, a distância e os pesos foram combinados para chegar a um peso de distância angular (WEk) para estação Ek (New et al., 2000NEW, M.; HULME, M.; JONES, P. Representing Twentieth-Century space-time climate variability. part ii: development of 1901-96 monthly grids of Terrestrial Surface Climate. Journal of Climate, v. 13, p. 2217-2238, 2000. doi
doi...
), como apresentado na Eq. (4), onde o peso ak é calculado pela Eq. (5) e está associado a cada estação de apoio para interpolação. Este peso foi determinado pelo isolamento direcional (angular) de cada um dos nj pontos dos dados selecionados. Outro fator associado ao peso da distância é o peso angular (ak) para cada uma das nj = 8 (utilizado neste trabalho) estações seleccionadas para a interpolação.

(4) W E k = w k ( 1 a k )
(5) a k = l = 1 n j w 1 ( 1 cos θ j ( k , l ) ) l = 1 n j w 1 , l k

onde θj (k, l) é o ângulo formado pelas estações Ol e Ok com o vértice no ponto de interpolação de interesse (Ej), calculado em coordenadas esféricas. O wl é o peso da distância nos ponto de dados observados (Ol e Ok).

O peso da distância é calculado usando uma função de decaimento de correlação (CDD), em que CDD é derivado empiricamente (New et al., 2000NEW, M.; HULME, M.; JONES, P. Representing Twentieth-Century space-time climate variability. part ii: development of 1901-96 monthly grids of Terrestrial Surface Climate. Journal of Climate, v. 13, p. 2217-2238, 2000. doi
doi...
), onde x é a distância do ponto em grade de interesse (dado que será estimado) e uma estação meteorológica nas proximidades (dados observados) e, para cada estação calcula-se a correlação (r) em todas as outras estações, como apresentado na Eq. (6).

(6) r = exp x / CDD

Para calcular o peso wk, utilizou-se a Eq. (7). Pode-se notar que o peso decai para valores mais altos de m. Sabendo que m é o expoente para cada variável que será interpolada, o valor de m foi definido como m = 4, conforme sugerem New et al. (2000)NEW, M.; HULME, M.; JONES, P. Representing Twentieth-Century space-time climate variability. part ii: development of 1901-96 monthly grids of Terrestrial Surface Climate. Journal of Climate, v. 13, p. 2217-2238, 2000. doi
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.

(7) w k = r m

2.3.2. Inverso da distância ponderada (IDW)

O método IDW consiste na interpolação espacial de um conjunto conhecido de pontos dispersos. Os valores atribuídos aos pontos desconhecidos são calculados a partir da média ponderada pelo inverso da distância dos valores dos dados dentro de uma região (Almeida, 2017ALMEIDA, L.T. de. Espacialização de Chuvas Intensas: Uma Nova Proposta. Dissertação de Mestrado, Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Viçosa, 2017.; Mendez et al., 2019MENDEZ, M.; CALVO-VALVERDE, L.A.; MAATHUIS, B.; ALVARADO-GAMBOA, L.F. Generation of Monthly Precipitation Climatologies for Costa Rica Using Irregular Rain-Gauge Observational Networks. Water, v. 11, n. 70, p. 1-22, 2019. doi
doi...
). Este método é caracterizado pela magnitude da potência utilizada, que geralmente varia de 1 a 3, a fim de não penalizar muito a contribuição para a estimativa de pontos distantes (Camera et al., 2014CAMERA, C.; BRUGGEMAN, A.; HADJINICOLAOU, P.; PASHIARDIS, S.; LANGE, M.A. Evaluation of interpolation techniques for the creation of gridded daily precipitation (1 × 1 km2); Cyprus, 1980-2010. Journal of Geophysical Research: Atmospheres, v. 119, n. 2, p. 693-712, 2014. doi
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). No presente estudo, todos os vizinhos foram usados no modelo (Eq. (8)).

(8) E i = i = 1 n O i h i p i = 1 n h i p

onde hi é a distância euclidiana entre o ponto de interesse e a localização da estação i; e p é a potência utilizada (variando entre 1 e 3 neste estudo).

2.3.3. Krigagem Ordinária (OK)

A krigagem ordinária utiliza informações a partir de um semivariograma para encontrar os pesos ótimos a serem associados às amostras com valores conhecidos que irão estimar pontos desconhecidos (Cai et al., 2019CAI, X.; WANG, X.; JAIN, P.; FLANNIGAN, M.D. Evaluation of gridded precipitation data and interpolation methods for forest fire danger rating in Alberta, Canada. Journal of Geophysical Research: Atmospheres, v. 124, n. 1, p. 3-17, 2019. doi
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; Pezzoni Filho et al., 2018PEZZONI-FILHO, J.C.; BRIDA, A.L. de.; MORAES, D.A. de C.; ZIMBACK, C.R.L.; WILCKEN, S.R.S. et al. Meloidogyne exigua (Meloidogynidae) em clones de seringueira em duas épocas do ano. Ciencia y Tecnología Agropecuaria. v.19, n.3, p.607-620, 2018. doi
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). A variação espacial da interpolação na krigagem é quantificada por um semivariograma, que consiste em um gráfico de dispersão da semivariância versus a distância dos pontos amostrados (Cai et al., 2019CAI, X.; WANG, X.; JAIN, P.; FLANNIGAN, M.D. Evaluation of gridded precipitation data and interpolation methods for forest fire danger rating in Alberta, Canada. Journal of Geophysical Research: Atmospheres, v. 124, n. 1, p. 3-17, 2019. doi
doi...
). Depois de ajustado o variograma, a estatística de krigagem é feita calculando os pesos de cada localização nas proximidades do ponto a ser previsto (Lundgren et al., 2017LUNDGREN, W.J.C.; SILVA, J.A.A.; FERREIRA, R.L.C. Estimação do volume de eucaliptos por Krigagem e Cokrigagem no Semiárido Pernambucano. Floresta e Ambiente, v. 24, p. 1-12, 2017. doi
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), como apresentado na Eq. (9).

(9) γ ^ ( h ) = 1 2 N ( h ) i =1 N ( h ) O x i O x i h 2

em que γ^h é a semivariância; N é o número de pares de valores medidos O(xi) e O(xi-h) observados; e h é o vetor de separação de pares.

Os modelos testados foram o esférico (SPH), exponencial (EXP) e gaussiano (GAU). Os cálculos foram realizados para cada dia de forma automática utilizando a função autofitVariogram do pacote Automap do software R, sendo o ajuste do semivariograma avaliado pelo método dos mínimos quadrados ordinários (OLS).

2.3.4. Random Forest (RF)

As previsões finais do RF são a média das previsões de árvores individuais (Breiman, 2001BREIMAN, L. Random forests. Machine Learning, v. 45, n. 1, p. 5-32, 2001. doi
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; Prasad et al., 2006PRASAD, A.M.; IVERSON, L.R.; LIAW, A. Newer classification and regression tree techniques: bagging and random forests for ecological prediction. Ecosystems, v. 9, n. 2, p. 181-199, 2006. doi
doi...
; Biau e Scornet, 2016BIAU, G.; SCORNET, E. A random forest guided tour. TEST, v. 25, n. 2, p. 197-227, 2016. doi
doi...
), em que b é a amostra de bootstrap individual, B é o número total de árvores e tb* é o aprendiz individual, ou seja, a árvore de decisão individual (Eqs. (10)-(11)).

(10) θ ^ B ( x ) = 1 B b = 1 B t b * ( x )
(11) t b * x = t x ; z b 1 * , , z bk *

em que zbk* (k = 1 … K) é a k enésima amostra de treinamento com pares de valores para a variável alvo (y) e covariáveis (x): zbi* = (xk, yk).

O RF é uma árvore de decisão, uma técnica de aprendizado de máquina (Baratto et al., 2022BARATTO, P.F.B.; CECíLIO, R.A.; TEIXEIRA, D.B.S.; ZANETTI, S.S.; XAVIER, A.C. Random forest for spatialization of daily evapotranspiration (ET0) in watersheds in the Atlantic Forest. Environmental Monitoring and Assessment, v. 194, n. 449, p. 1-19, 2022. doi
doi...
). Uma descrição simples seria a divisão de um grupo complexo usando os métodos mais independentes e variáveis ​​em grupos menores e mais simples, através de métodos condicionais, que podem levar a uma solução mais fácil de ser interpretada (Zhang et al., 2012ZHANG, X.; JIANG, H.; JIN, J.; XU, X.; ZHANG, Q. Analysis of acid rain patterns in northeastern China using a decision tree method. Atmospheric Environment, v. 46, p. 590-596, 2012. doi
doi...
).

Funciona como uma árvore em que a raiz e cada nó interno são rotulados com uma condição, esta condição é verificada, e caso seja atendida, a árvore de decisão seguirá pelo ramo correspondente, caso contrário, por outro, iterativamente, até que a condição seja atendida e a árvore finalizada (Chen et al., 2010bCHEN, H.Y.; HOU, T.W.; CHUANG, C.H. Applying data mining to explore the risk factors of parenting stress. Expert Systems with Applications, v. 37, v. 1, p. 598-601, 2010b. doi
doi...
). Cada folha representa uma previsão de uma solução para o problema (Zhang et al., 2012ZHANG, X.; JIANG, H.; JIN, J.; XU, X.; ZHANG, Q. Analysis of acid rain patterns in northeastern China using a decision tree method. Atmospheric Environment, v. 46, p. 590-596, 2012. doi
doi...
). Esta metodologia tenta encontrar uma relação entre variáveis ​​de entrada e saída (Gharaei-Manesh et al., 2016GHARAEI-MANESH, S.; FATHZADEH, A.; TAGHIZADEH-MEHRJARDI, R. Comparison of artificial neural network and decision tree models in estimating spatial distribution of snow depth in a semi-arid region of Iran. Cold Regions Science and Technology, v. 122, p. 26-35, 2016. doi
doi...
). Ele mapeia as observações de um item para obter conclusões do seu valor alvo (Chen et al., 2010bCHEN, H.Y.; HOU, T.W.; CHUANG, C.H. Applying data mining to explore the risk factors of parenting stress. Expert Systems with Applications, v. 37, v. 1, p. 598-601, 2010b. doi
doi...
).

Muitas variáveis de entrada ​​que podem contribuir para a previsão são utilizadas, e em cada nó da árvore de decisão, a variável mais importante é então selecionada (Li et al., 2011LI, J.; HEAP, A.D.; POTTER, A., DANIELL, J.J. Application of machine learning methods to spatial interpolation of environmental variables. Environmental Modelling e Software, v. 26, n. 12, p. 1647-1659, 2011. doi
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).

Por ser um algoritmo baseado em dados, o RF requer apenas uma entrada limitada do usuário (Hengl et al., 2018HENGL, T.; NUSSBAUM, M.; WRIGHT, M.N.; HEUVELINK, G.B.M.; GRäLER, B. Random Forest as a generic framework for predictive modeling of spatial and spatio-temporal variables. Peer J, v. 6, p. 1-49, 2018.). Nesse sentido, foram utilizadas variáveis climáticas e ​​topográficas para permitir a decisão da árvore. Isso ocorre porque variáveis meteorológicas, como temperatura, juntamente com características topográficas, são importantes para a definição de chuvas (Chávez e Takahashi, 2017CHAVEZ, S.P.; TAKAHASHI, K. Orographic rainfall hot spots in the Andes-Amazon transition according to the TRMM precipitation radar and in situ data, Journal of Geophysical Research: Atmospheres, v. 122, n. 11, p. 5870-5882, 2017. doi
doi...
; Reboita et al., 2012REBOITA, M.S.; KRUSCHE, N.; AMBRIZZI, T.; ROCHA, R.P. Entendendo o tempo e o clima na América do Sul. Terrae Didatica, v. 8, n. 1, p. 34-50, 2012. doi
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). As variáveis meteorológicas (temperaturas do ar máxima e mínima, e classificação climática de Köppen-Geiger) foram ​​obtidas do banco de dados WordClim, um conjunto de camadas climáticas globais em grade, com uma resolução espacial de cerca de 1 km2. O Modelo Digital de Elevação (DEM) oriundo da Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) foi utilizado, obtido pela plataforma Earth Explorer, com uma resolução espacial de 30 m. Utilizaram-se as seguintes informações topográficas obtidas a partir do MDE: altitude, declividade, orientação das encostas, distância até o mar, índice de convergência, índice de robustez do terreno, direção de escoamento, sombreamento analítico e vetor do terreno.

Os cálculos foram realizados no ambiente R, usando o pacote randomForest.

2.4. Base de dados em formato grid

Após a avaliação dos interpoladores espaciais e escolha do interpolador com melhor desempenho, utilizando os procedimentos estatísticos demonstrados nas Eq. (1)-(3), elaborou-se uma base de dados espacializada de precipitação diária, com resolução espacial de 0,01°, compreendendo o período entre 1980 e 2018.

2.5. Comparação com outras bases de dados disponíveis

Compararam-se bases de dados de precipitação diária em formato grid amplamente utilizadas (Tabela 1), com a base de dados elaborada neste trabalho. Para tal avaliação calcularam-se as mesmas estatísticas descritas nas Eq. (1)-(3), de acordo com o método descrito em Schumacher et al. (2020)SCHUMACHER, V.; JUSTINO, F.; FERNáNDEZ, A.; MESEGUER’RUIZ, O.; SARRICOLEA, P. et al. Comparison between observations and gridded datasets over complex terrain in the Chilean Andes: precipitation and temperature. International Journal of Climatology, v. 40, n. 12, p. 5266-5288, 2020. doi
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, onde os valores de precipitação diária utilizados nas comparações foram extraídos diretamente dos grids das bases de dados, a partir das coordenadas geográficas referentes às estações pluviométricas.

Tabela 1
Bases de dados de chuva diária, em formato grid, avaliadas no presente estudo.

Devido ao período comum entre todas as bases de dados em formato grid ser entre os anos 2007 e 2016, as comparações basearam-se neste período para que houvesse uma equidade entre as análises, evitando o benefício das bases de dados com uma série histórica maior em detrimento das demais.

3. Resultados e Discussão

3.1. Espacialização da precipitação diária

Na Fig. 2 está apresentado o percentual de dias, durante toda a série histórica, em que cada interpolador apresentou melhor desempenho, de acordo com os índices estatísticos d e RMSE. Observa-se que o ADW apresentou o melhor desempenho para a espacialização dos totais pluviométricos diários na maioria absoluta dos dias, de acordo com o índice d. Em contrapartida, quando se observa o RMSE, percebe-se que o RF é o interpolador com maior destaque; contudo, conforme será descrito na sequência, o método RF apresentou estatísticas (anuais e mensais) que denotam um desempenho inferior ao ADW, permitindo inferir que o método ADW é, globalmente, melhor que os demais interpoladores.

Figura 2
Percentual dos dias em que cada interpolador apresentou o melhor desempenho para a espacialização do total precipitado diário nas bacias hidrográficas do sul do Espírito Santo, de acordo com os índices d e RMSE.

Os valores de RMSE apresentaram grande variação devido à magnitude das chuvas diárias. Deste modo, o índice RMSE não é o mais adequado para determinar qual foi o melhor interpolador do total precipitado diário, sendo utilizado neste estudo somente para fins de comparação com outros trabalhos semelhantes na literatura (Guo et al., 2020GUO, B.; ZHANG, J.; MENG, X.; XU, T.; SONG, Y. Long-term spatio-temporal precipitation variations in China with precipitation surface interpolated by ANUSPLIN. Scientific Reports, v. 10, n. 81, p. 1-17, 2020. doi
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; Khouider et al., 2020KHOUIDER, B.; SABEERALI, C.T.; AJAYAMOHAN, R.S.; PRAVEEN, V.; MAJDA, A.J. et al. A Novel Method for interpolating daily station rainfall data using a stochastic lattice model. Journal of Hydrometeorology, v. 21, n. 5, p. 909-933, 2020. doi
doi...
; Lelis et al., 2018LELIS, L.C.S.; BOSQUILIA, R.W.D.; DUARTE, S.N. Assessment of precipitation data generated by GPM and TRMM Satellites. Revista Brasileira de Meteorologia, v. 33, n. 1, p. 153-163, 2018. doi
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). Nesse sentido, devido ao índice d sempre variar entre 0 e 1, além de ser bastante utilizado para avaliar dados climáticos (precipitação) brasileiros (Saldanha et al., 2015SALDANHA, C.B.; RADIN, B.; CARDOSO, M.A.G.; RIPPEL, M.L.; FONSECA, L.L. et al. Comparação dos dados de precipitação gerados pelo GPCP vs Observados para o estado do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Meteorologia, v. 30, n. 4, p. 415-422, 2015. doi
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; Silva et al., 2016SILVA, E.C.; CABRAL, J.J.S.P.; FERNANDES, R.C.; GUSMãO, L.O.; AZEVEDO, J.R.G. Spatial variability of precipitation correlated with relief in Recife metropolitan region and surrounding areas. Journal of Hyperspectral Remote Sensing, v. 6, n. 5, p. 225-234, 2016. doi
doi...
; Tostes et al., 2017TOSTES, J.O.; LYRA, G.B.; OLIVEIRA- JúNIOR, J.F.; FRANCELINO, M.R. Assessment of gridded precipitation and air temperature products for the State of Acre, southwestern Amazonia, Brazil. Environmental Earth Sciences, v. 76, n. 4, p. 153-171, 2017. doi
doi...
), optou-se por utilizá-lo como o mais adequado para a análise de desempenho.

A partir da Tabela 2 e das Figs. 3 e 4 constatou-se que os interpoladores ADW e IDW (potências 1 a 3) obtiveram melhor desempenho na espacialização da precipitação diária nas bacias hidrográficas do sul do Espírito Santo, assim como também evidenciado para a Europa (Hofstra et al., 2008HOFSTRA, N.; HAYLOCK, M.; NEW, M.; JONES, P.; FREI, C. Comparison of six methods for the interpolation of daily, European climate data. Journal of Geophysical Research, v. 113, p. 1-19, 2008. doi
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) e para o Brasil (Xavier et al., 2016XAVIER, A.C.; KING, C.W.; SCANLON, B.R. An update of Xavier, King and Scanlon (2016) daily precipitation gridded data set for the Brazil. In: XVIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. Campinas, p. 562-569, 2016.). Nota-se, ainda, que apenas os interpoladores ADW e IDW3 obtiveram valores médios de d superiores a 0,7 (Tabela 2), considerados bons por Pereira et al. (2009)PEREIRA, D.R.; YANAGI, S.N.M.; MELLO, C.R.; SILVA, A.M.; SILVA, L.A. Desempenho de métodos de estimativa da evapotranspiração de referência para a região da Serra da Mantiqueira, MG. Ciência Rural, v. 39, n. 9, p. 2488-2493, 2009. doi
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.

Tabela 2
Estatísticas utilizadas para avaliação do desempenho médio geral dos interpoladores usados na espacialização dos totais precipitados diários nas bacias hidrográficas do sul do Espírito Santo.
Figura 3
Valores médios anuais das estatísticas obtidas para a interpolação do total precipitado diário nas bacias hidrográficas do sul do Espírito Santo: a) d, b) RMSE, e c) BIAS.
Figura 4
Valores médios mensais das estatísticas obtidas para a interpolação do total precipitado diário nas bacias hidrográficas do sul do Espírito Santo: a) d, b) RMSE, e c) BIAS.

Nas Figs. 3a e 4a observa-se que os valores médios anuais e mensais da estatística d foram, na maior parte das vezes, superiores ao limite de 0,7 para o ADW, demonstrando, de maneira mais clara, a superioridade deste interpolador, seguido pelo IDW e finalmente pelo OK e RF.

Todos os interpoladores obtiveram valores médios de RMSE muito próximos (Tabela 2), os quais variaram próximos a 5 mm dia-1, dentro das faixas (4,7 a 8,9 mm dia-1) encontradas por Gadêlha (2018)GADêLHA, A.N. Análise da missão GPM (Global Precipitation Measurement) na estimativa da precipitação sobre território brasileiro. Dissertação de Mestrado, Centro de Tecnologia, Universidade Federal da Paraíba, 2018. que realizou um estudo para todo o território brasileiro considerando 4911 estações, para o ano de 2016; por Lucas et al. (2014)LUCAS, T.P.B.; PLEC, D.; ABREU, M.L.; PARIZZI, M.G. Identificação de interpoladores adequados a dados de chuva a partir de parâmetros estatísticos. Revista Brasileira de Climatologia, v. 13, p. 7-21, 2014. doi
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, que realizaram um estudo no município de Belo Horizonte-MG considerando dados de 16 estações, para dois dias distintos do ano de 2017; e por Xavier et al. (2016)XAVIER, A.C.; KING, C.W.; SCANLON, B.R. An update of Xavier, King and Scanlon (2016) daily precipitation gridded data set for the Brazil. In: XVIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. Campinas, p. 562-569, 2016., que realizaram um estudo para todo o território brasileiro a partir da análise de 3625 estações, considerando dados de 1980 a 2016. Esses valores significam que a precisão média é adequada e equivalente a uma chuva diária fraca, segundo Souza et al. (2012)SOUZA, W.M. de; AZEVEDO, P.V.; ARAúJO, L.E. de. Classificação da precipitação diária e impactos decorrentes dos desastres associados às chuvas na cidade do Recife-PE. Revista Brasileira de Geografia Física, v. 5, n. 2, p. 250-268, 2012. doi
doi...
.

A proximidade entre os valores de RMSE obtidos pelos diversos interpoladores pode ser constatada a partir das Figs. 3b e 4b, o que demonstra a dificuldade de identificar qual o melhor interpolador a partir da aplicação exclusiva deste índice, conforme também relatado por Portalés et al. (2010)PORTALéS, C.; BORONAT, N.; PARDO‐PASCUAL, J.E.; BALAGUER-BESER, A. Seasonal precipitation interpolation at the Valencia region with multivariate methods using geographic and topographic information. International Journal of Climatology, v. 30, n. 10, p. 1547-1563, 2010. doi
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e Wang et al. (2014)WANG, S.; HUANG, G.H.; LIN, Q.G.; LI, Z.; ZHANG, H. et al. Comparison of interpolation methods for estimating spatial distribution of precipitation in Ontario, Canada. International Journal of Climatology, v. 34, n. 14, p.3745-3751, 2014. doi
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. Ambas as figuras demonstram ainda que, durante alguns períodos (anos de 1991 e de 2009, por exemplo), apenas os interpoladores OK e RF apresentaram valores de RMSE bem superiores aos demais interpoladores, denotando, para tais períodos, maiores erros de estimativa da precipitação diária. Isto pode ter sido ocasionado por algumas chuvas consideravelmente altas em certas regiões, medidas por poucas estações, durante os meses de inverno, onde todas as demais regiões da área em estudo tiveram valores baixos ou nulos de precipitação diária, dificultando uma representação mais realística da precipitação pelos métodos OK e RF.

Os valores absolutos de BIAS (Tabela 2) não demonstraram diferenças expressivas entre os interpoladores avaliados uma vez que os resultados, em mm dia-1, foram semelhantes. De modo geral, as predições subestimaram os dados amostrais (BIAS positivo), com exceção da OK (gaussiana). Semelhante ao RMSE, os BIAS apresentados nas Figs. 3c e 4c demonstram dificuldade em eleger, a partir do gráfico, qual foi o melhor interpolador, pois a maioria dos valores variaram dentro da mesma faixa. A exceção foi o RF, o qual tendeu a apresentar maiores BIAS e, consequentemente, maiores subestimativas das chuvas diárias. Na maior parte dos dias, os valores de BIAS variaram entre -0,1 e +0,1, valores semelhantes aos observados por Wagner et al. (2012)WAGNER, P.D.; FIENER, P.; WILKEN, F.; KUMAR, S.; SCHNEIDER, K. Comparison and evaluation of spatial interpolation schemes for daily rainfall in data scarce regions. Journal of Hydrology, v. 465, n. 25, p. 388-400, 2012. doi
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. Assim como evidenciado para o RMSE, os valores de BIAS para OK e RF, nos anos de 1991 e 2009, foram superiores aos dos demais interpoladores.

A Fig. 4 mostra que nos meses de inverno há uma diminuição dos erros de estimativa comparativamente aos meses de verão. Esse comportamento pode estar relacionado à sazonalidade meteorológica, devido às lâminas precipitadas diárias serem menores e com menor variabilidade espacial no inverno, consequentemente diminuindo a magnitude dos erros. Este comportamento é comum em análises de dados diários, principalmente de chuva (Hofstra et al., 2008HOFSTRA, N.; HAYLOCK, M.; NEW, M.; JONES, P.; FREI, C. Comparison of six methods for the interpolation of daily, European climate data. Journal of Geophysical Research, v. 113, p. 1-19, 2008. doi
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; Wüest et al., 2010WüEST, M.; FREI, C.; ALTENHOFF, A.; HAGEN, M.; LITSCHI, M. et al. A gridded hourly precipitation dataset for Switzerland using rain-gauge analysis and radar-based disaggregation. International Journal of Climatology, v. 30, n. 12, p. 1764-1775, 2010. doi
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; Yang et al., 2019YANG, S.; JONES, P.D.; JIANG, H.; ZHOU, Z. Development of a near-real-time global in situ daily precipitation dataset for 0000-0000 UTC. International Journal of Climatology, v. 40, n. 5, p. 2795-2810, 2019.). No Estado do Espírito Santo há concentração de chuvas no verão (Cheval et al., 2011CHEVAL, S.; BACIU, M.; DUMITRESCU, A.; BREZA, T.; LEGATES, D.R. et al. Climatologic adjustments to monthly precipitation in Romania. International Journal of Climatology, v. 31, n. 5, p. 704-714, 2011. doi
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; Mello et al., 2012MELLO, C.R. de; VIOLA, M.R.; CURI, N.; SILVA, A.M. da. Distribuição espacial da precipitação e da erosividade da chuva mensal e anual no Estado do Espírito Santo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 36, n. 6, p. 1878-1891, 2012. doi
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), período em que há maiores lâminas precipitadas, associadas a uma maior variabilidade espacial, especialmente devido às chuvas convectivas, as quais são mais difíceis de serem adequadamente representadas por meio de interpolação espacial (Shen et al., 2001SHEN, S.S.P.; DZIKOWSKI, P.; GUILONG, L.; GRIFFITH, D. Interpolation of 1961-97 Daily Temperature and Precipitation Data onto Alberta Polygons of Ecodistrict and Soil Landscapes of Canada. Journal of Applied Meteorology, v. 40, n. 12, p. 2162-2177, 2001. doi
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). Além disso, os erros são menores no inverno devido à uma grande quantidade de observações de precipitação iguais a zero, fazendo com que as predições nesses meses sejam de pequena magnitude, consequentemente, diminuindo a diferença entre os valores estimados e observados.

Nas Figs. 5 e 6 são apresentados os gráficos de dispersão (valores observados vs. valores estimados) de todos os interpoladores para os meses de janeiro de todos os anos e, para os meses de julho de todos os anos, respectivamente. A apresentação dos gráficos em períodos distintos foi adotada somente para fins de comparação do período chuvoso (janeiro) com o período de estiagem (julho).

Figura 5
Gráfico de dispersão da precipitação diária observada e interpolada para as bacias hidrográficas do sul do Espírito Santo no mês de janeiro (verão), considerando todos os anos da série histórica utilizada.
Figura 6
Gráfico de dispersão da precipitação diária observada e interpolada para as bacias hidrográficas do sul do Espírito Santo no mês de julho (inverno), considerando todos os anos da série histórica utilizada.

Nos gráficos de dispersão apresentados nas Figs. 5 (verão) e 6 (inverno), observa-se que não houve um ajuste adequado entre os valores observados e estimados. Porém, este comportamento já era esperado, semelhantemente aos resultados encontrados por Yang et al. (2019)YANG, S.; JONES, P.D.; JIANG, H.; ZHOU, Z. Development of a near-real-time global in situ daily precipitation dataset for 0000-0000 UTC. International Journal of Climatology, v. 40, n. 5, p. 2795-2810, 2019. e Bozzini e Mello Junior (2020BOZZINI, P.L.; MELLO JUNIOR, A.V. Previsões de precipitação de modelos atmosféricos como subsídio à operação de sistemas de reservatórios. Revista Brasileira de Meteorologia, v. 35, n. 1, p. 99-109, 2020. doi
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), estando associado à grande variabilidade espaço-temporal de eventos hidrológicos aleatórios, como a chuva diária (Hartmann et al., 2011HARTMANN, M.; MOALA, F.A.; MENDONCA, M.A. Estudo das precipitações máximas anuais em Presidente Prudente. Revista Brasileira de Meteorologia, v. 26, n. 4, p. 561-568, 2011. doi
doi...
; Sanches et al., 2013SANCHES, F. de O.; VERDUM, R.; FISCH, G. Estudo de tendência de chuvas de longo prazo. Revista Ambiente & água, v. 8, n. 3, p. 214-228, 2013. doi
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). Todavia, apesar desta limitação, os dados diários de precipitação obtidos através da espacialização são úteis para diversas aplicações, incluindo a detecção de mudanças climáticas (Salviano et al., 2016SALVIANO, M.F.; GROPPO, J.D.; PELLEGRINO, G.Q. Análise de tendências em dados de Precipitação e Temperatura no Brasil. Revista Brasileira de Meteorologia, v. 31, n. 1, p. 64-73, 2016. doi
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; Trenberth, 2011TRENBERTH, K.E. Changes in precipitation with climate change. Climate Research, v. 47, n. 1, p. 123-138, 2011. doi
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) e estudo de inundações (Madsen et al., 2014MADSEN, H.; LAWRENCE, D.; LANG, M.; MARTINKOVA, M.; KJELDSEN, T.R. Review of trend analysis and climate change projections of extreme precipitation and floods in Europe. Journal of Hydrology, v. 519, p. 3634-3650, 2014. doi
doi...
; Schumacher, 2016SCHUMACHER, R.S. The Studies of Precipitation, Flooding, and Rainfall Extremes across Disciplines (SPREAD) Workshop: An Interdisciplinary Research and Education Initiative. Bulletin of the American Meteorological Society, v. 97, n. 10, p. 1791-1796, 2016. doi
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), na modelagem hidrológica, em especial no manejo integrado de bacias hidrográficas (Romero e Ortiz, 2008ROMERO, H.A.I.; ORTIZ, L.F. Ajuste metodológico al índice de escasez de água propuesto por el ideam en el plan de ordenación y manejo de la cuenca del Río Pamplonita, norte de Santander, Colombia. Colombia Forestal, v. 11, n. 1, p. 165-173, 2008.; Tundisi, 2008TUNDISI, J.G. Recursos hídricos no futuro: problemas e soluções. Estudos Avançados, v. 22, n. 63, p. 7-16, 2008. doi
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), além possibilitar a compreensão de como o clima interage com os processos terrestres, hidrológicos e biogeoquímicos (Hofstra et al., 2008HOFSTRA, N.; HAYLOCK, M.; NEW, M.; JONES, P.; FREI, C. Comparison of six methods for the interpolation of daily, European climate data. Journal of Geophysical Research, v. 113, p. 1-19, 2008. doi
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), entre outros.

Ainda nas Figs. 5 e 6, pode-se observar que o valor calculado pelos métodos OK e RF apresenta menor amplitude entre os valores máximos e mínimos que os demais métodos, pois ambos os métodos representaram a variação de valores estimados entre 0 e 150 mm dia-1; todavia, os dados observados variam entre 0 a 200 mm dia-1, como foi corretamente expresso no método ADW. Isso ocorre porque os métodos OK e RF suavizam os valores reais da variável, buscando a variância mínima (Cressie, 1983CRESSIE, N. Kriging Nonstationary Data. Journal of the American Statistical Association, v. 81, n. 395, p. 625-634, 1983. doi
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), o que promove uma maior homogeneidade da superfície. Nesse sentido, a suavização também é responsável pelo comportamento dos resultados encontrados nas Figs. 3 e 4. Os efeitos de suavização levam os valores pequenos a serem superestimados e os valores grandes a serem subestimados (Yamamoto, 2005YAMAMOTO, J.K. Correcting the Smoothing Effect of ordinary kriging estimates. Mathematical Geology, v. 37, p. 69-94, 2005. doi
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). Ademais, a suavização causa a perda dos valores originais (medidos), tornando estes métodos não recomendados para determinadas aplicações, como por exemplo o estudo de chuvas extremas, estimativa de erosão e de escoamento superficial, em especial no planejamento ambiental e hidrológico.

Nas Figs. 7 e 8 estão apresentados os resultados das espacializações da precipitação nas bacias hidrográficas do sul do Espírito Santo, para um dia de muita chuva (09 de novembro), e para um dia de pouca chuva (01 de agosto) no ano de 2018, respectivamente.

Figura 7
Resultados das espacializações da precipitação diária nas bacias hidrográficas do sul do Espírito Santo em 09/11/2018, por todos os métodos de interpolação avaliados.
Figura 8
Resultados das espacializações da precipitação diária nas bacias hidrográficas do sul do Espírito Santo em 01/08/2018, por todos os métodos de interpolação avaliados.

Na Fig. 7 observam-se semelhanças entre alguns interpoladores em um dia típico de verão. O ADW e o IDW apresentam uma fraca suavização das chuvas, diferentemente dos demais métodos, explicitando sua superioridade na representação de chuvas diárias. Isto porque quanto menor a escala temporal, mais heterogênea (abrupta) será a representação espacial das chuvas, uma vez que a precipitação é um fenômeno com grande variabilidade espaço-temporal (Nery et al., 2017NERY, J.T.; CARFAN, A.C.; MARTIN-VIDE, J. Analysis of rain variability using the daily and monthly concentration indexes in Southeastern Brazil. Atmospheric and Climate Sciences, v. 7, n. 2, p. 176-190, 2017. doi
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; Nunes et al., 2018NUNES, A.A.; PINTO, E.J. de A.; BAPTISTA, M.B. Detection of trends for extreme events of precipitation in the Metropolitan Region of Belo Horizonte through statistical methods. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v.23, p. 1-13, 2018. doi
doi...
; Shi et al., 2014SHI, P.; QIAO, X.; CHEN, X.; ZHOU, M.; QU, S. et al. Spatial distribution and temporal trends in daily and monthly precipitation concentration indices in the upper reaches of the Huai River, China. Stochastic Environmental Research and Risk Assessment, v. 28, n. 2, p. 201-212, 2014. doi
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), em especial devido aos eventos convectivos, comuns no verão. A maior suavização decorrente da OK e do RF deixou os mapas visualmente mais homogêneos. Essa maior suavização da superfície de resposta também foi relatada em outras pesquisas (Yamamoto, 2005YAMAMOTO, J.K. Correcting the Smoothing Effect of ordinary kriging estimates. Mathematical Geology, v. 37, p. 69-94, 2005. doi
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; Zhu, 2013ZHU, X. Land cover classification using moderate resolution satellite imagery and random forests with post-hoc smoothing. Journal of Spatial Science, v. 58, n. 2, p. 323-337, 2013. doi
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), as quais alertam para um problema decorrente: subestimativa dos grandes valores (chuvas intensas). Esta subestimativa é prejudicial, por exemplo, para a modelagem chuva-vazão, pois podem estar apresentando uma precipitação acumulada não real, baseada na média encontrada na área em estudo, não havendo uma nítida distinção entre as áreas com altos e baixos índices pluviométricos (Cunha et al., 2014CUNHA, A.C.; VILHENA, J.E. de S.; SANTOS, E.S.; SARAIVA, J.M.B.; KUHN, P.A.F. et al. Evento extremo de chuva-vazão na bacia hidrográfica do rio Araguari, Amapá, Brasil. Revista Brasileira de Meteorologia, v. 29, p. 95-110, 2014. doi
doi...
; Sousa et al., 2010SOUSA, W. dos S.; SOUSA, F. de A.S. Rede neural artificial aplicada à previsão de vazão da Bacia Hidrográfica do Rio Piancó. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 14, n. 2, p. 173-180, 2010. doi
doi...
). Os resultados serão valores de vazão também subestimados, os quais são indesejáveis para aplicações em dimensionamento de obras hidráulicas de engenharia, como obras de barragens e drenagem urbana (Batista e Boldrin, 2018BATISTA, J.A. do N.; BOLDRIN, A.J. Avaliação do desempenho hidráulico de um sistema de drenagem de águas pluviais urbanas. Engenharia Sanitaria e Ambiental, v. 23, n. 2, p. 263-273, 2018. doi
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; Souza-Cruz-Buenaga et al., 2019SOUZA-CRUZ-BUENAGA, F.V.A.; ESPIG, S.A.; CASTRO, T.L.C.; SANTOS, M.A. Environmental impacts of a reduced flow stretch on hydropower plants. Brazilian Journal of Biology, v. 79, n. 3, p. 470-487, 2019. doi
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).WordClim, http://worldclim.org/version2.
http://worldclim.org/version2...
Earth Explorer, https://earthexplorer.usgs.gov/.
https://earthexplorer.usgs.gov/...
Precipitation - Mendeley Data, http://dx.doi.org/10.17632/jdbwhxzw5h.2.
http://dx.doi.org/10.17632/jdbwhxzw5h.2...

A partir dos mapas apresentados na Fig. 8 observou-se que todos os interpoladores possuem um desempenho semelhante, considerado bom, para dias com pouca chuva. Desta forma, reforçam-se as análises realizadas sobre a Fig. 3, quando se afirmou que, para a área em estudo, os interpoladores apresentam melhores resultados no inverno. Esta afirmação coincide com outros estudos, cujas regiões também apresentam índices pluviométricos menores no inverno e maiores no verão (Chen et al., 2010aCHEN, D.; OU, T.; GONG, L.; XU, C.-Y.; LI, W. et al. Spatial interpolation of daily precipitation in China: 1951-2005. Advances in Atmospheric Sciences, v. 27, n. 6, p. 1221-1232, 2010a. doi
doi...
; Xavier et al., 2015XAVIER, A.C.; KING, C.W.; SCANLON, B.R. Daily gridded meteorological variables in Brazil (1980-2013). International Journal of Climatology, v. 36, n. 6, p. 2644-2659, 2015. doi
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). Nesse sentido, pode-se dizer que para dias pouco chuvosos qualquer interpolador espacial utilizado no presente trabalho pode ser utilizado, principalmente para estudos referentes à disponibilidade hídrica do solo (Guerra et al., 2013GUERRA, V.; MOREIRA, V.; PEDROSO, D.; ROBERTI, D.R.; FERRAZ, S.E.T. et al. Análise das componentes hídricas, precipitação, evapotranspiração e umidade na superfície do solo representadas pelo Modelo Climático Regional Regcm3, para uma região de cultivo de soja. Ciência e Natura, v. 35, p. 452-454, 2013. doi
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; Sales et al., 2017SALES, M.A.L.; ROMáN, R.M.S.; SINOBAS, L.R.; MONTEIRO, R.N.F.; SOUZA, J.V.R.S. Avaliação da disponibilidade hídrica na Sub-Bacia do Boi Branco através do balanço hídrico climatológico e de cultivo. Irriga, v. 22, n. 1, p. 1-17, 2017. doi
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).

Finalmente, a análise em conjunto das Figs. 2 a 8 e da Tabela 2, possibilita eleger o ADW como o melhor interpolador da precipitação diária nas bacias hidrográficas do sul do Espírito Santo. Desta forma, para a criação da base de dados em formato grid, neste trabalho, utilizou-se o interpolador ADW. Os melhores resultados do ADW podem estar relacionados ao fato de que este método não pode extrapolar a magnitude do valor mais alto ou mais baixo nos pontos de dados contribuintes e, portanto, não está sujeito a ultrapassar os mesmos (New et al. 2000NEW, M.; HULME, M.; JONES, P. Representing Twentieth-Century space-time climate variability. part ii: development of 1901-96 monthly grids of Terrestrial Surface Climate. Journal of Climate, v. 13, p. 2217-2238, 2000. doi
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). Outro fator importante no método ADW, que o diferencia dos demais, é a sua simplicidade, semelhante ao IDW.

A superioridade do ADW também ocorre devido às características intrínsecas desse método, como a consideração do raio de influência, usado na interpolação, que varia em função da densidade do conjunto de pontos observacionais, cuja distância é definida pelos CDDs. Desta forma, este raio de influência pode aumentar em áreas onde a variabilidade espacial das estações é alta, e diminuir onde a variabilidade é menor (New et al., 2000NEW, M.; HULME, M.; JONES, P. Representing Twentieth-Century space-time climate variability. part ii: development of 1901-96 monthly grids of Terrestrial Surface Climate. Journal of Climate, v. 13, p. 2217-2238, 2000. doi
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), consequentemente utilizando valores reais e, que, muitas vezes, possuem alta correlação.

3.2. Base de dados de precipitação diária em formato grid

A partir da aplicação do método com melhor desempenho (ADW), foi criada e disponibilizada uma base de dados contendo os mapas de precipitação diária nas bacias hidrográficas do sul do Espírito Santo, com as especificações técnicas apresentadas na Tabela 3. A base de dados “Precipitation” está disponibilizada na plataforma indexada Mendeley Data.

Tabela 3
Especificações da base de dados de precipitação diária nas bacias hidrográficas do sul do Espírito Santo gerada no presente estudo.

3.3. Comparação entre bases de dados de precipitação diária

A Tabela 4 apresenta os resultados estatísticos (BIAS, d e RMSE) da comparação entre bases de dados em formato grid, conforme metodologia descrita em Schumacher et al. (2020)SCHUMACHER, V.; JUSTINO, F.; FERNáNDEZ, A.; MESEGUER’RUIZ, O.; SARRICOLEA, P. et al. Comparison between observations and gridded datasets over complex terrain in the Chilean Andes: precipitation and temperature. International Journal of Climatology, v. 40, n. 12, p. 5266-5288, 2020. doi
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. A Fig. 9 demonstra as médias mensais para o período em análise (2007-2016), obtidas na comparação das bases de dados, utilizando o interpolador ADW.

Tabela 4
Resultados estatísticos da comparação das bases de dados utilizadas neste estudo.
Figura 9
Estatísticas médias mensais do total precipitado diário, para as bases de dados em formato grid nas bacias hidrográficas do sul do Espírito Santo: a) d, b) RMSE e c) BIAS.

Nota-se, na Tabela 4 e na Fig. 9, que a base de dados obtida neste trabalho (denominada base ADW) e a de XAVIER (Xavier et al., 2015XAVIER, A.C.; KING, C.W.; SCANLON, B.R. Daily gridded meteorological variables in Brazil (1980-2013). International Journal of Climatology, v. 36, n. 6, p. 2644-2659, 2015. doi
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) apresentaram performance de estimativa dos totais pluviométricos diários superior às demais. Na Fig. 9a, observa-se que as bases de dados ADW e XAVIER foram as que mais se destacaram, com d sempre superior a 0,8, seguidas de CHIRPS, TRMM e SM2RAIN. Contudo, estes resultados demonstram que ADW, XAVIER e CHIRPS tem um desempenho considerado bom para o índice d (>0,70), uma vez que, quanto mais próximos de 1 os valores de d, maior é a concordância entre os valores estimados e observados (Tostes et al., 2017TOSTES, J.O.; LYRA, G.B.; OLIVEIRA- JúNIOR, J.F.; FRANCELINO, M.R. Assessment of gridded precipitation and air temperature products for the State of Acre, southwestern Amazonia, Brazil. Environmental Earth Sciences, v. 76, n. 4, p. 153-171, 2017. doi
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).

Já na Fig. 9b, observa-se que, novamente, as bases ADW e XAVIER encontram-se visualmente sobrepostas, seguidas por SM2RAIN, TRMM e CHIRPS. A base de dados CHIRPS é a que apresenta maior variação entre os valores máximos e mínimos de RMSE. A partir da análise visual dos valores obtidos para RMSE, constata-se que todas as bases de dados se encontram dentro dos valores esperados para o Brasil (4,7 a 8,9 mm dia-1), encontrados por Gadêlha (2018)GADêLHA, A.N. Análise da missão GPM (Global Precipitation Measurement) na estimativa da precipitação sobre território brasileiro. Dissertação de Mestrado, Centro de Tecnologia, Universidade Federal da Paraíba, 2018. e Lucas et al. (2014)LUCAS, T.P.B.; PLEC, D.; ABREU, M.L.; PARIZZI, M.G. Identificação de interpoladores adequados a dados de chuva a partir de parâmetros estatísticos. Revista Brasileira de Climatologia, v. 13, p. 7-21, 2014. doi
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. Por fim, a Fig. 9c demonstra que o TRMM foi a base com maior variação absoluta entre os valores mínimos e máximos de BIAS.

A Fig. 9 também demonstra que nos meses de inverno, os picos mínimos do RMSE são menores, demonstrando uma nítida diminuição deste erro. Isto está relacionado à sazonalidade da chuva no sul do Espírito Santo, já apresentadas neste trabalho (Hofstra et al., 2008HOFSTRA, N.; HAYLOCK, M.; NEW, M.; JONES, P.; FREI, C. Comparison of six methods for the interpolation of daily, European climate data. Journal of Geophysical Research, v. 113, p. 1-19, 2008. doi
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; Wüest et al., 2010WüEST, M.; FREI, C.; ALTENHOFF, A.; HAGEN, M.; LITSCHI, M. et al. A gridded hourly precipitation dataset for Switzerland using rain-gauge analysis and radar-based disaggregation. International Journal of Climatology, v. 30, n. 12, p. 1764-1775, 2010. doi
doi...
; Yang et al., 2019YANG, S.; JONES, P.D.; JIANG, H.; ZHOU, Z. Development of a near-real-time global in situ daily precipitation dataset for 0000-0000 UTC. International Journal of Climatology, v. 40, n. 5, p. 2795-2810, 2019.). Ou seja, tanto as interpolações quanto as bases de dados obtidas por satélites estão sujeitas à sazonalidade das amostras, fazendo com que, de forma geral, todas as bases de dados consigam representar melhor os eventos de precipitação nos meses mais secos (inverno), em comparação aos meses de verão, devido às flutuações da velocidade do vento e temperatura do ar, na área em estudo, onde há concentração de chuvas no verão (Cheval et al., 2011CHEVAL, S.; BACIU, M.; DUMITRESCU, A.; BREZA, T.; LEGATES, D.R. et al. Climatologic adjustments to monthly precipitation in Romania. International Journal of Climatology, v. 31, n. 5, p. 704-714, 2011. doi
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; Mello et al., 2012MELLO, C.R. de; VIOLA, M.R.; CURI, N.; SILVA, A.M. da. Distribuição espacial da precipitação e da erosividade da chuva mensal e anual no Estado do Espírito Santo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 36, n. 6, p. 1878-1891, 2012. doi
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).

A tendência do melhor desempenho das bases ADW e XAVIER está relacionada à semelhança do método de elaboração de ambas as bases de dados, que espacializaram dados pontuais medidos diretamente em estações pluviométricas (da ANA), e utilizaram o mesmo interpolador espacial. Todavia, a maior diferença entre a base de dados ADW e XAVIER é a resolução espacial, onde a base ADW possui uma resolução de 0,01°, apresentando um nível de detalhamento maior que às demais bases de dados. Devido às bases de dados CHIRPS, SM2RAIN e TRMM serem produtos de sensoriamento remoto, que estimam a chuva com base em observações de diferentes variáveis medidas por satélites e não por espacialização de medições pontuais (Brocca et al., 2014BROCCA, L.; CIABATTA, L.; MASSARI, C.; MORAMARCO, T.; HAHN, S. et al. Soil as a natural rain gauge: Estimating global rainfall from satellite soil moisture data. Journal of Geophysical Research: Atmospheres, v. 119, n. 9, p. 5128-5141, 2014. doi
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; Funk et al., 2015FUNK, C.; PETERSON, P.; LANDSFELD, M.; PEDREROS, D.; VERDIN, J. et al. The climate hazards infrared precipitation with stations-a new environmental record for monitoring extremes. Scientific Data, v. 2, n. 1, p. 1-21, 2015. doi
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; NASA, 2020NASA. National Aeronautics and Space Administration. TRMM. Disponível em https://disc2.gesdisc.eosdis.nasa.gov/data/TRMM_L3/TRMM_3B42_Daily.7/, acesso em 10 jan. 2020.
https://disc2.gesdisc.eosdis.nasa.gov/da...
), houve esta diferença entre os resultados destas bases e as bases ADW e XAVIER. Contudo, isso não significa que estas bases de dados são inferiores, ou até mesmo inadequadas, pois o índice d obtidos pelas mesmas foi muito próximo ou superior a 0,7. Ressalta-se que estas bases são amplamente utilizadas na atualidade para diversos estudos (Amini et al., 2019AMINI, A.; ABDEH KOLAHCHI, A.; AL-ANSARI, N.; KARAMI MOGHADAM, M.; MOHAMMAD, T. Application of TRMM precipitation data to evaluate drought and its effects on water resources instability. Applied Sciences, v. 9, n. 24, p. 1-18, 2019. doi
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; Ciabatta et al., 2018CIABATTA, L.; MASSARI, C.; BROCCA, L.; GRUBER, A.; REIMER, C. et al. SM2RAIN-CCI: a new global long-term rainfall data set derived from ESA CCI soil moisture. Earth System Science Data, v. 10, n. 1, p. 267-280, 2018. doi
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; Jalilvand et al., 2018JALILVAND, E.; TAJRISHY, M.; BROCCA, L.; MASSARI, C.; GHAZI ZADEH HASHEMI, S.A. et al. Estimating the drainage rate from surface soil moisture drydowns: Application of DfD model to in situ soil moisture data. Journal of Hydrology, v. 565, p. 489-501, 2018. doi
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; Jesús et al., 2016JESúS, A.; BREñA-NARANJO, J.; PEDROZO-ACUñA, A.; ALCOCER YAMANAKA, V. The use of TRMM 3B42 product for drought monitoring in Mexico. Water, v. 8, n. 325, p. 1-18, 2016. doi
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; Massari et al., 2018MASSARI, C.; CAMICI, S.; CIABATTA, L.; BROCCA, L. Exploiting satellite-based surface soil moisture for flood forecasting in the Mediterranean area: State update versus rainfall correction. Remote Sensing, v. 10, n. 292, p. 1-21, 2018. doi
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; Paca et al., 2020PACA, V.H.M.; ESPINOZA-DáVALOS, G.; MOREIRA, D.; COMAIR, G. Variability of trends in precipitation across the Amazon River Basin determined from the CHIRPS precipitation product and from station records. Water, v. 12, n. 5, p. 1-22, 2020. doi
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; Rivera et al., 2019RIVERA, J.A.; HINRICHS, S.; MARIANETTI, G. Using CHIRPS Dataset to assess wet and dry conditions along the Semiarid Central-Western Argentina. Advances in Meteorology, 8413964, 2019. doi
doi...
; Young-Sik et al., 2019YOUNG-SIK, M.; WON-HO, N.; MIN-GI, J.; TAEGON, K.; EUN-MI, H. Application of meteorological drought index in the Korean Peninsula using satellite-based Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station (CHIRPS). Journal of The Korean Society of Agricultural Engineers, v. 61, n. 2, p. 1-11, 2019.; Yuan et al., 2019YUAN, F.; ZHANG, L.; SOE, K.; REN, L.; ZHAO, C. et al. Applications of TRMM- and GPM-Era Multiple-Satellite Precipitation Products for flood simulations at sub-daily scales in a Sparsely Gauged Watershed in Myanmar. Remote Sensing, v. 11, n. 140, p. 1-31, 2019. doi
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), em especial quando há indisponibilidade de dados medidos em estações meteorológicas.ASLAMI, F.; GHORBANI, A.; SOBHANI, B.; ESMALI, A. Comprehensive comparison of daily IMERG and GSMaP satellite precipitation products in Ardabil Province, Iran. International Journal of Remote Sensing, v. 40, n. 8, p. 3139-3153, 2019. doi
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4. Conclusões

Baseado na ausência de dados meteorológicos pontuais, disponíveis em escalas regionais, o presente trabalho alcança seu objetivo geral, por meio de espacializações da precipitação pluvial diária, na região sul do Espírito Santo, entre os anos (1980-2020).

Ademais, o trabalho também alcança seus objetivos específicos, primeiramente, determinando a Distância Angular Ponderada (ADW) como o melhor método de espacialização da precipitação diária, para a área em estudo, com base em análises estatísticas e visuais de diferentes interpoladores espaciais, dentre eles, o Inverso da Distância Ponderada (IDW), a Krigagem Ordinária (OK) e o Random Forest (RF); na sequência, criando uma base de dados em formato raster, a partir do melhor método de espacialização (ADW); por fim, determinando com auxílio de métricas estatísticas, que o método ADW possui maior capacidade de representação da precipitação diária no sul do Espírito Santo, do que outras bases de dados disponíveis em formato raster, com cobertura nacional (XAVIER) e global (CHIRPS, SM2RAIN e TRMM).

A base de dados de precipitação diária criada pelo método de espacialização ADW, possui resolução espacial de 0,01° (equivalente à 1,24 km2) e série histórica (1980-2020). Além disso, cobre as bacias hidrográficas do sul do estado do Espírito Santo, situadas no bioma Mata Atlântica. A base de dados Precipitation está disponibilizada na plataforma indexada Mendeley Data.

Por fim, diante do exposto no presente trabalho, é possível concluir que a criação de bases meteorológicos por meio de espacialização, em escalas regionais, é uma alternativa promissora à ausência de estações de campo e falhas nas séries históricas. Ademais, há espaço para trabalhos futuros, que abordem diferentes métodos de espacialização e criação de novas bases de dados regionais, principalmente devido à chuva possuir grande variabilidade espaço-temporal, sendo interessante explorar as particularidades dos diferentes climas encontrados em cada região do Brasil.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) - Código de Financiamento 001, e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Referências

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Nov 2022
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2022

Histórico

  • Recebido
    01 Abr 2022
  • Aceito
    05 Out 2022
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