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Perfil clínico e cognitivo de usuários de crack internados

Clinical and cognitive profile of hospitalized crack users

Resumos

Trata-se de estudo transversal que objetivou avaliar: consumo de crack (entrevista semi-estruturada), funcionamento adaptativo (relativo às amizades, trabalho e família), psicopatológico (Adult Self-Report) e funções cognitivas (Screening Cognitivo do WAIS-III) de usuários de crack internados. Dos 84 participantes (90,5% homens), 53,6% fez uso diário de crack no último ano, com consumo médio usual de 1,54 gramas (DP=0,53; Mín.=0,5; Máx.=2,5). Houve grande prevalência de classificação na faixa clínica nos problemas internalizantes (77,4%), externalizantes (77,4%), funcionamento adaptativo (variando de 84,6 a 97,6%) e de comportamentos transgressores (70,3% comportamentos de quebra de regras e 59,6% comportamentos anti-sociais). As funções cognitivas encontraram-se preservadas (médio inferior/médio/médio superior) na grande maioria (>75%) dos entrevistados, com pior desempenho no subteste Vocabulário (22,6% classificação inferior).

cocaína crack; usuários de drogas; psicopatologia; adaptação psicológica; testes de inteligência


The aim of this cross-sectional study was to assess the use of crack cocaine (semi-structured interview), adaptive functioning (concerning friends, work, and family), psychopathological functioning (Adult Self-Report) and cognitive functions (WAIS-III) among hospitalized crack cocaine users. From the 84 respondents (90.5% male), 53.6% used crack cocaine on a daily basis in the previous year, with an usual average consumption of 1.54 grams (SD=.53; Min.=.5; Max.=2.5). There was a large prevalence of internalizing (77.4%) and externalizing (77.4%) problems, adaptive functioning (84.6 to 97.6%) and wrongful behavior (70.3% of rule-breaking behavior and 59.6% of antisocial behavior). Cognitive functions were preserved (low average/average/high average) in most respondents (>75%), with worse performance on the Vocabulary subtest (22.6% in the low average range).

Crack cocaine; drug users; psychopathology; psychological adaptation; intelligence tests


AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA/PSYCHOLOGICAL ASSSESSMENT

Perfil clínico e cognitivo de usuários de crack internados

Clinical and cognitive profile of hospitalized crack users

Cristina Beatriz Würdig SayagoI; Paola Lucena-SantosI; Rogério Lessa HortaII; Margareth da Silva OliveiraI

IPontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

IIUniversidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Avenida Ipiranga, 6681, prédio 11, 9º andar, sala 927, Porto Alegre, RS, Brasil 90619-900. E-mail: marga@pucrs.br

RESUMO

Trata-se de estudo transversal que objetivou avaliar: consumo de crack (entrevista semi-estruturada), funcionamento adaptativo (relativo às amizades, trabalho e família), psicopatológico (Adult Self-Report) e funções cognitivas (Screening Cognitivo do WAIS-III) de usuários de crack internados. Dos 84 participantes (90,5% homens), 53,6% fez uso diário de crack no último ano, com consumo médio usual de 1,54 gramas (DP=0,53; Mín.=0,5; Máx.=2,5). Houve grande prevalência de classificação na faixa clínica nos problemas internalizantes (77,4%), externalizantes (77,4%), funcionamento adaptativo (variando de 84,6 a 97,6%) e de comportamentos transgressores (70,3% comportamentos de quebra de regras e 59,6% comportamentos anti-sociais). As funções cognitivas encontraram-se preservadas (médio inferior/médio/médio superior) na grande maioria (>75%) dos entrevistados, com pior desempenho no subteste Vocabulário (22,6% classificação inferior).

Palavras-chave: cocaína crack, usuários de drogas, psicopatologia, adaptação psicológica, testes de inteligência.

ABSTRACT

The aim of this cross-sectional study was to assess the use of crack cocaine (semi-structured interview), adaptive functioning (concerning friends, work, and family), psychopathological functioning (Adult Self-Report) and cognitive functions (WAIS-III) among hospitalized crack cocaine users. From the 84 respondents (90.5% male), 53.6% used crack cocaine on a daily basis in the previous year, with an usual average consumption of 1.54 grams (SD=.53; Min.=.5; Max.=2.5). There was a large prevalence of internalizing (77.4%) and externalizing (77.4%) problems, adaptive functioning (84.6 to 97.6%) and wrongful behavior (70.3% of rule-breaking behavior and 59.6% of antisocial behavior). Cognitive functions were preserved (low average/average/high average) in most respondents (>75%), with worse performance on the Vocabulary subtest (22.6% in the low average range).

Keywords: Crack cocaine, drug users, psychopathology, psychological adaptation, intelligence tests.

Os usuários de crack apresentam importantes déficits cognitivos, que podem influenciar no êxito dos tratamentos, dado o risco de tais prejuízos afetarem a atenção, fluência verbal, memória visual, verbal, memória de trabalho, memória prospectiva, capacidade de aprendizagem, processos de tomada de decisões, controle de impulsos e capacidade de resolução de problemas (P. J. Cunha, Nicastri, Gomes, Moino, & Peluso, 2004; Kolling, Silva, Carvalho, Cunha, & Kristensen, 2007; Rodrigues, Caminha, & Horta, 2006).

Em todo o mundo, é grande a prevalência e o aumento do consumo de crack (European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction [EMCDDA], 2009; Martinez-Mantilla et al., 2007; Organização Mundial de Saúde [OMS], 2010; Substance Abuse and Mental Health Services Administration [SAMHSA], 2006). No Brasil, esta tendência também tem sido reconhecida (Carlini et al., 2007; E. Silva, Pavani, Moraes, & Chiaravalloti, 2006). Além disso, a questão do uso de drogas é entendida como um dos maiores desafios de nossos tempos, com custos e proporções mundiais (Pimentel, Coelho, & Aragão, 2009).

O progressivo aumento de consumo de crack tem gerado demanda por atendimento, na forma de leitos para hospitalização, e há a tendência de um mesmo paciente re-internar diversas vezes, o que torna o uso de crack um problema de saúde pública (Kessler & Pechansky, 2008; Guimarães, Santos, Freitas, & Araújo, 2008).

O plano emergencial de ampliação do acesso ao tratamento e prevenção em relação às drogas, do Ministério da Saúde, previa investimentos de 117,3 milhões de reais em 2010, em grande parte direcionados às demandas relacionadas ao uso do crack (Ministério da Saúde, 2010). O crack já representa, portanto, custo significativo para o sistema público de saúde (Guimarães et al., 2008) e aparece como a droga de uso mais prevalente entre usuários internados em hospital psiquiátrico (Dualibbi, Ribeiro, & Laranjeira, 2008). Além de prejuízos sociais, comportamentais e cognitivos, é frequente a ocorrência de comorbidades psiquiátricas (Castro, Pedroso, & Araújo, 2010; C. Silva, Kolling, Carvalho, Cunha, & Kristensen, 2009; Zaleski et al., 2006).

Assim, conhecer o perfil de usuários de crack em contexto de internação hospitalar, é importante no planejamento de políticas públicas de saúde relacionadas ao tratamento dos transtornos decorrentes do uso dessa substância. Levando isso em consideração, este artigo objetiva mapear dados referentes ao padrão de consumo de crack, avaliar o funcionamento adaptativo (em relação às amizades, trabalho e família) e psicopatológico (comportamentos internalizantes, externalizantes e indicativos de psicopatologias), e avaliar as funções cognitivas de adultos usuários de crack que se encontravam internados para tratamento da dependência química.

Método

Delineamento

Trata-se de estudo transversal, quantitativo e descritivo.

Participantes

Foram entrevistados usuários de crack adultos (de 18 a 59 anos), que se encontravam internados em função do uso desta substância, de maio de 2010 a outubro de 2010, em três serviços especializados, das redes pública e privada (sendo dois hospitais gerais públicos, com unidades específicas de tratamento hospitalar para dependência quimica e uma clínica psiquiátrica privada, igualmente com unidade específica de tratamento para uso de substâncias dentro de suas instalações), localizados na cidade de Porto Alegre, os quais atendem pacientes provenientes tanto da capital, como da região metropolitana. Em virtude da avaliação cognitiva, o participante deveria estar, para ser incluso no estudo, entre o 7º e o 15º dia de abstinência de substâncias psicoativas ilícitas. Também foram considerados critérios de inclusão participantes do sexo masculino ou feminino, com no mínimo 5 anos de estudo formal completos. Os participantes poderiam fazer uso simultâneo de outras drogas, desde que atestassem ser o uso de crack o fator que motivou a procura pela internação. O uso de medicações não foi considerado critério de exclusão, visto que os participantes estavam em contexto de internação psiquiátrica, onde é usual a utilização de psicofármacos.

Instrumentos

Foi aplicado questionário padronizado, pré-testado, elaborado especificamente para este estudo, com dados sócio-demográficos, incluindo os Critérios de Classificação Econômica Brasil (Associação Nacional de Empresas de Pesquisa [ANEP], 2008), e a história de consumo de substâncias psicoativas (como idade de início de uso, frequencia e intensidade de uso no último ano e tempo de abstinência).

O Screening Cognitivo do WAIS-III (Wechsler Adult Intelligence Scale ou Escala de Inteligência de Wechsler para Adultos, 3ª edição), adaptado e padronizado para o Brasil por Nascimento (2004) e que compreende os subtestes Vocabulário, Cubos, Códigos e Dígitos também foi administrado nos participantes. O subteste Vocabulário foi utilizado pela sua alta correlação com a soma da escala verbal, o que o torna uma medida adequada de inteligência basal. Por sua vez, o subteste Cubos identifica a capacidade de análise, síntese e organização visuomotora, enquanto o subteste Códigos é um subteste executivo que avalia a organização visoperceptual, utilização da ação motora para resolutibilidade de problemas e velocidade de processamento. O subteste Dígitos avalia funções como atenção a estímulos verbais, memória auditiva de curta duração e memória de trabalho (J. A. Cunha, 2000).

Objetivando avaliar indicativos de aspectos clínicos e o funcionamento adaptativo, foi também aplicado o Adult Self-Report – ASR (Achenbach & Rescorla, 2003), que é uma escala de auto-relato, para a faixa etária de 18 a 59 anos. Evidências de validade do ASR para realidade brasileira já foram verificadas e o instrumento demonstrou resultados excelentes no que tange à análise da sua estrutura interna (M. S. Oliveira, Lucena-Santos, & Yates, 2011). O instrumento permite avaliar indicativos de psicopatologias, através de escalas orientadas pelo DSM-IV-TR (American Psychiatry Association [APA], 2002), problemas de funcionamento adaptativo (em relação às amizades, trabalho e família) e problemas de comportamento, estes últimos subdivididos em problemas internalizantes e externalizantes. Os resultados ponderados permitem classificar os sujeitos como encontrando-se na faixa normal, limítrofe ou clínica (existindo diferentes pontos de corte em cada subescala para a obtenção destas classificações).

Aspectos Éticos e Procedimentos para a Coleta de Dados

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, sob o protocolo CEP 09/04943. Não há conflitos de interesse a destacar. Os pacientes que preencheram os critérios de inclusão foram convidados a participar da pesquisa. Após terem sido informados sobre os objetivos do estudo e assegurados quanto à confidencialidade e ao anonimato, todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A aplicação dos instrumentos foi feita de forma individual, por pesquisadores treinados, os quais realizaram a leitura de todas as questões do protocolo de pesquisa aos participantes. O tempo de duração aproximado de cada aplicação foi de uma hora, sendo a mesma realizada em consultórios ou salas dos próprios locais de coleta.

Análise dos Dados

Para análise dos dados do ASR, foi utilizado o software ADM (Assessment Data Manager), versão 7.0 (Achenbach & Rescorla, 2003). A digitação e análise foram feitas com o programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), versão 17.0. Foi utilizada neste estudo estatística descritiva (porcentagens, frequências, média, desvio padrão, mediana, valor mínimo e máximo).

Resultados

Foram entrevistados 84 adultos usuários de crack hopitalizados (90,5%, n=76, do sexo masculino), o que representava, à época, aproximadamente 15% do total de leitos especializados disponíveis, nos locais de coleta, de maio a outubro de 2010, para tratamento de usuários de crack. Os entrevistados tinham idade média de 29,51 anos (DP = 8,43; Mín. = 18 e Máx. = 53) e a média de anos de estudo formal completos foi de 9,39 anos (DP = 3,10; Mín. = 5 e Máx. = 18). Eles estavam em abstinência por um período médio de 10,17 dias (DP = 2,26; Mín. = 7 e Máx. = 15). A Tabela 1 apresenta a distribuição dos usuários segundo as categorias de análise das variáveis sócio-demográficas.

As substâncias usadas pelos entrevistados, além do crack, nos 12 meses anteriores às entrevistas, foram, em ordem decrescente: Tabaco (90,5%), Álcool (69%), Maconha (64,3%) e Cocaína (54,8%). O tempo médio de consumo de crack referido foi de 5,83 anos (DP=4,45) e a maioria dos entrevistados (94%, n=79) relatou já ter realizado algum outro tipo de tratamento, anterior ao atual, em função do uso de crack. A percentagem de usuários desta amostra que já utilizou cada tipo de tratamento, assim como a mediana do número de vezes em que houve utilização e valores mínimo e máximo foram, respectivamente: Internação Hospitalar (91,7%, n=77, M=2, Mín.= 1, Máx.= 27), Fazenda Terapêutica (48,8%, n=53, M=1, Mín.= 0, Máx.= 7), AA ou NA (41,7%, n=51, M=1, Mín.= 0, Máx.= 20) e Tratamento Ambulatorial (31%, n=50, M=1, Mín.= 0, Máx.= 20).

A intensidade de uso de crack referida foi de 1,54 gramas (DP=0,53; Mín.=0,5 e Máx.=2,5) por dia típico. Os entrevistados referiram, também, que no dia em que mais usaram a substância consumiram, em média, 16,39 gramas de crack (DP=12,14; Mín.=1 e Máx.=57,5). A maioria dos usuários (53,6%, n=45) fez uso de crack em frequencia diária durante o último ano.

Na avaliação das funções cognitivas, de acordo com o screening cognitivo do WAIS-III, a grande maioria dos participantes (mais de 90%) obteve desempenho preservado (classificado em médio inferior, médio ou médio superior – de acordo com as classificações por faixa etária e sexo constantes no manual dos instrumentos) nos subtestes Cubos e Dígitos, porém 17,9% (n=15) apresentaram desempenho classificado como inferior no subteste Códigos e 22,6% (n=19) obtiveram desempenho inferior no subteste Vocabulário. Na Tabela 2 maiores detalhes podem ser observados quanto ao desempenho dos participantes em cada subteste.

Quanto ao funcionamento adaptativo e psicopatológico dos participantes, foram encontradas altas prevalências (40% ou mais dos participantes) de problemas considerados clinicamente significativos. Os resultados podem ser observados na Tabela 3.

Discussão

Os entrevistados deste estudo não se caracterizam por início recente do consumo de crack, o que também está de acordo com alguns outros estudos (Borini, Guimarães, & Borini, 2003; P. J. Cunha et al., 2004; Ferreira, Turchi, Laranjeira, & Castelo, 2003). As taxas de mortalidade em usuários de crack são altas. Entretanto, contrariando o senso comum, os consumidores têm-se mantido vivos por longos períodos. Atualmente os usuários utilizam o crack ao longo de anos – chegando a ser observada recentemente uma média de 11,5 anos no estudo de L. Ribeiro, Sanchez e Nappo (2010) – e morrem mais por causas externas como envolvimento com o tráfico, disputa de pontos de venda, brigas com a polícia e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, do que pelos danos ocasionados diretamente pelos efeitos da droga no organismo (Kessler & Pechansky, 2008; L. Ribeiro et al., 2010) mesmo em usuários frequentes e diários de crack (Ferreira et al., 2003; Guimarães et al., 2008).

Comum também, entre usuários de crack, é a referência ao uso de outras drogas. Diversos estudos indicam o uso concomitante do crack e outras drogas (Bastos, Bertoni, Hacker, & Grupo de Estudos em População, Sexualidade e Aids, 2008; Borini et al., 2003; Castro et al., 2010; Galduróz, Noto, Nappo, & Carlini, 2005; Guimarães et al., 2008; L. Oliveira & Nappo, 2008a, 2008b; L. Ribeiro et al., 2010; E. Silva et al., 2006), o que vem a corroborar com os resultados auferidos nesta amostra. Algumas hipóteses são propostas para explicar esse uso associado de crack com outras drogas, como a possibilidade de reduzir, através do uso de outra droga, a intensidade dos efeitos negativos do crack, intensificar os efeitos desejados, ou a possibilidade de o usuário retornar às suas atividades rotineiras, pela diminuição da fissura e dos efeitos ansiogênicos (Borini et al., 2003; L. Oliveira & Nappo, 2008a, 2008b; L. Ribeiro et al., 2010).

Com relação à frequência de uso, mais da metade dos entrevistados (53,6%) fazia uso diário de crack, enquanto a intensidade de uso da droga em um dia típico era de aproximadamente 3 pedras de 0,5 gramas cada. Ferreira et al. (2003), em pesquisa realizada na cidade de São Paulo, apontaram que, dos que utilizavam crack, 69,6% usavam a droga diariamente. Confirmando esses dados, o estudo de Guimarães et al. (2008), também realizado em Porto Alegre, em usuários de crack internados, revelou que o uso diário da droga foi descrito por 70% dos participantes e a quantidade de pedras utilizadas em um dia típico era de 11,57 pedras. Nota-se, portanto, que tanto a frequência, como a intensidade de uso encontrada em nosso estudo é menor que a encontrada em outros estudos. A pesquisa supracitada, apesar de ter sido realizada na mesma cidade que este estudo, apresenta diferenças em relação à origem dos entrevistados, os quais eram predominantemente oriundos da região metropolitana de Porto Alegre, abarcando pacientes de diferentes cidades do litoral e outras localidades, enquanto que este estudo avaliou usuários de crack oriundos predominantemente da cidade de Porto Alegre e região metropolitana. Ademais, os participantes do estudo de Guimarães et al. (2008) eram em número inferior (n=30) ao número de participantes avaliados neste estudo (n=84), além daquele estudo ter sido realizado em um único local de internação, o qual é pertencente ao sistema público de saúde e atende pacientes predominantemente de classes econômicas baixas, enquanto que a amostra da presente pesquisa contemplou pacientes da rede privada e de classes econômicas mais altas. Isso é particularmente importante, visto que os usuários de crack são usualmente caracterizados como sendo pertencentes a classes sociais menos favorecidas (Borini et al., 2003; Dualibbi et al., 2008; L. Oliveira & Nappo, 2008b).

O funcionamento adaptativo dos entrevistados com relação às amizades, família, e trabalho estava prejudicado na maioria expressiva dos usuários de crack. Esses achados estão de acordo com a literatura, a qual sugere que o uso de crack pode ocasionar isolamento e ruptura de relações sociais e profissionais e o abandono de atividades rotineiras (Carlini, Noto, Galduróz, & Nappo, 1996; Rodrigues et al., 2006).

Os participantes desta pesquisa apresentaram altos índices de problemas clinicamente significativos na subescala de Depressão e nos Problemas Internalizantes, o que é corroborado por outros estudos (Falck, Wang, Siegal, & Carlson, 2004; Guimarães et al., 2008; Orsi & Oliveira, 2006; Scheffer, Pasa, & Almeida, 2010; C. Silva et al., 2009; Terra, Figueira, & Athayde, 2003). A mesma prevalência de Problemas Internalizantes foi encontrada na avaliação dos Problemas Externalizantes. Os Problemas Externalizantes são aqueles que podem ser diretamente observados sendo que, dentro destes, a subescala com problemas clinicamente significativos mais prevalente nesta amostra foi a de Comportamento de Quebra de Regras, o que vai de encontro com a própria natureza da amostra, uma vez que os comportamentos de quebra de regras assemelham-se às condutas frequentemente observadas em usuários de drogas, como ameaças, discussões, assaltos, homicídios e envolvimento com tráfico de drogas (Dualibbi et al., 2008; Ferreira et al., 2003; Formiga, Santos, Dumcke, & Araújo, 2009; Guimarães et al., 2008; Scheffer et al., 2010; M. Ribeiro, Dunn, Sesso, Dias, & Laranjeira, 2006). Estes achados também vão de encontro com a alta prevalência de usuários de crack classificados na faixa clínica na subescala que avalia a presença de comportamentos anti-sociais (Problemas relacionados à Personalidade Antisocial). O estudo de Falck et al. (2004), que avaliou usuários de crack que não estavam em tratamento, encontrou que 24% dos usuários tinha Transtorno de Personalidade Antissocial. Semelhantemente, 13,3% dos usuários de crack internados, avaliados no estudo de C. Silva et al. (2009), possuíam o diagnóstico de Transtorno da Personalidade Antissocial.

Ressalta-se que o ASR, instrumento utilizado neste estudo, não é uma escala diagnóstica, este apenas fornece indicativos de transtornos específicos, os quais devem ser melhor investigados posteriormente. Em outras palavras, o máximo que se pode afirmar, baseado nos dados deste estudo, é que os participantes apresentam atitudes caracterizadas como comportamentos antissociais. A hipótese que os autores desta pesquisa levantam é que a presença destes comportamentos pode ser explicada, pelo menos em parte, pelas condutas que vão se associando ao uso desta droga, uma vez que é sabido que os usuários de crack se envolvem em atividades ilícitas (L. Oliveira & Nappo, 2008b), sendo frequentes os furtos dentro da própria residência, roubos, assaltos, manipulação de pessoas e o envolvimento com o tráfico de drogas (Chaves, Sanchez, Ribeiro, & Nappo, 2011; Nutt, King, & Phillip, 2010), assim como o risco aumentado de envolvimento em problemas legais (Ferri, Gossop, Rabe-Hesketh, & Laranjeira, 2002).

Neste trabalho, a grande maioria dos entrevistados (mais de 90%) apresentou desempenho preservado (classificados como médio inferior, médio ou médio superior) nos subtestes Cubos e Dígitos, sendo os piores desempenhos observados no subteste Vocabulário (22,6%, n=19, com classificação Inferior). O subteste Vocabulário avalia a inteligência verbal, conhecimento semântico, estimulação do ambiente, desenvolvimento da linguagem expressiva e antecedentes educacionais (J. A. Cunha, 2000). Este subteste é também considerado uma medida adequada de inteligência basal (Rigoni, Oliveira, Susin, Sayago, & Feldens, 2009), aspecto este mais prejudicado nos participantes deste estudo. Confirmando os achados deste trabalho, Stocker (1998) aponta que usuários de crack apresentam um déficit significativo nas funções cognitivas de aprendizagem e formação de conceitos, problemas esses que podem ter uma duração a longo prazo, ou até mesmo serem permanentes. É importante ressaltar que, entre os grupos clínicos, escores baixos podem denotar imotivação e hipoatividade – baixa responsividade aos estímulos (J. A. Cunha, 2000), características estas típicas de um quadro depressivo. Nesta pesquisa, 56% dos usuários de crack ficaram classificados na faixa clínica na subescala Depressão, o que pode indicar que o pior desempenho no subteste Vocabulário pode ter-se dado em virtude da presença de sintomas depressivos clinicamente significativos.

O predomínio (acima de 75% em todos os subtestes) de usuários com desempenho cognitivo preservado propõe outra reflexão importante, que é a verificação de possível filtro nos mecanismos de acesso aos serviços das redes locais de saúde, neste caso, os leitos hospitalares. Estudos de base populacional, com maior número de usuários com acesso a serviços públicos de saúde, poderiam elucidar se o desempenho dos usuários do presente estudo é compatível com o da maioria dos usuários de crack com este tempo, frequência e intensidade de uso do crack, ou se os que acessam os leitos hospitalares são aqueles que se mantêm em condições menos degradadas. Isso é extremamente relevante de ser estudado, uma vez que quando os serviços não asseguram acesso universal, filtros podem ser estabelecidos, mesmo que espontaneamente, à medida que a população disputa o acesso a eles.

É importante ressaltar que a amostra estudada encontra-se, no que diz respeito à sua caracterização, semelhante a de outros estudos realizados em usuários de crack, em relação à média de idade (Castro et al., 2010; Ferreira et al., 2003; Guimarães et al., 2008; Orsi & Oliveira, 2006; M. Ribeiro et al., 2006; Rodrigues et al., 2006; Scheffer et al., 2010), estado civil (Ferreira et al., 2003; Guimarães et al., 2008; L. Oliveira & Nappo, 2008a, 2008b; Orsi & Oliveira, 2006; M. Ribeiro et al., 2006; Rodrigues et al., 2006; Scheffer et al., 2010; Silveira & Jorge, 1999) e número médio de anos de estudo concluídos (Guimarães et al., 2008; Orsi & Oliveira, 2006; Silveira & Jorge, 1999). Ademais, a maioria (91,7%) dos entrevistados relatou já ter buscado tratamento anterior ao atual, pelo menos uma vez, para o uso de crack, sendo a internação o tipo de tratamento mais referido, o que é corroborado por outras pesquisas, as quais apontam altos índices de internação e de procura por tratamentos (Ferreira et al., 2003; Ferri, Laranjeira, Silveira, Dunn, & Formigoni, 1997; Terra et al., 2003).

Conclusões

A partir deste estudo, foi possível observar que 53,6% dos usuários de crack desta amostra relataram uso diário de crack durante o último ano, com intensidade média de 1,54 gramas em um dia típico. Este consumo se mostrou de menor intensidade, quando comparado com estudo realizado em homens usuários de crack em tratamento de internação na cidade de Porto Alegre. Grande parte dos participantes ficou classificada na faixa clínica nas subescalas que avaliam problemas internalizantes (77,4%) e externalizantes (77,4%), problemas no funcionamento adaptativo (amizade, trabalho e família, variando de 84,6% a 97,6%) e de comportamentos que caracterizam algum tipo de transgressão (70,3% comportamentos de quebra de regras e 59,6% comportamentos considerados anti-sociais). A maioria dos entrevistados (acima de 75%) estava com suas funções cognitivas preservadas (classificadas como médio inferior, médio ou médio superior) em todos os subtestes, sendo que no subteste Vocabulário houve pior desempenho (22,6% com classificação inferior), quando comparado com os resultados dos demais subtestes.

Conhecer o padrão de consumo de crack, desempenho cognitivo, funcionamento adaptativo e psicopatológico de usuários de crack em tratamento de internação possibilita o desenvolvimento de estratégias de intervenção e prevenção, as quais levem em consideração pontos fortes e fracos dessa clientela. Isso é de particular relevância quando se pondera o fato de que o tamanho amostral deste estudo representava, à época, 15% do total de leitos especializados no tratamento da dependência química disponíveis nos locais de coleta de dados deste trabalho, os quais são referência na cidade de Porto Alegre.

Dentre as limitações deste estudo, ressalta-se a ausência de um grupo controle, assim como a não-utilização de uma entrevista clínica que possibilitasse estabelecer diagnósticos de transtornos específicos (e não só fornecer um indicativo), o que possibilitaria determinar, com maior exatidão, as comorbidades desta amostra. Ressalta-se, ainda, que o tempo de abstinência foi mensurado a partir do auto-relato dos entrevistados e, portanto, seria interessante um screening toxicológico que pudesse comprovar a veracidade das informações por eles relatadas. Nesse sentido, salienta-se que as informações derivadas da utilização de instrumentos de auto-relato devem ser utilizadas com cautela, uma vez que as mesmas podem sofrer efeito de um viés de desejabilidade social, sobretudo quando se trata de amostra de usuários de drogas, os quais costumam apresentar comportamentos antisociais. Este trabalho não controlou o tipo de tratamento psicofarmacológico que cada participante estava realizando, o que pode influenciar tanto na avaliação de indicativos psicopatológicos, como nos resultados da avaliação das funções cognitivas, uma vez que determinadas medicações podem contribuir para a melhora de sintomas de humor ou mesmo de ansiedade, os quais, por sua vez, parecem ser responsáveis por pior desempenho nos testes. Por fim, o delineamento utilizado nesta pesquisa possui limitações que lhe são inerentes, pois este tipo de desenho não permite o estabelecimento de relações de causa e efeito.

Dessa forma, a fim de contornar as dificuldades encontradas neste trabalho, sugere-se que sejam realizados estudos longitudinais com esta clientela, os quais incorporem em seu protocolo de pesquisa a utilização de uma entrevista diagnóstica, controle dos tratamentos psicofarmacológicos realizados pelos participantes, screening toxicológico e a existência de um grupo controle. Destaca-se a importância de que novos estudos sejam realizados no contexto brasileiro, uma vez que não existe uma compreensão suficiente por parte da literatura científica nacional acerca da complexidade dos aspectos relacionados ao usuário de crack, cujos resultados seriam de extrema relevância para a elaboração de estratégias mais efetivas de prevenção, promoção de saúde e de tratamento na área.

Referências

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Recebido: 03/08/2011

1ª revisão: 25/10/2012

Aceite final: 30/10/2012

Agradecemos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq da última autora; e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelas bolsas de Mestrado no País e de Doutorado Pleno no Exterior da primeira e segunda autoras, respectivamente.

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  • Endereço para correspondência:
    Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Avenida Ipiranga, 6681, prédio 11, 9º andar, sala 927, Porto Alegre, RS, Brasil 90619-900. E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      27 Maio 2014
    • Data do Fascículo
      Mar 2014

    Histórico

    • Aceito
      30 Out 2012
    • Recebido
      03 Ago 2011
    • Revisado
      25 Out 2012
    Curso de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Rua Ramiro Barcelos, 2600 - sala 110, 90035-003 Porto Alegre RS - Brazil, Tel.: +55 51 3308-5691 - Porto Alegre - RS - Brazil
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