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Taracotomia sem intubação orotraqueal: modelo experimental em ratos

Resumo

O objetivo deste trabalho é descrever uma técnica para realização de toracotomias, com ou sem ressecções pulmonares sem intubação orotraqueal. Foram utilizados 36 Rattus novergucus albinus, Wistar, adultos, fêmeas, submetidos a ressecção pulmonar sob vetilzação espontânea e caráter de oxigênio com fluxo de 1 litro / minuto em um capacete que envolvia toda cabeça do animal. Não houve óbito no per ou pó-operatório devido complicações inerentes ao procedimento. Os resultados mostraram que esta operação, sem intubação orotraqueal pode ser realizada, apresentando como vantagens, a simplicidade na execução e ausência de trauma traqueal.

Toracotomia; Ratos; Intubação orotraqueal


12 – ARTIGO ORIGINAL

Taracotomia sem intubação orotraqueal. modelo experimental em ratos1 1 Trabalho do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Maringá

Amélia C. SeidelI; Alvacir S. BahlsII; Dorival Moreschi Jr.III; Carla B. MuraroIV

IProfessora Assistente de Angiologia e Cirurgia Vascular da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Maringá, Mestre em Cirurgia Geral pela Universidade Federal do Paraná

IIProfessor Adjunto de Anatomia Humana da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Maringá, Doutor em Anatomia pela Universidade Federal de São Paulo

IIIProfessor Auxiliar de Angiologia e Cirurgia Vascular da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Maringá

IVDoutoranda da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Maringá

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Amélia Cristina Seidel Rua Dr. Gerardo Braga, 134 CEP: 87050-610 - Maringá - Paraná Tel. (044) 222-5122

RESUMO

O objetivo deste trabalho é descrever uma técnica para realização de toracotomias, com ou sem ressecções pulmonares sem intubação orotraqueal. Foram utilizados 36 Rattus novergucus albinus, Wistar, adultos, fêmeas, submetidos a ressecção pulmonar sob vetilzação espontânea e caráter de oxigênio com fluxo de 1 litro / minuto em um capacete que envolvia toda cabeça do animal. Não houve óbito no per ou pó-operatório devido complicações inerentes ao procedimento. Os resultados mostraram que esta operação, sem intubação orotraqueal pode ser realizada, apresentando como vantagens, a simplicidade na execução e ausência de trauma traqueal.

Descritores: Toracotomia. Ratos. Intubação orotraqueal.

INTRODUÇÃO

Animais de pequeno porte como o rato, são frequentemente utilizados para esperimentos em laboratório, assim como para estudos morfológicos e funcionais após operações de ressecções pulmonares6.

Vários métodos de controle das vias aéreas tem sido descritos para realização dessas operações, como traqueostomia2,3,8,11, intubação orotraqueal às cegas1,4,5,8,12,15 ou sob visão direta5,7,13,14,16; mas muitos destes tem se mostrado insatisfatórios, associados com alta taxa de mortalidade ou complicações como traumatismos de vias aéreas, edema de glote ou hemorragias9,10.

O objetivo deste trabalho é descrever técnica que possibilite a realização de toracotomias, sem a necessidade de intubação orotraqueal.

MÉTODO

Foram utilizados 36 Rattus novergicus albinus, Wistar, fêmeas, adultos, pesando de 166 a 214 gramas. Foram mantidos em condições ambientais ideais quanto a temperatura e umidade e alimentados com dieta balanceada e água.

Os animais foram submetidos à anestesia com pentobarbital (40 mg/kg de peso), por via intraperitoneal e mantidos em ambiente enriquecido com oxigênio (caixa de 40 cm 32 cm x 16 cm e fluxo de oxigênio de 1 litro/minuto).

A operação realizou-se sob ventilação espontânea e cateter oxigênio (1 litro/minuto), em capacete envolvendo toda a cabeça do animal.

Após a depilação da região a ser operada, o animal era colocado na goteria cirúrgica em decúbito lateral esquerdo, tendo seus membros fixados. Através de toracotomia lateral direita ao nível do quarto espaço intercostal, chegou-se a cavidade pleural e realizou-se a ressecção pulmonar. A pressão intratorácica foi mantida negativa, no fechamento do entercosto, por aspiração da cavidade pleural com cateter de Levine número 6 F. Suturou-se a camada muscular e o tegumento com pontos separados de fio de algodão 3-0. Após o ato operatório os animais foram mantidos em abiente enriquecido com oxigênio (caixa com igual volume e mesma concentração de oxigênio) por uma hora até a recuperação da anestesia.

RESULTADOS

Os animais submetidos a ressecção pulmonar sem intubação orotraqueal, com ventilação espontânea, não apresentaram complicações a nível de vias aéreas no per ou pós-operatório. A taxa de mortalidade, em ralação a este procedimento, no mesmo período foi nula.

DISCUSSÃO

Atualmente, há várias descrições na literatura, de operações com ressecções pulmonares utilizando intubação orotraqueal1,4,6,7,8,12,13,15.

Algumas técnicas de intubação têm sido descritas5,14,16. Sendo feita às cegas, STARK, NAHRWOLD e COHEN 12 referiram uma taxa de 90 % de sucesso, porém citaram o risco de traumatismo de vias aéreas com edema de glote e sangramento local.

As técnicas descritas de intubação sob visão direta necessitam equipamento especializado ou de difícil obtenção, como iluminador de fibra óptica, otoscópio 15, e outros. Mas, são descritas como tendo bons resultados e baixo risco de trauma.

WEKSLER, LENERT e BURT17 descreveram método de intubação sob visão direta utilizando-se um otoscópio, e citam como possíveis complicações o barotrauma com pneumotórax e aspiração, aumento das secreções respiratporias pelas várias tentativas e mortalidade de 5,7 %, necessitando então habilidade para realização de tal técnica.

Os autores citados relataram necessidade de habilidade e equipamentos especiais. Além disto, têm alto índice de mortalidade e riscos de complicações.

Os resultados obtidos no presente trablho mostraram taxa de mortalidade de 0%, com a vantagem de não necessitar de equipamentos especiais ou de alto custo a ser de fácil realização.

CONCLUSÃO

A técnica descrita não necessita de equipamentos. É de fácil execução, não tem risco de traumatiscmo das vias aéreas e é segura. A taxa de mortalidade foi de 0 %.

Data de recebimento: 04.02.97

Data da revisão: 11.03.97

Data da aprovação: 02.04.97

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  • Endereço para correspondência:
    Amélia Cristina Seidel
    Rua Dr. Gerardo Braga, 134
    CEP: 87050-610 - Maringá - Paraná
    Tel. (044) 222-5122
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    Trabalho do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Maringá
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      19 Nov 2010
    • Data do Fascículo
      Jun 1997

    Histórico

    • Aceito
      02 Abr 1997
    • Revisado
      11 Mar 1997
    • Recebido
      04 Fev 1997
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