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Estudo histopatológico do efeito do tenoxicam e do seu diluente no endotélio venoso, em coelhos

Histopathologic study on the effect of Tenoxicam and its diluent in the venous endothelium, in rabbits

Resumos

Com o objetivo de avaliar pela histopatologia o efeito do tenoxicam e do seu diluente no endotélio venoso, foram utilizados 48 coelhos (Oryctolagus cuniculus), rancos, da linhagem Nova Zelândia, machos, com idade acima de 10 semanas, com peso variando entre 2350 e 3500 gramas, divididos em dois grupos, denominados Experimento e Controle, que foram observados nos tempos de 6, 12 e 24 horas. Administrou-se nas venae auriculares dextra e sinistra, diluente ou tenoxicam/diluente no Grupo Experimento e cloreto de sódio a 0,9% no Grupo Controle. Não se observou diferença estatisticamente significante entre o peso dos animais do Grupo Experimento e do Grupo Controle, antes da realização do procedimento. No que se refere à presença ou ausência de trombose, observamos que: após administração do diluente no Grupo Experimento, 19,4% das venae apresentaram trombos; após administração do tenoxicam com o diluente no Grupo Experimento, a incidência de trombose foi também de 19,4%; no Grupo Controle, em que foi injetado cloreto de sódio a 0,9%, nenhuma das venae apresentou trombos. Os resultados observados permitem concluir que o tenoxicam com o seu diluente comercial ou o seu diluente isolado podem acarretar trombose nas venae em que foram injetados.

Endotélio; Patologia; Antiinflamatórios não esteróides; Coelhos


Aiming to evaluate by the histopathology the effect of tenoxicam and its diluent in the venous endothelium, 48 white male New Zealand rabbits (Oryctolagus cuniculus) with age over 10 weeks and weight varying between 2350 and 3500 grams were used. They were divided into two groups called Experiment and Control which were observed in intervals of 6, 12 and 24 hours. It was administered diluent or tenoxicam/diluent into the right and left auriculares veins in the Experiment Group and 0,9% sodium chloride in the Control Group. No statistically significant difference was observed between the animals weight in both groups before the performance of the procedure. In regarding to the presence or absence of thrombosis, it was possible to observe that: after the administration of diluent in the Experiment Group, 19,4% of the veins presented thrombi; after the administration of tenoxicam with the diluent in the Experiment Group, the incidence of thrombosis was also 19,4%, in the Control Group, which received 0,9% sodium chloride, none of the veins presented thrombi. The results observed allow to conclude that tenoxicam with its commercial diluent or its isolated diluent may cause thrombosis in the venous where they were injected.

Endothelium; Pathology; Anti-inflamatory agents, non-steroidal; Rabbits


ESTUDO HISTOPATOLÓGICO DO EFEITO DO TENOXICAM E DO SEU DILUENTE NO ENDOTÉLIO VENOSO, EM COELHOS1 1. Resumo da tese de mestrado realizada no Curso de Pos-Graduação em Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 2. Professor (a) Titular do Departamento de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 3. Professor (a) Titular Doutor (a) do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 4. Professor (a) Adjunto Doutor (a) da Disciplina de Bioestatística da UNIFESP – EPM. 5. Professor (a) Adjunto Doutor (a) da Disciplina de Bioestatística da UNIFESP – EPM. 6. Professor (a) Adjunto do Departamento de Ciências Fisio-Morfológicas e Patologia da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 7. Aluno (a) da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 8. Aluno (a) da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA.

Taylor Brandão Schnaider2 1. Resumo da tese de mestrado realizada no Curso de Pos-Graduação em Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 2. Professor (a) Titular do Departamento de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 3. Professor (a) Titular Doutor (a) do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 4. Professor (a) Adjunto Doutor (a) da Disciplina de Bioestatística da UNIFESP – EPM. 5. Professor (a) Adjunto Doutor (a) da Disciplina de Bioestatística da UNIFESP – EPM. 6. Professor (a) Adjunto do Departamento de Ciências Fisio-Morfológicas e Patologia da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 7. Aluno (a) da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 8. Aluno (a) da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA.

Carlos Henrique Vianna de Andrade3 1. Resumo da tese de mestrado realizada no Curso de Pos-Graduação em Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 2. Professor (a) Titular do Departamento de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 3. Professor (a) Titular Doutor (a) do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 4. Professor (a) Adjunto Doutor (a) da Disciplina de Bioestatística da UNIFESP – EPM. 5. Professor (a) Adjunto Doutor (a) da Disciplina de Bioestatística da UNIFESP – EPM. 6. Professor (a) Adjunto do Departamento de Ciências Fisio-Morfológicas e Patologia da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 7. Aluno (a) da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 8. Aluno (a) da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA.

Yara Juliano4 1. Resumo da tese de mestrado realizada no Curso de Pos-Graduação em Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 2. Professor (a) Titular do Departamento de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 3. Professor (a) Titular Doutor (a) do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 4. Professor (a) Adjunto Doutor (a) da Disciplina de Bioestatística da UNIFESP – EPM. 5. Professor (a) Adjunto Doutor (a) da Disciplina de Bioestatística da UNIFESP – EPM. 6. Professor (a) Adjunto do Departamento de Ciências Fisio-Morfológicas e Patologia da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 7. Aluno (a) da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 8. Aluno (a) da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA.

Neil Ferreira Novo5 1. Resumo da tese de mestrado realizada no Curso de Pos-Graduação em Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 2. Professor (a) Titular do Departamento de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 3. Professor (a) Titular Doutor (a) do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 4. Professor (a) Adjunto Doutor (a) da Disciplina de Bioestatística da UNIFESP – EPM. 5. Professor (a) Adjunto Doutor (a) da Disciplina de Bioestatística da UNIFESP – EPM. 6. Professor (a) Adjunto do Departamento de Ciências Fisio-Morfológicas e Patologia da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 7. Aluno (a) da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 8. Aluno (a) da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA.

Miriam de Fátima Brasil Engelman6 1. Resumo da tese de mestrado realizada no Curso de Pos-Graduação em Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 2. Professor (a) Titular do Departamento de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 3. Professor (a) Titular Doutor (a) do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 4. Professor (a) Adjunto Doutor (a) da Disciplina de Bioestatística da UNIFESP – EPM. 5. Professor (a) Adjunto Doutor (a) da Disciplina de Bioestatística da UNIFESP – EPM. 6. Professor (a) Adjunto do Departamento de Ciências Fisio-Morfológicas e Patologia da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 7. Aluno (a) da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 8. Aluno (a) da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA.

Gabrielle Sormanti Schnaider7 1. Resumo da tese de mestrado realizada no Curso de Pos-Graduação em Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 2. Professor (a) Titular do Departamento de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 3. Professor (a) Titular Doutor (a) do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 4. Professor (a) Adjunto Doutor (a) da Disciplina de Bioestatística da UNIFESP – EPM. 5. Professor (a) Adjunto Doutor (a) da Disciplina de Bioestatística da UNIFESP – EPM. 6. Professor (a) Adjunto do Departamento de Ciências Fisio-Morfológicas e Patologia da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 7. Aluno (a) da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 8. Aluno (a) da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA.

Caroline Sormanti Schnaider8 1. Resumo da tese de mestrado realizada no Curso de Pos-Graduação em Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 2. Professor (a) Titular do Departamento de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 3. Professor (a) Titular Doutor (a) do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 4. Professor (a) Adjunto Doutor (a) da Disciplina de Bioestatística da UNIFESP – EPM. 5. Professor (a) Adjunto Doutor (a) da Disciplina de Bioestatística da UNIFESP – EPM. 6. Professor (a) Adjunto do Departamento de Ciências Fisio-Morfológicas e Patologia da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 7. Aluno (a) da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA. 8. Aluno (a) da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA.

Schnaider TB, Andrade CHV, Juliano Y, Novo NF, Engelman MFB, Schnaider GS, Schnaider CS. Estudo histopatológico do efeito do tenoxicam e do seu diluente no endotélio venoso, em coelhos. Acta Cir Bras [serial online] 2000 Apr-Jun;15(2). Available from: URL: http://www.scielo.br/acb.

RESUMO: Com o objetivo de avaliar pela histopatologia o efeito do tenoxicam e do seu diluente no endotélio venoso, foram utilizados 48 coelhos (Oryctolagus cuniculus), rancos, da linhagem Nova Zelândia, machos, com idade acima de 10 semanas, com peso variando entre 2350 e 3500 gramas, divididos em dois grupos, denominados Experimento e Controle, que foram observados nos tempos de 6, 12 e 24 horas. Administrou-se nas venae auriculares dextra e sinistra, diluente ou tenoxicam/diluente no Grupo Experimento e cloreto de sódio a 0,9% no Grupo Controle. Não se observou diferença estatisticamente significante entre o peso dos animais do Grupo Experimento e do Grupo Controle, antes da realização do procedimento. No que se refere à presença ou ausência de trombose, observamos que: após administração do diluente no Grupo Experimento, 19,4% das venae apresentaram trombos; após administração do tenoxicam com o diluente no Grupo Experimento, a incidência de trombose foi também de 19,4%; no Grupo Controle, em que foi injetado cloreto de sódio a 0,9%, nenhuma das venae apresentou trombos. Os resultados observados permitem concluir que o tenoxicam com o seu diluente comercial ou o seu diluente isolado podem acarretar trombose nas venae em que foram injetados.

DESCRITORES: Endotélio. Patologia. Antiinflamatórios não esteróides. Coelhos.

INTRODUÇÃO

Os antiinflamatórios não esteróides inibem a biossíntese e liberação das prostaglandinas. Além das diversas atividades terapêuticas em comum, compartilham efeitos colaterais indesejáveis que são: ulceração e intolerância gastrointestinais; bloqueio da agregação plaquetária; inibição da motilidade uterina; inibição da função renal mediada pelas prostaglandinas; reações de hipersensibilidade2.

SCARPIGNATO et al 7 realizaram uma nova técnica para medida e registro da diferença de potencial gástrico, em ratos: avaliação de dano na mucosa gástrica induzido por antiinflamatório não esteróide. A similaridade entre os resultados obtidos no modelo em rato e naqueles provenientes de experimentos em humanos, claramente mostraram que o desenvolvimento da metodologia experimental, trouxe resultados preditivos para a farmacologia humana.

Alguns autores, em estudos com células endoteliais de veias umbilicais humanas expostas à indometacina, observaram aumento da atividade pró-coagulante 1.

POSTISHIL’Iu A3 estudou a morfopatologia das lesões renais induzidas pelos antiinflamatórios não esteróides. No primeiro grupo de pacientes de diferentes idades, a doença desenvolveu-se após o uso de antiinflamatório não esteróide por um curto período de tempo, manifestando-se clinicamente por falência renal aguda, com sintomas alérgicos extra-renais (rash, eosinofilia). O aspecto morfológioco era de nefrite túbulo-intersticial aguda, sem lesões glomerulares. No segundo grupo, a doença desenvolveu-se após o uso de antiinflamatório não esteróide por um longo período de tempo, em pacientes idosos, com circulação sanguínea renal comprometida, parecendo clinicamente com síndrome nefrótica e morfologicamente com nefrite túbulo-intersticial aguda com troca mínima.

Há relatos de casos de miosite estreptocócica 6 e fasciíte necrotisante 4,5 associados ao uso de antiinflamatórios não esteróides.

Em virtude de na clínica anestesiológica termos encontrado pacientes que relataram sinais e sintomas de vasculopatia após a administração endovenosa direta do tenoxicam, pesquisamos na literatura, verificando a inexistência de estudos relativos a esta patologia em seres humanos e em animais de experimentação, encontrando apenas trabalhos que comprovam lesões nos músculos, no aparelho gastrointestinal, no aparelho renal e em outros locais do organismo.

O objetivo dessa pesquisa foi estudar histo-patologicamente o efeito do tenoxicam e do seu diluente no endotélio venoso, em coelhos.

MÉTODO

Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa Animal, 48 coelhos (Oryctolagus cuniculus), brancos, da linhagem Nova Zelândia, machos, com idade acima de 10 semanas, com peso variando entre 2350 e 3500 gramas, foram distribuídos aleatoriamente em 2 grupos: Experimento e Controle. O Grupo Experimento foi subdividido em 3 subgrupos de 12 coelhos cada um, denominados Subgrupos E6, E12 e E24, que corresponderam respectivamente aos períodos de observação de 6, 12 e 24 horas, tendo sido administrados aleatoriamente, nas venae auriculares caudales dextra e sinistra de cada animal, tenoxicam/diluente ou diluente (Figura 1). O Grupo Controle foi subdividido também em 3 subgrupos de 4 coelhos cada um, denominados Subgrupos C6, C12 e C24, que corresponderam respectivamente aos períodos de observação de 6, 12 e 24 horas, tendo sido administrado cloreto de sódio a 0,9% nas venae auriculares caudales dextra e sinistra de cada animal.


Os animais não sofreram quaisquer restrições com relação à ingestão de alimentos e água até o momento do experimento, sendo então pesados e anestesiados com maleato de acepromazina a 1% na dose de 2 miligramas por quilograma (mg/kg), cloridrato de xilazina a 2% na dose de 5 mg/kg e cloridrato de cetamina na dose de 35 mg/kg, por via intramuscular na regio glutaea.

Passados 10 minutos, após administracão da anestesia, cada animal foi posicionado em decúbito dorsalis sobre a mesa operatória onde os membri thoracica e pelvina foram contidos com barbantes às extremidades da mesa.

Transcorridos 15 minutos, foi testado o plano anestésico, pesquisando-se o reflexo da resposta do membrum pelvinum dextri ao estímulo doloroso na plicaturae cutis entre os digiti II e III.

Em seguida, foi realizada a anti-sepsia com álcool a 70% e colocados os campos operatórios esterilizados. Foram puncionadas as venae auriculares caudales dextra e sinistra com "scalp" 27G. Foram injetados, aleatoriamente, tenoxicam/diluente e diluente no Grupo Experimento e cloreto de sódio a 0,9% no Grupo Controle, sendo feita, a seguir, demarcação dos locais de punção com caneta Texta fine line 700. Os 2 mililitros (ml) das substâncias foram acondicionados previamente em seringas de 3 ml e injetados na velocidade de 1 ml por 30 segundos (Figura 2).


Transcorrido o tempo de evolução programado para cada subgrupo (6h, 12h ou 24h), os animais foram novamente anestesiados, pela mesma técnica utilizada no início do experimento e submetidos à eutanásia, com injeção intracardíaca de 5 ml de cloreto de potássio a 10%. A seguir, foi feito um corte triangular na parte rostral das auriculae e colocado um ponto, com fio de algodão 3-0, na parte distal da auricula dextra. Procedeu-se, então, a exerese das auriculae em sua base, as quais foram fixadas em formol tamponado a 10%, após observação macroscópica das mesmas. Os recipientes contendo as peças cirúrgicas foram identificados com o grupo, subgrupo e o número do respectivo animal. No Serviço de Anatomia Patológica da Pós-Graduação da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre, as peças foram inclusas em parafina, sendo realizados 5 cortes com 5 micrômetros de espessura cada, a partir de 1 cm do local em que foi realizada a punção, em direção à parte proximal da auricula, utilizando-se micrótomo rotativo com navalha descartável. A seguir, os cortes foram colocados nas lâminas, corados por Hematoxilina-Eosina (H-E) e cobertos pelas lamínulas. As lâminas foram analisadas ao microscópio ótico (Lambda LQT-2) com aumentos de 100 e 400 vezes e gravadas em disquetes de 3 ½.

Para análise estatística dos resultados foram aplicados os seguintes testes: Teste "t" para grupos independentes, a fim de comparar os Grupos Controle e Experimento em relação ao peso dos animais; Teste do Qui-quadrado para tabelas de contingência, a fim de estudar a presença ou ausência de trombose entre os tempos do estudo, para cada grupo separadamente.

RESULTADOS

Foi aplicado o Teste "t" para grupos independentes, com a finalidade de comparar os Grupos Controle e Experimento em relação ao peso dos animais, que demostrou a inexistência de diferença estatisticamente significante, como se observa na Tabela I.

O Teste do Qui-quadrado para tabelas de contingência. aplicado nos dados constantes da Tabela II, com a finalidade de estudar a presença ou ausência de trombose, entre os tempos de estudo, após administração do diluente e do tenoxicam com o diluente, constatou que: 1) após a administração do diluente nas venae, houve ocorrência maior de trombose no Subgrupo E24, do que nos Subgrupos E6 e E12, sendo essa diferença estatisticamente significante; 2) após a administração do tenoxicam com o diluente nas venae,houve ocorrência de trombose nos Subgrupos E6, E12 e E24, não apresentando, porém, diferença estatisticamente significante entre os mesmos; 3) comparando-se a incidência total de trombose dos Subgrupos E6, E12 e E24, em que foi administrado o diluente, com aqueles em que administrou-se o tenoxicam com o diluente nas venae, não foi constatada diferença.

Os resultados da Tabela III mostram que não ocorreu trombose após a administração de cloreto de sódio a 0,9% nos Subgrupos C6, C12 e C24, não sendo necessária análise estatística.

DISCUSSÃO

Não foram encontrados estudos na literatura que tenham avaliado o endotélio venoso após a administração do tenoxicam, assim como a presença ou ausência de trombose, em seres humanos ou em animais de experimentação. Alguns autores realizaram estudo para investigar alterações que ocorrem durante a coagulação, em culturas com células endoteliais de veias umbilicais humanas (HUVEC), quando expostas à indometacina e/ou lipopolisacarídeo bacteriano, encontrando aumento da atividade pró-coagulante 1 .

O Grupo Experimento, tanto após administração do diluente como do tenoxicam com o seu diluente, apresentou 19,4% de trombose, ao contrário do Grupo Controle no qual se injetou apenas cloreto de sódio a 0,9% e não ocorreu trombose. Esse fato sugere que tanto o tenoxicam como seu diluente podem causar trombose nas venae em que foram administrados os fármacos (Figura 3). Fato intrigante é ter-se encontrado a mesma percentagem de presença de trombose (19,4%), no Grupo Experimento, tanto após administração do diluente como do tenoxicam com o seu diluente, pois seria de se esperar uma incidência maior de trombose quando da associação das drogas.


CONCLUSÃO

A administração endovenosa do tenoxicam com o diluente ou de seu diluente isoladamente podem provocar trombose nas venae em que foram injetados.

Schnaider TB, Andrade CHV, Juliani Y, Novo NF, Engelman MFB, Schnaider GS, Schnaider CS. Histopathologic study on the effect of Tenoxicam and its diluent in the venous endothelium, in rabbits. Acta Cir Bras [serial online] 2000 Apr-Jun;15(2). Available from: URL: http://www.scielo.br/acb.

SUMMARY: Aiming to evaluate by the histopathology the effect of tenoxicam and its diluent in the venous endothelium, 48 white male New Zealand rabbits (Oryctolagus cuniculus) with age over 10 weeks and weight varying between 2350 and 3500 grams were used. They were divided into two groups called Experiment and Control which were observed in intervals of 6, 12 and 24 hours. It was administered diluent or tenoxicam/diluent into the right and left auriculares veins in the Experiment Group and 0,9% sodium chloride in the Control Group. No statistically significant difference was observed between the animals weight in both groups before the performance of the procedure. In regarding to the presence or absence of thrombosis, it was possible to observe that: after the administration of diluent in the Experiment Group, 19,4% of the veins presented thrombi; after the administration of tenoxicam with the diluent in the Experiment Group, the incidence of thrombosis was also 19,4%, in the Control Group, which received 0,9% sodium chloride, none of the veins presented thrombi. The results observed allow to conclude that tenoxicam with its commercial diluent or its isolated diluent may cause thrombosis in the venous where they were injected.

SUBJECT HEADINGS: Endothelium. Pathology. Anti-inflamatory agents, non-steroidal. Rabbits.

Endereço para correspondência:

Prof. Taylor Brandão Schnaider

Av. Francisca R. de Paula, 289

Pouso Alegre – MG

37550-000

e-mail: sormanti@uai.com.br

Data do recebimento: 21/02/2000

Data da revisão: 13/03/2000

Data da aprovação: 28/04/2000

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  • 1.
    Resumo da tese de mestrado realizada no Curso de Pos-Graduação em Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA.
    2.
    Professor (a) Titular do Departamento de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA.
    3.
    Professor (a) Titular Doutor (a) do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA.
    4.
    Professor (a) Adjunto Doutor (a) da Disciplina de Bioestatística da UNIFESP – EPM.
    5.
    Professor (a) Adjunto Doutor (a) da Disciplina de Bioestatística da UNIFESP – EPM.
    6.
    Professor (a) Adjunto do Departamento de Ciências Fisio-Morfológicas e Patologia da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA.
    7.
    Aluno (a) da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA.
    8.
    Aluno (a) da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – UNIPA.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      08 Jun 2000
    • Data do Fascículo
      Jun 2000

    Histórico

    • Aceito
      28 Abr 2000
    • Revisado
      13 Mar 2000
    • Recebido
      21 Fev 2000
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