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Estudo comparativo da anestesia com propofol ou thionembutal em cães

Comparative study of the anesthesia in dogs with propofol or thionembutal

Resumos

Os autores compararam o uso de propofol e thionembutal observando as freqüências cardíaca e respiratória e a presença das seguintes intercorrências: apnéia, tremor, bradicardia, taquicardia, taquipnéia e parada cardíaca. Foram randomizados 100 cães para serem anestesiados com propofol ou thionembutal, sendo monitorizados os parâmetros de interesse ao estudo. Foi constatado que existe importância significantemente maior em relação a ocorrência de apnéia e tremor em ambos os grupos, sendo menores com o uso de propofol. O propofol mostrou-se uma droga mais segura para a anestesia em cães do que o thionembutal.

Propofol; Cães


The authors compared the use of propofol and thionembutal in dogs with respect to the heart and respiratory rate and the presence of the following occurrences: apnea, tremor, bradycardia, tachycardia, tachypnea and cardiac arrest. A hundred dogs, in good general conditions, were selected and randomly chosen to be anaesthetized with propofol or thionembutal and parameters were monitored according to the objective of the study. There is a significant importance regarding dog’s apnea and tremor in both groups which are, comparatively smaller with propofol. Propofol has showed to be a safer drug to anaesthetize dogs than thionembutal.

Propofol; Dogs


7 - ORIGINAL ARTICLE

ESTUDO COMPARATIVO DA ANESTESIA COM PROPOFOL OU THIONEMBUTAL EM CÃES11. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.2. Professor Adjunto da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.3. Professora Assistente da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.4. Professora Titular da Disciplina de Bioestatística da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.5. Acadêmicas do quinto ano de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.a Holliday Abott S/Ab Mapleson D

Jairo Vaidergorn21. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.2. Professor Adjunto da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.3. Professora Assistente da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.4. Professora Titular da Disciplina de Bioestatística da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.5. Acadêmicas do quinto ano de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.a Holliday Abott S/Ab Mapleson D

Ana Lúcia Machado31. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.2. Professor Adjunto da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.3. Professora Assistente da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.4. Professora Titular da Disciplina de Bioestatística da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.5. Acadêmicas do quinto ano de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.a Holliday Abott S/Ab Mapleson D

Yara Juliano41. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.2. Professor Adjunto da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.3. Professora Assistente da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.4. Professora Titular da Disciplina de Bioestatística da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.5. Acadêmicas do quinto ano de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.a Holliday Abott S/Ab Mapleson D

Karen Ferreira Patella51. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.2. Professor Adjunto da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.3. Professora Assistente da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.4. Professora Titular da Disciplina de Bioestatística da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.5. Acadêmicas do quinto ano de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.a Holliday Abott S/Ab Mapleson D

Gláucia Mansur Reimão51. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.2. Professor Adjunto da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.3. Professora Assistente da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.4. Professora Titular da Disciplina de Bioestatística da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.5. Acadêmicas do quinto ano de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.a Holliday Abott S/Ab Mapleson D

Thaís Balderrama Piedade51. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.2. Professor Adjunto da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.3. Professora Assistente da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.4. Professora Titular da Disciplina de Bioestatística da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.5. Acadêmicas do quinto ano de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.a Holliday Abott S/Ab Mapleson D

Renata Lin51. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.2. Professor Adjunto da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.3. Professora Assistente da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.4. Professora Titular da Disciplina de Bioestatística da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.5. Acadêmicas do quinto ano de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.a Holliday Abott S/Ab Mapleson D

Vaidergorn J, Machado AL, Juliano Y, Patella KF, Reimão GM, Piedade TB, Lin R. Estudo comparativo da anestesia com propofol ou thionembutal em cães. Acta Cir Bras [serial online] 2000 Oct-Dec;15(4). Available from: URL: http://www.scielo.br/acb.

RESUMO: Os autores compararam o uso de propofol e thionembutal observando as freqüências cardíaca e respiratória e a presença das seguintes intercorrências: apnéia, tremor, bradicardia, taquicardia, taquipnéia e parada cardíaca. Foram randomizados 100 cães para serem anestesiados com propofol ou thionembutal, sendo monitorizados os parâmetros de interesse ao estudo. Foi constatado que existe importância significantemente maior em relação a ocorrência de apnéia e tremor em ambos os grupos, sendo menores com o uso de propofol. O propofol mostrou-se uma droga mais segura para a anestesia em cães do que o thionembutal.

DESCRITORES: Propofol. Cães.

INTRODUÇÃO

O ato anestésico serve para propiciar uma analgesia de boa qualidade durante e após a cirurgia, manter as funções vitais estáveis e diminuir o estresse pré- operatório.

Assim, buscamos diariamente aperfeiçoar a técnica anestésica através de uma melhor compreensão do comportamento das drogas a fim de reduzir os seus riscos.

Nesse estudo, foram utilizadas, duas drogas anestésicas, thionembutal (Abbott laboratórios do Brasil) e propofol (Wellcome Zeneca LTDA), com o intuito de observar os seus efeitos sobre os animais e compará-los entre si.

O thionembutal foi primeiramente usado em anestesia há mais de 50 anos por PRATT, TATUM e HATHAWAY (1936)(1), sendo logo após descrito por LUNDY, J.S (1934) (2). Desde então, o thionembutal tem-se provado bastante útil nos procedimentos anestésicos.

Uma das drogas mais difundidas nos últimos tempos em anestesia intravenosa, é o diisopropil fenol (Diprivan® - propofol) que determina uma rápida perda de consciência em uma velocidade igual ou apenas discretamente mais lenta que a dos barbitúricos intravenosos. A recuperação de uma dose única ou após infusão intravenosa é rápida.

FRAGEN e AURAM (1993)(3) relatam que o propofol tem sido usado clinicamente na Europa e no Reino Unido desde 1977. Estudos iniciais sugerem que o propofol seja um agente efetivo para uso na indução rápida da anestesia.

OBJETIVO

Comparar os efeitos anestésicos e possíveis intercorrências provocadas pelo uso do thionembutal e do propofol.

MÉTODOS

Observaram-se 100 cães errantes, provenientes do Biotério da Universidade de Santo Amaro.

Estes animais foram previamente vacinados contra a raiva e contra 8 tipos de vírus através da dose de V8, além de serem assistidos por um médico veterinário, que excluiu as cadelas em estado gestacional e os animais doentes. Assim, estes cães foram separados por 20 dias, sendo ministrado neste período água ad libitum e ração.

Tais animais foram mantidos sob condições naturais de claridade, temperatura e umidade do ar.

Pesaram-se todos os animais e foram escolhidos aqueles com peso entre 10,0 e 20,0 Kg, de ambos os sexos. Foram excluídos da amostra os cães que se encontravam com peso superior ou inferior ao referido intervalo.

Antecedendo o procedimento anestésico, os animais foram mantidos em regime de jejum por 08 horas e em seguida, aferiu-se as freqüências cardíaca e respiratória e aplicamos quetaminaa1. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.2. Professor Adjunto da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.3. Professora Assistente da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.4. Professora Titular da Disciplina de Bioestatística da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.5. Acadêmicas do quinto ano de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.a Holliday Abott S/Ab Mapleson D, na dose de 10 mg/kg por via intramuscular (músculo bíceps da coxa localizado na pata posterior).

Segundo WAY e TREVOR, (1989)(4), a quetamina leva a um estado anestésico dissociativo e inibe as ações sinápticas dos neurotransmissores excitatórios. Após a administração desta droga, aferiu-se as freqüências cardíaca e respiratória novamente.

Ao se conseguir o efeito máximo do pré-anestésico, ou seja, uma dissociação total do cão em relação ao ambiente, realizou-se uma venoclise na pata dianteira do animal, com um cateter de teflon 20 G para infundir soro ringer lactato, a fim de promover uma hidratação adequada durante o ato operatório.

Neste momento, os cães foram randomizados para receberem dois tipos de drogas anestésicas diferentes: thionembutal ou propofol. Sendo assim, 50 cães receberam indução com propofol, na dose de 5 a 10 mg/Kg, enquanto que nos outros 50, administrou-se thionembutal, na dose de 7 a 10 mg/kg.

As respectivas drogas foram infundidas até a perda do reflexo cócleo-palpebral e do relaxamento da musculatura da mandíbula, quando então, ocorreu a intubação orotraqueal com sonda de silicone, além da colocação do estetoscópio esofágico.

O cão manteve-se em ventilação espontânea com uso do barakab1. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.2. Professor Adjunto da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.3. Professora Assistente da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.4. Professora Titular da Disciplina de Bioestatística da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.5. Acadêmicas do quinto ano de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.a Holliday Abott S/Ab Mapleson D, auxiliando a ventilação na presença de depressão respiratória e ou cianose.

A anestesia foi mantida com infusão contínua de quetamina, na dose de 1,0 mg/Kg/h no soro, enquanto que as doses de propofol e thionembutal foram administradas, em bolus, conforme foram sendo necessárias.

Para se identificar a evolução do cão, foi realizada a palpação dos pulsos de grandes artérias, além do acompanhamento das freqüências cardíaca e respiratória a cada 5 minutos. A apnéia, a cianose , os tremores ou qualquer outra intercorrência foi analisada e anotada.

Para a análise estatística dos dados obtidos, utilizaram- se os seguintes testes: Teste ‘t’ de Student (SOKAL,1969)(5), teste do quiquadrado, teste G de Cochran e teste exato de Fisher (SIEGEL, 1988)(6).

RESULTADOS

À realização da análise estatística na tabela I, percebeu-se que a média dos pesos dos cães submetidos à anestesia com propofol foi de 14,3 ± 2,6, enquanto que, para o grupo de animais anestesiados com thionembutal, os valores foram de 12,7 ± 2,3. Através do Teste ‘t’ de Student constatou-se que o peso dos cães anestesiados com propofol foi significantemente maior do que aqueles anestesiados com thionembutal.

Na tabela II, notou-se que as médias das freqüências cardíaca e respiratória, nos cães anestesiados com propofol e com thionembutal, foram diferentes. Comprovou-se tal fato com a análise do Teste ‘t’ de Student, onde foram demonstrados valores significantemente maiores para o grupo de cães anestesiados com thionembutal.

Tabela II - Cães submetidos à anestesia com propofol ou thionembutal em relação às freqüências respiratória (irpm)

Na tabela III, observou-se que 50 cães foram anestesiados com propofol, 25 machos e 25 fêmeas. Já, no grupo de cães submetidos a anestesia com thionembutal ocorreram 27 machos e 23 fêmeas. Através do Teste do quiquadrado, notou-se que a diferença em relação ao sexo não possui um valor significante.

As intercorrências mais freqüentes, no grupo de cães anestesiados com propofol, foram a apnéia e os tremores, mas os números não permitiram uma análise estatística das inter- relações.

Todas as intercorrências com o grupo de animais anestesiados com o thionembutal foram colocadas na tabela IV para que pudéssemos visualizá- las melhor. Percebeu-se que freqüência da apnéia e do tremor foram significantemente maiores.

Na tabela V, estudando as intercorrências, sabemos que a apnéia foi observada em 3 (6,0 %) cães do grupo submetido a anestesia com o propofol e em 14 (28,0 %) cães anestesiados com thionembutal. A porcentagem dentre os 100 cães que evoluíram com apnéia, foi de 17 (17,0%). A análise estatística, pelo Teste do quiquadrado, nos indica que a porcentagem de apnéia nos cães anestesiados com thionembutal foi significantemente maior do que a dos cães anestesiados com propofol.

Conforme a tabela VI, apenas 3 (6,0 %) cães do grupo propofol e 12 (24,0%) do grupo do thionembutal, desenvolveram tremores, determinando uma porcentagem significantemente maior de cães com tremores no segundo grupo.

Através da tabela VII, pelo análise do Teste exato de Fisher, observamos que os cães anestesiados com as duas drogas não diferiram significantemente em relação à ocorrência de bradicardia

Utilizando-se novamente o Teste exato de Fisher, na tabela VIII percebeu-se que o propofol não provocou taquicardia, enquanto que o thionembutal promoveu apenas 1 episódio. Logo, esta diferença não foi significante.

A tabela IX demonstrou- nos que somente 2 (4,0%) animais apresentaram taquipnéia após o uso do thionembutal e baseados no Teste exato de Fisher, notamos que não houve diferença significante entre os dois grupos analisados.

Segundo a tabela X, no grupo de cães anestesiados com thionembutal ocorreram 5 (10%) animais com paradas cardíacas .No grupo de cães anestesiados com propofol não houve a ocorrência de animais com parada cardíaca. Assim, pelo Teste exato de Fisher, nota-se que a diferença de ocorrência de paradas cardíacas entre os animais nos dois grupos, foi significante e maior no grupo de animais anestesiados com o thionembutal.

Cabe ainda ressaltar, que todos os cães que tiveram como complicação a parada cardíaca evoluíram a óbito.

DISCUSSÃO

Como os animais do experimento não possuem raça única definida, com origens e idades diferentes, foram criados critérios de inclusão e exclusão, no intuito de uniformar a amostra. Para tanto utilizaram-se cães com pesos compreendidos entre 10 e 20 kg, pois estes eram os que se encontravam em maior número no biotério. Mesmo assim, notou-se que o intervalo entre os pesos dos animais ainda foi grande. Provavelmente, nos próximos experimentos sejam fixados uma menor variação do peso.

No grupo de cães anestesiados com propofol, a média do peso médio foi significantemente maior que a do grupo de animais anestesiados com thionembutal. A partir daí, procurou-se observar se havia relação entre o sexo do animal e o número de intercorrências, constatando-se que não existia tal diferença.

Ao se analisar os efeitos das drogas anestésicas sobre os cães estudados, percebeu-se que o propofol gerou menor número de intercorrências que o thionembutal.

TAYLOR, GROUNS, MULROONEY, e MORGAN (1986)(7) relataram que o propofol poderia promover um efeito depressor respiratório frustro até o 4° minuto de sua infusão na dose de 2,5 mg/kg.

CORBETT, CREMONESI, LEITÃO, BAIRÃO, POSSO, AMARAL, e ALMEIDA, (1982)(8) demonstraram haver uma depressão no centro respiratório durante a indução anestésica com o thionembutal, sendo esta droga maior causadora de intercorrências.

O thionembutal produz depressão irregular no sistema nervoso central, atingindo o centro respiratório e circulatório somente em altas doses (VIANA, e BRAZ, 1986)(9).

Neste estudo, observou-se taquipnéia nos animais anestesiados com thionembutal, conforme relatado anteriormente. Segundo VIANA e BRAZ, (1986)(9), pode ocorrer uma redução do débito cardíaco e da pressão arterial, levando a um choque cardiogênico, mostrando a ação dose-dependente do thionembutal sobre o sistema cárdio-respiratório, corroborando com os nossos resultados.

Ressalta-se que o número de cães com apnéia foi maior no grupo do thionembutal. Para WAY e TREVOR (1989) (4), a administração de uma dose anestésica de thionembutal pode resultar em 2 ou 3 respirações hiperpnéicas seguidas de apnéia. O thionembutal deprime a respiração de maneira relacionada à droga. Isto explica os 28% de animais com apnéia dentre os 50 anestesiados com thionembutal.

Outros estudos realizados por ROLLY e VERSICHELEN (1985)(10) utilizaram o propofol como uma droga hipnótica que gerava estabilidade hemodinâmica, comprovando assim, os achados do presente estudo.

HANNALAH, BRITTON, SCHAFER, PATEL, e NORDEN (1984) (11) usaram o thionembutal em experimentos com cães e demonstraram que a droga levava os animais ao despertar tardio, elevando os riscos de vômitos, aspirações e pneumonias, podendo, assim, comprometer os animais no pós-operatório, aumentando o risco de óbito. Não ocorreu nenhum óbito no grupo de cães anestesiados com propofol.

Outros autores, em experimentos com cães errantes, demonstraram maiores alterações nas freqüências cardíaca e respiratória dos animais anestesiados com o thionembutal quando comparados ao propofol.

Os autores deste trabalho não mensuraram o débito cardíaco, não havendo informações dos efeitos das drogas sobre o músculo cardíaco. Sendo assim, sugere-se uma pesquisa mais detalhada sobre este assunto.

A bradicardia e taquicardia apresentaram valores frustros para uma discussão, pois ambas as drogas promoveram efeitos semelhantes sobre os batimentos cardíacos.

Não foi encontrado nenhum dado na literatura sobre tremores. Neste estudo, o thionembutal foi o causador de maior incidência de tremores e pode-se introduzir este fato nas intercorrências provocadas pela droga em questão.

CONCLUSÃO

As complicações mais freqüentes foram: tremor e apnéia, nos dois grupos analisados, sendo maiores no grupo dos animais anestesiados com thionembutal.

O propofol foi a droga mais segura quando comparada ao thionembutal para a anestesia em cães.

Vaidergorn J, Machado AL, Juliano Y, Patella KF, Reimão GM, Piedade TB, Lin R. Comparative study of the anesthesia in dogs with propofol or thionembutal. Acta Cir Bras [serial online] 2000 Oct-Dec;15(4). Available from: URL: http://www.scielo.br/acb.

ABSTRACT: The authors compared the use of propofol and thionembutal in dogs with respect to the heart and respiratory rate and the presence of the following occurrences: apnea, tremor, bradycardia, tachycardia, tachypnea and cardiac arrest. A hundred dogs, in good general conditions, were selected and randomly chosen to be anaesthetized with propofol or thionembutal and parameters were monitored according to the objective of the study. There is a significant importance regarding dog’s apnea and tremor in both groups which are, comparatively smaller with propofol. Propofol has showed to be a safer drug to anaesthetize dogs than thionembutal.

SUBJECT HEADINGS: Propofol. Dogs.

Endereço para correspondência:

Karen Ferreira Patella

Rua Estela, 22/54

São Paulo – SP

Telefone: (11)575-9223

e-mail: karen_patella@uol.com.br

Data do recebimento: 18/07/2000

Data da revisão: 28/08/2000

Data da aprovação: 30/09/2000

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  • 1. Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.
    . Trabalho realizado no Laboratório de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.
    2. Professor Adjunto da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.
    3. Professora Assistente da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Bases da Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.
    4. Professora Titular da Disciplina de Bioestatística da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.
    5. Acadêmicas do quinto ano de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.
    a Holliday Abott S/A
    b Mapleson D
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      08 Nov 2000
    • Data do Fascículo
      Dez 2000

    Histórico

    • Revisado
      28 Ago 2000
    • Recebido
      18 Jul 2000
    • Aceito
      30 Set 2000
    Sociedade Brasileira para o Desenvolvimento da Pesquisa em Cirurgia https://actacirbras.com.br/ - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: actacirbras@gmail.com