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Gangliosideos e a resposta de hipersensibilidade retardada em camundongos

Resumo

Em trabalhos anteriores mostrou-se que os gangliosídeos (GSLs) têm um efeito inibitório sobre a proliferação linfocitária e a síntese de IL-2, assim como sobre a reação mista de linfócitos. Neste estudo objetivou-se avaliar o efeito dos GSLs sobre a resposta de hipersensibilidade retardada. Foram utilizados 12 camundongos BALB/c, machos, pesando em média 30 gramas, provenientes do biotério setorial da Disciplina de Parasitologia e mantidos por 5 dias para adaptação no biotério setorial da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM, recebendo água e ração própria para a espécie. Os animais foram distribuídos em três grupos, de acordo com as doses de GSLs, da seguinte forma: grupo 3mg. kg-1, grupo 9mg. kg-1 e grupo simulado (veículo). Os animais foram tratados, por via intramuscular, nos dias 0 e 4. O parâmetro avaliado foi o edema da pata traseira esquerda no local da inoculação do antígeno. Os animais foram anestesiados com Cetamina (60mg.kg-1) e Xilazina (10mg.kg-1), por via intramuscular, sendo em seguida submetidos à dissecção da veia jugular direita, por onde foram inoculadas 10(6) hemácias de Carneiro no dia 0, para sensibilização. No dia 4 subsequente, os animais foram novamente anestesiados e receberam, por via subcutânea, 10(8) hemácias de Carneiro, num volume de 0,02ml. Foram realizadas medidas do edema da pata traseira com paquímetro 24, 48, 72 e 96 horas após o desafio. Os dados mostraram que após 48h houve um aumento do edema em animais dos grupos simulado e 3mg (médias=2,3 and 2,1mm, respectivamente), e os camundongos do grupo 9mg não apresentaram aumento importante (média=0,1mm). Entretanto, após 72h, o grupo 9mg apresentou aumento de 1,7mm enquanto, os outros grupos não apresentaram mudança significativa no edema da pata (médias=0,2 e 0,8mm), grupos simulado e 3mg, respectivamente) comparados aos dados do dia antecedente. Após 96h, todos os grupos apresentaram desaparecimento do edema. Com base nos dados obtidos pode-se concluir que a resposta de hipersensibilidade retardada alterou-se na vigência de alta dose de GSLs.

Gangliosídeos; Resposta de Hipersensibilidade Retardada; Ratos


GANGLIOSIDEOS E A RESPOSTA DE HIPERSENSIBILIDADE RETARDADA EM CAMUNDONGOS

MONTERO EFS 1 1 Professora Adjunto do Departamento de Cirurgia - Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 2 Aluno de Graduação em Medicina vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 3 Aluna de Graduação em Medicina vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 4 Pós-graduanda vinculada à Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 5 Estagiária do Laboratório de Microcirurgia ligada à Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 6 Chefe da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 7 Professora Doutora Adjunto da Disciplina de Parasitologia – UNIFESP-EPM. ,

CASTRO LC 2 1 Professora Adjunto do Departamento de Cirurgia - Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 2 Aluno de Graduação em Medicina vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 3 Aluna de Graduação em Medicina vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 4 Pós-graduanda vinculada à Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 5 Estagiária do Laboratório de Microcirurgia ligada à Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 6 Chefe da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 7 Professora Doutora Adjunto da Disciplina de Parasitologia – UNIFESP-EPM. ,

VON KOSSEL K 3 1 Professora Adjunto do Departamento de Cirurgia - Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 2 Aluno de Graduação em Medicina vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 3 Aluna de Graduação em Medicina vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 4 Pós-graduanda vinculada à Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 5 Estagiária do Laboratório de Microcirurgia ligada à Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 6 Chefe da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 7 Professora Doutora Adjunto da Disciplina de Parasitologia – UNIFESP-EPM. ,

MANNA MCB 4 1 Professora Adjunto do Departamento de Cirurgia - Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 2 Aluno de Graduação em Medicina vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 3 Aluna de Graduação em Medicina vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 4 Pós-graduanda vinculada à Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 5 Estagiária do Laboratório de Microcirurgia ligada à Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 6 Chefe da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 7 Professora Doutora Adjunto da Disciplina de Parasitologia – UNIFESP-EPM. ,

KOIKE MK 5 1 Professora Adjunto do Departamento de Cirurgia - Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 2 Aluno de Graduação em Medicina vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 3 Aluna de Graduação em Medicina vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 4 Pós-graduanda vinculada à Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 5 Estagiária do Laboratório de Microcirurgia ligada à Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 6 Chefe da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 7 Professora Doutora Adjunto da Disciplina de Parasitologia – UNIFESP-EPM. ,

FAGUNDES DJ 6 1 Professora Adjunto do Departamento de Cirurgia - Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 2 Aluno de Graduação em Medicina vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 3 Aluna de Graduação em Medicina vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 4 Pós-graduanda vinculada à Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 5 Estagiária do Laboratório de Microcirurgia ligada à Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 6 Chefe da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 7 Professora Doutora Adjunto da Disciplina de Parasitologia – UNIFESP-EPM. ,

BARBIERI CL 7 1 Professora Adjunto do Departamento de Cirurgia - Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 2 Aluno de Graduação em Medicina vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 3 Aluna de Graduação em Medicina vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 4 Pós-graduanda vinculada à Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 5 Estagiária do Laboratório de Microcirurgia ligada à Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 6 Chefe da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM. 7 Professora Doutora Adjunto da Disciplina de Parasitologia – UNIFESP-EPM.

Montero EFS, Castro LC, Von Kossel K, Manna MCB, Koike MK, Fagundes DJ, Barbieri CL. Gangliosídeos e a resposta de hipersensibilidade retardada em camundongos. Acta Cir Bras 2000;15 (Supl 1):8-10.

RESUMO: Em trabalhos anteriores mostrou-se que os gangliosídeos (GSLs) têm um efeito inibitório sobre a proliferação linfocitária e a síntese de IL-2, assim como sobre a reação mista de linfócitos. Neste estudo objetivou-se avaliar o efeito dos GSLs sobre a resposta de hipersensibilidade retardada.

Foram utilizados 12 camundongos BALB/c, machos, pesando em média 30 gramas, provenientes do biotério setorial da Disciplina de Parasitologia e mantidos por 5 dias para adaptação no biotério setorial da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM, recebendo água e ração própria para a espécie. Os animais foram distribuídos em três grupos, de acordo com as doses de GSLs, da seguinte forma: grupo 3mg. kg-1, grupo 9mg. kg-1 e grupo simulado (veículo). Os animais foram tratados, por via intramuscular, nos dias 0 e 4. O parâmetro avaliado foi o edema da pata traseira esquerda no local da inoculação do antígeno. Os animais foram anestesiados com Cetamina (60mg.kg-1) e Xilazina (10mg.kg-1), por via intramuscular, sendo em seguida submetidos à dissecção da veia jugular direita, por onde foram inoculadas 106 hemácias de Carneiro no dia 0, para sensibilização. No dia 4 subsequente, os animais foram novamente anestesiados e receberam, por via subcutânea, 108 hemácias de Carneiro, num volume de 0,02ml. Foram realizadas medidas do edema da pata traseira com paquímetro 24, 48, 72 e 96 horas após o desafio. Os dados mostraram que após 48h houve um aumento do edema em animais dos grupos simulado e 3mg (médias=2,3 and 2,1mm, respectivamente), e os camundongos do grupo 9mg não apresentaram aumento importante (média=0,1mm). Entretanto, após 72h, o grupo 9mg apresentou aumento de 1,7mm enquanto, os outros grupos não apresentaram mudança significativa no edema da pata (médias=0,2 e 0,8mm), grupos simulado e 3mg, respectivamente) comparados aos dados do dia antecedente. Após 96h, todos os grupos apresentaram desaparecimento do edema. Com base nos dados obtidos pode-se concluir que a resposta de hipersensibilidade retardada alterou-se na vigência de alta dose de GSLs.

DESCRITORES: Gangliosídeos. Resposta de Hipersensibilidade Retardada. Ratos.

INTRODUÇÃO

A rejeição dos alotransplantes continua sendo um problema importante no setor dos transplantes de órgãos. A principal forma de controle desta complicação ainda é por meio do uso de drogas imunossupressoras. Entretanto, devido aos efeitos colaterais apresentados por estas drogas, além do controle precário da rejeição relacionada a alguns aloenxertos, faz-se necessária a busca por novas drogas imunossupressoras. Com este intuito, no nosso laboratório tem sido desenvolvida uma linha de pesquisa investigando o efeito imunomodulador dos glicoesfingolipídeos.

Em trabalhos anteriores, mostrou-se que os glicoesfingolipídeos (GSL) têm um efeito inibitório sobre a proliferação linfocitária e a síntese de IL-2. Um subtipo de GSL, o gangliosídeo (Gang), também foi estudado quanto ao seu efeito regulador sobre a resposta imune, tendo apresentado uma ação imunomoduladora sobre a proliferação linfocitária "in vitro" e sobre a reação mista de linfócitos. Verificou-se também que os gangliosídeos não provocam alterações morfológicas em rim e intestino delgado após uso sistêmico. Neste estudo, objetivou-se avaliar o efeito dos gangliosídeos sobre a resposta de hipersensibilidade retardada.

MÉTODOS

Foram utilizados 12 camundongos BALB/c, machos, pesando em média 30 gramas, provenientes do biotério setorial da Disciplina de Parasitologia e mantidos por 5 dias para adaptação no biotério setorial da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM, recebendo água e ração própria para a espécie.

Os animais foram distribuídos em três grupos, de acordo com as doses de Gang, da seguinte forma: grupo 3mg. kg-1, grupo 9mg. kg-1 e grupo veículo. Os animais foram tratados, por via intramuscular, nos dias 0 e 4. O parâmetro avaliado foi o edema da pata traseira esquerda no local da inoculação do antígeno.

Os animais foram anestesiados com Cetamina (60mg.kg-1) e Xilazina (10mg.kg-1), por via intramuscular, sendo em seguida submetidos à dissecção da veia jugular direita, por onde foram inoculadas 106 hemácias de Carneiro no dia 0, para sensibilização. No 4º dia subsequente, os animais foram novamente anestesiados e receberam, por via subcutânea, 108 hemácias de Carneiro, num volume de 0,02ml.

Foram realizadas medidas do edema da pata traseira com paquímetro 24, 48, 72 e 96 horas após o desafio.

RESULTADOS

Os dados mostraram que após 48h houve um aumento do edema em animais dos grupos veículo e 3mg (médias=2,3 e 2,1mm, respectivamente), e os camundongos do grupo 9mg não apresentaram aumento importante (média=0,1mm). Entretanto, após 72h, o grupo 9mg apresentou aumento de 1,7mm enquanto, os outros grupos não apresentaram mudança significativa no edema da pata (médias=0,2 e 0,8mm, grupos simulado e 3mg, respectivamente) comparados aos dados do dia antecedente. Após 96h, todos os grupos apresentaram desaparecimento do edema (Figura 1).


CONCLUSÃO

Com base nos dados obtidos pode-se concluir que a resposta de hipersensibilidade retardada alterou-se na vigência de alta dose de GSLs.

  • 1- Montero EFS; Barbieri CL; Giorgio S; Garcez-Silva MH; Sato H; Goldenberg S; Straus AH; Takahashi HK; Koh IHJ. Immunomodulatory effects of Glycosphingolipids on lymphoproliferation and IL-2 production in rodents. Transplant Proc 1994; 26:1597-8.
  • 2- Hakamori S. Bifunctional role of Glycosphingolipids. J Biol Chem 1990; 265:18713-6.
  • 3- Marcus DM. A review of immunogenic and immunomodulatory properties of glycosphingolipids. Mol Immunol 1984;21:1083-91.
  • 4- Giorgio S; Jasiulionis MG; Straus AH; Takahashi HK; Barbieri CL. Inhibition of mouse proliferative response by Glycosphingolipids from Leishmania (L.) amazonensis. Exp Parasitol 1992;75:119-25
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    Professora Adjunto do Departamento de Cirurgia - Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM.
    2 Aluno de Graduação em Medicina vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM.
    3 Aluna de Graduação em Medicina vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM.
    4 Pós-graduanda vinculada à Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM.
    5 Estagiária do Laboratório de Microcirurgia ligada à Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM.
    6 Chefe da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental – UNIFESP-EPM.
    7 Professora Doutora Adjunto da Disciplina de Parasitologia – UNIFESP-EPM.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      14 Mar 2001
    • Data do Fascículo
      2000
    Sociedade Brasileira para o Desenvolvimento da Pesquisa em Cirurgia https://actacirbras.com.br/ - São Paulo - SP - Brazil
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