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O hormônio de crescimento e a concentração de colágeno na cicatrização de feridas cutâneas de ratos

Growth hormone and collagen concentration in the healing of skin wounds in rats

Resumos

Investiga-se a interferência do hormônio de crescimento no processo de cicatrização cutânea de ratos. Utilizaram-se 50 ratos machos com 170 dias de idade divididos em 2 grupos: controle (n=25) e experimento (n=25). Submeteram-se os ratos dos dois grupos à laparotomia mediana de 4 centímetros sob anestesia inalatória de éter etílico. Realizou-se a laparorrafia com 2 planos de sutura, o primeiro peritônio-músculo-aponevrótico e o segundo o da pele com chuleio contínuo de fio monofilamentar de náilon 4.0. Os animais do grupo experimento receberam 0,4U/kg/dia de hormônio de crescimento por via subcutânea diluído em 0,12 ml de água destilada e os do grupo controle recebiam igual volume do veículo pela mesma via. Realizaram-se as aferições após 36, 72, 168, 240 e 336 horas, ressecando-se retalhos da parede abdominal contendo as cicatrizes, que após preparação histológica e tratamento pelo Sirius red, forneceram a concentração do colágeno. O percentual da área de cicatriz ocupada por colágeno foi maior no grupo experimento nas 36 horas (p=0,0106), 72 horas (p=0,0089, 168 horas (p=0,0149) e 336 horas (p=0,0116). O percentual de colágeno I foi semelhante nos dois grupos nas 36 e 72 horas e maior no grupo experimento nas 168 horas (p=0,0218), 240 horas (p=0,0067) e nas 336 horas (p=0,0027). O percentual de colágeno III apareceu em proporção semelhante nos 2 grupos nas 36 e 72 horas. Sua proporção foi maior no grupo controle nas 168 horas (p=0,0216), 240 horas (p=0,0067) e 336 horas (p=0,0027). Estes dados permitiram concluir que o hormônio de crescimento levou a maior concentração de colágeno e acelerou a maturação das cicatrizes.

Cicatrização de feridas; GH


The aim of the study was to evaluate the role of growth hormone in the skin healing repair . Fifty male rats, with a mean age of 170 days were allocated in 2 groups of 25 animals: the control and experimental groups . Under ether anesthesia, all the animals underwent to a 4 cm abdominal midline incision . The laparotomy was sutured in 2 layers ( first layer- peritoneum, muscle and aponeurosis and second layer- skin) with uninterrupted 4-0 nylon suture. A dosage of 0.4U/Kg/day of growth hormone, diluted in 0.12 ml of distilled water was given subcutaneously to the animals of the experimental group and the animals of the control group received the same amount of distilled water only. Samples of abdominal wall scar were taken 36, 72, 168, 240 and 336 hours after the initial procedure. The collagen concentration was evaluated after histological preparation with Red-Sirius dye. The percentage of the area of the wound occupied by collagen was greater in the experimental group at 36 hours (p=0.0106), 72 hours (p=0.0089), 168 hours (p=0.0149) and 336 hours (p=0.0116). The percentage of collagen I was similar in both groups at 36 and 72 hours and greater in the experimental group at 168 hours (p=0.0218), 240 hours (p=0.0067) and 336 hours (p=0.0027). The percentage of collagen III was similar in both groups at 36 and 72 hours and it was greater at 168 hours (p=0.0216), 240 hours (p=0.0067) and 336 hours (p=0.0027). We can conclude that growth hormone induced greater collagen deposition and maturation in the wound.

Wound healing; Growth hormone


O HORMÔNIO DE CRESCIMENTO E A CONCENTRAÇÃO DE COLÁGENO NA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS CUTÂNEAS DE RATOS1 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná (FEMPAR). 2. Professora Titular da Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. Doutora em Cirurgia Experimental pela UNIFESP- EPM. 3. Alunos de Iniciação Científica da Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR.

Maria de Lourdes Pessole Biondo-Simões2 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná (FEMPAR). 2. Professora Titular da Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. Doutora em Cirurgia Experimental pela UNIFESP- EPM. 3. Alunos de Iniciação Científica da Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. , Mônica Lidia Pante3 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná (FEMPAR). 2. Professora Titular da Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. Doutora em Cirurgia Experimental pela UNIFESP- EPM. 3. Alunos de Iniciação Científica da Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. , Vanessa Lara de Macedo3 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná (FEMPAR). 2. Professora Titular da Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. Doutora em Cirurgia Experimental pela UNIFESP- EPM. 3. Alunos de Iniciação Científica da Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. , Rodrigo Ferreira Garcia3 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná (FEMPAR). 2. Professora Titular da Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. Doutora em Cirurgia Experimental pela UNIFESP- EPM. 3. Alunos de Iniciação Científica da Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. , Patrícia Boell3 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná (FEMPAR). 2. Professora Titular da Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. Doutora em Cirurgia Experimental pela UNIFESP- EPM. 3. Alunos de Iniciação Científica da Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. , Thaís Helena Caregnatto Moraes3 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná (FEMPAR). 2. Professora Titular da Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. Doutora em Cirurgia Experimental pela UNIFESP- EPM. 3. Alunos de Iniciação Científica da Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR.

Biondo-Simões MLP, Pante ML, Macedo VL, Garcia RF, Boell P, Moraes THC. O hormônio de crescimento na cicatrização de feridas cutâneas, em ratos. Acta Cir Bras 2000; 15 (supl 3): 78-82.

RESUMO: Investiga-se a interferência do hormônio de crescimento no processo de cicatrização cutânea de ratos. Utilizaram-se 50 ratos machos com 170 dias de idade divididos em 2 grupos: controle (n=25) e experimento (n=25). Submeteram-se os ratos dos dois grupos à laparotomia mediana de 4 centímetros sob anestesia inalatória de éter etílico. Realizou-se a laparorrafia com 2 planos de sutura, o primeiro peritônio-músculo-aponevrótico e o segundo o da pele com chuleio contínuo de fio monofilamentar de náilon 4.0. Os animais do grupo experimento receberam 0,4U/kg/dia de hormônio de crescimento por via subcutânea diluído em 0,12 ml de água destilada e os do grupo controle recebiam igual volume do veículo pela mesma via. Realizaram-se as aferições após 36, 72, 168, 240 e 336 horas, ressecando-se retalhos da parede abdominal contendo as cicatrizes, que após preparação histológica e tratamento pelo Sirius red, forneceram a concentração do colágeno. O percentual da área de cicatriz ocupada por colágeno foi maior no grupo experimento nas 36 horas (p=0,0106), 72 horas (p=0,0089, 168 horas (p=0,0149) e 336 horas (p=0,0116). O percentual de colágeno I foi semelhante nos dois grupos nas 36 e 72 horas e maior no grupo experimento nas 168 horas (p=0,0218), 240 horas (p=0,0067) e nas 336 horas (p=0,0027). O percentual de colágeno III apareceu em proporção semelhante nos 2 grupos nas 36 e 72 horas. Sua proporção foi maior no grupo controle nas 168 horas (p=0,0216), 240 horas (p=0,0067) e 336 horas (p=0,0027). Estes dados permitiram concluir que o hormônio de crescimento levou a maior concentração de colágeno e acelerou a maturação das cicatrizes.

DESCRITORES: Cicatrização de feridas. GH.

Biondo-Simões MLP, Pante ML, Macedo VL, Garcia RF, Boell P, Moraes THC. Growth hormone and collagen concentration in the healing of skin wounds in rats. Acta Cir Bras 2000; 15 (supl 3): 78-82.

SUMMARY: The aim of the study was to evaluate the role of growth hormone in the skin healing repair . Fifty male rats, with a mean age of 170 days were allocated in 2 groups of 25 animals: the control and experimental groups . Under ether anesthesia, all the animals underwent to a 4 cm abdominal midline incision . The laparotomy was sutured in 2 layers ( first layer- peritoneum, muscle and aponeurosis and second layer- skin) with uninterrupted 4-0 nylon suture. A dosage of 0.4U/Kg/day of growth hormone, diluted in 0.12 ml of distilled water was given subcutaneously to the animals of the experimental group and the animals of the control group received the same amount of distilled water only. Samples of abdominal wall scar were taken 36, 72, 168, 240 and 336 hours after the initial procedure. The collagen concentration was evaluated after histological preparation with Red-Sirius dye. The percentage of the area of the wound occupied by collagen was greater in the experimental group at 36 hours (p=0.0106), 72 hours (p=0.0089), 168 hours (p=0.0149) and 336 hours (p=0.0116). The percentage of collagen I was similar in both groups at 36 and 72 hours and greater in the experimental group at 168 hours (p=0.0218), 240 hours (p=0.0067) and 336 hours (p=0.0027). The percentage of collagen III was similar in both groups at 36 and 72 hours and it was greater at 168 hours (p=0.0216), 240 hours (p=0.0067) and 336 hours (p=0.0027). We can conclude that growth hormone induced greater collagen deposition and maturation in the wound.

SUBJECT HEADINGS: Wound healing. Growth hormone.

INTRODUÇÃO

A cicatrização é um processo complicado que envolve a migração de células inflamatórias, a síntese de tecido de granulação, a deposição de colágeno e de proteoglicanos e a maturação está associada com remodelação extensa19,20.

O hormônio do crescimento (GH) é um polipeptídeo que tem papel importante na regulação anabólica da cicatrização, acelerando a formação local de tecido de granulação e o depósito de colágeno13,16,17. Os principais efeitos do GH são o aumento da síntese protéica, a diminuição da degradação de proteínas, o aumento da mobilização de lipídeos, a diminuição da oxidação de glicose e o aumento do armazenamento de glicogênio9,14. O GH pode diretamento exercer seus efeitos nas células alvo, ou suas ações podem ser mediadas através do IGF11. Receptores para o hormônio de crescimento foram demonstrados em diversas células, incluíndo queratinócitos, fibroblastos e células endoteliais10,15. Belcher e Ellis (1990) e Chrestensen e col. (1990) descreveram o GH como um potente anabolizante, capaz de estimular a cicatrização e a função imunológica tanto em animais quanto em humanos1,2.

Green e col. (1985) afirmaram que o hormônio de crescimento estimula a formação de tecido por 2 mecanismos: um direto que leva a diferenciação de células precursoras e um mecanismo indireto, mediado pelo aumento do IGF-I, que estimula a proliferação celular por mecanismos autócrinos e parácrinos. Segundo estes autores o GH é capaz de influenciar o metabolismo dos fibroblastos levando a aumento da síntese da matriz, incluíndo os colágenos tipo I e III5.

Hollander e col. (1984) e Skottner e col. (1990)concluíram que o GH atua na fase inflamatória do processo cicatricial, por aumentar a produção dos fatores de crescimento ou sinergicamente sobre os fatores que atuam nessa fase8,15.

Rasmussen e col. (1992) observaram que em pacientes portadores de úlcera venosa crônica de perna, o hormônio do crescimento estimulou a cicatrização, demonstrado pela elevação do propeptídeo do colágeno tipo I e do colágeno tipo III12. Segundo Haukipuro e col. (1990) os propeptídeos dos colágenos I e III refletem a produção local dos colágenos tipo I e III6.

Vance (1990) sugeriu que o GH atuaria no fígado e em outros tecidos estimulando a produção do fator de crescimento "like"insulina (IGF-I) o qual é responsável por promover os efeitos de crescimento do GH18.

O presente estudo tem por finalidade avaliar a influência da administração de GH sobre a síntese de colágeno, em paredes abdominais de ratos submetidos à laparotomia.

MÉTODOS

Utilizaram-se no experimento 50 ratos machos (Rattus norvegicus albinus, Rodentia mammalia), Wistar-TECPAR, procedentes do biotério do Instituto Tecnológico do Paraná, com idade de 170 dias e peso variando entre 308 e 421g, resultando um peso médio de 380 g, divididos aleatoriamente em dois grupos de 25 animais, controle e experimento (C e E respectivamente).

Os animais foram albergados no Biotério da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná e mantidos em ciclo claro/escuro, umidade e temperatura naturais do ambiente. Receberam ração própria para a espécie (Nuvilab CR1, Nuvital") e tiveram livre acesso à água.

Os ratos recebiam anestesia inalatótia com éter etílico, em campânula fechada, até a perda do reflexo corneano. Mantinham-se com essa anestesia em sistema aberto. Após a indução da anestesia, imobilizavam-se os animais sobre uma prancha cirúrgica, mediante a fixação de seus membros craniais e caudais com fita adesiva e realizava-se a tricotomia da região ventral do abdômen. Em seguida, procedia-se à limpeza da pele com solução degermante de polivinilpirrolidona-iodo.

Realizava-se uma incisão mediana, de aproximadamente 4 cm de extensão, iniciando-se no processo xifóide e dirigindo-se em sentido caudal. Os planos envolvidos foram: a pele, a tela subcutânea, a aponeurose da musculatura abdominal ao nível da linha alba e o peritônio parietal. Seguiu-se a laparorrafia realizada com 2 planos de sutura: o primeiro, peritônio-músculo-aponeurótico com chuleio contínuo simples de fio monofilamentar de náilon 4.0 agulhado e o segundo, o da pele, utilizando-se o mesmo procedimento.

Tranferiram-se os ratos, após a recuperação anestésica para gaiolas de polietileno para acompanhamento pós-operatório.

Os animais foram observados, diariamente, durante quinze dias. O grupo E recebeu hormônio de crescimento através de injeção diária, subcutânea, de 0,4U/kg num volume de 0,12 ml. Os animais do grupo C receberam igual volume de água destilada pela mesma via.

Realizou-se a aferição com 36, 72, 168, 240 e 336 horas após o procedimento cirúrgico, sacrificando-se lotes de cinco animais de cada grupo, para cada um dos tempos, mediante dose inalatória letal de éter etílico. Promoveu-se ressecção de retalhos da parede abdominal contendo as feridas cirúrgicas, que distendidas sobre papel de filtro foram fixados em formalina 10%. Após preparação histológica convencional, submeteram-se os cortes, com espessura de 4 micrômetros à coloração pelo "Sirius Red".

Analisou-se o material à microscopia óptica, com 400 aumentos, utilizando-se fonte de luz polarizada. As fibras colágenas mas espessas e fortemente birrefringentes apresentam-se, neste método, coradas em vermelho-alaranjado (colágeno I) e as fibras mais finas e dispersas, fracamente birrefringentes, apresentam coloração esverdeada (colágeno III) (Junqueira, Cossermelli e Brentani, 1978). As imagens, captadas por câmara Sony CCD 101, foram enviadas a um monitor Sony Trinitron colorido, congeladas e digitalizadas por uma placa digitalizadora Oculus TCX (Coreco) e analisadas através do aplicativo Optimas 4-0 para Windows (Bioscan Incorporated Institute) em computador do tipo Pentium 133 MHZ. Calcularam-se as percentagens ocupadas pelas fibras avermelhadas e esverdeadas em 5 campos e obteve-se uma média. A somatória dos valores dos colágenos I e III forneceu o colágeno total.

Aplicou-se o teste paramétrico "t de Student" para amostras independentes, através do software "Primer of Biostatistics" para o percentual da área de colágeno admitindo-se p ­ 0,05 ou 5% como nível de rejeição da hipótese de nulidade.

RESULTADOS

Registrou-se a perda de 2 animais, um do grupo controle e um do grupo experimento por acidente anestésico.

Examinados 5 campos em cada corte histológico, ao nível da cicatriz, pode-se perceber que as cicatrizes dos ratos que receberam hormônio de crescimento apresentavam maior concentração de colágeno em todos os tempos estudados (Tabela 1 e Figura 2).



O colágeno total representa a somatória do colágeno tipo III e do colágeno tipo I. O percentual de colágeno tipo III ou colágeno imaturo, representado pelas fibras de tonalidade esverdeada apareceu em proporções semelhantes nos 2 grupos nas 36 e 72 horas. Sua proporção foi maior no grupo controle nas 168, 240 e 336 horas, demonstrando que as cicatrizes do grupo controle tinham maior concentração de colágeno imaturo nestes tempos (Tabela 2 e Figura 2).

O percentual de colágeno tipo I ou colágeno maduro, representado pelas fibras de tonalidade vermelho-alaranjada é semelhante nos dois grupos nas 36 e 72 horas. É maior no grupo experimento nas 168, 240 e 336 horas. Logo, a concentração de colágeno maduro é maior no grupo experimento do que no grupo controle nestes tempos (Tabela 3 e Figura 3)


Nas figuras 4 e 5 pode-se visualizar cortes histológicos de peças obtidas dos dois grupos com 336h (14 dias), evidenciando-se os colágenos tipo I e III.



DISCUSSÃO

Segundo Zaizen e col. (1990) a administração de GH a animais desnutridos aumentou significantemente a resistência da parede19,20,21. Harrison e col. (1995) observaram, em ratos, queo GH melhorava a capacidade da parede abdominal de suportar pressão, porém não modificava a resistência de anastomoses gástricas embora os níveis de hidroxiprolina se apresentassem elevados, demonstrando existir maior quantidade de colágeno7. Gilhar e col. (1994) demonstraram que camundongos tratados com GH tinham aumento da proliferação da epiderme4. Skottner e col. (1990) estudando a cicatrização de feridas e a capacidade de suportar tensão, observaram que em ratos normais a cicatrização se completava com 16 dias. Já em ratos hipofisssectomizados chegava a levar 25 dias. A administração de GH aumentava de forma significante a capacidade das feridas, destes últimos, de suportar tensão15. Para Garrel e col. (1991) a administração do fator de liberação do GH (GRF) levava a aumento da resistência das feridas nas fases iniciais da cicatrização de feridas, em ratos. Não estimulava a síntese de colágeno, mas sua maturação3.

No presente estudo, quando se administrou GH a ratos, imediatamente após a uma laparorrafia e se manteve esta oferta nos dias subsequentes, pode-se observar, tanto no pós operatório precoce como no tardio que a concentração de colágeno total era maior nestes animais quando comparados aos seus controles. A quantidade de colágeno imaturo no início era semelhante nos dois grupos, porém a partir do 7.º dia (168h) as feridas dos ratos controle mostravam mais colágeno imaturo, enquanto que as dos ratos que receberam GH tinham mais colágeno maturo, demonstrando que as feridas destes últimos animais não só exibiam maior quantidade de colágeno, como este colágeno se mostrava mais maduro. Desta forma estes resultados coincidem com os de Harrison e col. (1995) quando afirmam haver mais colágeno quando se administra GH.

CONCLUSÃO

A análise dos resultados permite concluir que o hormônio de crescimento promoveu maior deposicão total de colágeno e acelerou o processo de maturação do colágeno.

NOTAS

  • 1
    Belcher HJ, Ellis H. Somatotropin and wound healing after injury. J Clin Endocrinol Metab 1990; 70:939
  • 2
    Chrestensen H, Oxlund H, Laurberg S. Growth hormone increases the bursting strength of colonic anastomoses. Int J Colon Dis 1990; 5:130
  • 3
    Garrel DR, Gaudrean P, Zhang L, reeves I, Brazean P. Chronic administration of growth hormone-realising factor increases wound strength and collagen maturation in granulation tissue. J Surg Res 1991; 51:297-302.
  • 4
    Gilhar A, Ish-Shalom S, Pillar T, Etzioni A, Silbermann M. Effect of antiinsulin-like growth factor I on epidermol proliferation of human skin transplanted onto nude mice treated with growth hormone. Endocrinology 1994; 134:229-32.
  • 5
    Green H, Morikawa M, Nixon T. A dual effector theory of growth-hormone action. Differentiation 1985; 29:195-98.
  • 6
    Haukipuro K, Risteli L, Kairaluoma MI, Risteli J. Aminoterminal proptide of type III procollagen in healing wound in humans. Ann Surg 1987; 206:752-56.
  • 7
    Harrison LE, Port JL, Hochwald S, Blumbug D, Burt M. Perioperative qgrowth hormone improves wound healing and immunologic function in rats receiving adriamycin. J Surg Res 1995; 58:646-50.
  • 8
    Hollander DM, Devereux DF, Marafino BJ, Hoppe H. Increased wound breaking strength in rats following treatment with synthetic human growth hormone. Surg Forum 1984; 35:612-14.
  • 9
    Kopple JD. The rationale for the use of growth hormone or insulin-like growth factor I in adult patients with renal failure. Miner Electrolyte Metab 1992; 18:269-75.
  • 10
    Lobie PE, Breipohl W, Lincoln DT. Localization of the growth hormone receptor/binding protein in skin. J Endocrinol 1990; 126:467-72.
  • 11
    Park JHY, VanderHoff Já . Growth hormone did not enhance mucosal hyperplasia after smal-bowel resection. Scand J Gastroenterol 1996; 31:349-54.
  • 12
    Rasmussen LH, Jensen LT, Avnstorp C, Karlsmark T, Peters K, Horslev-Petersen K. Collagen types I and III propeptides as markers of healing in chronic leg ulcers. A noninvasive method for the determination of procollagen propeptides in wound fluid-influence of growth hormone. Ann Surg 1992; 216:684-91.
  • 13
    Rasmussen LH, Garbarsch C, Schuppan D, Moe D, Horslev-Pedersen K, Gottrup F, Steenfos H. Dose response profiles of human growth hormone in subcutaneous wound chambers in rats. Eur J Surg 1995; 161:157-162.
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  • 15
    Skottner A, Arrhenius-Nyberg V, Kanje M, Fryklund L. Anabolic and tissue repair functions of recombinant insulin-like growth factor I. Acta Pediatr Scand 1990; 367(suppl):63-6.
  • 16
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    Vance ML. Growth hormone for the elderly? N Engl J Med 1990; 323:52-4.
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  • 21
    Zaizen Y, Ford EG, Shimada H, Kosi M, Costin G, Atkinson JB. Growth hormone effects on wound healing in manourished animals: a histological study. Eur J Pediatr Surg 1995; 5:226-30.
  • 1
    . Trabalho realizado na Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná (FEMPAR).
    2. Professora Titular da Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. Doutora em Cirurgia Experimental pela UNIFESP- EPM.
    3. Alunos de Iniciação Científica da Disciplina de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      18 Abr 2001
    • Data do Fascículo
      2000
    Sociedade Brasileira para o Desenvolvimento da Pesquisa em Cirurgia https://actacirbras.com.br/ - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: actacirbras@gmail.com