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Estudo anatomotopográfico do canal arterial em fetos natimortos dirigido para sua abordagem por videotoracoscopia

Anatomotopographic study of ductus arteriosus in newborn cadavers directed for its videotoracoscopic approach

Resumos

Este trabalho objetiva realizar um estudo anatomotopográfico do Canal Arterial em fetos natimortos enfatizando o seu comprimento e seu diâmetro de acordo com o tamanho de cada feto. Além de que, descrevemos as distâncias entre este e pontos de reparo importantes para sua abordagem por videotoracoscopia. Estudamos dezesseis fetos natimortos, sendo que oito eram do sexo masculino. O tamanho do feto e os perímetros torácico e cefálico variaram de 42-57, 26-35 e 29-35,5 cm, respectivamente. A média de comprimento e diâmetro foram 11,06 e 5,56 cm. Distâncias entre o Canal e as seguintes estruturas: clavícula-22,13mm, segunda costela-20,75mm, esterno-33,88mm e a.subclávia esquerda-5,30mm. Acreditamos que as medidas apresentadas podem facilitar a abordagem do canal por videotoracoscopia.

Canal arterial; Videotoracoscopia


The purpose of this work is to realize an anatomic and topographic study of the ductus arteriosus in newborn cadavers emphasizing its lenght and diameter according to each size of the newborn cadaver. We also describe distances between the ductus and important structures for thoracoscopic approach. We study sixteen newborn cadavers. Eight were male. Size of the cadavers, thoracic and cephalic perimeters ranged from 42-47,26-35 and 29-35,5 cm, respectively. Median lenght and diameter were 11,06 and 5,56 mm. Distances between ductus arteriosus and follow structures were: collarbone-22,13mm, second rib-20,75mm, sternum-33,88mm and left subclavian artery-5,30mm. We belived that these distances described can facilitate thoracoscopic surgical approach to the ductus arteriosus.

Patent ductus arteriosus; Video-assisted thoracoscopy


10 – ORIGINAL ARTICLE

ESTUDO ANATOMOTOPOGRÁFICO DO CANAL ARTERIAL EM FETOS NATIMORTOS DIRIGIDO PARA SUA ABORDAGEM POR VIDEOTORACOSCOPIA1 1 .Trabalho realizado no laboratório de vídeo-cirurgia do Departamento de Morfologia e do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará(FMUFC). 2.Residente de Clínica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 3.Alunos do Curso de Medicina. 4.Pós-graduando da Disciplina de Bases da Técnica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 5.Professor Adjunto-Doutor do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 6.Professor Titular do Departamento de Morfologia da FMUFC.

Josué Viana de Castro Neto2 1 .Trabalho realizado no laboratório de vídeo-cirurgia do Departamento de Morfologia e do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará(FMUFC). 2.Residente de Clínica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 3.Alunos do Curso de Medicina. 4.Pós-graduando da Disciplina de Bases da Técnica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 5.Professor Adjunto-Doutor do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 6.Professor Titular do Departamento de Morfologia da FMUFC.

Fernando Meton Vieira3 1 .Trabalho realizado no laboratório de vídeo-cirurgia do Departamento de Morfologia e do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará(FMUFC). 2.Residente de Clínica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 3.Alunos do Curso de Medicina. 4.Pós-graduando da Disciplina de Bases da Técnica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 5.Professor Adjunto-Doutor do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 6.Professor Titular do Departamento de Morfologia da FMUFC.

Raquel Russo Leite3 1 .Trabalho realizado no laboratório de vídeo-cirurgia do Departamento de Morfologia e do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará(FMUFC). 2.Residente de Clínica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 3.Alunos do Curso de Medicina. 4.Pós-graduando da Disciplina de Bases da Técnica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 5.Professor Adjunto-Doutor do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 6.Professor Titular do Departamento de Morfologia da FMUFC.

Raquel Carvalho3 1 .Trabalho realizado no laboratório de vídeo-cirurgia do Departamento de Morfologia e do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará(FMUFC). 2.Residente de Clínica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 3.Alunos do Curso de Medicina. 4.Pós-graduando da Disciplina de Bases da Técnica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 5.Professor Adjunto-Doutor do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 6.Professor Titular do Departamento de Morfologia da FMUFC.

José Ivanberg Nobre de Sena4 1 .Trabalho realizado no laboratório de vídeo-cirurgia do Departamento de Morfologia e do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará(FMUFC). 2.Residente de Clínica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 3.Alunos do Curso de Medicina. 4.Pós-graduando da Disciplina de Bases da Técnica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 5.Professor Adjunto-Doutor do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 6.Professor Titular do Departamento de Morfologia da FMUFC.

Luis Gonzaga Porto Pinheiro5 1 .Trabalho realizado no laboratório de vídeo-cirurgia do Departamento de Morfologia e do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará(FMUFC). 2.Residente de Clínica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 3.Alunos do Curso de Medicina. 4.Pós-graduando da Disciplina de Bases da Técnica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 5.Professor Adjunto-Doutor do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 6.Professor Titular do Departamento de Morfologia da FMUFC.

Antônio Ribeiro da Silva Filho6 1 .Trabalho realizado no laboratório de vídeo-cirurgia do Departamento de Morfologia e do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará(FMUFC). 2.Residente de Clínica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 3.Alunos do Curso de Medicina. 4.Pós-graduando da Disciplina de Bases da Técnica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 5.Professor Adjunto-Doutor do Departamento de Cirurgia da FMUFC. 6.Professor Titular do Departamento de Morfologia da FMUFC.

Castro Neto JV, Vieira FM, Leite RR, Carvalho R, Sena JIN, Pinheiro LGP, Silva Filho AR. Estudo anatomotopográfico do canal arterial em fetos natimortos dirigido para sua abordagem por videotoracoscopia. Acta Cir Bras [serial online] 2001 Jan-Mar;16(1). Available from: URL: http://www.scielo.br/acb.

RESUMO: Este trabalho objetiva realizar um estudo anatomotopográfico do Canal Arterial em fetos natimortos enfatizando o seu comprimento e seu diâmetro de acordo com o tamanho de cada feto. Além de que, descrevemos as distâncias entre este e pontos de reparo importantes para sua abordagem por videotoracoscopia. Estudamos dezesseis fetos natimortos, sendo que oito eram do sexo masculino. O tamanho do feto e os perímetros torácico e cefálico variaram de 42-57, 26-35 e 29-35,5 cm, respectivamente. A média de comprimento e diâmetro foram 11,06 e 5,56 cm. Distâncias entre o Canal e as seguintes estruturas: clavícula-22,13mm, segunda costela-20,75mm, esterno-33,88mm e a.subclávia esquerda-5,30mm. Acreditamos que as medidas apresentadas podem facilitar a abordagem do canal por videotoracoscopia.

DESCRITORES: Canal arterial. Videotoracoscopia.

INTRODUÇÃO

O Canal Arterial (CA) é um pequeno vaso que conecta a artéria pulmonar à aorta, distalmente e do lado oposto à origem da artéria suclávia esquerda 1. Logo após o nascimento deve ocluir-se espontaneamente. O não fechamento caracteriza uma cardiopatia congênita acianogênica chamada persistência do canal arterial. Geralmente, o CA possui diâmetro que varia de 5 a 15mm e comprimento de 2 a 15mm2. O tratamento cirúrgico desta patologia evoluiu significativamente desde a primeira descrição por Gross e Hubbard 3 em 1939. Sua abordagem por videotoracoscopia iniciou em 1993 quando Laborde 4 descreveu a técnica operatória e seus resultados em trinta e oito pacientes.

Este trabalho objetiva realizar um estudo anatomotopográfico do CA em fetos natimortos enfatizando o seu comprimento e seu diâmetro de acordo com o tamanho de cada feto. Além de que, descrevemos as distâncias entre este e estruturas importantes para a abordagem por videotoracospia.

MÉTODOS

Após aprovação pelo conselho de ética do Hospital Universitário e consentimento da mãe, estudamos dezesseis fetos natimortos. Oito eram do sexo masculino e oito do feminino. Com o feto em decúbito lateral direito, realizávamos toracotomia esquerda no quanto espaço intercostal e dissecção ampla das estruturas circunvizinhas ao CA após tração infero-medial do lobo superior do pulmão esquerdo. As seguintes medidas eram aferidas com paquímetro e auxílio de lupa:

  • comprimento do CA;

  • diâmetro do CA;

  • distância entre o CA e a clavícula, segunda costela, borda lateral esquerda do esterno e artéria subclávia esquerda.

Estas medidas eram comparadas entre os fetos.

RESULTADOS

O comprimento de cada feto variou de 42 a 57cm, com média de 49,94cm. O perímetro torácico (PT) de 26 a 35cm, com média de 29,43cm. O perímetro cefálico (PC) de 29 a 35,5cm, 32,07cm em média.

Consideramos o comprimento(T) do CA a distância do mesmo entre a aorta e a artéria pulmonar esquerda. Foi, em média, de 11,06mm. O diâmetro médio do CA foi de 5,56mm.

As distâncias médias entre o CA e as estruturas foram: esterno – 33,88mm, clavícula – 22,13mm, segunda costela – 20,75mm e artéria subclávia esquerda – 5,30mm (Fig. 1).

Figura 1
: Comprimento (T) e Diâmetro(L) do Canal Arterial e sua distância entre as estruturas estudadas.

A relação do comprimento do canal com sua diâmetro foi variável. Canais maiores, apresentavam diâmetros maiores e menores(Fig.2).


Já a relação entre o perímetro cefálico e a diâmetro foi uniforme(Tab.1).

Tabela 1 - Relação entre o perímetro cefálico do feto e a diâmetro do canal arterial.

DICUSSÃO

A toracoscopia data de 1910, quando Jacobaeus utilizou um cistoscópio para ajudar no diagnóstico e tratamento da tuberculose.5 A difusão da video cirugia nas últimas décadas, permitiu o tratamento da persistência do canal arterial por este método. Representa alternativa técnica para abordagem desta patologia congênita, sendo hoje a via de acesso de primeira escolha em diversos centros.6

Vários fatores são importantes na utilização deste método, entre eles: a familiarização do cirurgião com o instrumental, com o vídeo e o preciso conhecimento anatômico da região do canal arterial em virtude de estruturas nobres circunvizinhas (aorta, a. pulmonar e n. vago e seu ramo laríngeo recorrente). Após dissecção do canal por videotoracoscopia em duas oportunidades, resolvemos realizar este trabalho como fase preliminar.

Neste estudo, o comprimento e a diâmetro do canal arterial foram, respectivamente, em média 11,06 e 5,56mm. Comprimentos considerados normais. Canais arteriais gigantes são descritos na literatura com casos de até 30mm de comprimento.7 Em um grupo de cinco crianças operadas, Tsuboi et al.8 mostraram que o canal variava de 3 a 10mm de comprimento e 3 a 7mm de diâmetro. Ressaltaram que a dissecção insuficiente pode levar à falha técnica, sendo necessário a identificação anatômica clara da região. Correlacionamos estes resultados com duas variáveis de crescimento (perímetro cefálico e torácico), não evidenciamos aumento progressivo do canal com aumento da variável. Entretanto, parece ter havido uma tendência a quanto maior o perímetro cefálico, maior o diâmetro do canal.

CONCLUSÃO

O comprimento médio do canal foi de 11,06mm. O diâmetro médio foi 5,56mm. A distância entre o canal e a artéria subclávia esquerda foi, em média, 5,30mm. Houve uma tendência a quanto maior o perímetro cefálico, maior o diâmetro do canal. A dissecção familiarizou os autores com a região anatômica e suas estruturas circunvizinhas, o que certamente deverá facilitar a abordagem do canal arterial por videotoracoscopia.

Castro Neto JV, Vieira FM, Leite RR, Carvalho R, Sena JIN, Pinheiro LGP, Silva Filho AR. Anatomotopographic study of ductus arteriosus in newborn cadavers directed for its videotoracoscopic approach. Acta Cir Bras [serial online] 2001 Jan-Mar;16(1). Available from: URL: http://www.scielo.br/acb.

ABSTRACT: The purpose of this work is to realize an anatomic and topographic study of the ductus arteriosus in newborn cadavers emphasizing its lenght and diameter according to each size of the newborn cadaver. We also describe distances between the ductus and important structures for thoracoscopic approach. We study sixteen newborn cadavers. Eight were male. Size of the cadavers, thoracic and cephalic perimeters ranged from 42-47,26-35 and 29-35,5 cm, respectively. Median lenght and diameter were 11,06 and 5,56 mm. Distances between ductus arteriosus and follow structures were: collarbone-22,13mm, second rib-20,75mm, sternum-33,88mm and left subclavian artery-5,30mm. We belived that these distances described can facilitate thoracoscopic surgical approach to the ductus arteriosus.

SUBJECT HEADINGS: Patent ductus arteriosus. Video-assisted thoracoscopy.

Endereço para correspondência:

Josué de Castro Neto

Rua Rio Grande 321/142

São Paulo - SP

04018-000

Tel: (11)5575-3624

e-mail : jvcn@uol.com.br

Data do recebimento: 04/11/2000

Data da revisão: 13/12/2000

Data da aprovação: 06/01/2001

  • 1. Olley PM. The ductus arteriosus, its persistence and its patency. In: Anderson RH, Macartney FJ, Shinebourne EA, Tynan M. Paediatric cardiology. Churchill Livingstone; 1987. p 931-57.
  • 2. Goor DA, Lillehei CW. Congenital malformation of the heart. New York: Grune & Stratton; 1975.
  • 3. Gross RE, Hubbard JP. Surgical ligation of a patent ductus arteriosus. J Am Med Assoc 1939;112:729-31.
  • 4. Laborde F, Noirhomme P, Karam J, Batisse A, Bourel P, Saint Maurice O. A new video-assisted thoracoscopic surgical technique for interruption of patent ductus arteriosus in infants and children. J Thorac Cardiovasc Surg 1993;105:278-80.
  • 5. Shrager JB, Kaiser LR. Thoracoscopy. In: Sabiston Jr DC. Textbook of surgery: the biological basis of modern surgical practice. Pennsylvania: Saunders Company; 1997. p 1806-14.
  • 6. Laborde F, Folliguet T, Batisse A, Dibie A, Da Cruz E, Carbognani D. Video-assisted thoracoscopic surgical interruption: the technique of choice for patent ductus arteriosus. J Thorac Cardiovasc Surg 1995;110:1681-5.
  • 7. Kopuz C, Erk Mk. Gigantic patent ductus arteriosus: report of a newborn cadaver dissection and review of the literature. Surg Anat 1996;18:343-5.
  • 8. Tsuboi H, Ikeda N, Minami Y, Gohra H, Hamano K, Sugi K, Katom T, Fujimura Y, Esato K. A video-assisted thoracoscopit surgical technique for interruption of patent ductus arteriosus. Surg Today JPN J Surg 1997;27:439-42.
  • 1
    .Trabalho realizado no laboratório de vídeo-cirurgia do Departamento de Morfologia e do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará(FMUFC).
    2.Residente de Clínica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FMUFC.
    3.Alunos do Curso de Medicina.
    4.Pós-graduando da Disciplina de Bases da Técnica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da FMUFC.
    5.Professor Adjunto-Doutor do Departamento de Cirurgia da FMUFC.
    6.Professor Titular do Departamento de Morfologia da FMUFC.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      11 Set 2003
    • Data do Fascículo
      Mar 2001

    Histórico

    • Aceito
      06 Jan 2001
    • Revisado
      13 Dez 2000
    • Recebido
      04 Nov 2000
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