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Avaliação clínica da parada circulatória total em cães (Canis familiaris)

Clinical evaluation using the total circulatory stasis in dogs (Canis familiaris)

Resumos

O objetivo deste experimento foi verificar as possíveis alterações clínicas e neurológicas que possam ocorrer em cães submetidos à dois diferentes períodos de parada circulatória total: cinco e 10 minutos, pela técnica de clampeamento das veias cava cranial e caudal e ázigos. Foram utilizados dez cães, sem raça definida, adultos, machos e fêmeas, com peso entre quinze e vinte quilos e em condições de saúde julgadas satisfatórias para o experimento. Os cães foram divididos aleatoriamente em dois grupos com cinco animais, sendo que no GRUPO A, procedeu-se o bloqueio circulatório por cinco minutos e no GRUPO B, por 10 minutos. Os cães foram avaliados no transoperatório, no pós-operatório imediato e tardio (com 24 e 48 horas após a intervenção cirúrgica) até máximo de seis semanas. Foram observadas alterações oftalmológicas, neurológicas, de coordenação motora, consciência e comportamento por exame clínico. Concluiu-se, diante dos resultados clínicos obtidos, que a técnica de parada circulatória total por até cinco minutos foi exeqüível de ser praticado em cães sadios, sendo contra-indicado para período de 10 minutos.

Parada cardíaca induzida; Cães


The experiment’s objective was to verify possible clinic and neurologic complications that could occur in dogs submitted to total circulatory stasis in different periods: five and ten minutes, by the technique of Inflow Occlusion. Ten healthy adults Mongrel dogs were used, males and females, weighing between fifteen and twenty kilograms. The dogs were divided in two groups of five: GROUP A - animals submitted to five minutes of total circulatory stasis; GROUP B - animals submitted to ten minutes of total circulatory stasis. Transoperative and postoperative ( 24 and 48 hours after surgery), were evaluated until six weeks. Alterations such as oftalmologics, neurologic, motor coordination, conscience and comportment by clinic exam were evaluated. It was concluded that the five minutes Inflow Occlusion was surgically viable in dogs.

Heart arrest, induced; Dogs


5 - ARTIGO ORIGINAL

AVALIAÇÃO CLÍNICA DA PARADA CIRCULATÓRIA TOTAL EM CÃES (Canis familiaris)1 1 Experimento realizado no Laboratório de Cirurgia Cardio-torácica do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, com auxílio financeiro da FAPESP (Processo nº 1996/10508-4). 2 Professor Titular do Departamento de Cirurgia da faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 3 Doutorando do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 4 Bolsistas de Iniciação Científica da FAPESP do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 5 Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 6 Professora Associada do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 7 Professor Associado do DEpartamento de Cardio-Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Angelo João Stopiglia2 1 Experimento realizado no Laboratório de Cirurgia Cardio-torácica do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, com auxílio financeiro da FAPESP (Processo nº 1996/10508-4). 2 Professor Titular do Departamento de Cirurgia da faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 3 Doutorando do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 4 Bolsistas de Iniciação Científica da FAPESP do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 5 Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 6 Professora Associada do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 7 Professor Associado do DEpartamento de Cardio-Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Rodrigo Ramos de Freitas3 1 Experimento realizado no Laboratório de Cirurgia Cardio-torácica do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, com auxílio financeiro da FAPESP (Processo nº 1996/10508-4). 2 Professor Titular do Departamento de Cirurgia da faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 3 Doutorando do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 4 Bolsistas de Iniciação Científica da FAPESP do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 5 Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 6 Professora Associada do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 7 Professor Associado do DEpartamento de Cardio-Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Eduardo Toshio Irino4 1 Experimento realizado no Laboratório de Cirurgia Cardio-torácica do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, com auxílio financeiro da FAPESP (Processo nº 1996/10508-4). 2 Professor Titular do Departamento de Cirurgia da faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 3 Doutorando do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 4 Bolsistas de Iniciação Científica da FAPESP do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 5 Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 6 Professora Associada do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 7 Professor Associado do DEpartamento de Cardio-Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Fabio Celidonio Pogliani4 1 Experimento realizado no Laboratório de Cirurgia Cardio-torácica do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, com auxílio financeiro da FAPESP (Processo nº 1996/10508-4). 2 Professor Titular do Departamento de Cirurgia da faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 3 Doutorando do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 4 Bolsistas de Iniciação Científica da FAPESP do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 5 Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 6 Professora Associada do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 7 Professor Associado do DEpartamento de Cardio-Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Edson Azevedo Simões5 1 Experimento realizado no Laboratório de Cirurgia Cardio-torácica do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, com auxílio financeiro da FAPESP (Processo nº 1996/10508-4). 2 Professor Titular do Departamento de Cirurgia da faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 3 Doutorando do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 4 Bolsistas de Iniciação Científica da FAPESP do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 5 Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 6 Professora Associada do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 7 Professor Associado do DEpartamento de Cardio-Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Karina Lacava Kwasnicka5 1 Experimento realizado no Laboratório de Cirurgia Cardio-torácica do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, com auxílio financeiro da FAPESP (Processo nº 1996/10508-4). 2 Professor Titular do Departamento de Cirurgia da faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 3 Doutorando do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 4 Bolsistas de Iniciação Científica da FAPESP do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 5 Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 6 Professora Associada do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 7 Professor Associado do DEpartamento de Cardio-Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Denise Tabacchi Fantoni6 1 Experimento realizado no Laboratório de Cirurgia Cardio-torácica do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, com auxílio financeiro da FAPESP (Processo nº 1996/10508-4). 2 Professor Titular do Departamento de Cirurgia da faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 3 Doutorando do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 4 Bolsistas de Iniciação Científica da FAPESP do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 5 Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 6 Professora Associada do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 7 Professor Associado do DEpartamento de Cardio-Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Fabio Biscegli Jatene7 1 Experimento realizado no Laboratório de Cirurgia Cardio-torácica do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, com auxílio financeiro da FAPESP (Processo nº 1996/10508-4). 2 Professor Titular do Departamento de Cirurgia da faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 3 Doutorando do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 4 Bolsistas de Iniciação Científica da FAPESP do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 5 Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 6 Professora Associada do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 7 Professor Associado do DEpartamento de Cardio-Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Stopiglia AJ, Freitas RR, Irino ET, Pogliani FC, Simões EA, Kwasnicka KL, Fantoni DT, Jatene FB. Avaliação clínica da técnica de parada circulatória total em cães (Canis familiaris). Acta Cir Bras [serial online] 2001 Out-Dez;16(4). Disponível em: URL: http://www.scielo.br/acb.

RESUMO: O objetivo deste experimento foi verificar as possíveis alterações clínicas e neurológicas que possam ocorrer em cães submetidos à dois diferentes períodos de parada circulatória total: cinco e 10 minutos, pela técnica de clampeamento das veias cava cranial e caudal e ázigos. Foram utilizados dez cães, sem raça definida, adultos, machos e fêmeas, com peso entre quinze e vinte quilos e em condições de saúde julgadas satisfatórias para o experimento. Os cães foram divididos aleatoriamente em dois grupos com cinco animais, sendo que no GRUPO A, procedeu-se o bloqueio circulatório por cinco minutos e no GRUPO B, por 10 minutos. Os cães foram avaliados no transoperatório, no pós-operatório imediato e tardio (com 24 e 48 horas após a intervenção cirúrgica) até máximo de seis semanas. Foram observadas alterações oftalmológicas, neurológicas, de coordenação motora, consciência e comportamento por exame clínico. Concluiu-se, diante dos resultados clínicos obtidos, que a técnica de parada circulatória total por até cinco minutos foi exeqüível de ser praticado em cães sadios, sendo contra-indicado para período de 10 minutos.

DESCRITORES: Parada cardíaca induzida. Cães.

INTRODUÇÃO

Na medicina veterinária, o interesse sobre as possíveis correções cirúrgicas que poderiam ser realizadas em afecções sediadas no coração, cresceu a partir da década de 80, principalmente, pelo fato dos métodos de diagnóstico terem evoluído satisfatoriamente, haja visto, os exames eletrocardiográficos e ecocardiográficos, entre outros.

Atualmente, as pequenas intervenções cirúrgicas cardíacas são realizadas com grau de sobrevida altamente favorável. Os procedimentos são baseados em atos operatórios extra-cardíacos ou intra-cardíacos em que a abertura do coração tem que ocorrer por um curto espaço de tempo, não possibilitando a execução de grandes correções. As técnicas cirúrgicas cardíacas com exposição direta das cavidades por período de tempo maior necessitam do auxílio da circulação extra-corpórea. Tais procedimentos operatórios, em cães, já são realizados, porém ainda com prognóstico desfavorável.

A técnica de parada circulatória total, no inglês denominada de "Inflow Occlusion" ou "Inflow Stasis," consiste em impedir que o sangue entre no coração, e com isso possibilitar intervenções cirúrgicas intra-cavitárias rápidas, podendo também ser aplicada em técnicas cirúrgicas extra-cavitárias, nas quais o sangramento é muito intenso. Este procedimento pode ser realizado por toracotomia lateral direita, esquerda ou esternotomia, sendo a primeira é a que apresenta maior facilidade de execução da técnica.

Na literatura observa-se que muito poucas são as informações fornecidas em Medicina Veterinária. A utilização da técnica de parada circulatória total apresenta controvérsias na literatura quanto ao tempo máximo no qual pode ser aplicada sem graves conseqüências ao organismo, e quais as possíveis complicações que o paciente viria a ter quando esse tempo é excedido. A prática dessa técnica fez com que os cirurgiões não excedessem em dois minutos o tempo de parada da circulação 1 e, quando usada hipotermia (30ºC a 34ºC), em seis minutos, Porém, não se estabeleceu o quanto esse tempo pode ser estendido, e com isso, quais outras intervenções cirúrgicas poderiam ser executadas utilizando-se essa técnica, evitando-se assim os problemas de complicações e custos gerados com o emprego da circulação extra-corpórea.

Desde a década de 50, em Medicina, houve a preocupação, tanto experimental quanto clínica, em se aplicar a técnica de parada circulatória total, conforme se depreende dos trabalhos de COOKSON e col.(1952) 2 BAHNSON e BAKER (1953) 3 e PINTO (1955) 4, tanto valendo-se da normotermia como da hipotermia ou hibernação artificial.

Nesta mesma década, estudos realizados com cães, em hipotermia bastante acentuada, já eram realizados a fim de provocar-se parada circulatória total 5,6com o intuito de observar-se resultados que pudessem servir de base à rotina em atos operatórios intra-cardíacos em humanos, o que,de fato, ocorreu até a década de 80 7,8.

Sobre este aspecto, STOLF (1988) 9 enalteceu a importância ímpar da técnica de parada circulatória total na história da cirurgia cardíaca no homem. Contudo, com o incremento da utilização da circulação extra-corpórea, e seus excelentes resultados, esta técnica ficou relegada a segundo plano nas últimas duas décadas, no homem.

Por outro lado, em Medicina Veterinária, em face dos altos custos, equipe numerosa e problemas pós-operatórios observados em cães com o uso da circulação extra-corpórea, o interesse pela estudada técnica de parada circulatória total ganhou adeptos 1,10,15,16, tanto no campo da experimentação como nas aplicações clínicas.

Ficou evidente pela literatura consultada que a relação entre o nível da temperatura do paciente no transoperatório e o tempo da parada circulatória total estão intimamente relacionadas quando da aplicação da referida técnica. Assim, pensou-se, neste estudo, observar cães, submetidos a parada circulatória de até 10 minutos 5,6, porém sem levá-los a hipotermia profunda como de 20ºC 2 ou 30ºC 1.

Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi verificar as possíveis alterações clínicas neurológicas que possam ocorrer em cães submetidos à técnica de parada circulatória total em diferentes períodos (cinco e 10 minutos).

MÉTODOS

Foram utilizados dez cães mestiços (Canis familiaris), adultos, machos e fêmeas, em estado de nutrição adequado, cujo peso oscilou entre 15 e 20 quilos e em condições julgadas satisfatórias para a experimentação. Para tanto, foi realizado nos animais do experimento avaliação prévia eletrocardiográfica; radiográfica; hematológica e coproparasitológica. Após o procedimento cirúrgico, os animais permaneceram em gaiolas individualizadas onde foram avaliados no pós-operatório. Tanto os procedimentos cirúrgicos como o pós-operatório foram realizados no Laboratório de Cirurgia Cárdio-Torácica do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.

Todos os animais receberam cuidados de acordo a "National Society for Medical Research" e Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA).

Os cães foram divididos aleatoriamente em dois grupos com cinco animais cada. Esses grupos foram assim estabelecidos: Grupo A - os animais foram submetidos a um período de cinco minutos de parada circulatória total e Grupo B - foram expostos a um período de 10 minutos de parada circulatória total.

Os cães foram tranquilizados com 0,1 mg/kg de maleato de acepromazina pela via intramuscular, seguido de midazolam na dose de 0,5 mg/Kg intravenoso associado a quetamina na dose de 5,0 mg/kg intravenosa. Fez-se a intubação orotraqueal sendo a anestesia mantida com halotano em 100% de oxigênio em circuito fechado. Os animais permaneceram em ventilação controlada mecânica, após o bloqueio muscular obtido pela aplicação de pancurônio na dose de 0,06mg/kg intravenoso. Durante o transcorrer do ato operatório administrou-se citrato de fentanila na dose de 5µg/kg intravenosa a cada 50 minutos, objetivando-se o aumento do grau de analgesia e baixas concentrações do anestésico inalatório. A reversão do bloqueio neuromuscular realizou-se com a administração de neostigmine intravenoso associado a sulfato de atropina na dose de 0,08 mg/Kg e 0,04 mg/Kg, respectivamente.

No decorrer do procedimento fez-se administração de fluidos, ringer com lactato, e agentes vasoativos: dopamina e etilefrina. O tratamento com a dopamina e/ou etilefrina foi instituído quando necessário sendo esta terapêutica realizada de acordo com as condições apresentadas pelos animais a fim de se manter a pressão arterial média maior que 60mmHg.

No experimento foi utilizada a toracotomia lateral direita no quarto espaço intercostal 1 . Uma vez dentro do tórax, as veias cavas cranial e caudal, bem como a veia ázigos, foram dissecadas em segmento de 2 cm e individualizadas com o auxílio de fitas cardíacas, que depois foram inseridas dentro de segmento de plástico de equipo de soro utilizando-se fio de aço (Torniquete de Rumel). Os torniquetes então foram fechados e os pulmões expandidos por uma última vez, com o objetivo de se esvaziar as câmaras cardíacas. A ventilação foi cessada e a parada circulatória total estabelecida

Durante o tempo de parada circulatória foi realizada a incisão do átrio direito. Após o período estabelecido, que variou conforme o protocolo, o local da incisão foi clampeado com pinça de Satinski. A veia ázigos e a veia cava cranial foram liberadas e logo após a veia cava caudal. Com isso restabeleceu-se a circulação sanguínea no animal e a sutura atrial realizada em sutura contínua com fio prolene 6-0, após liberação de ar das câmaras cardíacas. Todo o ato cirúrgico foi realizado sem que os animais fossem levados a hipotermia profunda provocada por qualquer técnica descrita para esse fim. A partir do momento em que a temperatura no transoperatório chegou a menos de 36ºC, os animais foram mantidos aquecidos com colchão térmico, na tentativa de que a referida temperatura fosse mantida a este nível e, se possível, em normotermia. A toracorrafia processou-se pelos processos habituais bem como a sutura dos planos anatômicos. A ferida cirúrgica foi protegida com penso seco e esterilizado.

Antes de executados os procedimentos cirúrgicos, os animais foram avaliados, anotados os devidos valores normais para cada animal quanto a freqüência cardíaca, respiratória, temperatura, exame clínico, hemogasométrico e eletrocardiográfico para serem descartadas possíveis alterações neurológicas .

Os animais de cada grupo foram avaliados no transoperatório, pós-operatório imediato e tardio (com 24 e 48 horas após a intervenção cirúrgica) até o máximo de seis semanas. Foram observados possíveis sinais de alterações neurológicas, oftalmológicas, de coordenação motora, consciência e comportamento pelo exame clínico.

RESULTADOS

Os dez animais submetidos ao protocolo do experimento foram avaliados no período pré-operatório, de tal forma que o óbito observado (Grupo B – 1 caso) no transoperatório não está relacionado a falhas na avaliação clínica inicial mas, sim , inerente ao tempo aplicado na técnica de parada circulatória total.

O acesso pelo quarto espaço intercostal direito, utilizado nas toracotomias, foi adequado para a visibilização e o bloqueio, com os torniquetes de Rumel, das veias cavas cranial, caudal e ázigos, a fim de ser realizada a parada circulatória total bem como para a padronizada incisão e sutura do átrio direito dos cães.

Todos os animais dos dois grupos experimentais apresentaram no momento zero (trinta minutos antes da medicação pré-anestésica) movimentos respiratórios, batimentos cardíacos e temperatura corpórea retal dentro dos limites fisiológicos para a espécie canina.

No transoperatório, os cães, em média, independentemente do grupo experimental, apresentaram temperatura corpórea sempre abaixo dos valores fisiológicos, inclusive abaixo dos 36,0 oC, proposto como temperatura mínima aceita, observando-se valores de, na média, até 34,3 oC (grupo A - tempo 5). Não obstante o fato de observar-se diminuição da temperatura no decorrer do estudo nos animais dos dois grupos experimentais, a mesma não foi significativa (Tabelas 1 e 2). Contudo, no pós-operatório, com 24 e 48 horas de avaliação, após a estabilização hemodinâmica dos cães, em nenhum dos nove que sobreviveram foram observadas alterações nas freqüências respiratória, cardíaca e da temperatura corpórea retal, fora dos limites fisiológicos.

Nos animais pertencentes ao Grupo A, com cinco minutos de parada circulatória, observou-se a sobrevivência dos cinco cães. Os retornos anestésico e cirúrgico ocorreram sem alterações dignas de nota. Tampouco, foram notadas alterações neurológicas, inclusive comportamentais, durante os exames clínicos efetuados com 24 e 48 horas de pós-operatório. Estes animais após serem mantidos por seis semanas foram levados a eutanásia, apresentando-se, todos, com quadro clínico satisfatório.

Naqueles cães do grupo B, submetidos a 10 minutos de parada circulatória total, observou-se um caso de óbito (animal nº 3) transoperatório por fibrilação ventricular, após o restabelecimento da circulação e antes do término da intervenção cirúrgica. Afora a tentativa de desfibrilação, nenhuma outra medida foi adotada, como o emprego de drogas, no sentido de provocar ressuscitação (reanimação) cardiorrespiratória. Os outros quatro animais (nº 1, 2, 4 e 5) deste grupo B sobreviveram às 48 horas de observação pós-cirúrgica. Porém, clinicamente, apenas o cão nº 4 evoluiu satisfatoriamente, com função visual presente, permanecendo em estação e aceitando água, por via oral, 24 horas após a intervenção cirúrgica e submetido a eutanásia após seis semanas do ato operatório, apresentando-se com quadro clínico satisfatório. Os três cães restantes do grupo B, nº 1, 2 e 5 permaneceram nas primeiras 24 horas em decúbito lateral, impossibilitados em manter-se em posicão quadrupedal mesmo se auxiliados (animais nº 2 e 5). Contudo, o cão nº 1 conseguiu ficar nesta posição quando ajudado. Com 48 horas de observação, este animal mostrava maior facilidade em ficar apoiado sobre os membros locomotores, o que não era permitido ao cão nº 2, que cambaleava, caindo ao chão em seguida. Já o animal nº 5, neste período de observação, continuou impossibilitado de manter-se em posição quadrupedal, mesmo com auxílio.

Estes três animais não aceitaram água ou alimento pela boca, nem tampouco os procuraram, sendo instituída, após 24 horas, fluidoterapia parenteral com Solução de Cloreto de Sódio 0,9%, demonstrando, clinicamente, inclusive, perda do olfato quando oferecido o alimento. Com 48 horas de observação o cão nº 1 ingeriu alimento (ração comercial) e água, enquanto o nº 2 dava sinais fugazes de retorno de olfato, notado pela movimentação do orifício das narinas, quando oferecida a ração, porém sem aceitá-la. O animal nº 5 não apresentou melhora.

Com exceção do cão nº 4 do grupo B, todos os demais (nº 1, 2 e 5) apresentaram sinais clínicos de diminuição acentuada do reflexo pupilar-fotomotor (nº1) ou ausência total deste (nº 2 e 5), consensual ou não, com 24 horas de observação pós-operatória. Quanto ao reflexo pálpebral, este pôde ser visto nos animais nº 1 e 5 e ausente no nº 2. Às 48 horas de avaliação, o cão nº 1 apresentou reflexo pupilar diminuído, com fundo de olho normal, desviando de objetos, em marcha firme e retilínea, porém denotando sinais de medo observado pelo tratador do animal visto que tanto o pré como o pós-operatório, na parte alusiva ao manejo dos animais, foram acompanhados sempre pela mesma pessoa. O animal nº 2 apresentou midríase, com reflexo pupilar pequeno, sugerindo, clinicamente, não estar com a capacidade visual íntegra e relacionada a lesão acima do núcleo pretectal, corpo geniculado lateral ou mesmo em córtex occipital (cegueira central - amaurose). O mesmo ocorreu com o cão nº 5, que foi submetido à eutanásia com 48 horas de pós-operatório, estando em decúbito lateral, considerando-se a hipótese de quadro mental inicial.

Quanto aos estímulos sonoros, tanto com 24 como com 48 horas de avaliação, os animais nº 1, 2 e 5 mostraram-se hiper-estimulados, sendo tal aspecto observado mormente no cão nº 2 que, ao simples estímulo do som de batida da palma das mãos demonstrou sinais de tetania, sugerindo lesões difusas em medula espinhal ou mesencéfalo, enquanto que os outros dois animais, nº 1 e 5, apresentaram somente "tremores" ou espasmos musculares. Da mesma forma, apresentaram-se hiperativos com clonus nos reflexos espinhais analisados (interdigital, patelar, tibial cranial e do tríceps). Ao caminhar, quando possível, os animais nº1 e 2 não apresentaram flexão do cotovelo, fazendo-a com os membros torácicos rígidos e com ligeira abdução, como que a tatear o solo antes do apoio da pata (semelhante a eqüinos a "piaffe" ou "piaffeur"), indicativo de lesão espinhal (Neurônio Motor Superior). O animal nº 4 caminhava sem alterações.

Foram mantidos os cães nº 1, 2 e 4 por seis semanas. O animal nº 1 mostrou mudança de caráter ou comportamento - sempre temeroso, procurando esconder-se, embora locomovia-se perfeitamente como também apresentou capacidade visual ao exame clínico. O cão nº 2 apresentou dificuldade de visão, principalmente para cores semelhante - preto sobre preto por exemplo quando colocado em chão escuro e ambiente não iluminado com sombra - e caminhava normalmente. O animal nº 4 apresentava-se clinicamente em condições satisfatórias. Após este período, os três cães foram submetidos à eutanásia.

DISCUSSÃO

Apesar do objetivo deste trabalho ter sido a observação de animais submetidos à técnica de parada circulatória total em normotermia, com um limite mínimo de temperatura proposto de 36ºC, pôde-se observar que estas chegaram a até dois graus, aproximadamente, abaixo do estabelecido. Tal fato pode ser atribuído ao ineficiente sistema de manutenção térmica realizado a base de colchão d'água aquecida. Contudo, tais temperaturas ainda se mostraram bem superiores aos 28ºC relatados por KAMEYA (1960)11, nível este que levaria a modificação e diminuição significativa do metabolismo, diminuindo em 50% a demanda por oxigênio. Ou mesmo, como indicou HOLMBERG e OLSEN (1987) 12, temperaturas entre 23ºC e 25ºC, que associadas a infusões coronarianas de soluções cardioplégicas abaixariam a temperatura à 5ºC, permitindo paradas circulatórias totais por longos períodos. MANOHAR e TYAGI (1972) 13 relataram a hipotermia de superfície (4 a 6oC) que permitiria paradas circulatórias moderadas de até 30 minutos, porém exigindo equipamentos especializados, equipe treinada e desvio cárdio-pulmonar.

Sendo assim, embora o sistema de aquecimento térmico, a base de colchão d’água, não fôsse eficiente, para manter-se os animais em normotermia, tudo indica que a queda de temperatura observada constituiu-se em mecanismo de defesa orgânica metabólica ,contra a parada circulatória, visto que dois animais do grupo B resistiram relativamente de forma satisfatória à 10 minutos de parada circulatória total. Tal fato contradiz em parte a afirmação de CHRISMAN (1985) 14 quando diz que isquemias cerebrais de nove minutos provocam dano cerebral severo ou morte. Contudo, do ponto de vista clínico, seria interessante trabalhar-se com um grupo de cães submetidos a oito minutos de parada circulatória a fim de se comparar os resultados obtidos por HUNT et al. (1992a) 10, principalmente no que se refere a três animais, sem seqüelas neurológicas, submetidos a este tempo de parada circulatória, sob normotermia.

Tendo em vista que este primeiro trabalho experimental visou, entre outros objetivos, obter método prático e seguro para a realização de cirurgias intra-cardíacas rápidas em cães, na rotina hospitalar, pelos resultados obtidos, pode-se afirmar que paradas circulatórias de até cinco minutos, em animais sadios, foram levadas a bom termo. Assim, FREITAS e col. (1998)15 citaram o emprego desta técnica, com sucesso, para realização de correção cirúrgica de comunicação interatrial em cão da raça Lhasa Apso com duas paradas circulatórias de dois minutos.

Os resultados obtidos, em relação ao tempo de parada circulatória, foram superiores ao preconizado por ORTON (1995) 1 - dois minutos - e inferiores aos de HUNT et al. (1992a) 10 - oito minutos.

KWASNICKA e col. 16 usando a mesma metodologia não encontraram diferenças significativas nos dois grupos de animais, cinco e 10 minutos, quando compararam os valores hemogasométricos de pH, pressão parcial de CO2 e O2, saturação de O2 e concentração de bicarbonato plasmático, sendo todas os valores obtidos no sangue arterial.

Do ponto de vista clínico, os aspectos neurológicos, oftalmológicos e de locomoção, observados nos animais que sobreviveram a parada circulatória de 10 minutos, levam a pensar, principalmente, em distúrbios circulatórios - hipóxia e anóxia - do sistema nervoso central segmentar e supra-segmentar, alguns deles transitórios ,entre 24 e 48 horas de pós-operatório, e outros irreversíveis em até seis semanas de observação 10,14,17.

Desta forma, o quadro clínico nas primeiras 24 horas, referentes ao estado alterado de consciência, como o estado depressivo do animal nº 5 do grupo B sugere quadro de anóxia irreversível até as 48 horas de observação, com pupilas dilatadas e em estado comatoso 14. Já este quadro mostrou-se reversível , no mesmo tempo de observação, no cães nº 1 e 2 de grupo B.

Os animais nº 2 e nº 5 do grupo B, pelo exame clínico efetuado e nos tempos observados, provavelmente apresentaram lesão, por isquemia ou anóxia, determinando cegueira central, parcial ou total, dita amaurose, possivelmente caudal ao trato óptico, quer no corpo geniculado lateral, ramificações ópticas ou córtex occipital 14,17 , embora os animais nº 2 e 5 do grupo B apresentassem resposta pupilar à luz preservada. Segundo a literatura, as áreas do cérebro mais gravemente acometidas em isquemia cerebral são aquelas cujo suprimento sanguíneo é feito pelas terminações das artérias cerebrais média e anterior (watershed area), em que há necrose cortical na região occipital, resultando em cegueira 14.

Os distúrbios comportamentais indicam que o cão nº 1 do grupo B e o cão nº 5 do mesmo grupo possam ter sofrido lesão no lobo frontal, cápsula interna, o que justificaria no primeiro animal a incapacidade de reconhecer o tratador e apresentar medo, enquanto o segundo apresentar quadro de demência, associado a lesão de mesencéfalo 14 .

Os cães nº 1, 2 e 5 do grupo B, pelos sintomas levam a crer ter apresentado, nas primeiras 24 horas, lesão no sistema olfatório (diencéfalo), observando-se melhora da lesão, sob o ponto de vista clínico, com 48 horas, nos animais nº 1 e 2 do grupo B 14.

A tetania e os tremores constatados no animais nº 1, 2 e 5 do grupo B sugerem alterações metabólicas por hipocalcemia ou hipoglicemia ou lesões mesencefálicas 14 .

Os animais nº 1 e 2 do grupo B, com andar rígido com os membros torácicos, nas 24 horas iniciais, sugerem miotonia, que pode ser analisada por eletromiografia e determinação de CPK sérica, indicativa de necrose de fibras musculares, embora tivessem recuperada a marcha normal.

Tratamento clínico de suporte e acompanhamento laboratorial, em regime de UTI, e observação de longo termo poderiam levar alguns destes animais a condição clínica mais adequada , porém o objetivo inicial deste trabalho não era este, mas sim observar as complicações clínicas advindas do procedimento, visto querer-se utilizá-lo em pacientes hospitalares.

CONCLUSÕES

Diante dos resultados obtidos pela metodologia empregada é lícito afirmar-se que frente ao quadro clínico observado, "Inflow Occlusion" de até cinco minutos foi exeqüível de ser praticado em cães sadios, sendo contra-indicado para períodos de 10 minutos.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à FAPESP pelo auxílio financeiro que permitiram a realização deste trabalho (Processo nº 1996/10508-4).

Stopiglia AJ, Freitas RR, Irino ET, Pogliani FC, Simões EA, Kwasnicka KL, Fantoni DT, Jatene FB. Clinical evaluation using the total circulatory stasis in dogs (Canis familiaris). Acta Cir Bras [serial online] 2001 Oct-Dec;16(4). Available from: URL: http://www.scielo.br/acb.

ABSTRACT: The experiment’s objective was to verify possible clinic and neurologic complications that could occur in dogs submitted to total circulatory stasis in different periods: five and ten minutes, by the technique of Inflow Occlusion. Ten healthy adults Mongrel dogs were used, males and females, weighing between fifteen and twenty kilograms. The dogs were divided in two groups of five: GROUP A - animals submitted to five minutes of total circulatory stasis; GROUP B - animals submitted to ten minutes of total circulatory stasis. Transoperative and postoperative ( 24 and 48 hours after surgery), were evaluated until six weeks. Alterations such as oftalmologics, neurologic, motor coordination, conscience and comportment by clinic exam were evaluated. It was concluded that the five minutes Inflow Occlusion was surgically viable in dogs.

KEY WORDS: Heart arrest, induced. Dogs.

Conflito de interesses: nenhum

Fontes de financiamento: FAPESP

Processo n.1996/10508-4

Endereço para correspondência:

Dr. Angelo João Stopiglia

Av. Prof. Orlando Marques de Paiva, 87

São Paulo – SP

05508-000

Tel: (11) 3818-7944

Data do recebimento: 06/04/2001

Data da revisão: 15/05/2001

Data da aprovação: 21/06/2001

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  • 1
    Experimento realizado no Laboratório de Cirurgia Cardio-torácica do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, com auxílio financeiro da FAPESP (Processo nº 1996/10508-4).
    2
    Professor Titular do Departamento de Cirurgia da faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.
    3
    Doutorando do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.
    4
    Bolsistas de Iniciação Científica da FAPESP do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.
    5
    Mestrandos do Curso de Pós-Graduação em Cirurgia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.
    6
    Professora Associada do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.
    7
    Professor Associado do DEpartamento de Cardio-Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      11 Set 2003
    • Data do Fascículo
      Dez 2001

    Histórico

    • Aceito
      21 Jun 2001
    • Revisado
      15 Maio 2001
    • Recebido
      06 Abr 2001
    Sociedade Brasileira para o Desenvolvimento da Pesquisa em Cirurgia https://actacirbras.com.br/ - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: actacirbras@gmail.com