Acessibilidade / Reportar erro

Deficiência de selênio e os efeitos da suplementação em prematuros

Resumos

Objetivo:

Revisar os trabalhos que analisaram as concentrações sanguíneas de selênio associadas à idade gestacional, à alimentação, à suplementação e ao quadro clínico de prematuros.

Fontes de dados:

Revisão sistemática da literatura por meio de buscas eletrônicas nas seguintes bases de dados: MEDLINE PubMed, Google acadêmico, SciELO.org, ScienceDirect (Elsevier) e CINAHL-Plus with Full Text (EBSCO). Buscaram-se trabalhos publicados até janeiro de 2013 com as seguintes palavras-chave: "selenium deficiency", "selenium supplementation", "neonates", "infants", "newborn" e "preterm infants".

Síntese dos dados:

Os estudos relataram que os baixos níveis selênio associam-se ao risco aumentado para doenças respiratórias. Os prematuros, principalmente com baixo peso ao nascer, apresentam os menores níveis de selênio. A deficiência do mineral tem sido associada ao uso de fórmula infantil oral, nutrição enteral e parenteral (com e sem adição de selênio). A dosagem e o tempo ideal para a suplementação de selênio ainda não estão bem estabelecidos, visto que se baseiam apenas na faixa etária e na ingestão do mineral por crianças amamentadas no peito. Além disso, não se considera o quadro clínico do recém-nascido, que pode ser acometido de doenças que aumentam o estresse oxidativo e, consequentemente, elevam as necessidades de selênio.

Conclusões:

A prematuridade e o baixo peso ao nascer podem contribuir para reduzir as concentrações sanguíneas de selênio em prematuros. A suplementação parece minimizar ou prevenir as complicações clínicas causadas pela prematuridade.

revisão; selênio; suplementação; recém-nascido; prematuro


Objective:

This study aimed to review the literature about blood concentrations of selenium associated with gestational age, feeding, supplementation and related clinical features in preterm infants.

Data sources:

Systematic review in the following databases: MEDLINE, PubMed, Google academics, SciELO. org, ScienceDirect (Elsevier) and CINAHL-Plus with Full Text (EBSCO). Articles published up to January 2013 with the keywords "selenium deficiency", "selenium supplementation", "neonates", "infants", "newborn" and "preterm infants" were selected.

Data synthesis:

The studies reported that low blood selenium levels are associated with increased risk of respiratory diseases. Preterm infants, especially with low birth weight, presented lower selenium levels. Selenium deficiency has also been associated with the use of oral infant formula, enteral and parenteral nutrition (with or without selenium addition). The optimal dose and length of selenium supplementation is not well-established, since they are based only on age group and selenium ingestion by breastfed children. Furthermore, the clinical status of the infant affected by conditions that may increase oxidative stress, and consequently, selenium requirements is not taken into account.

Conclusions:

Prematurity and low birth weight can contribute to low blood selenium in premature infants. Selenium supplementation seems to minimize or prevent clinical complications caused by prematurity.

review; selenium; supplementation; infant, newborn; infant, premature


RESUMEN

Objetivo:

Revisar los trabajos que analizaron las concentraciones sanguíneas de selenio asociadas con la edad gestacional, alimentación, suplementación y cuadro clínico de prematuros.

Fuentes de datos

: Revisión sistemática de la literatura mediante búsquedas electrónicas en las bases de datos a continuación: Medline Pubmed, Google académico, SciELO. org, SienceDirect (Elsevier) y CINAHL with Full Text (EBSCO). La búsqueda se realizó con trabajos publicados hasta enero de 2013 con las palabras clave a continuación: selenium deficiency, selenium supplementation, neonates, infants, newborn and preterm infants.

Síntesis de los datos:

Los estudios relataron que los bajos índices de selenio están asociados al riesgo aumentado para enfermedades respiratorias. Los prematuros, principalmente con bajo peso al nacer, presentan los menores niveles de selenio. La deficiencia de selenio viene siendo asociada al uso de fórmula infantil oral, nutrición enteral y parenteral (con y sin adición de selenio). La dosis y el tiempo ideal para la suplementación de selenio todavía no están bien establecidos, puesto que se basan solamente en la franja de edad y en la ingestión de selenio de niños amamantados al pecho. Además, no se considera el estado clínico del recién nacido, que puede ser acometido por enfermedades que aumentan el estrés oxidativo y, por consiguiente, elevan las necesidades de selenio.

Conclusiones:

La prematuridad y el bajo peso al nacer pueden contribuir para reducir las concentraciones sanguíneas de selenio en prematuros. La suplementación parece reducir o prevenir las complicaciones clínicas causadas por la prematuridad.

revisión sistemática; deficiencia de selenio; suplementación de selenio; recién nacido; prematuro


Introdução

O selênio (Se) é um oligoelemento considerado essencial para o corpo humano devido à sua participação em importantes funções metabólicas( 11. Porras IC, Muriel AC, Morales BO, Pozo JF, Aranda JG, Pérez L. Evaluación de nutrición parenteral estandarizada en niños. Nutr Hosp 2010;25:449-55. , 22. Uslu N, Saltik-Temizel IN, Demir H, Gürakan F, Özen H, Yüce A. Serum selenium concentrations in cirrhotic children. Turk J Gastroenterol 2010;21:153-5. ),bem como no sistema imunológico, no metabolismo hormonal da tireoide( 11. Porras IC, Muriel AC, Morales BO, Pozo JF, Aranda JG, Pérez L. Evaluación de nutrición parenteral estandarizada en niños. Nutr Hosp 2010;25:449-55. , 22. Uslu N, Saltik-Temizel IN, Demir H, Gürakan F, Özen H, Yüce A. Serum selenium concentrations in cirrhotic children. Turk J Gastroenterol 2010;21:153-5. ), na infertilidade masculina, em neoplasias e em doenças cardiovasculares( 22. Uslu N, Saltik-Temizel IN, Demir H, Gürakan F, Özen H, Yüce A. Serum selenium concentrations in cirrhotic children. Turk J Gastroenterol 2010;21:153-5. ). Também possui propriedades antioxidantes( 11. Porras IC, Muriel AC, Morales BO, Pozo JF, Aranda JG, Pérez L. Evaluación de nutrición parenteral estandarizada en niños. Nutr Hosp 2010;25:449-55. , 33. Cominetti C, de Bortoli MC, Purgatto E, Ong TP, Moreno FS, Garrido Jr AB et al. Associations between glutathione peroxidase-1 Pro198Leu polymorphism, selenium status, and DNA damage levels in obese women after consumption of Brazil nuts. Nutrition 2011;27:891-6. ).

O referido oligoelemento é também um componente ativo da glutationa peroxidase (GPx)( 44. Ashton K, Hooper L, Harvey LJ, Hurst R, Casgrain A, Fairweather-Tait SJ. Methods of assessment of selenium status in humans: a systematic review. Am J Clin Nutr 2009;89:2025S-39S. ). Essa enzima contém quatro átomos de Se e é responsável por cerca de 30% dos níveis plasmáticos do mineral( 11. Porras IC, Muriel AC, Morales BO, Pozo JF, Aranda JG, Pérez L. Evaluación de nutrición parenteral estandarizada en niños. Nutr Hosp 2010;25:449-55. , 55. Harrison I, Littlejohn D, Fell GS. Distribution of selenium in human blood plasma and serum. Analyst 1996;121:189-94. ). A GPx tem uma função antioxidante( 33. Cominetti C, de Bortoli MC, Purgatto E, Ong TP, Moreno FS, Garrido Jr AB et al. Associations between glutathione peroxidase-1 Pro198Leu polymorphism, selenium status, and DNA damage levels in obese women after consumption of Brazil nuts. Nutrition 2011;27:891-6. ), protegendo as células do corpo e reduzindo as substâncias tóxicas causadas pelo estresse oxidativo( 66. Nogueira RJ, Lima AE, Prado CC, Ribeiro AF. Nutrição em pediatria oral, enteral e parenteral. São Paulo: Sarvier; 2011. ).

No ano de 1979, descobriu-se que a suplementação de Se pode prevenir o aparecimento de doença de Keshan, cardiomiopatia que afeta crianças que vivem em regiões de solos com deficiência do mineral( 77. Keshan Disease Research Group. Observations on effect of sodium selenite in prevention of Keshan disease. Chin Med J (Engl) 1979;92:471-6. ). Na população pediátrica, a deficiência de Se é mais comumente encontrada em prematuros, associada à idade gestacional, à alimentação após o nascimento e ao quadro clínico( 88. Makhoul IR, Sammour RN, Diamond E, Shohat I, Tamir A, Shamir R. Selenium concentrations in maternal and umbilical cord blood at 24-42 weeks of gestation: basis for optimization of selenium supplementation to premature infants. Clin Nutr 2004;23:373-81.

9. Mentro AM, Smith AM, Moyer-Mileur L. Plasma and erythrocyte selenium and glutathione peroxidase activity in preterm infants at risk for bronchopulmonary dysplasia. Biol Trace Elem Res 2005;106:97-106.
- 1010. Nassi N, Ponziani V, Becatti M, Galvan P, Donzelli G. Anti-oxidant enzymes and related elements in term and preterm newborns. Pediatr Int 2009;51:183-7. ).

De acordo com o National Health and Medical Research Council(NH&MRC, 2006)( 1111. National Health and Medical Research Council. Nutrient Reference Values for Australia and New Zealand. Canberra: Commonwealth of Australia; 2006. ), a dose oral diária recomendada de Se é de 12-15µg. Para nutrição enteral, a dose recomendada é de 1,3-3,0µg/kg/dia. Para nutrição parenteral, a Sociedade Europeia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (ESPGHAN, 2005)( 1212. Koletzko B, Goulet O, Hunt J, Krohn K, Shamir R. Guidelines on Paediatric Parenteral Nutrition of the European Society of Paediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition (ESPGHAN) and the European Society for Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN), Supported by the European Society of Paediatric Research (ESPR). J Pediatr Gastroenterol Nutr 2005;41 (Suppl 2):S1-87. ) recomendou a administração de 2-3µg/kg/dia. Atualmente, a Sociedade Americana de Nutrição Parenteral e Enteral (ASPEN, 2012)( 1313. Vanek VW, Borum P, Buchman A, Fessler TA, Howard L, Jeejeebhoy K et al. A.S.P.E.N. position paper: recommendations for changes in commercially available parenteral multivitamin and multi-trace element products. Nutr Clin Pract 2012;27:440-91. ) sugere um aumento na ingestão recomendada de Se de 20-60 para 60-100µg/dia para adultos. Com relação aos pacientes pediátricos, incluindo recém-nascidos, a dose recomendada permaneceu 2µg/kg/dia( 1313. Vanek VW, Borum P, Buchman A, Fessler TA, Howard L, Jeejeebhoy K et al. A.S.P.E.N. position paper: recommendations for changes in commercially available parenteral multivitamin and multi-trace element products. Nutr Clin Pract 2012;27:440-91.

14. Canada T, Crill C, Guenter P. A.S.P.E.N. Parenteral nutrition handbook. Silver Spring: American Society Parenteral for Parenteral and Enteral Nutrition; 2009.

15. Forchielli ML. Pediatric nutrition in your pocket. Silver Spring: American Society for Parenteral and Enteral Nutrition; 2002.
- 1616. Rayman JM. The importance of selenium to human health. Lancet 2000;356:233-41. ).

A adição de Se para fórmulas infantis orais, enterais e parenterais não é uma prática rotineira em todos os países e serviços de saúde. No Brasil, o Se não é rotineiramente adicionado à nutrição parenteral, apesar da existência de estudos relatando que a suplementação pode prevenir ou corrigir a deficiência desse mineral( 1717. Dylewski ML, Bender JC, Smith AM, Prelack K, Lydon M, Weber J et al. The selenium status of pediatric patients with burn injuries. J Trauma 2010;69:584-88.

18. Daniels L, Gibson R, Simmer K. Randomised clinical trial of parenteral selenium supplementation in preterm infants. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 1996;74:F158-64.
- 1919. Kien CL, Ganther HE. Manifestations of chronic selenium deficiency in a child receiving total parenteral nutrition. Am J Clin Nutr 1983;37:319-28. ).

Este estudo teve como objetivo revisar a literatura sobre as concentrações plasmáticas de Se em recém-nascidos prematuros associadas à idade gestacional, à alimentação, à suplementação e aos aspectos clínicos relacionados.

Método

Uma revisão sistemática foi conduzida por meio de busca eletrônica nas bases de dados MEDLINE, PubMed, Google acadêmico e nas bases de dados da Plataforma Capes, SciELO. org, ScienceDirect (Elsevier) e CINAHL-Plus with Full Text (EBSCO). Buscaram-se trabalhos publicados até janeiro de 2013, com as seguintes palavras-chave: "selenium deficiency", "selenium supplementation", "neonates", "infants", "newborn" e "preterm infants". Não foram aplicadas limitações em relação à data de publicação e linguagem. Os critérios de exclusão foram: artigos de revisão, pesquisas com animais, estudos com crianças mortas e estudos com faixa etária diversa. Para a coleta de dados, utilizaram-se operadores booleanos que ampliaram ou restringiram o número de artigos identificados pelo sistema de busca. Foram encontrados 189 artigos. Destes, 18 foram selecionados e 171 excluídos (63 estudos repetidos, 50 com animais, 14 artigos de revisão, 27 com faixa etária inadequada, 11 não abordavam o tema e seis relataram crianças mortas).

Assim, com base em títulos e resumos, 18 estudos foram selecionados para esta revisão sistemática. Após a seleção dos trabalhos, o nível de evidência e os graus de recomendação foram classificados de acordo com a Associação Médica Brasileira( 2020. Associação Médica Brasileira, Conselho Federal de Medicina [homepage on the Internet]. Projeto Diretrizes - Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina [cited 2013 Jul 10]. Available from: http:// www.portalmedico.org.br/diretrizes/100_diretrizes/Texto_Introdutorio.pdf
Available from: http:// www.portalmedico...
).

Resultados

Selecionaram-se 18 artigos que analisaram as concentrações de Se em prematuros. A Tabela 1 mostra o delineamento do estudo, as características da população e as formas de alimentação. A Tabela 2 traz a relação entre os níveis de Se e a idade do recém-nascido.

Tabela 1
Tipo de estudo, local, população e tipo de alimentação nos estudos selecionados
Tabela 2
Principais resultados encontrados na literatura sobre a relação entre alterações nos níveis de selênio e idade gestacional e cronológica

Quanto ao peso ao nascimento, Makhoul et al (8) observaram que, quanto menor o peso, menor a concentração de Se (r=0,237; p=0,002). Lockitch et al ( 2121. Lockitch G, Jacobson B, Quigley G, Dison P, Pendray M. Selenium deficiency in low birth weight neonates: an unrecognized problem. J Pediatr 1989;114:865-70. ) encontraram uma correlação significativa entre nutrição parenteral (NP) e níveis plasmáticos de Se (r=0,47; p<0,001). Níveis plasmáticos de GPx foram mais correlacionados com o peso ao nascer (r=0,64; p<0,001). Além disso, descreve-se a relação entre alterações na concentração de Se e quadro clínico (Tabela 3).

Tabela 3
Principais resultados encontrados em publicações sobre alterações na concentração de selênio e quadro clínico

A Tabela 4 mostra estudos que verificaram a quantidade de Se fornecido pelas formas de alimentação usadas com as concentrações de Se observadas, em crianças.

Tabela 4
Principais resultados encontrados em publicações sobre concentrações de selênio e alimentação fornecida

Discussão

Sabe-se que a população pediátrica, especialmente os lactentes prematuros( 88. Makhoul IR, Sammour RN, Diamond E, Shohat I, Tamir A, Shamir R. Selenium concentrations in maternal and umbilical cord blood at 24-42 weeks of gestation: basis for optimization of selenium supplementation to premature infants. Clin Nutr 2004;23:373-81.

9. Mentro AM, Smith AM, Moyer-Mileur L. Plasma and erythrocyte selenium and glutathione peroxidase activity in preterm infants at risk for bronchopulmonary dysplasia. Biol Trace Elem Res 2005;106:97-106.
- 1010. Nassi N, Ponziani V, Becatti M, Galvan P, Donzelli G. Anti-oxidant enzymes and related elements in term and preterm newborns. Pediatr Int 2009;51:183-7. ), é vulnerável a baixas concentrações de Se devido a alterações nutricionais( 2222. Trindade CE. Importância dos minerais na alimentação do pré-termo extremo. J Pediatr (Rio J) 2005;81 (Suppl 1):s43-51. ), possíveis complicações clínicas(10,23) e baixo armazenamento hepático do mineral( 88. Makhoul IR, Sammour RN, Diamond E, Shohat I, Tamir A, Shamir R. Selenium concentrations in maternal and umbilical cord blood at 24-42 weeks of gestation: basis for optimization of selenium supplementation to premature infants. Clin Nutr 2004;23:373-81. , 99. Mentro AM, Smith AM, Moyer-Mileur L. Plasma and erythrocyte selenium and glutathione peroxidase activity in preterm infants at risk for bronchopulmonary dysplasia. Biol Trace Elem Res 2005;106:97-106. , 2424. Darlow BA, Winterbourn CC, Inder TE, Graham PJ, Harding JE, Weston PJ et al. The effect of selenium supplementation on outcome in very low birth weight infants: a randomized controlled trial. J Pediatr 2000;136:473-80.

25. Friel JK, Andrews WL, Long DR, L'Abbe MR. Selenium status of very low birth weight infants. Pediatr Res 1993;34:293-6.
- 2626. Hambidge KM. Trace element requirements in the premature infants. In: Lebenthal E, editor. Textbook of gastroenterology and nutrition in infancy. 2nd ed. New York: Raven Press; 1992. p. 393-401. ). Isso ocorre pelo vilo corial que atua no transporte desse mineral e também devido à absorção intestinal inadequada(8,9,25,26).

Durante a gravidez, os níveis de Se no sangue materno são reduzidos, o que reflete uma maior quantidade do mineral transportado para o feto no terceiro trimestre da gravidez. Mask et al ( 2727. Mask GR, Lane HW. Selected measures of selenium status in full-term and preterm neonates, their mothers and nonpregnant women. Nutr Res 1993;13:901-11. ), Amin et al ( 2828. Amin S, Chen SY, Collipp PJ, Castro-Magana M, Maddaiah VT, Klein SW. Selenium in premature infants. Nutr Metab 1980;24:331-40. ) e Smith et al ( 2929. Smith AM, Chan GM, Moyer-Mileur LJ, Johnson CE, Gardner BR. Selenium status of preterm infants fed human milk, preterm formula, or selenium-supplemented preterm formula. J Pediatr 1991;119:429-33. ) sugeriram que baixos valores de Se encontrados em prematuros devem se associar ao acúmulo do mineral durante a gestação. Esse fato foi observado nos estudos de Makhoul et al ( 88. Makhoul IR, Sammour RN, Diamond E, Shohat I, Tamir A, Shamir R. Selenium concentrations in maternal and umbilical cord blood at 24-42 weeks of gestation: basis for optimization of selenium supplementation to premature infants. Clin Nutr 2004;23:373-81. ) e de Galinier et al ( 3030. Galinier A, Périquet B, Lambert W, Garcia J, Assouline C, Rolland M et al. Reference range for micronutrients and nutritional marker proteins in cord blood of neonates appropriated for gestational ages. Early Hum Dev 2005;81:583-93. ), que analisaram a concentração de Se no cordão umbilical e observaram associação significativa com a idade gestacional do recém-nascido. A concentração de Se aumentou depois de 36 semanas no primeiro estudo e a partir da 26ª à 38ª semana no último estudo.

Mentro et al ( 99. Mentro AM, Smith AM, Moyer-Mileur L. Plasma and erythrocyte selenium and glutathione peroxidase activity in preterm infants at risk for bronchopulmonary dysplasia. Biol Trace Elem Res 2005;106:97-106. ) sugeriram que os pequenos estoques de Se nos recém-nascidos prematuros são usados preferencialmente para a produção da GPx, ocorrendo aumento da atividade desta e diminuição das concentrações de Se. Isso poderia explicar a baixa correlação entre as concentrações de Se e de GPx( 99. Mentro AM, Smith AM, Moyer-Mileur L. Plasma and erythrocyte selenium and glutathione peroxidase activity in preterm infants at risk for bronchopulmonary dysplasia. Biol Trace Elem Res 2005;106:97-106. , 1818. Daniels L, Gibson R, Simmer K. Randomised clinical trial of parenteral selenium supplementation in preterm infants. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 1996;74:F158-64. , 2121. Lockitch G, Jacobson B, Quigley G, Dison P, Pendray M. Selenium deficiency in low birth weight neonates: an unrecognized problem. J Pediatr 1989;114:865-70. , 2424. Darlow BA, Winterbourn CC, Inder TE, Graham PJ, Harding JE, Weston PJ et al. The effect of selenium supplementation on outcome in very low birth weight infants: a randomized controlled trial. J Pediatr 2000;136:473-80. , 3131. Daniels L, Gibson RA, Simmer K, Van Dael P, Makrides M. Selenium status of term infants fed selenium-supplemented formula in a randomized dose-response trial. Am J Clin Nutr 2008;88:70-6. ). Outra possibilidade é que as defesas antioxidantes naturais, como a enzima GPx, se desenvolvam ao longo da gestação. Assim, em animais prematuros, os níveis da GPx são provavelmente pouco desenvolvidos( 3232. Darlow BA, Inder TE, Graham PJ, Sluis KB, Malpas TJ, Taylor BJ et al. The relationship of selenium status to respiratory outcome in the very low birth weight infant. Pediatrics 1995;96:314-9. ).

De acordo com Daniels et al (18) e Mentro et al ( 99. Mentro AM, Smith AM, Moyer-Mileur L. Plasma and erythrocyte selenium and glutathione peroxidase activity in preterm infants at risk for bronchopulmonary dysplasia. Biol Trace Elem Res 2005;106:97-106. ), as concentrações da GPx podem ser confundidas com oxigênio suplementar e esteroides que são de uso comum em prematuros. Assim, de acordo com os autores, a atividade da GPx pode ser um mau indicador funcional do status de Se em recém-nascidos( 1010. Nassi N, Ponziani V, Becatti M, Galvan P, Donzelli G. Anti-oxidant enzymes and related elements in term and preterm newborns. Pediatr Int 2009;51:183-7. , 3131. Daniels L, Gibson RA, Simmer K, Van Dael P, Makrides M. Selenium status of term infants fed selenium-supplemented formula in a randomized dose-response trial. Am J Clin Nutr 2008;88:70-6.

32. Darlow BA, Inder TE, Graham PJ, Sluis KB, Malpas TJ, Taylor BJ et al. The relationship of selenium status to respiratory outcome in the very low birth weight infant. Pediatrics 1995;96:314-9.
- 3333. Food and Nutrition Board, Institute of Medicine. Dietary reference intakes for vitamin C, vitamin E, selenium and carotenoids. Washington, DC: National Academy Press; 2002. ), especialmente em prematuros( 88. Makhoul IR, Sammour RN, Diamond E, Shohat I, Tamir A, Shamir R. Selenium concentrations in maternal and umbilical cord blood at 24-42 weeks of gestation: basis for optimization of selenium supplementation to premature infants. Clin Nutr 2004;23:373-81. , 99. Mentro AM, Smith AM, Moyer-Mileur L. Plasma and erythrocyte selenium and glutathione peroxidase activity in preterm infants at risk for bronchopulmonary dysplasia. Biol Trace Elem Res 2005;106:97-106. , 2424. Darlow BA, Winterbourn CC, Inder TE, Graham PJ, Harding JE, Weston PJ et al. The effect of selenium supplementation on outcome in very low birth weight infants: a randomized controlled trial. J Pediatr 2000;136:473-80. , 3232. Darlow BA, Inder TE, Graham PJ, Sluis KB, Malpas TJ, Taylor BJ et al. The relationship of selenium status to respiratory outcome in the very low birth weight infant. Pediatrics 1995;96:314-9. ). Todavia, a GPx parece ser um bom marcador para adultos( 88. Makhoul IR, Sammour RN, Diamond E, Shohat I, Tamir A, Shamir R. Selenium concentrations in maternal and umbilical cord blood at 24-42 weeks of gestation: basis for optimization of selenium supplementation to premature infants. Clin Nutr 2004;23:373-81. , 1818. Daniels L, Gibson R, Simmer K. Randomised clinical trial of parenteral selenium supplementation in preterm infants. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 1996;74:F158-64. , 3232. Darlow BA, Inder TE, Graham PJ, Sluis KB, Malpas TJ, Taylor BJ et al. The relationship of selenium status to respiratory outcome in the very low birth weight infant. Pediatrics 1995;96:314-9. ).

A prematuridade também afeta o peso ao nascer( 3434. Monteiro CA, Benicio MH, Ortiz LP. Tendência secular do peso ao nascer na cidade de São Paulo (1984-1996). Rev Saude Publica 2000;34 (Suppl 6):26-40. ), o qual é o indicador antropométrico com a maior influência sobre a saúde e a sobrevivência do recém-nascido( 3333. Food and Nutrition Board, Institute of Medicine. Dietary reference intakes for vitamin C, vitamin E, selenium and carotenoids. Washington, DC: National Academy Press; 2002. , 3535. Kilsztajn S, Rossbach A, Nunes do Carmo MS, Sugahara GT. Assistência pré-natal, baixo peso e prematuridade no Estado de São Paulo, 2000. Rev Saude Publica 2003;37:303-10.

36. Nascimento LF, Gotlieb SL. Fatores de risco para o baixo peso ao nascer, com base em informações da declaração de nascido vivo em Guaratinguetá, SP, 1998. Inf Epidemiol SUS 2001;10:113-20.
- 3737. Cormick MC. The contribution of low birth weight to infant mortality and childhood morbidity. N Engl J Med 1985;312:82-90. ). Makhoul et al ( 88. Makhoul IR, Sammour RN, Diamond E, Shohat I, Tamir A, Shamir R. Selenium concentrations in maternal and umbilical cord blood at 24-42 weeks of gestation: basis for optimization of selenium supplementation to premature infants. Clin Nutr 2004;23:373-81. ) e Lockitch et al ( 2121. Lockitch G, Jacobson B, Quigley G, Dison P, Pendray M. Selenium deficiency in low birth weight neonates: an unrecognized problem. J Pediatr 1989;114:865-70. ) observaram que, quanto mais baixo o peso, menor a concentração de Se nos recém-nascidos. Bogye et al ( 3838. Bogye G, Alfthan G, Machay T. Randomized clinical trial of enteral yeast-selenium supplementation in preterm infants. Biofactors 1998;8:139-42. ) afirmaram que prematuros com peso muito baixo ao nascer são obviamente suscetíveis à deficiência de Se.

A deficiência de Se também têm se associado a um maior número de doenças e de complicações clínicas. Klinger et al (39) encontraram deficiência de Se na maioria dos recém-nascidos prematuros; porém, não houve correlação significativa entre os níveis de Se e hormônios da tireoide.

Merz et al ( 4040. Merz U, Peschgens T, Dott W, Hörnchen H. Selenium status and bronchopulmonary dysplasia in premature infants < 1,500 g. Z Geburtshilfe Neonatol 1998;202:203-6. ) não encontraram nenhuma relação entre a incidência de displasia broncopulmonar e níveis de Se. Darlow et al (24) sugerem que baixas concentrações de Se podem se associar a um aumento no risco de lesão pulmonar.

Darlow et al ( 3232. Darlow BA, Inder TE, Graham PJ, Sluis KB, Malpas TJ, Taylor BJ et al. The relationship of selenium status to respiratory outcome in the very low birth weight infant. Pediatrics 1995;96:314-9. ) foram os primeiros a demonstrar associação entre baixos níveis plasmáticos de Se e maior risco de doença pulmonar em humanos, evidenciada pela necessidade e dependência de oxigênio no 28º dia de vida dos pacientes acometidos. Mentro et al ( 99. Mentro AM, Smith AM, Moyer-Mileur L. Plasma and erythrocyte selenium and glutathione peroxidase activity in preterm infants at risk for bronchopulmonary dysplasia. Biol Trace Elem Res 2005;106:97-106. ) mostraram que, apesar da redução nos níveis plasmáticos de Se, a ingestão aumentada do mineral associou-se a uma redução da dependência de oxigênio.

Na verdade, a suplementação de Se atuaria contra o estresse oxidativo causado por exposição precoce a ambientes ricos em oxigênio, além do oxigênio suplementar fornecido em alguns casos.

Daniels et al ( 1818. Daniels L, Gibson R, Simmer K. Randomised clinical trial of parenteral selenium supplementation in preterm infants. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 1996;74:F158-64. ) não encontraram diferença significativa na incidência de retinopatia da prematuridade e hemorragia intraventricular, mas observaram maior incidência de sepse entre os prematuros sem suplementação de Se.

Assim, a alimentação de recém-nascidos com uma quantidade adequada de Se é importante para restaurar e manter os estoques do mineral do fígado( 99. Mentro AM, Smith AM, Moyer-Mileur L. Plasma and erythrocyte selenium and glutathione peroxidase activity in preterm infants at risk for bronchopulmonary dysplasia. Biol Trace Elem Res 2005;106:97-106. ) - impedindo uma série de doenças e de complicações, assim como para prover o crescimento e o desenvolvimento apropriados para os recém-nascidos.

Daniels et al ( 3131. Daniels L, Gibson RA, Simmer K, Van Dael P, Makrides M. Selenium status of term infants fed selenium-supplemented formula in a randomized dose-response trial. Am J Clin Nutr 2008;88:70-6. ) sugerem que a suplementação deve ser, pelo menos, equivalente à quantidade de Se no leite materno de mulheres de uma mesma região geográfica; afinal, existem regiões onde os solos são pobres em Se, como Nova Zelândia( 3232. Darlow BA, Inder TE, Graham PJ, Sluis KB, Malpas TJ, Taylor BJ et al. The relationship of selenium status to respiratory outcome in the very low birth weight infant. Pediatrics 1995;96:314-9. ), Suíça( 4141. Eichholzer M. Micronutrient deficiencies in Switzerland: causes and consequences. J Food Eng 2003;56:171-9. ), China( 4242. Xia Y, Hill KE, Burk RF. Biochemical studies of a selenium-deficient population in China: measurement of selenium, glutathione peroxidase and other oxidant defense indices in blood. J Nutr 1989;119:1318-26. ) e alguns estados brasileiros( 4343. Moraes MF, Welch RM, Nutti MR, Carvalho JL, Watanabe E. Evidences of selenium deficiency in Brazil: from soil to human nutrition. Proceedings of the First International Conference on Selenium in the Environment and Human Health; 2009; Suzhou, China. p. 73-4. ).

Makhoul et al ( 88. Makhoul IR, Sammour RN, Diamond E, Shohat I, Tamir A, Shamir R. Selenium concentrations in maternal and umbilical cord blood at 24-42 weeks of gestation: basis for optimization of selenium supplementation to premature infants. Clin Nutr 2004;23:373-81. ) observaram que os lactentes alimentados com leite materno, independentemente de serem prematuros ou não, não necessitam de suplementação de Se. No entanto, quando a alimentação dessas crianças é baseada em fórmula infantil, nutrição enteral ou parenteral, a suplementação é necessária, mesmo em recém-nascidos a termo.

A maioria das publicações estudadas nesta revisão mostrou associação entre a alimentação fornecida às crianças - as fórmulas infantis administradas via oral, enteral ou parenteral, contendo pouca ou nenhuma adição de Se - e as baixas concentrações do mineral( 99. Mentro AM, Smith AM, Moyer-Mileur L. Plasma and erythrocyte selenium and glutathione peroxidase activity in preterm infants at risk for bronchopulmonary dysplasia. Biol Trace Elem Res 2005;106:97-106. , 1818. Daniels L, Gibson R, Simmer K. Randomised clinical trial of parenteral selenium supplementation in preterm infants. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 1996;74:F158-64. , 2323. Muntau AC, Streiter M, Kappler M, Röschinger W, Schmid I, Rehnert A et al. Age-related reference values for serum selenium concentrations in infants and children. Clin Chem 2002;48:555-60. , 2828. Amin S, Chen SY, Collipp PJ, Castro-Magana M, Maddaiah VT, Klein SW. Selenium in premature infants. Nutr Metab 1980;24:331-40. , 3131. Daniels L, Gibson RA, Simmer K, Van Dael P, Makrides M. Selenium status of term infants fed selenium-supplemented formula in a randomized dose-response trial. Am J Clin Nutr 2008;88:70-6. , 3232. Darlow BA, Inder TE, Graham PJ, Sluis KB, Malpas TJ, Taylor BJ et al. The relationship of selenium status to respiratory outcome in the very low birth weight infant. Pediatrics 1995;96:314-9. , 4444. Andrews PJ, Avenell A, Noble DW, Campbell MK, Battison CG, Croal BL et al. Randomised trial of glutamine and selenium supplemented parenteral nutrition for critically ill patients. Protocol Version 9, 19 February 2007 known as SIGNET (Scottish Intensive care Glutamine or seleNium Evaluation Trial). Trials 2007;8:25. ).

As recomendações atuais para suplementação de Se baseiam-se na ingestão do mineral por lactentes alimentados com leite materno, o que parece satisfazer as necessidades dos recém-nascidos( 1515. Forchielli ML. Pediatric nutrition in your pocket. Silver Spring: American Society for Parenteral and Enteral Nutrition; 2002. , 3131. Daniels L, Gibson RA, Simmer K, Van Dael P, Makrides M. Selenium status of term infants fed selenium-supplemented formula in a randomized dose-response trial. Am J Clin Nutr 2008;88:70-6. , 3333. Food and Nutrition Board, Institute of Medicine. Dietary reference intakes for vitamin C, vitamin E, selenium and carotenoids. Washington, DC: National Academy Press; 2002. ).

Atualmente, a ASPEN (2012)(13) recomenda 2Î1/4g/kg/dia de Se na nutrição parenteral para a população pediátrica. Não há diferenciação entre recém-nascidos prematuros e a termo, entre recém-nascidos saudáveis e doentes e entre os recém-nascidos com peso ao nascer normal ou baixo para a idade gestacional.

Pesquisas afirmam que as concentrações de Se são mais baixas em lactentes prematuros, especialmente naqueles com baixo peso ao nascer (Ë‚1500g) e peso muito baixo ao nascer (Ë‚1000g), quando comparados com crianças nascidas a termo( 2222. Trindade CE. Importância dos minerais na alimentação do pré-termo extremo. J Pediatr (Rio J) 2005;81 (Suppl 1):s43-51. , 3737. Cormick MC. The contribution of low birth weight to infant mortality and childhood morbidity. N Engl J Med 1985;312:82-90. , 3838. Bogye G, Alfthan G, Machay T. Randomized clinical trial of enteral yeast-selenium supplementation in preterm infants. Biofactors 1998;8:139-42. , 4545. Sievers E, Arpe T, Schleyerbach U, Garbe-Schönberg D, Schaub J. Plasma selenium in preterm and term infants during the first 12 months of life. J Trace Elements Med Biol 2001;14:218-22. , 4646. Klein CJ. Nutrient requirements for preterm infant formulas. Minerals: calcium and phosphorus. J Nutr 2002;132:1395S-577S. ). Daniels et al ( 1818. Daniels L, Gibson R, Simmer K. Randomised clinical trial of parenteral selenium supplementation in preterm infants. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 1996;74:F158-64. ), ao estudarem prematuros recebendo NP, encontraram níveis de Se semelhantes aos observados em crianças com a doença de Keshan. Huston et al (47) concluíram que a adição de 1,34Î1/4g/kg/ dia de Se em NP não é adequada para recém-nascidos com baixo peso ao nascer (BPN). Esses autores também sugerem que a suplementação com 3Î1/4g/kg/dia de ácido selenioso é incapaz de impedir diminuições significativas na concentração plasmática de Se, quando comparados com bebês nascidos a termo alimentados com leite materno( 1818. Daniels L, Gibson R, Simmer K. Randomised clinical trial of parenteral selenium supplementation in preterm infants. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 1996;74:F158-64. ). Esse fato é preocupante, uma vez que, de acordo com a literatura, a suplementação pode reverter várias complicações clínicas, embora não seja eficiente para reverter a doença de Keshan.

Klinger et al (39) relataram que a suplementação de 2Î1/4g/kg/dia de Se não foi capaz de prevenir ou reverter a deficiência do mineral. Assim, os autores recomendam revisar as diretrizes para lactentes prematuros. Makhoul et al (8) sugeriram que a medida dos níveis de Se recomendada em nutrição parenteral deve dobrar de valor (até 7µg/kg/dia).

Em uma pesquisa conduzida por Darlow( 2424. Darlow BA, Winterbourn CC, Inder TE, Graham PJ, Harding JE, Weston PJ et al. The effect of selenium supplementation on outcome in very low birth weight infants: a randomized controlled trial. J Pediatr 2000;136:473-80. ), a suplementação impediu a queda e atingiu níveis semelhantes aos encontrados em lactentes alimentados com leite humano. Assim, os autores sugerem que as crianças com MBP devem receber suplemento suficiente para atingir os níveis observados em recém-nascidos a termo alimentados com leite humano, apesar dos benefícios mínimos no quadro clínico encontrados na pesquisa.

Em estudo conduzido por Winterbourn et al ( 4848. Winterbourn CC, Chan T, Buss IH, Inder TE, Mogridge N, Darlow BA. Protein carbonyls and lipid peroxidation products as oxidation markers in preterm infant plasma: associations with chronic lung disease and retinopathy and effects of selenium supplementation. Pediatr Res 2000;48:84-90. ), a suplementação (7 e 5µg/kg/dia de selenito de sódio na nutrição parenteral e oral, respectivamente) não teve efeito sobre o estresse oxidativo, embora os níveis de Se tenham quase duplicado e a GPx tenha demonstrado diferença significativa entre os grupos com e sem suplementação. Esse fato pode ser explicado pela dose inadequada de Se, pela suplementação tardia e também pelas poucas evidências de estresse oxidativo entre os prematuros.

Apesar da discussão sobre a dose ideal e a duração da suplementação de Se, vários estudos têm demonstrado que a adição do mineral pode prevenir doenças e suas complicações( 66. Nogueira RJ, Lima AE, Prado CC, Ribeiro AF. Nutrição em pediatria oral, enteral e parenteral. São Paulo: Sarvier; 2011. , 1717. Dylewski ML, Bender JC, Smith AM, Prelack K, Lydon M, Weber J et al. The selenium status of pediatric patients with burn injuries. J Trauma 2010;69:584-88. , 4949. Forceville LX. Selenium and the "free" electron. Selenium - a trace to be followed in septic or inflammatory ICU patients? Intensive Care Med 2001;27:16-8.

50. Heyland DK, Dhaliwal R, Suchner U, Berger MM. Antioxidant nutrients: a systematic review of trace elements and vitamins in the critically ill patient. Intensive Care Med 2005;31:327-37.
- 5151. Bogye G, Alfthan G, Machay T, Zubovics L. Enteral yeast-selenium supplementation in preterm infants. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 1998;78:F225-6. ), incluindo a redução da permanência hospitalar e de seus custos financeiros.

Conclusão

A avaliação do estado nutricional de Se no organismo para analisar indicadores bioquímicos e manifestações clínicas deve ser realizada, com ênfase nos prematuros que não foram amamentados. As concentrações de Se no sangue são reduzidas em recém-nascidos, especialmente naqueles com menor idade gestacional e menor peso ao nascer. Além disso, os recém-nascidos que não foram amamentados e não tinham uma dieta suplementada mostraram os mais baixos níveis de Se, incluindo aqueles sem qualquer doença subjacente. Portanto, a suplementação é importante em prematuros não amamentados, a fim de minimizar os riscos de doenças e complicações associadas à deficiência de Se, contribuindo para um crescimento e desenvolvimento saudável da criança.

A dose ideal e a duração da suplementação de Se ainda não estão bem estabelecidas, uma vez que se baseiam apenas na faixa etária e na ingestão do mineral em crianças amamentadas. Além disso, o quadro clínico dos lactentes acometidos por condições que podem aumentar o estresse oxidativo e, consequentemente, aumentar as necessidades de Se não foi levado em consideração.

Assim, os estudos sobre este tema são necessários para que se possa prevenir ou reverter a deficiência do mineral e as complicações resultantes em seres humanos, especialmente entre os recém-nascidos.

References

  • 1
    Porras IC, Muriel AC, Morales BO, Pozo JF, Aranda JG, Pérez L. Evaluación de nutrición parenteral estandarizada en niños. Nutr Hosp 2010;25:449-55.
  • 2
    Uslu N, Saltik-Temizel IN, Demir H, Gürakan F, Özen H, Yüce A. Serum selenium concentrations in cirrhotic children. Turk J Gastroenterol 2010;21:153-5.
  • 3
    Cominetti C, de Bortoli MC, Purgatto E, Ong TP, Moreno FS, Garrido Jr AB et al. Associations between glutathione peroxidase-1 Pro198Leu polymorphism, selenium status, and DNA damage levels in obese women after consumption of Brazil nuts. Nutrition 2011;27:891-6.
  • 4
    Ashton K, Hooper L, Harvey LJ, Hurst R, Casgrain A, Fairweather-Tait SJ. Methods of assessment of selenium status in humans: a systematic review. Am J Clin Nutr 2009;89:2025S-39S.
  • 5
    Harrison I, Littlejohn D, Fell GS. Distribution of selenium in human blood plasma and serum. Analyst 1996;121:189-94.
  • 6
    Nogueira RJ, Lima AE, Prado CC, Ribeiro AF. Nutrição em pediatria oral, enteral e parenteral. São Paulo: Sarvier; 2011.
  • 7
    Keshan Disease Research Group. Observations on effect of sodium selenite in prevention of Keshan disease. Chin Med J (Engl) 1979;92:471-6.
  • 8
    Makhoul IR, Sammour RN, Diamond E, Shohat I, Tamir A, Shamir R. Selenium concentrations in maternal and umbilical cord blood at 24-42 weeks of gestation: basis for optimization of selenium supplementation to premature infants. Clin Nutr 2004;23:373-81.
  • 9
    Mentro AM, Smith AM, Moyer-Mileur L. Plasma and erythrocyte selenium and glutathione peroxidase activity in preterm infants at risk for bronchopulmonary dysplasia. Biol Trace Elem Res 2005;106:97-106.
  • 10
    Nassi N, Ponziani V, Becatti M, Galvan P, Donzelli G. Anti-oxidant enzymes and related elements in term and preterm newborns. Pediatr Int 2009;51:183-7.
  • 11
    National Health and Medical Research Council. Nutrient Reference Values for Australia and New Zealand. Canberra: Commonwealth of Australia; 2006.
  • 12
    Koletzko B, Goulet O, Hunt J, Krohn K, Shamir R. Guidelines on Paediatric Parenteral Nutrition of the European Society of Paediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition (ESPGHAN) and the European Society for Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN), Supported by the European Society of Paediatric Research (ESPR). J Pediatr Gastroenterol Nutr 2005;41 (Suppl 2):S1-87.
  • 13
    Vanek VW, Borum P, Buchman A, Fessler TA, Howard L, Jeejeebhoy K et al. A.S.P.E.N. position paper: recommendations for changes in commercially available parenteral multivitamin and multi-trace element products. Nutr Clin Pract 2012;27:440-91.
  • 14
    Canada T, Crill C, Guenter P. A.S.P.E.N. Parenteral nutrition handbook. Silver Spring: American Society Parenteral for Parenteral and Enteral Nutrition; 2009.
  • 15
    Forchielli ML. Pediatric nutrition in your pocket. Silver Spring: American Society for Parenteral and Enteral Nutrition; 2002.
  • 16
    Rayman JM. The importance of selenium to human health. Lancet 2000;356:233-41.
  • 17
    Dylewski ML, Bender JC, Smith AM, Prelack K, Lydon M, Weber J et al. The selenium status of pediatric patients with burn injuries. J Trauma 2010;69:584-88.
  • 18
    Daniels L, Gibson R, Simmer K. Randomised clinical trial of parenteral selenium supplementation in preterm infants. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 1996;74:F158-64.
  • 19
    Kien CL, Ganther HE. Manifestations of chronic selenium deficiency in a child receiving total parenteral nutrition. Am J Clin Nutr 1983;37:319-28.
  • 20
    Associação Médica Brasileira, Conselho Federal de Medicina [homepage on the Internet]. Projeto Diretrizes - Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina [cited 2013 Jul 10]. Available from: http:// www.portalmedico.org.br/diretrizes/100_diretrizes/Texto_Introdutorio.pdf
    » Available from: http:// www.portalmedico.org.br/diretrizes/100_diretrizes/Texto_Introdutorio.pdf
  • 21
    Lockitch G, Jacobson B, Quigley G, Dison P, Pendray M. Selenium deficiency in low birth weight neonates: an unrecognized problem. J Pediatr 1989;114:865-70.
  • 22
    Trindade CE. Importância dos minerais na alimentação do pré-termo extremo. J Pediatr (Rio J) 2005;81 (Suppl 1):s43-51.
  • 23
    Muntau AC, Streiter M, Kappler M, Röschinger W, Schmid I, Rehnert A et al. Age-related reference values for serum selenium concentrations in infants and children. Clin Chem 2002;48:555-60.
  • 24
    Darlow BA, Winterbourn CC, Inder TE, Graham PJ, Harding JE, Weston PJ et al. The effect of selenium supplementation on outcome in very low birth weight infants: a randomized controlled trial. J Pediatr 2000;136:473-80.
  • 25
    Friel JK, Andrews WL, Long DR, L'Abbe MR. Selenium status of very low birth weight infants. Pediatr Res 1993;34:293-6.
  • 26
    Hambidge KM. Trace element requirements in the premature infants. In: Lebenthal E, editor. Textbook of gastroenterology and nutrition in infancy. 2nd ed. New York: Raven Press; 1992. p. 393-401.
  • 27
    Mask GR, Lane HW. Selected measures of selenium status in full-term and preterm neonates, their mothers and nonpregnant women. Nutr Res 1993;13:901-11.
  • 28
    Amin S, Chen SY, Collipp PJ, Castro-Magana M, Maddaiah VT, Klein SW. Selenium in premature infants. Nutr Metab 1980;24:331-40.
  • 29
    Smith AM, Chan GM, Moyer-Mileur LJ, Johnson CE, Gardner BR. Selenium status of preterm infants fed human milk, preterm formula, or selenium-supplemented preterm formula. J Pediatr 1991;119:429-33.
  • 30
    Galinier A, Périquet B, Lambert W, Garcia J, Assouline C, Rolland M et al. Reference range for micronutrients and nutritional marker proteins in cord blood of neonates appropriated for gestational ages. Early Hum Dev 2005;81:583-93.
  • 31
    Daniels L, Gibson RA, Simmer K, Van Dael P, Makrides M. Selenium status of term infants fed selenium-supplemented formula in a randomized dose-response trial. Am J Clin Nutr 2008;88:70-6.
  • 32
    Darlow BA, Inder TE, Graham PJ, Sluis KB, Malpas TJ, Taylor BJ et al. The relationship of selenium status to respiratory outcome in the very low birth weight infant. Pediatrics 1995;96:314-9.
  • 33
    Food and Nutrition Board, Institute of Medicine. Dietary reference intakes for vitamin C, vitamin E, selenium and carotenoids. Washington, DC: National Academy Press; 2002.
  • 34
    Monteiro CA, Benicio MH, Ortiz LP. Tendência secular do peso ao nascer na cidade de São Paulo (1984-1996). Rev Saude Publica 2000;34 (Suppl 6):26-40.
  • 35
    Kilsztajn S, Rossbach A, Nunes do Carmo MS, Sugahara GT. Assistência pré-natal, baixo peso e prematuridade no Estado de São Paulo, 2000. Rev Saude Publica 2003;37:303-10.
  • 36
    Nascimento LF, Gotlieb SL. Fatores de risco para o baixo peso ao nascer, com base em informações da declaração de nascido vivo em Guaratinguetá, SP, 1998. Inf Epidemiol SUS 2001;10:113-20.
  • 37
    Cormick MC. The contribution of low birth weight to infant mortality and childhood morbidity. N Engl J Med 1985;312:82-90.
  • 38
    Bogye G, Alfthan G, Machay T. Randomized clinical trial of enteral yeast-selenium supplementation in preterm infants. Biofactors 1998;8:139-42.
  • 39
    Klinger G, Shamir R, Singer P, Diamond EM, Josefsberg Z, Sirota L. Parenteral selenium supplementation in extremely low birth weight infants: inadequate dosage but no correlation with hypothyroidism. J Perinatol 1999;19:568-72.
  • 40
    Merz U, Peschgens T, Dott W, Hörnchen H. Selenium status and bronchopulmonary dysplasia in premature infants < 1,500 g. Z Geburtshilfe Neonatol 1998;202:203-6.
  • 41
    Eichholzer M. Micronutrient deficiencies in Switzerland: causes and consequences. J Food Eng 2003;56:171-9.
  • 42
    Xia Y, Hill KE, Burk RF. Biochemical studies of a selenium-deficient population in China: measurement of selenium, glutathione peroxidase and other oxidant defense indices in blood. J Nutr 1989;119:1318-26.
  • 43
    Moraes MF, Welch RM, Nutti MR, Carvalho JL, Watanabe E. Evidences of selenium deficiency in Brazil: from soil to human nutrition. Proceedings of the First International Conference on Selenium in the Environment and Human Health; 2009; Suzhou, China. p. 73-4.
  • 44
    Andrews PJ, Avenell A, Noble DW, Campbell MK, Battison CG, Croal BL et al. Randomised trial of glutamine and selenium supplemented parenteral nutrition for critically ill patients. Protocol Version 9, 19 February 2007 known as SIGNET (Scottish Intensive care Glutamine or seleNium Evaluation Trial). Trials 2007;8:25.
  • 45
    Sievers E, Arpe T, Schleyerbach U, Garbe-Schönberg D, Schaub J. Plasma selenium in preterm and term infants during the first 12 months of life. J Trace Elements Med Biol 2001;14:218-22.
  • 46
    Klein CJ. Nutrient requirements for preterm infant formulas. Minerals: calcium and phosphorus. J Nutr 2002;132:1395S-577S.
  • 47
    Huston RK, Jelen BJ, Vidgoff J. Selenium supplementation in low-birthweight premature infants: relationship to trace metals and antioxidant enzymes. JPEN J Parenter Enteral Nutr 1991;15:556-9.
  • 48
    Winterbourn CC, Chan T, Buss IH, Inder TE, Mogridge N, Darlow BA. Protein carbonyls and lipid peroxidation products as oxidation markers in preterm infant plasma: associations with chronic lung disease and retinopathy and effects of selenium supplementation. Pediatr Res 2000;48:84-90.
  • 49
    Forceville LX. Selenium and the "free" electron. Selenium - a trace to be followed in septic or inflammatory ICU patients? Intensive Care Med 2001;27:16-8.
  • 50
    Heyland DK, Dhaliwal R, Suchner U, Berger MM. Antioxidant nutrients: a systematic review of trace elements and vitamins in the critically ill patient. Intensive Care Med 2005;31:327-37.
  • 51
    Bogye G, Alfthan G, Machay T, Zubovics L. Enteral yeast-selenium supplementation in preterm infants. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 1998;78:F225-6.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2014

Histórico

  • Recebido
    06 Jun 2013
  • Aceito
    01 Ago 2013
Sociedade de Pediatria de São Paulo R. Maria Figueiredo, 595 - 10o andar, 04002-003 São Paulo - SP - Brasil, Tel./Fax: (11 55) 3284-0308; 3289-9809; 3284-0051 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rpp@spsp.org.br