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ALEITAMENTO MATERNO E CONSUMO DE ALIMENTOS ADOÇADOS

Porto Alegre, 17 de julho de 2018.

Para: Ruth Guinsburg, Editora da Revista Paulista de Pediatria

Senhora Editora,

Venho fazer algumas considerações sobre o artigo intitulado “Influência do aleitamento materno sobre o consumo de bebidas ou alimentos adoçados”, de Adriana Passanha,11. Passanha A, Benício MHD, Venâncio SI. Influência do aleitamento materno sobre o consumo de bebidas ou alimentos adoçados. Rev Paul Pediatr [Internet]. 2018;36:148-154 [cited 2018 Jul 17]. Available from: Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010305822018000200148&lng=pt . Epub 08-Jan-2018. http://dx.doi.org/10.1590/1984-0462/;2018;36;2;00008.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
publicado neste periódico. O objetivo dos autores foi verificar se o aleitamento materno associa-se a menores prevalências de consumo de bebidas ou alimentos adoçados entre lactentes. Primeiramente, parabenizo a autora e os colaboradores, pois sabemos que tanto o aleitamento materno quanto a introdução alimentar são de extrema importância para o desenvolvimento pleno dos lactentes.22. World Health Organization/United Nations Children’s Fund. Global nutrition targets 2025: breastfeeding policy brief (WHO/NMH/NHD/14.7). Geneva: World Health Organization; 2014. Acredito que enriqueceria o trabalho se os autores tivessem acrescentado na análise a faixa etária entre zero e seis meses. Sabemos que a recomendação é de aleitamento exclusivo nesse período, entretanto, na prática clínica, o resultado obtido é outro: bebês com poucas semanas de vida recebendo chás, sucos e outras bebidas adoçadas. Por se tratar de um estudo com um número representativo de lactentes, acrescentar essa faixa etária proporcionaria ao leitor um panorama completo da prevalência de consumo de bebidas ou alimentos adoçados. Sugiro também acrescentar tempo de aleitamento materno exclusivo, pois talvez isso não reflita as recomendações vigentes.33. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar. 2ª ed. Brasília: Secretaria de Atenção à Saúde; 2015. 112p. Senti falta da discussão de alguns dados sobre a Tabela 1. Por exemplo, lactentes acompanhados na rede pública consomem quase 10% mais alimentos ou bebidas adoçadas que os lactentes acompanhados na rede privada, embora hoje, na rede pública, os profissionais de saúde tenham acesso a materiais completos e de fácil entendimento sobre introdução alimentar.44. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças menores de dois anos: um guia para o profissional da saúde na atenção básica. 2ª ed. 2ª reimpr. Brasília: Ministério da Saúde; 2013. 72p. Pelos achados da autora, ainda há falhas no momento em que tais mães são orientadas sobre a introdução alimentar dos lactentes. Fica minha dúvida: onde estamos falhando como profissionais de saúde da rede pública? Sabemos que apenas a transmissão de conhecimento não é suficiente para causar mudanças na vida do paciente.

Ainda em relação à discussão, ficaria mais clara a leitura se os autores começassem falando de seu resultado principal: a prevalência do consumo de bebidas e alimentos adoçados. Tal resultado só foi mencionado no quinto parágrafo. Antes, os autores detiveram-se muito na prevalência de excesso de peso na população em estudo. Embora sejam dados muito relevantes,55. World Health Organization. Global nutrition targets 2025: childhood overweight policy brief (WHO/NMH/NHD/14.6). Geneva: World Health Organization ; 2014. acredito que eles deveriam ter sido usados como uma maneira de reforçar a importância do aleitamento materno e da introdução alimentar adequados. Isso após a discussão do achado principal. Por fim, gostaria de ter lido sobre a possibilidade de generalizar os resultados (validade externa).

Dra. Lúcia Campos Pellanda

REFERÊNCIAS

  • 1
    Passanha A, Benício MHD, Venâncio SI. Influência do aleitamento materno sobre o consumo de bebidas ou alimentos adoçados. Rev Paul Pediatr [Internet]. 2018;36:148-154 [cited 2018 Jul 17]. Available from: Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010305822018000200148&lng=pt Epub 08-Jan-2018. http://dx.doi.org/10.1590/1984-0462/;2018;36;2;00008.
    » https://doi.org/10.1590/1984-0462/;2018;36;2;00008» http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010305822018000200148&lng=pt
  • 2
    World Health Organization/United Nations Children’s Fund. Global nutrition targets 2025: breastfeeding policy brief (WHO/NMH/NHD/14.7). Geneva: World Health Organization; 2014.
  • 3
    Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar. 2ª ed. Brasília: Secretaria de Atenção à Saúde; 2015. 112p.
  • 4
    Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças menores de dois anos: um guia para o profissional da saúde na atenção básica. 2ª ed. 2ª reimpr. Brasília: Ministério da Saúde; 2013. 72p.
  • 5
    World Health Organization. Global nutrition targets 2025: childhood overweight policy brief (WHO/NMH/NHD/14.6). Geneva: World Health Organization ; 2014.
  • ERRATA

    http://dx.doi.org/10.1590/1984-0462/;2018;36;4;00019erratum No artigo “Aleitamento materno e consumo de alimentos adoçados”, com número de DOI: 10.1590/1984-0462/;2018;36;4;00019, publicado na Rev Paul Pediatr. 2018;36(4):524-525, na página 524: Onde se lia: Lúcia Campos Pellandaa,* aInstituto de Cardiologia, Fundação Universitária de Cardiologia, Porto Alegre, RS, Brasil. Leia-se: Maíra Ribas Goularta, Lúcia Campos Pellandaa,* aInstituto de Cardiologia, Fundação Universitária de Cardiologia, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil.
  • ERRATUM

    http://dx.doi.org/10.1590/1984-0462/;2018;36;4;00019erratum In the manuscript “Breatfeeding and consumption of sweetened foods”, DOI: 10.1590/1984-0462/;2018;36;4;00019, published in the Rev Paul Pediatr. 2018;36(4):524-525, page 524: Where it reads: Lúcia Campos Pellandaa,* aInstituto de Cardiologia, Fundação Universitária de Cardiologia, Porto Alegre, RS, Brazil. It should read: Maíra Ribas Goularta, Lúcia Campos Pellandaa,* aInstituto de Cardiologia, Fundação Universitária de Cardiologia, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brazil.

ALEITAMENTO MATERNO E CONSUMO DE ALIMENTOS ADOÇADOS

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

São Paulo, 09 de agosto de 2018.

Para: Dra. Lúcia Campos Pellanda

Prezada Dra. Lúcia,

Gostaríamos de agradecer o interesse em nosso trabalho e as apreciações feitas ao nosso artigo.

Em resposta aos questionamentos realizados, informamos que optamos por estudar apenas a faixa etária correspondente ao segundo semestre de vida, por se tratar de uma Tese de Doutorado em que outros estudos foram realizados com essa mesma população. Concordamos com a relevância de conhecer o consumo de adoçados no primeiro semestre de vida, considerando a introdução alimentar precoce entre lactentes, e adiantamos que outras pesquisas estão sendo realizadas com lactentes na faixa etária de zero a seis meses.

Em relação à duração do aleitamento materno exclusivo, o tipo de metodologia empregada não nos permite obter essa informação individualmente, pois o questionário aplicado compreende perguntas fechadas (sim/não) sobre a alimentação do lactente no dia anterior. Essa opção foi feita seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para realização de inquéritos sobre práticas de alimentação infantil, segundo as quais são coletadas informações sobre o estado atual da alimentação por meio de questões sobre os alimentos oferecidos nas últimas 24 horas (current status). Essa estratégia busca evitar o viés de memória do informante, especialmente em relação à duração da amamentação exclusiva.11. World Health Organization. Indicators for assessing infant and young child feeding practices - part 1: definitions. Geneva: WHO; 2008.

Sobre a discussão dos achados, optamos por abordar a influência do aleitamento materno sobre o consumo de adoçados como foco principal da sessão. Outro artigo, em fase de elaboração, irá discutir com maior profundidade a influência de outras variáveis em relação ao consumo alimentar de lactentes, incluindo a variável referente ao local de acompanhamento ambulatorial.

Referente à prevalência de consumo de adoçados estar descrita apenas no quinto parágrafo, compreendemos o argumento de que tal informação poderia estar no início da sessão, mas optamos por discutir outros aspectos anteriormente. Ainda, os revisores, ao efetuarem a análise do artigo, não realizaram apontamentos nesse sentido. Em relação à validade externa, pontuamos na discussão que a Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno foi realizada com amostra representativa, o que reforça a validade externa dos achados.

Agradecemos mais uma vez a atenção ao presente trabalho e as contribuições feitas, que certamente suscitam importantes reflexões sobre o enfrentamento à oferta precoce de alimentos adoçados pelas crianças brasileiras.

REFERÊNCIA

  • 1
    World Health Organization. Indicators for assessing infant and young child feeding practices - part 1: definitions. Geneva: WHO; 2008.

BREATFEEDING AND CONSUMPTION OF SWEETENED FOODS

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Received on August 09, 2018.

São Paulo, August 9, 2018.

To: Dr. Lúcia Campos Pellanda

Dear Dr. Lúcia,

We would like to thank you for your interest in our work and the observations made about our article.

In answer to your questions, we chose to study only the age group corresponding to the second semester of life because the article belongs to a doctoral dissertation that included other studies conducted with this same population. We agree that it is important to know about the consumption of sweetened foods and beverages in the first semester of life, considering the early food introduction among infants, and we can say in advance that other studies are being carried out with infants in the age group between zero and six months.

Regarding the duration of exclusive breastfeeding, the methodology used did not allow us to obtain this information individually since the survey consisted of closed questions (yes/no) on the feeding of infants in the previous day. This option followed the recommendations of the World Health Organization (WHO) on how to carry out surveys on infant feeding practices, which indicate the collection of information about the current feeding status through questions on the food given to the infant in the previous 24 hours. This strategy aims to avoid the informant’s memory bias, especially with respect to the duration of exclusive breastfeeding.11. World Health Organization. Indicators for assessing infant and young child feeding practices - part 1: definitions. Geneva: WHO; 2008.

In relation to the discussion of the findings, we chose to address the influence of breastfeeding on the consumption of sweetened foods and beverages as the main focus of the session. Another article, at the design stage, will discuss in greater depth the influence of other variables on the food intake of infants, including a variable related to the location of outpatient follow-up.

Regarding the prevalence of consumption of sweetened foods and beverages being described only in the fifth paragraph, we understand the argument that such information could be at the beginning of the session, but we chose to discuss other aspects beforehand. Also, the reviewers, when analyzing the article, made no remarks about this issue. Concerning external validity, we pointed out in the discussion that the Survey on the Prevalence of Breastfeeding (Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno) was conducted with a representative sample, which reinforces the external validity of the findings.

We thank you once more for the attention to this work and the contributions made, which certainly invite a careful reflection on how to tackle the early offer of sweetened foods and beverages to Brazilian children.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2018

Histórico

  • Recebido
    18 Jul 2018
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