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AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE CÓPIA DE MATERIAIS DE MOLDAGEM ELASTOMÉRICOS DE DIFERENTES SISTEMAS POR MEIO DE UMA TÉCNICA APLICÁVEL CLINICAMENTE

EVALUATION OF THE COPYING ABILITY OF DIFFERENT ELASTOMERIC IMPRESSION MATERIALS USING A CLINICALLY APPLICABLE TECHNIQUE

Resumos

O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo comparativo entre diferentes sistemas de materiais de moldagem, tais como o polissulfeto, a silicona de condensação e a silicona de adição, através de uma nova técnica de avaliação não destrutiva e, conseqüentemente, aplicável clinicamente. A partir da confecção de próteses fixas de três elementos, fundidas em liga de níquel-cromo, obtiveram-se réplicas tridimensionais do espaço entre a restauração e o preparo cavitário, utilizando-se uma silicona de condensação. Essas réplicas foram avaliadas microscopicamente. Os resultados indicaram que, embora alguns materiais tenham apresentado comportamento superior, como o Permlastic e o Extrude, os outros materiais estudados tiveram comportamento clinicamente aceitável, desde que seus moldes sejam convenientemente manipulados, principalmente em relação ao tempo de vazamento do gesso

Materiais de moldagem odontológica; Prótese dentária; Materiais dentários


The purpose of this research was to make a comparative study between different systems of impression materials, such as polysulfide, condensation and addition-curing silicones, using a new non-destructive technique of evaluation, and consequently clinically applicable. After obtaining three element nickel-chromium prosthesis, three-dimensional replicas of the space between the restoration and the prepared tooth were made, using a condensation curing silicone. These replicas were microscopically evaluated. The results showed that, although some materials presented a superior behavior, as Permlastic and Extrude, other tested materials had an acceptable clinical behavior provided that their molds had been properly manipulated, specially regarding the time of cast pouring

Dental impression materials; Dental prosthesis; Dental materials


AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE CÓPIA DE MATERIAIS DE MOLDAGEM ELASTOMÉRICOS DE DIFERENTES SISTEMAS POR MEIO DE UMA TÉCNICA APLICÁVEL CLINICAMENTE** Resumo da Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Resumo da Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.** Professores Doutores do Departamento de Materiais Dentários e Prótese da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.*** Professor Titular do Departamento de Materiais Dentários e Prótese da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

EVALUATION OF THE COPYING ABILITY OF DIFFERENT ELASTOMERIC IMPRESSION MATERIALS USING A CLINICALLY APPLICABLE TECHNIQUE

Rossana Pereira de Almeida ANTUNES *** Resumo da Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Resumo da Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.** Professores Doutores do Departamento de Materiais Dentários e Prótese da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.*** Professor Titular do Departamento de Materiais Dentários e Prótese da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Wilson MATSUMOTO *** Resumo da Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Resumo da Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.** Professores Doutores do Departamento de Materiais Dentários e Prótese da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.*** Professor Titular do Departamento de Materiais Dentários e Prótese da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Heitor PANZERI **** Resumo da Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Resumo da Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.** Professores Doutores do Departamento de Materiais Dentários e Prótese da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.*** Professor Titular do Departamento de Materiais Dentários e Prótese da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

ANTUNES, R. P. A. et al. Avaliação da capacidade de cópia de materiais de moldagem elastoméricos de diferentes sistemas por meio de uma técnica aplicável clinicamente. Rev Odontol Univ São Paulo, v. 11, n. 4, p. 263-271, out./dez. 1997.

O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo comparativo entre diferentes sistemas de materiais de moldagem, tais como o polissulfeto, a silicona de condensação e a silicona de adição, através de uma nova técnica de avaliação não destrutiva e, conseqüentemente, aplicável clinicamente. A partir da confecção de próteses fixas de três elementos, fundidas em liga de níquel-cromo, obtiveram-se réplicas tridimensionais do espaço entre a restauração e o preparo cavitário, utilizando-se uma silicona de condensação. Essas réplicas foram avaliadas microscopicamente. Os resultados indicaram que, embora alguns materiais tenham apresentado comportamento superior, como o Permlastic e o Extrude, os outros materiais estudados tiveram comportamento clinicamente aceitável, desde que seus moldes sejam convenientemente manipulados, principalmente em relação ao tempo de vazamento do gesso.

UNITERMOS: Materiais de moldagem odontológica; Prótese dentária; Materiais dentários.

INTRODUÇÃO

Uma reabilitação protética apresentará um resultado final satisfatório desde que sejam seguidas com acuidade as diferentes etapas necessárias à sua elaboração: do planejamento à cimentação definitiva. Assim, a fase de moldagens se sobressai pelo seu valor estratégico, representando a passagem da situação clínica para a bancada de laboratório (MEZZOMO; FRASCA21, 1994).

Os materiais de moldagem existentes são inúmeros, o que faz com que os profissionais precisem entender as propriedades físicas mais importantes e as características comportamentais dos materiais que estão empregando, com o objetivo de otimizar os resultados e reduzir possíveis falhas.

Dentre os materiais elastômeros mais utilizados, têm-se: os polissulfetos, que surgiram em 1954 (MYERS et al.23, 1958) e que, embora apresentando desvantagens, como odor desagradável e tempo de presa extenso, oferecem moldes precisos; as siliconas de condensação, que apresentam instabilidade dimensional devido à formação de álcool como subproduto de sua reação química (BRADEN; ELLIOT4, 1966); e, mais recentemente, surgiram as siliconas de adição, que foram desenvolvidas como parte do programa espacial APOLO e depois aperfeiçoadas para o uso em meio bucal (BROWN5, 1981). Essas siliconas de adição são altamente estáveis, pois não há formação de subprodutos após a sua polimerização. Além disso, novos materiais têm sido aperfeiçoados, como o sistema de automistura (CRAIG9, 1985; CHONG et al.6, 1991; LIM et al.18, 1992) e o desenvolvimento das siliconas hidrofílicas, que permitem a reprodução de detalhes de margens intra-sulculares até quando há a presença de pequenas quantidades de fluidos (PEUTZFELDT; ASMUSSEN24, 1988), além de prevenirem a inclusão de bolhas de ar durante o vazamento do gesso (PRATTEN; CRAIG26, 1989; CULLEN et al.11, 1991).

Para a avaliação do correto assentamento e da adaptação marginal de restaurações protéticas, inúmeras técnicas têm sido preconizadas e podem ser classificadas em duas categorias: aplicáveis clinicamente e não aplicáveis clinicamente.

Dentre os métodos não aplicáveis clinicamente, existem pesquisadores que fixam as restaurações diretamente sobre os troquéis com resina Comspan (HOLMES et al.15, 1992) ou com cimento de fosfato de zinco (BLACKMAN et al.3, 1992), troquéis esses que são seccionados para avaliação microscópica, caracterizando-se como um método destrutivo. Outros autores empregam metodologia mais complexa, como método computadorizado de análise morfométrica quantitativa (GELBARD et al.13, 1994), ou microscopia eletrônica de varredura (SARFATI; HARTER28, 1992), avaliando restaurações sobre um troquel mestre.

Na literatura, encontram-se, também, trabalhos menos complexos e aplicáveis clinicamente. Dessa forma, McLEAN; FRAUNHOFER20 (1971) avaliaram a espessura total do cimento através de uma técnica que se utilizava de um elastômero (poliéter) como agente cimentante, que, após sua polimerização, era utilizado como uma matriz para avaliação do espaço entre a restauração e o dente. Em 1982, ARAKELIAN1 surgiu com a idéia de se utilizar uma silicona como réplica interna para avaliação do assentamento da restauração. Ao utilizar-se um elastômero, obtém-se uma réplica tridimensional do espaço interno, facilitando-se as manobras de ajuste e permitindo que a película de cimento pós-cimentação seja estimada visualmente (RISSIN; WETREICH27, 1983; KELLY et al.17, 1989), além de se melhorar o assentamento oclusal e, conseqüentemente, o selamento marginal de uma restauração (DAVIS et al.12, 1989).

Em um trabalho mais recente, MOLIN; KARLSSON22 (1993) utilizaram-se de uma silicona de adição para formar uma réplica tridimensional da superfície interna de restaurações tipo "inlay", visando a avaliação das discrepâncias dente-restauração.

Este trabalho utiliza-se de uma metodologia alternativa de avaliação, empregada com o objetivo de avaliar três sistemas diferentes de materiais de moldagem elastoméricos em relação à sua capacidade de cópia.

MATERIAIS E MÉTODOS

Os materiais de moldagem elastoméricos avaliados neste estudo foram:

a. polissulfeto: Permlastic (Kerr);

b. siliconas de condensação: Optosil-Xantopren (Bayer) e Silicona de condensação da 3M;

c. siliconas de adição: Extrude (Kerr); Imprint 2:5 e Express (3M).

A partir de um manequim odontológico montado com dentes naturais, realizou-se o preparo para a instalação de uma prótese fixa convencional de três elementos representada por preparos dos elementos para receber uma coroa total metálica no dente 47 e uma coroa metalocerâmica no dente 45 (modelo mestre). Os preparos foram realizados com pontas diamantadas 3069 (KG Sorensen) em alta rotação. A linha de término selecionada foi do tipo degrau com bisel, confeccionada com ponta diamantada 3113 (KG Sorensen). Procurou-se realizar os preparos com conicidade de paredes de aproximadamente seis graus; as faces vestibulares foram preparadas com inclinação de seu terço oclusal para a lingual, acompanhando a anatomia dos dentes inferiores. O desgaste oclusal acompanhou a inclinação das vertentes cuspídicas com desgaste de 1,5 mm para as cúspides vestibulares e 1,0 mm para as cúspides linguais. Todos os ângulos externos foram arredondados. A Figura 1 apresenta o modelo mestre.

FIGURA 1 -
Modelo mestre, evidenciando os preparos para a prótese fixa.

Moldagens e obtenção dos modelos troquelizados

As moldagens foram realizadas à temperatura constante de 37ºC, seguindo-se criteriosamente as instruções dos fabricantes em relação ao tempo de espatulação e polimerização dos materiais. Para o polissulfeto e as siliconas de adição, foram utilizadas moldeiras individuais de resina acrílica guarnecidas de adesivo próprio, o que permite uma espessura uniforme de material de moldagem, prevenindo-se alterações dimensionais indesejáveis. Para as siliconas de condensação, foram empregadas moldeiras de estoque de alumínio, parciais e perfuradas, pois são materiais compostos por um sistema de massa pesada mais pasta leve, para refinamentos. Foram obtidos 5 moldes para cada um dos seis materiais de moldagem utilizados neste estudo, totalizando-se 30 moldes.

Obtidos os moldes, estes foram vazados com gesso pedra tipo IV (Durone, Dentsply), seguindo-se as instruções do fabricante em relação ao proporcionamento água-pó. Os tempos observados para o vazamento dos moldes foram:

a. para o polissulfeto: trinta minutos após a sua polimerização (ASGAR2, 1971; MEZZOMO; FRASCA21, 1994);

b. para as siliconas de condensação: imediatamente após a sua polimerização (PHILLIPS25, 1959; GILMORE et al.14, 1959; STACKHOUSE Jr.30, 1970; CLANCY et al.7, 1983; WILLIAMS et al.32, 1984);

c. para as siliconas de adição: sessenta minutos após a sua polimerização (JOHNSON; CRAIG16, 1985; COUNCIL ON DENTAL MATERIALS, INSTRUMENTS AND EQUIPMENT8, 1990).

Os modelos obtidos eram cortados com serra para ouro e recortados com brocas de aço comum, para evidenciação das suas linhas de término.

Confecção das próteses fixas

A técnica de enceramento constituiu-se da confecção de uma prótese fixa de três elementos encerada pelo sistema de monobloco, com cera azul em bastão (Kerr), preparando-se os contornos do dente 47 para receber uma coroa total metálica e do dente 45, para uma subestrutura de metalocerâmica e do pôntico em forma de plano inclinado. Após o enceramento, as peças recebiam aplicação de um agente antibolhas (debublizer, Kerr) e eram incluídas imediatamente em revestimento fosfatado (Termocast, Polidental), a fim de se evitarem distorções no padrão de cera.

Decorrido o intervalo de tempo de aproximadamente quarenta minutos, o anel de revestimento era levado ao forno (FA-IV, EDG) para desidratação e eliminação da cera. Completado o ciclo de permanência no forno (140 minutos), procedia-se à fundição com liga de níquel-cromo virgem (Durabond, MS).

Após a fundição, ao anel de revestimento era permitido o resfriamento natural. Ao se atingir a temperatura ambiente, as próteses eram desincluídas, deixadas em ácido fluorídrico, para remoção de restos de revestimento, e recebiam jateamento com óxido de alumínio. Não foi realizado nenhum tipo de usinagem para a adaptação das peças, para que não se interferisse na avaliação dos resultados, uma vez que o principal objetivo deste estudo foi a avaliação da capacidade de cópia dos diferentes materiais de moldagem.

Avaliação da capacidade de cópia dos elastômeros

Nessa fase, empregou-se uma nova técnica para avaliação da capacidade de cópia dos elastômeros, obtendo-se uma réplica tridimensional do espaço interno através da utilização de uma silicona de condensação do tipo leve (Xantopren, Bayer). Os retentores das próteses eram preenchidos com a silicona leve, e a peça era levada em posição sobre o modelo mestre, mantido à temperatura constante de 37ºC, aplicando-se pressão digital por 6 minutos (Figura 2). Decorrido esse intervalo de tempo, as próteses eram removidas cuidadosamente, estando o filme de elastômero assentado no seu interior. Sobre esse filme de elastômero, vazava-se uma resina autopolimerizável (Duralay, Reliance Dental), que é uma resina de boa qualidade que não desenvolve nenhuma reação de superfície com a silicona de condensação, além de apresentar cor contrastante com o Xantopren, o que facilita os procedimentos de mensuração. Concluída essa primeira fase, o conjunto filme de elastômero/resina interna era removido e posicionado numa matriz de silicone de 12 mm de largura X 12 mm de comprimento X 10 mm de profundidade, em que se completava a inclusão com resina Duralay.

FIGURA 2 -
Ensaio para obtenção da réplica tridimensional da superfície interna da restauração com Xantopren (modelo mestre mantido a 37ºC).

Para que o corpo-de-prova pudesse ser adaptado ao aparelho no qual seria realizado o seu corte, essa primeira inclusão era assentada no centro de outra matriz de silicone de 12 mm de largura X 31 mm de comprimento X 12 mm de profundidade, e completavam-se os espaços vazios com resina incolor autopolimerizável (JET - Clássico). As Figuras 3 e 4 representam essa seqüência de inclusão.

FIGURA 3 -
A:Filme de elastômero assentado no interior da prótese fixa. B:Vazamento da resina Duralay na superfície interna do corpo-de-prova.
FIGURA 4 -
A:Complementação da inclusão do corpo-de-prova com resina Duralay. B:Conclusão da inclusão com resina incolor.

Desse modo, obtinha-se um corpo-de-prova retangular, contendo o filme de Xantopren incluído em resina autopolimerizável, prevenindo-se qualquer alteração dimensional que pudesse ocorrer com o filme de elastômero, pois os corpos-de-prova eram incluídos imediatamente após a remoção do modelo mestre.

Recorte dos corpos-de-prova

Os corpos-de-prova foram recortados no sentido vestíbulo-lingual dos preparos com disco de diamante, sob refrigeração, em motor de baixa rotação (160 rpm) de marca Nevoni. As superfícies cortadas foram submetidas a um polimento superficial com lixas d'água de granulação 360 e 600 mesch, sob constante refrigeração, num aparelho Struers (Dinamarca), para aplainamento e homogeneização, facilitando os procedimentos de mensuração ao microscópio.

A Figura 5 representa uma imagem macroscópica do corpo-de-prova logo após seu corte e aplainamento superficial.

FIGURA 5 -
Imagem macroscópica do corpo-de-prova após o recorte, pronto para ser submetido à mensuração.

Mensuração dos corpos-de-prova

A avaliação do assentamento dessas peças protéticas foi realizada em microscópio Neophot 30 (Carl Zeiss - Alemanha), um microscópio de luz incidente do tipo invertido, acoplado a câmera fotográfica.

O corpo-de-prova foi posicionado numa placa de vidro, de modo que a superfície a ser avaliada ficasse paralela à objetiva. As inclusões foram observadas sob aumento de 32X, com fonte de luz halógena em intensidade de 10 volts. Procedia-se ao enquadramento do corpo-de-prova, acertava-se o foco da superfície e acionava-se a câmera fotográfica, obtendo-se fotografias coloridas dos corpos-de-prova.

As medidas de interesse foram realizadas diretamente no papel fotográfico, procedendo-se do seguinte modo: fez-se uma fotografia de uma régua milimetrada nas mesmas condições preconizadas para os corpos-de-prova (aumento de 32X e intensidade luminosa de 10 volts). Essa fotografia foi utilizada como escala de referência, havendo uma relação matemática entre a medida real (1 mm) e a medida na fotografia.

Selecionaram-se três pontos oclusais, três pontos na parede vestibular e três pontos na parede lingual, num total de nove referências. Utilizando-se a mesma régua milimetrada fotografada, realizavam-se as medidas sobre o papel fotográfico. Pela aplicação de uma relação matemática entre a régua milimetrada fotografada, o valor real das medidas dessa régua e a medida dos corpos-de-prova realizada no papel fotográfico, chegava-se ao valor real da espessura do filme de Xantopren. Por exemplo: 1 mm da régua corresponde a 15 mm na fotografia; por uma regra de três simples, obtêm-se os resultados, pois:

1 mm real ® 15 mm na foto

x (mm) ® medida do filme de Xantopren na foto

Então, tem-se que x corresponde à medida do filme de Xantopren na foto, dividida por quinze (x = medida do filme de elastômero dividida por 15).

A Figura 6 representa uma imagem microscópica do corpo-de-prova.

FIGURA 6 -
Imagem microscópica do corpo-de-prova no qual foram realizadas as mensurações.

RESULTADOS

Os valores originais obtidos foram submetidos à análise estatística, iniciando-se pelos testes de normalidade. Numa segunda fase, fez-se a análise de variância dos resultados, observando-se, então, que havia diferença estatística entre os diferentes materiais de moldagem (Tabela 1). Para a complementação da análise, os resultados foram submetidos a um teste paramétrico denominado de teste t protegido (WELKOWITZ et al.31, 1976), no qual os materiais de moldagem foram comparados aos pares. Esse teste t protegido utiliza-se de dados obtidos a partir da análise de variância e das médias amostrais calculadas.

TABELA 1
- Análise de variância da raiz quadrada dos dados.

O Gráfico 1 apresenta o histograma representativo da média e o desvio padrão para todos os materiais utilizados neste estudo.

FIGURA 7 - Histograma representativo da média (em mm) e do desvio padrão dos diferentes materiais de moldagem.

Quando se analisam os materiais como um todo, englobando-se as regiões avaliadas, têm-se os menores valores para o Permlastic (PM), seguido do Extrude (EX), Optosil-Xantopren (OP), Express (EP), Silicona de condensação da 3M (C3M) e ImPrint 2:5 (IM), que apresentou os maiores valores de discrepância.

Estatisticamente, não foram observadas diferenças significativas entre o Permlastic, Extrude, Express e Optosil-Xantopren. As diferenças estatísticas significativas encontradas foram entre o Permlastic e o Imprint 2:5 e a Silicona de condensação da 3M, e, também, entre o Extrude e o Imprint 2:5 e a Silicona de condensação da 3M.

DISCUSSÃO

Para SHILLINBURG Jr. et al.29 (1991), o preparo dental é uma fase muito importante dentro do contexto geral da confecção de uma prótese fixa, devendo ser realizado com minúcias e observação crítica. Vencida essa fase de preparos, segue-se outra de grande importância: a fase de moldagens e de obtenção de modelos fiéis. Na área de Prótese Fixa, as necessidades clínicas incluem desde impressões para modelos de estudo até a moldagem de áreas intra-sulculares, o que faz com que diferentes materiais de moldagem, com diferentes caraterísticas, sejam empregados. Vem daí a importância de uma avaliação de vários sistemas de materiais de moldagem.

Assim, ao se analisarem os materiais de moldagem, observou-se que o Permlastic (PM) foi o material que demonstrou os melhores resultados, com valores de discrepância da ordem de 0,1333 mm. Assim, embora sejam citadas algumas desvantagens dos polissulfetos, como odor desagradável, pequeno tempo de trabalho, tempo prolongado de polimerização e alta sensibilidade a temperatura e umidade, há vantagens que pesam positivamente para o seu emprego, como união efetiva à moldeira pelo uso de um adesivo próprio, tempo relativamente flexível para o vazamento de seus moldes, custo acessível, maior resistência à ruptura (CRAIG et al.10, 1990) e, principalmente, ótima capacidade de cópia quando comparado aos demais materiais de moldagem empregados neste estudo e avaliados segundo nossa metodologia de trabalho.

Dentre as siliconas de adição estudadas, o Extrude (EX) e o Express (EP) foram os materiais que ofereceram moldes muito fiéis, não havendo diferença estatisticamente significante em relação ao Permlastic. As siliconas de adição apresentam uma grande vantagem, que é o fato de se poder retardar o vazamento de seus moldes, pois apresentam grande estabilidade dimensional, não ocorrendo a formação de subprodutos após completada a sua polimerização. Embora na literatura encontrem-se pesquisadores que afirmem que se pode vazar os moldes de silicona de adição após sete dias de sua polimerização (MARCINAK; DRAUGHN19, 1992), baseados em nossa metodologia de trabalho, recomendamos que o vazamento do molde seja feito em até sessenta minutos. Já para a silicona de adição Imprint 2:5 (IM), os resultados foram estatisticamente diferentes dos do Extrude e do Express, o que pode ser explicado pelo fato de que nem todos os materiais pertencentes a uma mesma classe têm as mesmas qualidades (CRAIG et al.10, 1990).

As siliconas de condensação exigem uma técnica bem controlada, pois têm como principal desvantagem a formação de subprodutos após a reação de polimerização, como o álcool etílico, que, após sua evaporação, provoca contração volumétrica do molde (BRADEN; ELLIOT4, 1966; BROWN5, 1981). Uma forma efetiva de se controlar esse inconveniente é se processar o vazamento imediato do molde. Dessa forma, obtivemos excelentes resultados com o Optosil-Xantopren (OX) se comparado ao Permlastic, ao Extrude e ao Express. Já para a Silicona de condensação da 3M (C3M), observamos um comportamento diverso: um dos problemas encontrados foi a proporção base/catalisador indicada pelo fabricante, que não permite a completa polimerização do material. Depois de alterarmos essa proporção, conseguimos trabalhar com o material, que apresentou resultados finais regulares, desde que o vazamento de seus moldes fosse imediato.

Pudemos observar, então, que, embora tenham ocorrido diferenças comprovadas estatisticamente entre alguns materiais, todos eles foram capazes de fornecer modelos clinicamente aceitáveis, desde que seus moldes fossem propriamente manipulados, principalmente em relação ao tempo de vazamento do gesso. É importante, também, que o cirurgião-dentista conheça a química envolvida e o mecanismo de ação dos materiais que está utilizando, para que contorne suas desvantagens e tire máximo proveito de suas vantagens.

Com relação à metodologia de avaliação empregada neste estudo, observamos que esta nova metodologia proposta permite a avaliação do assentamento de restaurações protéticas, o que reflete diretamente na sua adaptação marginal.

Outros autores utilizaram-se da silicona de condensação para obtenção de uma réplica do espaço interno dente-restauração, mas as medidas eram feitas diretamente no filme de elastômero, com lupas (ARAKELIAN1, 1982 ), por inspeção visual (RISSIN; WETREICH27, 1983), por método fotométrico, mapeando a superfície interna da restauração protética através de medidas de reflexão da luz (KELLY et al.17, 1989), ou, ainda, por observação em microscópio óptico (DAVIS et al.12, 1989).

Na técnica proposta, a maior preocupação era em relação às alterações dimensionais que pudessem ocorrer após a polimerização do elastômero. Para contornar esse problema, após a remoção do Xantopren do interior das próteses, as inclusões eram feitas imediatamente em resina acrílica de boa estabilidade. Após a fase de inclusão, os corpos-de-prova foram recortados sob constante refrigeração, com o cuidado de não se deslocar o filme de elastômero, e, na seqüência, foram levados ao microscópio e fotografados imediatamente. Assim, a imagem do filme de elastômero foi perpetuada no negativo fotográfico, o que tornou a análise dos resultados confiável, pois o corpo-de-prova foi fotografado imediatamente após a sua obtenção e a mensuração foi feita sobre o papel fotográfico.

Como vantagens desse método, podemos citar:

a. "Perpetuação" da imagem do corpo-de-prova: a silicona de condensação apresenta o inconveniente de sofrer contração de polimerização após a sua presa, devido à evaporação do álcool etílico, que se forma como subproduto. Como o corpo-de-prova foi fotografado dentro de um intervalo de tempo de confiança, para que não houvesse tempo de o filme de elastômero sofrer alguma alteração dimensional, a imagem do filme de Xantopren ficou gravada sobre o papel fotográfico, sem distorções.

b. Facilidade de mensuração: quem já teve a oportunidade de trabalhar com avaliação microscópica de qualquer tipo de corpo-de-prova sabe quão desgastante é essa manobra. Há um desgaste visual e mental muito grande. Ao se fazer a mensuração dos corpos-de-prova em fotografias, facilita-se muito a operação, pois a imagem é bem maior e pode-se selecionar um local bem iluminado, para se fazerem as medidas.

c. Possibilidade de repetição das medidas para confirmação dos resultados: uma vez que a imagem do corpo-de-prova está gravada sobre o papel fotográfico, caso exista alguma dúvida, pode-se repetir a medida sem que tenha havido alguma alteração no filme de elastômero. Além disso, pode-se fazer a confirmação das medidas por intermédio de outro operador.

d. Método não destrutivo: essa característica do método é muito importante, pois o profissional pode avaliar o espaço de pré-cimentação e realizar desgastes seletivos internos na restauração, para melhorar o seu assentamento e, conseqüentemente, a sua adaptação cervical. É, portanto, um método que apresenta aplicação clínica para avaliação de restaurações protéticas, embora seja constituído de uma técnica muito minuciosa, envolvendo equipamentos especiais. Mesmo que sua utilização como método de rotina seja restrita, é uma técnica importante para a realização de pesquisas científicas que necessitam de precisão, tendo aplicação, também, no ensino.

CONCLUSÕES

Baseados nos resultados obtidos, parece-nos lícito concluir que:

1. O material que apresentou os melhores resultados em relação à sua capacidade de cópia, com menor valor médio de discrepância, foi o Permlastic, seguido do Extrude, Express, Optosil-Xantopren, Silicona de condensação da 3M e Imprint 2:5.

2. As três siliconas de adição tiveram comportamento semelhante, com melhores resultados para o Extrude e o Express.

3. O Optosil-Xantopren teve comportamento superior ao da Silicona de condensação da 3M.

4. Todos os materiais de moldagem empregados neste estudo foram capazes de fornecer moldes com exatidão clínica aceitável, desde que sejam muito bem manipulados, para se tirar máximo proveito de suas qualidades e contornar suas desvantagens.

5. Embora seja uma técnica complexa, envolvendo equipamentos especiais, tem aplicação clínica importante, principalmente na área de ensino e pesquisa, pois a observação do espaço interno de uma restauração protética leva a uma melhora no seu assentamento e na sua adaptação marginal.

ANTUNES, R. P. A. et al. Evaluation of the copying ability of different elastomeric impression materials using a clinically applicable technique. Rev Odontol Univ São Paulo, v. 11, n. 4, p. 263-271, out./dez. 1997.

The purpose of this research was to make a comparative study between different systems of impression materials, such as polysulfide, condensation and addition-curing silicones, using a new non-destructive technique of evaluation, and consequently clinically applicable. After obtaining three element nickel-chromium prosthesis, three-dimensional replicas of the space between the restoration and the prepared tooth were made, using a condensation curing silicone. These replicas were microscopically evaluated. The results showed that, although some materials presented a superior behavior, as Permlastic and Extrude, other tested materials had an acceptable clinical behavior provided that their molds had been properly manipulated, specially regarding the time of cast pouring.

UNITERMS: Dental impression materials; Dental prosthesis; Dental materials.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ARAKELIAN Jr., A. A technique for seating castings. J Prosthet Dent, v. 48, n. 3, p. 357, Sept. 1982.

2. ASGAR, K. Elastic impression materials. Dent Clin North Am, v. 15, n. 1, p. 81-98, Jan. 1971.

3. BLACKMAN, R. et al. Marginal accuracy and geometry of cast titanium copings. J Prosthet Dent, v. 67, n. 4, p. 435-440, Apr. 1992.

4. BRADEN, M.; ELLIOT, J. C. Characterization of the setting process of silicone dental rubbers. J Dent Res, v. 45, n. 4, p. 1016-1023, July/Aug. 1966.

5. BROWN, D. An update on elastomeric impression materials. Br Dent J, v. 150, n. 2, p. 35-40, Jan. 1981.

6. CHONG, Y. H. et al. Porosities in the five automixed addition silicone elastomers. Operat Dent, v. 16, n. 3, p. 96-100, May/June 1991.

7. CLANCY, J. M. S. et al. Long-term dimensional stability of three current elastomers. J Oral Rehabil, v. 10, n. 4, p. 325-333, July 1983.

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Recebido para publicação em 08/04/96

Aceito para publicação em 23/05/97

  • * Resumo da Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
    Resumo da Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
    ** Professores Doutores do Departamento de Materiais Dentários e Prótese da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
    *** Professor Titular do Departamento de Materiais Dentários e Prótese da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      23 Nov 1998
    • Data do Fascículo
      Out 1997

    Histórico

    • Recebido
      08 Abr 1996
    • Aceito
      23 Maio 1997
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