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Estudo in vitro da abrasividade de dentifrícios

In vitro study of dentifrice abrasivity

Resumos

O objetivo do presente estudo é avaliar a abrasividade de 15 dentifrícios, utilizando o aparelho Einlehner AT 1000. Uma solução contendo 50 g de cada creme dental mais 800 ml de água destilada era colocada no referido aparelho, que promovia 174.000 rotações da haste metálica, com um cilindro descartável de borracha, sobre uma tela de cobre pesada previamente (P1), por 100 minutos. Com o término da operação, a tela era lavada, seca e novamente pesada (P2). Através da equação: (P1-P2) ÷ 3,07 x 10-4 encontrava-se o número de gramas/metro2. Cada dentifrício foi testado 3 vezes e o valor final apresentado é a média dos 3 testes. Adicionalmente foram investigados o pH e o teor de sólidos das diferentes marcas. Os resultados mostraram que os dentifrícios possuem uma grande variação no grau de abrasão. As 3 marcas mais abrasivas foram: Close Up com flúor, Colgate Antitártaro e Oral B Dentes e Gengivas, as duas primeiras com dióxido de silício. As 3 marcas menos abrasivas foram: Colgate M.F.P. com cálcio, Gessy com flúor e Signal com flúor, todas com carbonato de cálcio. Os dentifrícios Close Up com flúor, Kolynos Ação Total e Oral B Dentes e Gengivas apresentaram um pH abaixo de 7, que pode indicar um possível efeito erosivo, associado à abrasão. Novas pesquisas são necessárias para comparar esses resultados com cremes dentais internacionais.

Abrasão dentária; Higiene bucal; Escovação dentária


The aim of the present study was to determine the abrasivity of 15 dentifrices, using Einlehner AT 1000 equipment. A solution containing 50 g of dentifrice and 800 ml of distilled water was placed in the equipment, at 174.000 revolutions of the metal stem, with a disposable rubber cylinder on a previously weighed copper screen (P1), for 100 min. After the procedure was over, the screen was washed, dried, and weighed again (P2). The number of g/m2 was found by using the equation: (P1-P2) ÷ 3,07 x 10-4. Each dentifrice was tested three times, and the final value was the average of the three tests. In addition, the pH and the percentage of solids of different products were investigated. The results showed that dentifrices have variable degrees of abrasivity. The three most abrasive products were: "Close Up Com Flúor", "Colgate Antitártaro", both with silicium oxide, and "Oral B Dentes e Gengivas". The three least abrasive products were: "Colgate M.F.P. Com Cálcio", "Gessy Com flúor" and "Signal com Flúor", all containing calcium carbonate. "Close Up Com Flúor", "Kolynos Ação Total", and "Oral B Dentes e Gengivas" had low pH (less than 7), a feature that may lead to an erosive effect. Further studies are necessary to compare these results with internationally available dentifrices.

Abrasivity; Oral hygiene; Toothbrushing


Estudo in vitro da abrasividade de dentifrícios

In vitro study of dentifrice abrasivity

Antonio Carlos Canabarro ANDRADE JUNIOR* * Mestrando em Periodontia da FO/UERJ, Prof. Assistente de Periodontia da FO/Valença. ** Aluna do Curso de Especialização em Odontopediatria da FO/UERJ. *** Livre docente em Periodontia pela FO - UERJ, Prof. Adjunto de Periodontia da FO/UERJ. **** Doutor em Periodontia pela Universidade de Lund (Suécia), Prof. Adjunto de Periodontia da FO/UERJ.

Marcia Rejane Thomas Canabarro ANDRADE** * Mestrando em Periodontia da FO/UERJ, Prof. Assistente de Periodontia da FO/Valença. ** Aluna do Curso de Especialização em Odontopediatria da FO/UERJ. *** Livre docente em Periodontia pela FO - UERJ, Prof. Adjunto de Periodontia da FO/UERJ. **** Doutor em Periodontia pela Universidade de Lund (Suécia), Prof. Adjunto de Periodontia da FO/UERJ.

Walter Augusto Soares MACHADO*** * Mestrando em Periodontia da FO/UERJ, Prof. Assistente de Periodontia da FO/Valença. ** Aluna do Curso de Especialização em Odontopediatria da FO/UERJ. *** Livre docente em Periodontia pela FO - UERJ, Prof. Adjunto de Periodontia da FO/UERJ. **** Doutor em Periodontia pela Universidade de Lund (Suécia), Prof. Adjunto de Periodontia da FO/UERJ.

Ricardo Guimarães FISCHER**** * Mestrando em Periodontia da FO/UERJ, Prof. Assistente de Periodontia da FO/Valença. ** Aluna do Curso de Especialização em Odontopediatria da FO/UERJ. *** Livre docente em Periodontia pela FO - UERJ, Prof. Adjunto de Periodontia da FO/UERJ. **** Doutor em Periodontia pela Universidade de Lund (Suécia), Prof. Adjunto de Periodontia da FO/UERJ.

ANDRADE JUNIOR., A.C.C.; ANDRADE, M.R.T.C.; MACHADO, W.A.S.; FISCHER, R.G. Estudo in vitro da abrasividade de dentifrícios. Rev Odontol Univ São Paulo, v. 12 n. 3, p. 231-236, jul./set. 1998.

O objetivo do presente estudo é avaliar a abrasividade de 15 dentifrícios, utilizando o aparelho Einlehner AT 1000. Uma solução contendo 50 g de cada creme dental mais 800 ml de água destilada era colocada no referido aparelho, que promovia 174.000 rotações da haste metálica, com um cilindro descartável de borracha, sobre uma tela de cobre pesada previamente (P1), por 100 minutos. Com o término da operação, a tela era lavada, seca e novamente pesada (P2). Através da equação: (P1-P2) ÷ 3,07 x 10-4 encontrava-se o número de gramas/metro2. Cada dentifrício foi testado 3 vezes e o valor final apresentado é a média dos 3 testes. Adicionalmente foram investigados o pH e o teor de sólidos das diferentes marcas. Os resultados mostraram que os dentifrícios possuem uma grande variação no grau de abrasão. As 3 marcas mais abrasivas foram: Close Up com flúor, Colgate Antitártaro e Oral B Dentes e Gengivas, as duas primeiras com dióxido de silício. As 3 marcas menos abrasivas foram: Colgate M.F.P. com cálcio, Gessy com flúor e Signal com flúor, todas com carbonato de cálcio. Os dentifrícios Close Up com flúor, Kolynos Ação Total e Oral B Dentes e Gengivas apresentaram um pH abaixo de 7, que pode indicar um possível efeito erosivo, associado à abrasão. Novas pesquisas são necessárias para comparar esses resultados com cremes dentais internacionais.

UNITERMOS: Abrasão dentária; Higiene bucal; Escovação dentária.

INTRODUÇÃO

Desde o estudo clássico de Gengivite Experimental em Humanos, de LÖE et al.15, a importância da remoção da placa dentária tem sido enfatizada na prevenção do desenvolvimento das doenças periodontais inflamatórias crônicas. A escova dentária e o dentifrício são, sem dúvida, os meios auxiliares mais difundidos na prática da higiene oral22. A remoção da placa bacteriana, nas regiões acessíveis, se dá, principalmente, pela atrição mecânica das cerdas da escova com as estruturas dentárias. A função dos dentifrícios é de coadjuvante, pois o acréscimo de sabor torna a escovação mais prazerosa, e conseqüentemente mais demorada, enquanto a adição de abrasivos facilita o processo de polimento5,18. Além disso, os dentifrícios são excelentes veículos de liberação de flúor, e muitos deles são aceitos pela American Dental Association (ADA) por seu conteúdo de flúor e eficácia anticárie5.

Nos Estados Unidos da América, o uso de dentifrício fluoretado e da escova dentária é generalizado, sendo que mais da metade da população escova duas vezes ao dia no mínimo, embora apenas 40%, aproximadamente, use fio dental regularmente4. Devido ao aparecimento relativamente freqüente de lesões associadas à higiene oral12,14,22, parece justificado o estudo da quantidade e qualidade dos abrasivos presentes nos dentifrícios. No mercado brasileiro, os abrasivos mais usados nos dentifrícios são: carbonato de cálcio e sílica, embora outros possam estar presentes. Uma quantidade alta de abrasivos pode provocar danos aos tecidos duros, tecidos moles e restaurações dentárias18. Os danos mais comuns são: retração da margem gengival e abrasão cervical, ambos geralmente associados com hipersensibilidade dentinária22. Em casos extremos, a perda de substância dentária pode levar a patologias pulpares e periapicais18.

LÖE et al.14 observaram que pode haver dois tipos de etiologia para a retração gengival: a primeira seria relacionada à doença periodontal e a segunda aos procedimentos de higiene oral. JOSHIPURA et al.12 verificaram que as retrações nos pré-molares superiores estavam mais relacionadas aos procedimentos de higiene oral, enquanto nos molares superiores estavam mais relacionadas à formação de cálculo dentário. Portanto, existe uma correlação entre os procedimentos de higiene oral e a retração gengival.

Com o maior conhecimento da doença periodontal e a popularização de métodos preventivos, espera-se que o aparecimento de lesões relacionadas à escovação e suas conseqüências, tais como hipersensibilidade dentinária e problemas estéticos, seja cada vez mais freqüente. A falta de conhecimento sobre a abrasividade dos dentifrícios torna difícil para os profissionais da área odontológica orientarem seus pacientes sobre qual seria o mais indicado para os seus casos específicos.

Assim sendo, o objetivo do presente estudo é avaliar, in vitro, a abrasividade de dentifrícios comumente encontrados no comércio. Além disso, também foram investigados os respectivos pH visando correlacionar a abrasão com um possível efeito erosivo.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram selecionados os 15 dentifrícios mais encontrados no mercado, após pesquisa informal em diversos locais de comércio desses produtos (Tabela 1), buscando incluir entre eles diferentes composições abrasivas. Três tubos de cada dentifrício, de lotes diferentes, foram utilizados para as avaliações.

Determinação da abrasividade

A abrasividade foi estabelecida usando-se o aparelho Einlehner AT-1000 (Hans Einlehner), a partir de uma suspensão do dentifrício a 6,25%, de acordo com as instruções do fabricante. Este método estabelece o grau de abrasividade através da perda de substância que uma tela de cobre sofre após a atrição de uma haste metálica com duas arruelas de PVC em suspensão sobre ela17. A abrasividade foi expressa em g/m2, usando-se a equação: [(P1 - P2) ÷ 3,07 x 10

-4], onde P1 representa o peso da tela antes da operação, P2, o peso após a atrição durante 100 minutos, e 3,07 x 10

-4 é uma constante definida pelo fabricante. Cada dentifrício era testado 3 vezes visando obter maior precisão dos resultados.

Determinação do pH

O pH foi determinado utilizando-se um pH-metro B-374 (Micronal) a partir de uma suspensão do dentifrício a 6,25%. Cada dentifrício era testado 3 vezes visando obter maior precisão dos resultados.

Teor de sólidos

A porcentagem total de sólidos de cada dentifrício foi determinada usando-se uma metodologia adaptada da Norma de Determinação de Umidade2. Para isso, uma quantidade exata do material foi pesada num pesa-filtro seco e tarado e submetida a uma temperatura de 150ºC durante 4 horas. Decorrido esse tempo, pesou-se o pesa-filtro contendo o material, obtendo-se elementos para o cálculo do teor de sólidos.

A fórmula para cálculo era [(P3 - P2)X100], P1, onde P1 representa o peso inicial do dentifrício, P2 o peso do pesa-filtro e P3 o peso final após o teste. Cada dentifrício era testado 3 vezes visando obter maior precisão dos resultados.

RESULTADOS

Determinação da abrasividade

A média e desvio padrão da abrasividade, após 3 testes de cada dentifrício, encontram-se na Tabela 1, em ordem decrescente de valores. Observar que os 7 dentifrícios menos abrasivos contêm em sua formulação o carbonato de cálcio como agente de polimento principal.

Determinação do pH

A média e desvio padrão das 3 leituras de cada dentifrício no pH-metro estão na Tabela 1. Três dentifrícios apresentaram pH abaixo de 7 (Oral B Dentes e Gengivas com pH 6,1, Kolynos Ação Total com pH 6,3 e Close Up com Flúor com pH 6,9). Notar que estes dentifrícios apresentam uma abrasividade alta.

Teor de sólidos

A média e desvio padrão dos 3 testes do teor de sólidos, de cada dentifrício, estão na Tabela 1. Houve uma grande variação na percentagem total de sólidos dos diferentes cremes dentais, mas uma maior quantidade de abrasivos na fórmula não implicou necessariamente no aumento da abrasividade.

DISCUSSÃO

Vários trabalhos têm sido realizados com o objetivo de determinar a abrasividade dos dentifrícios. Os métodos mais utilizados são os que se baseiam nos seguintes aspectos: mudanças de peso23, análise do perfil superficial3,7-9,16,19,22,23, uso de radiação1,6,11 e microscopia eletrônica de varredura13,21,23. A maior diferença entre eles é a maneira pela qual a perda de substância é avaliada. O teste com radiação e a análise do perfil superficial parecem ser os métodos mais confiáveis, tanto que ambos são aceitos pelas especificações da British Standards Institution (BSI)11. O Conselho de Terapêutica dentária da ADA sugere o teste com radiação para estudar a abrasividade dos dentifrícios1. Estudos mostraram que essa técnica provoca a diminuição da resistência do tecido dentário à abrasão7,8. Portanto, tecidos dentários irradiados podem não ser ideais para a simulação da performance in vivo de dentifrícios abrasivos, pois podem superestimar o grau de abrasão das diferentes marcas9.

A análise do perfil superficial é feita através de registros eletromecânicos de tecidos dentários, antes e depois de passar por uma escovação mecânica forçada. Apesar desse método parecer levar vantagem sobre o teste radioativo9, também ele apresenta problemas, inerentes aos testes in vitro, que devem ser considerados. A escovação padronizada elimina as variações de técnica e força presentes numa situação real, in vivo10,18. Além disso, a ausência de saliva e placa bacteriana, entre outras variáveis, dificulta o estabelecimento confiável de um padrão de abrasividade10,11. Outro aspecto muito importante é a utilização de dentes extraídos, tanto nos testes radiativos como no método da análise do perfil superficial. Podem existir diferenças altamente significativas entre as amostras dentárias, como, por exemplo, o tipo, a qualidade e o tempo de armazenamento das diferentes peças dentárias. A idade e raça do doador da peça dentária, o grau de maturação do dente, a quantidade de flúor adsorvido ao dente, entre outras variáveis, são aspectos que podem dificultar sobremaneira o estabelecimento real da abrasividade dos dentifrícios, a partir de métodos in vitro, que utilizam amostras de tecidos dentários de vários doadores diferentes.

No presente trabalho foi utilizado um método in vitro, que usa como parâmetro as mudanças de peso de uma tela de cobre, antes e depois da atrição de uma haste de borracha sobre ela, para medir a abrasividade de uma suspensão. Esse método é bastante utilizado no estudo da abrasividade de diferentes soluções, pois possibilita uma padronização absoluta das variáveis, visto que todos os materiais são estritamente iguais17. Por apresentar essas qualidades, esse teste foi utilizado neste trabalho para estabelecer a abrasividade de dentifrícios, pois a única variante é a solução (no caso, o creme dental), que muda em cada teste, e provoca uma abrasão variada, de acordo com as diferentes características abrasivas de cada dentifrício. Ao avaliar 15 cremes dentais diferentes, foram encontradas variações altamente significativas entre os diferentes produtos. Essas diferenças profundas também foram encontradas em estudos anteriores que utilizaram outros métodos1,6,22,23. Seria muito interessante a comparação dos resultados obtidos no presente estudo com os resultados de trabalhos que tivessem utilizado outros métodos mais tradicionais. Infelizmente isso é impossível devido à escassez, no Brasil, de publicações com esse teor. Já os trabalhos realizados no exterior utilizam cremes dentais com nomes comerciais diferentes das marcas nacionais, o que dificulta qualquer comparação.

Para tentar entender a grande variação na abrasividade das diferentes marcas estudadas, foi investigado, adicionalmente, o teor de sólidos presente em cada dentifrício. Apesar de serem encontrados valores mais altos do que os relatados anteriormente18,22, não foi possível estabelecer uma correlação entre a quantidade de abrasivo na formulação e o grau de abrasividade dos diferentes cremes dentais. Esse achado está em concordância com estudos anteriores, que mostraram que não é a quantidade de abrasivos que é importante para o grau de abrasividade dos diferentes dentifrícios, e sim as características físicas dos minerais, que compõem os cremes dentais3,9,18. Um desses estudos mostrou que os dentifrícios que continham na sua composição carbonato de cálcio, na forma romboédrica ou ovóide, mais regular, apresentaram menor abrasividade que os que possuíam partículas aragoníticas, mais irregulares3. Outro estudo mostrou que dentifrícios que continham partículas finas, tanto de carbonato como de sílica, apresentaram menor abrasividade9. As informações presentes nas embalagens dos dentifrícios indicam apenas o tipo de abrasivo principal usado na fórmula, mas o formato e o tamanho das partículas, que são dados fundamentais, não são divulgados. Isso reforça a necessidade de estudos mais regulares sobre a abrasividade de cremes dentais, para que os profissionais da área odontológica possam indicar aqueles que melhor se adaptam às necessidades específicas de cada paciente.

Com relação ao pH, houve também uma variação bastante significativa entre as diferentes marcas estudadas, sendo que apenas 3 delas ficaram abaixo de 7 (Close Up, Kolynos Ação Total e Oral B Dentes e Gengivas). O real significado desses achados deve ser melhor investigado em trabalhos futuros. Porém, parece ter havido uma tendência às marcas com pH mais alcalino apresentarem menor grau de abrasão, enquanto alguns dentifrícios com pH mais baixo apresentaram maior abrasividade, o que pode indicar uma possível combinação de efeitos erosivo e abrasivo.

Alguns estudos consideram que a escovação com dentifrícios mais abrasivos é mais vantajosa, pois controlaria melhor o manchamento dentário e promoveria uma limpeza mais rápida, evitando danos aos tecidos duros21. Por outro lado muitos autores consideram que o risco de lesão aos tecidos duros é muito grande com o uso de dentifrícios altamente abrasivos1,6,20,22. A indicação de um creme dental deveria seguir uma avaliação básica das necessidades individuais de cada paciente20,22. Parece mais razoável que, de uma maneira geral, as pessoas usem dentifrícios menos abrasivos.

De acordo com a metodologia usada neste trabalho, esses dentifrícios seriam principalmente os com carbonato de cálcio, como o Signal com flúor, o Gessy com flúor e o Colgate M.F.P. com cálcio, sem esquecer do uso de uma escova macia e de boa qualidade para evitar o efeito danoso das cerdas duras sobre os tecidos dentários10,18. Após a utilização desses cremes dentais menos abrasivos por um certo período, caso ocorra um manchamento significativo dos dentes, os pacientes deveriam ser estimulados a usar marcas progressivamente mais abrasivas, com base na Tabela 1, até que se estabeleça uma higiene ideal, sem lesões aos tecidos duros, e sem manchas. Por outro lado, os pacientes que apresentarem retração gengival e lesões cervicais devem ser treinados a realizar uma técnica de escovação menos lesiva, com escova de cerdas macias, além de usar dentifrícios menos abrasivos.

CONCLUSÕES

  • O grau de abrasão dos dentifrícios apresentou uma grande variação entre as diferentes marcas analisadas.

  • O teor de sólidos encontrado nos diversos dentifrícios estudados teve uma média alta, porém uma quantidade de sólidos maior não implicou, necessariamente, no aumento da abrasividade.

  • O pH teve uma grande variação, mas apenas 3 dentifrícios apresentaram valores abaixo de 7. Estes cremes dentais (Close Up, Oral B Dentes e Gengivas e Kolynos Ação Total) mostraram uma alta abrasividade que pode representar um possível efeito erosivo associado à abrasão.

  • Os sete cremes dentais menos abrasivos possuem na sua composição carbonato de cálcio como agente de polimento.

ANDRADE JUNIOR., A.C.C.; ANDRADE, M.R.T.C.; MACHADO, W.A.S.; FISCHER, R.G. In vitro study of dentifrice abrasivity. Rev Odontol Univ São Paulo, v. 12 n. 3, p. 231-236, jul./set. 1998.

The aim of the present study was to determine the abrasivity of 15 dentifrices, using Einlehner AT 1000 equipment.

A solution containing 50 g of dentifrice and 800 ml of distilled water was placed in the equipment, at 174.000 revolutions of the metal stem, with a disposable rubber cylinder on a previously weighed copper screen (P1), for 100 min. After the procedure was over, the screen was washed, dried, and weighed again (P2). The number of g/m2 was found by using the equation: (P1-P2) ÷ 3,07 x 10-4. Each dentifrice was tested three times, and the final value was the average of the three tests. In addition, the pH and the percentage of solids of different products were investigated. The results showed that dentifrices have variable degrees of abrasivity. The three most abrasive products were: "Close Up Com Flúor", "Colgate Antitártaro", both with silicium oxide, and "Oral B Dentes e Gengivas". The three least abrasive products were: "Colgate M.F.P. Com Cálcio", "Gessy Com flúor" and "Signal com Flúor", all containing calcium carbonate. "Close Up Com Flúor", "Kolynos Ação Total", and "Oral B Dentes e Gengivas" had low pH (less than 7), a feature that may lead to an erosive effect. Further studies are necessary to compare these results with internationally available dentifrices.

UNITERMS: Abrasivity; Oral hygiene; Toothbrushing.

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Recebido para publicação em 02/09/97

Reformulado em 02/04/98

Aceito para publicação em 29/04/98

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  • *
    Mestrando em Periodontia da FO/UERJ, Prof. Assistente de Periodontia da FO/Valença.
    **
    Aluna do Curso de Especialização em Odontopediatria da FO/UERJ.
    ***
    Livre docente em Periodontia pela FO - UERJ, Prof. Adjunto de Periodontia da FO/UERJ.

    ****

    Doutor em Periodontia pela Universidade de Lund (Suécia), Prof. Adjunto de Periodontia da FO/UERJ.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      10 Nov 1999
    • Data do Fascículo
      Jul 1998

    Histórico

    • Aceito
      29 Abr 1998
    • Revisado
      02 Abr 1998
    • Recebido
      02 Set 1997
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