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Avaliação da qualidade da informação de saúde na internet: indicadores de acurácia baseados em evidência para tuberculose

RESUMO

Pouco tempo atrás, para alguém obter informação, era preciso comprar um jornal, um livro, uma revista ou ir até uma biblioteca. Hoje, a internet disponibiliza uma miríade de informação rapidamente. Entretanto, as informações veiculadas podem estar desatualizadas, incompletas, incorretas ou deliberadamente mentirosas: as fakenews. Na saúde, essas informações podem afetar o bem-estar ou causar dano ao indivíduo e à sociedade. Para enfrentar esse problema, avaliações da qualidade da informação de sites de saúde têm sido realizadas por profissionais, pesquisadores e instituições. As avaliações verificam frequentemente a exatidão da informação oferecida. Contudo, os indicadores de acurácia da informação não têm sido construídos a partir da Medicina Baseada em Evidências (MBE). O objetivo desse artigo é construir indicadores a partir das práticas da MBE, analisando o caso da tuberculose. O artigo propõe 43 indicadores de acurácia da informação. Com eles, foi avaliada a informação disponível sobre tuberculose no site do Ministério da Saúde do Brasil. Os resultados indicam que falta muita informação e há informação incorreta. Essa avaliação reitera a importância da construção de indicadores de acurácia da informação a partir da MBE. Este trabalho pretende incentivar a realização de novos estudos sobre avaliação da qualidade da informação de saúde na internet.

PALAVRAS-CHAVES
Medicina baseada em evidências; Internet; Acesso à informação; Indicadores (estatística); Tuberculose

ABSTRACT

Not long ago, someone had to buy a newspaper, a book, or a magazine or go to a library to obtain information. Today, the Internet quickly facilitates a myriad of information. However, the information provided may be obsolete, incomplete, incorrect, or deliberately false: fake news. In the health field, this information can affect well-being or harm individuals and society. Thus, professionals, researchers, and institutions have assessed the quality of information on health websites to address this issue. Evaluations often verify the accuracy of the information provided. However, the information accuracy indicators have yet to be constructed from Evidence-Based Medicine (EBM). This article aims to build indicators from EBM practices, analyzing the case of tuberculosis. This manuscript proposes 43 information accuracy indicators that evaluated the tuberculosis information available on the Brazilian Ministry of Health. The results indicate that much information needs to be included, and some data must be corrected. This evaluation reiterates the importance of building EBM accuracy indicators. This work intends to encourage new studies about assessing the quality of health information on the Internet.

KEYWORDS
Evidence-based medicine; Internet; Access to information; Indicators (statistics); Tuberculosis

Introdução

Pouco tempo atrás, para alguém obter informação, geralmente, era preciso comprar um jornal, um livro, uma revista ou ir até uma biblioteca distante e pouco acessível. As cartas eram enviadas pelo correio e demandavam certo tempo até chegar ao destino final. Hoje, a internet oferece novas oportunidades tanto para o acesso como para a produção de informação11 Pereira Neto A, Barbosa L, Flynn M. Prefácio da edição brasileira – Há décadas em que nada acontece. Há semanas em que décadas acontecem. In: Pereira Neto A, Flynn M, organizadores. Internet e saúde no Brasil: desafios e tendências. 1. ed. São Paulo: Cultura Acadêmica; 2021. p. 7-18.. É possível que qualquer pessoa consiga acessar, produzir e compartilhar informação anteriormente restrita a determinados grupos socioculturais22 Pereira Neto A, Paolucci R. Avaliação da qualidade da informação de saúde na internet: análise das iniciativas brasileiras. In: Pereira Neto A, Flynn M, organizadores. Internet e saúde no Brasil: desafios e tendências. 1. ed. São Paulo: Cultura Acadêmica; 2021. p. 257-291.. Para tanto, é necessário adquirir um dispositivo eletrônico de comunicação, ter condições tecnológicas de acesso à rede e possuir habilidade para manipular essas ferramentas. A informação pode ser acessada, produzida e compartilhada, por exemplo, em um site, um blog ou um perfil no Facebook. O volume de informação disponível na internet é incontável e abrange qualquer assunto32 Pereira Neto A, Paolucci R. Avaliação da qualidade da informação de saúde na internet: análise das iniciativas brasileiras. In: Pereira Neto A, Flynn M, organizadores. Internet e saúde no Brasil: desafios e tendências. 1. ed. São Paulo: Cultura Acadêmica; 2021. p. 257-291.. Os cidadãos têm todo tipo de informação à disposição, que pode ser obtida rapidamente. Sem a internet, muita informação não seria acessada com a mesma velocidade44 Cheng C, Dunn M. Health literacy and the Internet: a study on the readability of Australian online health information. Aust New Zeal J Public Heal. 2015; 39(4):309-14.. As mídias digitais estão cada vez mais pervasivas e ubíquas, chegando a construir ‘cidades inteligentes’ e a estar presentes em todas as coisas que nos circundam e servem55 João BN, Souza CL, Serravo FA. A systematic review of smart cities and the internet of things as a research topic. Cad EBAPEBR. 2020; 17(4):1115-30..

A saúde se destaca como uma das áreas com cada vez mais informação disponível para um número cada vez maior de pessoas interessadas. A pesquisa nacional coordenada pelo Comitê Gestor de Internet no Brasil (CGI.br) indica que 45% dos usuários de internet buscaram por informação relacionada à saúde ou aos serviços de saúde66 Martinhão MS. Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros: TIC domicílios 2018. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil; 2019. [acesso em 2022 out 5]. Disponível em: https://www.cgi.br/media/docs/publicacoes/2/12225320191028-tic_dom_2018_livro_eletronico.pdf.
https://www.cgi.br/media/docs/publicacoe...
. Esse tipo de informação tem se mantido como a segunda maior atividade de busca por informação dos brasileiros, atrás apenas da busca por informação sobre produtos e serviços. Em 2020, o total de brasileiros usuários de internet que buscou informação desse tipo chegou a 53%77 Barbosa AF. Pesquisa sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos domicílios brasileiros: TIC Domicílios 2020: edição COVID-19: metodologia adaptada. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil; 2021. [acesso em 2022 out 5]. Disponível em: https://www.cgi.br/media/docs/publicacoes/2/20211124201233/tic_domicilios_2020_livro_eletronico.pdf.
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O acesso à informação de saúde de qualidade na internet pode ter consequências positivas tanto para os gestores de sistemas de saúde88 Park H, Lee S-I, Hwang H, et al. Can a health information exchange save healthcare costs? Evidence from a pilot program in South Korea. Int J Med Inf. 2015; 84(9):658-66.,99 Spoelman WA, Bonten TN, Waal MWM, et al. Effect of an evidence-based website on healthcare usage: an interrupted time-series study. BMJ Open. 2016; 6(11). como para os cidadãos1010 Eysenbach G. The impact of the Internet on cancer outcomes. CA-A CANCER J Clin. 2003; 53(6):356-71.. Informação de qualidade propicia a promoção da saúde, pois facilita o desenvolvimento de habilidades que conferem ao cidadão maior poder de decisão sobre sua saúde e seu autocuidado1111 Garbin H, Guilam M, Pereira Neto A. Internet na promoção da saúde: um instrumento para o desenvolvimento de habilidades pessoais e sociais. Physis. 2012; 22(1):347-363.,1212 Pereira Neto A, Ribeiro B, Guljor AP, et al. Eu quero entrar na rede: análise de uma experiência de inclusão digital com usuários do Caps. Saúde debate. 2020; (44):58-69.. Ela pode também interferir na tradicional relação assimétrica existente entre médico e paciente1313 Garbin HB, Pereira Neto A, Guilam MCR. A internet, o paciente expert e a prática médica: uma análise bibliográfica. Interface – Comum. Saúde, Educ. 2008; (26):579-88.. Por outro lado, informação incorreta, incompreensível ou desatualizada pode desencadear a tomada de decisão prejudicial à saúde. Portanto, o acesso à informação de baixa qualidade pode ter consequências negativas para a saúde dos cidadãos.

Nesse contexto, Lemos1414 Lemos A. Cidade e mobilidade. Telefones celulares, funções pós-massivas e territórios informacionais. MATRIZes. 2007; 1(1):121-37. faz uma distinção entre mídia massiva e pós-massiva. A primeira possui um fluxo centralizado de informação. Nela, as empresas controlam as informações para atender a seus agentes financiadores. Elas cumprem um importante papel social e político na formação da opinião pública. As informações são dirigidas às pessoas de forma indiferenciada, que tem pouca possibilidade de interagir. As mídias de função pós-massiva, por sua vez, funcionam a partir de redes, em que qualquer um pode produzir informação. Não há nesse caso um polo produtor de conteúdo nem a dependência de verba publicitária. O produto é personalizável e multidirecional, voltado para determinados nichos que traduzem interesses específicos. Essas condições facilitam o florescimento de postagens desatualizadas, incompletas, incorretas ou deliberadamente mentirosas: as fakenews.

Oliveira1515 Oliveira T. Como enfrentar a desinformação científica? Desafios sociais, políticos e jurídicos intensificados no contexto da pandemia. Liinc em Revista. 2020; (16):e5374. admite que existam três possibilidades para o enfrentamento à desinformação. A seu ver, uma pode ser realizada por meio das ferramentas de checagem de fatos. A autora entende ainda que os cidadãos possuem competências para tomar decisões racionais a partir de suas próprias buscas por informação. Ela sugere o letramento midiático e informacional. Para nós, diante da quantidade de informação difundida em larga escala nas mídias digitais, a avaliação da qualidade pode ser considerada mais uma possibilidade de enfrentamento às fakenews. Ela nos parece imperiosa em relação aos sites vinculados a instituições públicas.

Na última década, pesquisadores do campo de avaliação da qualidade da informação de saúde na internet avançaram na produção de conhecimento sobre as formas de lidar com esse problema. Em revisão sistemática1616 Paolucci R, Neto AP. Methods for evaluating the quality of information on health websites: Systematic Review (2001-2014). Lat Am J Dev. 2021; 3(3):994-1056. sobre métodos de avaliação, nenhum estudo empregou práticas da Medicina Baseada em Evidências (MBE) para o desenvolvimento de indicadores para o critério acurácia da informação: “critério para avaliar a conformidade da informação com a melhor e a mais atual evidência científica disponível”1616 Paolucci R, Neto AP. Methods for evaluating the quality of information on health websites: Systematic Review (2001-2014). Lat Am J Dev. 2021; 3(3):994-1056.(159). Nesses estudos, assim como nos estudos analisados em duas revisões anteriores1717 Eysenbach G, Powell J, Kuss O, et al. Empirical Studies Assessing the Quality of Health Information for Consumers on the World Wide Web. JAMA. 2002; 287(20):2691-700.,1818 Zhang Y, Sun Y, Xie B. Quality of health information for consumers on the web: A systematic review of indicators, criteria, tools, and evaluation results. J Assoc Inf Sci Technol. 2015; 66(10):2071-84., os indicadores de acurácia da informação foram construídos por meio do consenso de especialistas, manuais técnicos científicos, diretrizes médicas, livros didáticos ou literatura. Para preencher essa lacuna, Paolucci, Pereira Neto e Nadanovsky1919 Paolucci R, Neto A, Nadanovsky P. Avaliação da acurácia da informação em sites de saúde: Métodos para construção de indicadores baseados em evidência. Em Questão. 2021; 27(4):137-88. desenvolveram um conjunto de métodos.

O objetivo deste artigo é construir indicadores baseados em evidências, abordando o caso específico da tuberculose. A tuberculose foi escolhida devido à alta incidência e mortalidade no Brasil, sobretudo dentre a população pobre que reside em aglomerados urbanos2020 Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epid. 2019 [acesso em 2018 jan 13]; (9). Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/marco/22/2019-009.pdf.
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Material e métodos

Para construirmos indicadores, empregamos os métodos desenvolvidos por Paolucci, Pereira Neto e Nadanovsky1919 Paolucci R, Neto A, Nadanovsky P. Avaliação da acurácia da informação em sites de saúde: Métodos para construção de indicadores baseados em evidência. Em Questão. 2021; 27(4):137-88.. Eles propõem que os indicadores de acurácia da informação sejam baseados nas melhores evidências científicas disponíveis. Este artigo seguiu o conjunto de métodos de sete etapas: estratégia de busca, seleção da fonte de informação baseada em evidência, coleta e seleção de tópicos, desenvolvimento da primeira versão de indicadores, análises dos grupos, análise dos tópicos e análise dos indicadores.

Desenvolvimento de indicadores de acurácia da informação

Na primeira etapa, realizada em 17 de abril de 2019, aplicamos a estratégia de busca utilizando a palavra “tuberculosis” no serviço de meta-search ACCESSSS2121 McMaster U. About. 2019. [acesso em 2019 maio 30]. Disponível em: https://www.accessss.org/Pages/About.
https://www.accessss.org/Pages/About...
. Encontramos 140 resultados no quarto nível de organização das evidências distribuídos em três fontes de informação.

Na segunda etapa, selecionamos o DynaMed Plus2222 DynaMed. About DynaMed Clinical Decision Support Tool. 2019. [acesso em 2019 maio 7]. Disponível em: https://www.dynamed.com/home/about.
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como fonte de informação para desenvolver os indicadores dado que oferece orientações baseadas em evidências atualmente1919 Paolucci R, Neto A, Nadanovsky P. Avaliação da acurácia da informação em sites de saúde: Métodos para construção de indicadores baseados em evidência. Em Questão. 2021; 27(4):137-88.. Ao realizarmos essa opção, não deixamos de considerar outras plataformas semelhantes existentes e disponíveis para a coleta de informações adequadas para a construção dos indicadores de acurácia. Uma comparação entre fontes de informação semelhantes ao DynaMed Plus foi realizada em estudo recente1919 Paolucci R, Neto A, Nadanovsky P. Avaliação da acurácia da informação em sites de saúde: Métodos para construção de indicadores baseados em evidência. Em Questão. 2021; 27(4):137-88.. Neste estudo, utilizamos o DynaMed Plus por ser uma plataforma que disponibiliza sumários sintetizados para referência clínica. Ela se destaca por sua qualidade e forma de apresentação dos resultados1919 Paolucci R, Neto A, Nadanovsky P. Avaliação da acurácia da informação em sites de saúde: Métodos para construção de indicadores baseados em evidência. Em Questão. 2021; 27(4):137-88.. Com o uso do Dynamed Plus, circunscrevemos o resultado da busca para 40 resultados.

Na terceira etapa, realizamos a coleta e seleção dos tópicos relacionados ao assunto tuberculose. Aplicamos os critérios de exclusão propostos pelos autores do método sobre tópicos que tratam de drogas e testes específicos, de meta tópicos ou tópicos sem informação1919 Paolucci R, Neto A, Nadanovsky P. Avaliação da acurácia da informação em sites de saúde: Métodos para construção de indicadores baseados em evidência. Em Questão. 2021; 27(4):137-88.. Assim, chegamos ao total de 20 tópicos incluídos em nossa amostra.

Na quarta etapa, realizamos a leitura dos tópicos e redigimos a versão inicial de indicadores. Em seguida, classificamos os indicadores em grupos que representam assuntos pertinentes à tuberculose. Com isso, desenvolvemos a primeira versão de 180 indicadores de acurácia da informação (anexo 1). Contudo, consideramos esse número de indicadores demasiadamente extenso para ser aplicado na avaliação de sites de saúde destinados aos usuários.

Na quinta etapa, a análise de grupos permitiu o agrupamento de todos os indicadores em pelo menos uma das dimensões que especificamos para a tuberculose: prevenção, transmissão, sintomas, diagnóstico e tratamento. Nessa análise, identificamos 27 indicadores que precisavam ser agrupados. O total de indicadores por dimensão ficou assim: prevenção (30), transmissão (22), sintomas (22), diagnóstico (54) e tratamento (60). Há indicadores classificados em duas dimensões simultaneamente. Essa visão geral da quantidade de indicadores em cada grupo e possíveis cruzamentos entre eles permitiu refletir sobre como a amostra poderia ser circunscrita para atender aos objetivos da pesquisa. É necessário reduzir o total de indicadores para um conjunto que seja viável e contenha informação essencial para avaliar sites sobre tuberculose destinados aos usuários. Além disso, o objetivo de avaliações de sites de saúde não é reunir todas as evidências disponíveis sobre tuberculose. Nesse sentido, tomamos a decisão de circunscrever a amostra selecionada de tópicos encontrados no DynaMed Plus. Voltamos, portanto, para reflexão sobre os tópicos incluídos.

Na sexta etapa, aplicamos um critério de exclusão na análise de tópicos seguindo as ideias propostas pelos autores do método1919 Paolucci R, Neto A, Nadanovsky P. Avaliação da acurácia da informação em sites de saúde: Métodos para construção de indicadores baseados em evidência. Em Questão. 2021; 27(4):137-88.. O critério está relacionado à incidência dos diferentes tipos de tuberculose. Essa informação foi encontrada nas próprias páginas do serviço. Podemos compreender os tipos de tuberculose nos grupos pulmonar e extrapulmonar.

Existe a estimativa de que a tuberculose pulmonar tenha atingido dez milhões de pessoas e causado a morte de 1,6 milhão no mundo somente no ano de 20172323 DynaMed. Record No. T116300. Pulmonary Tuberculosis. 2018. [ acesso em 2019 jul 23]. Disponível em: https://www.dynamed.com/topics/dmp~AN~T116300.
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. Em relação às tuberculoses extrapulmonares, dispomos dos seguintes dados: tuberculose abdominal é responsável por 5% dos casos de tuberculose extrapulmonar; óssea e articular, por 10% dos casos; disseminada ou miliar, por 20% dos casos; geniturinária, por cerca de 5% a 6% dos casos; e linfadenite tuberculose, por 35% dos casos2424 Paolucci R. Avaliação da qualidade da informação em sites de saúde: indicadores de acurácia baseada em evidência para tuberculose. [tese]. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz; 2020. 149 p.. Diante da maior incidência da tuberculose pulmonar em relação às outras formas da doença, excluímos 99 indicadores que continham informações específicas sobre tuberculoses extrapulmonares. Chegamos ao total de 81 indicadores.

Na sétima e última etapa, realizamos a análise dos indicadores incluídos. Avaliamos as redações da versão inicial, pois foram redigidas quase como traduções dos textos clínicos originais encontrados no DynaMed Plus. É importante que a redação do indicador seja de fácil compreensão tanto por profissionais de saúde como por usuários. Assim, eles poderão observar sua presença ou não nos sites de saúde1919 Paolucci R, Neto A, Nadanovsky P. Avaliação da acurácia da informação em sites de saúde: Métodos para construção de indicadores baseados em evidência. Em Questão. 2021; 27(4):137-88.. Nessa análise, aplicamos três métodos de reformulação, união e exclusão de indicadores, conforme orientam Paolucci, Pereira Neto e Nadanovsky1919 Paolucci R, Neto A, Nadanovsky P. Avaliação da acurácia da informação em sites de saúde: Métodos para construção de indicadores baseados em evidência. Em Questão. 2021; 27(4):137-88..

Primeiro, foram empregados os três critérios de exclusão propostos pelos autores: informação técnicas; ponderações sobre diagnósticos ou tratamentos; e informações destinadas aos profissionais ou gestores de sistemas de saúde. A aplicação desses critérios excluiu 26 indicadores, reduzindo o total para 55.

Em seguida, realizamos a união de indicadores com conteúdos semelhantes ou complementares. A união foi feita de duas formas: informações contempladas em mais de um indicador; e desenvolvimento de nova redação de indicador baseada em informação proveniente de dois ou três indicadores. A aplicação desses métodos reduziu o total de indicadores em doze, totalizando 43 indicadores de acurácia da informação na amostra final (quadro 1).

Quadro 1
Versão final de 43 indicadores de ‘acurácia’ para tuberculose

Finalmente, unimos conteúdos de forma diferente. No entanto, tal forma não reduziu o total, porque nossa análise identificou que os indicadores envolvidos ficaram melhor redigidos com a transferência de um trecho da evidência de um indicador para o outro. Esse procedimento foi realizado somente em um caso.

Seleção do site

Realizamos uma escolha arbitrária de um site para aplicar os indicadores desenvolvidos1616 Paolucci R, Neto AP. Methods for evaluating the quality of information on health websites: Systematic Review (2001-2014). Lat Am J Dev. 2021; 3(3):994-1056.. O site escolhido está hospedado no portal do Ministério da Saúde (MS) e trata-se de um glossário denominado de ‘Saúde de A a Z’2525 Brasil. Ministério da Saúde. Saúde de A a Z – Português (Brasil). 2022. [acesso em 2022 fev 24]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z.
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/...
.

As páginas desse glossário disponibilizam informação oficial sobre saúde, chancelada pelo governo federal brasileiro. Por essa razão, elas recebem destaque em buscas realizadas no Google e são facilmente acessíveis por gestores, profissionais de saúde e usuários. Esse portal do MS pode ser considerado a principal referência de informação para todas as secretarias estaduais e municipais de saúde. A informação disponível nele pode ser considerada confiável.

Na letra ‘t’ do glossário, localizamos o tópico ‘Tuberculose.2626 Brasil. Ministério da Saúde. Tuberculose – Português (Brasil). 2022. [acesso em 2022 fev 24]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-dea-a-z/t/tuberculose/tuberculose.
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/...
. Então, decidimos avaliar a informação disponível nesse tópico com os indicadores que desenvolvemos.

Aplicação dos indicadores

Nossa proposta de procedimento para aplicação dos indicadores de acurácia é utilizar uma mesma escala para todos: ‘incorreta’, ‘ausente’, ‘incompleta’ e ‘completa’. Esta escala representa o julgamento que fizemos sobre a informação encontrada no site ao compará-la com a informação dos indicadores desenvolvidos. A redação dos indicadores foi concebida contendo toda informação fundamental e baseada em evidência que permita avaliar a qualidade da informação contida em um site. Dessa forma, tanto profissionais de saúde como usuários podem avaliar a informação. A ideia é que o avaliador verifique se o indicador está disponível no site e como está disposto. Se a informação não for encontrada, ele deve considerá-la ‘ausente’. Caso seja encontrada, mas esteja errada, o avaliador deve considerá-la ‘incorreta’. Na situação em que ele encontre a informação parcial, deve considerar ‘incompleta’. Contudo, se qualquer parte da informação contida no indicador estiver errada, mesmo que outra parte esteja correta, recomendamos que o avaliador considere ‘incorreta’ para o indicador. A informação somente deverá ser avaliada como ‘completa’ se for encontrada e estiver correta de acordo com o indicador.

Empregamos esse procedimento na página selecionada no dia 24 de fevereiro de 2022.

Resultados

A figura 1 apresenta os resultados das sete etapas1919 Paolucci R, Neto A, Nadanovsky P. Avaliação da acurácia da informação em sites de saúde: Métodos para construção de indicadores baseados em evidência. Em Questão. 2021; 27(4):137-88. de desenvolvimento de indicadores de acurácia da informação. Desenvolvemos 43 indicadores para avaliação da qualidade da informação sobre tuberculose destinada a usuários na internet (quadro 1). Para mostrar como foram organizados, definimos dimensões para a tuberculose: prevenção, transmissão, sintomas, diagnóstico e tratamento. No âmbito de cada dimensão, os indicadores estão organizados em grupos.

Figura 1
Diagrama de fluxo metodológico

A dimensão de prevenção contém o total de 16 indicadores. Ela detém o maior número de indicadores, distribuídos igualmente em quatro grupos. O grupo ‘BCG’ contém informação relacionada à vacina Bacillus Calmette-Guérin (BCG) como assunto principal. O grupo ‘HIV’ contém indicadores com esse vírus como principal assunto relacionado. O grupo ‘Responsável pela criança’ contém informação sobre ações de prevenção que devem ser tomadas quando os responsáveis pelas crianças tiveram algum contato com a tuberculose. No quarto grupo, o assunto principal são as ‘Crianças’.

A dimensão ‘transmissão’ contém seis indicadores de acurácia da informação organizados em cinco grupos. Há apenas um indicador por grupo, exceto o grupo que envolve a população de ‘Crianças’. O grupo ‘Geral’ não contém indicadores baseados em informação específica sobre uma população, condição de saúde ou intervenção. Indicadores desse grupo possuem informações destinadas à população em geral. Esse grupo também foi criado para todas as próximas dimensões que definimos. O grupo ‘Fatores de risco gerais’ possui informação destinada à população em geral. O grupo ‘Fatores de risco e HIV’ contém indicador sobre fatores específicos para pessoas com o vírus HIV. O grupo ‘Fatores de risco e Crianças’ contém dois indicadores de acurácia da informação destinados à essa população. O quinto grupo, ‘Fatores de risco e Tuberculoses resistentes’, é baseado em informação sobre fatores relacionados a tipos de tuberculose resistentes a medicamentos.

A dimensão ‘sintomas’ contém dois indicadores classificados em dois grupos: ‘Geral’ e ‘Crianças’.

A dimensão ‘diagnóstico da tuberculose’ contém oito indicadores organizados em quatro grupos, cada um com dois indicadores. O primeiro é o grupo é ‘Geral’, o segundo é ‘HIV’ e o terceiro é ‘Crianças’. O quarto grupo, ‘Tuberculose resistente’ contém indicadores baseados em informação relacionada ao diagnóstico de tuberculoses resistentes à medicamentos.

A dimensão ‘tratamento da tuberculose’ contém onze indicadores categorizados em quatro grupos. O primeiro grupo, ‘Geral’, contém três indicadores. O segundo grupo foi classificado como ‘HIV’ e contém dois indicadores. O grupo ‘Tuberculose resistente’ contém cinco indicadores. O quarto grupo, ‘Efeitos colaterais’, contém um indicador baseado em informação que tem como assunto principal os eventuais efeitos colaterais decorrentes de um tratamento.

Empregamos o procedimento de aplicação dos 43 indicadores de acurácia da informação na página sobre tuberculose no glossário ‘Saúde de A a Z’ do portal do MS2626 Brasil. Ministério da Saúde. Tuberculose – Português (Brasil). 2022. [acesso em 2022 fev 24]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-dea-a-z/t/tuberculose/tuberculose.
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/...
. A informação foi considerada ‘incorreta’ em um indicador, ‘ausente’ em 29, ‘incompleta’ em onze e ‘completa’ em apenas dois indicadores. Esse resultado revela baixíssima conformidade. Há muita informação baseada em evidência que poderia estar disponível nesse site de forma completa e correta. A maioria da informação não foi encontrada ou está incompleta. Há também informação que foi considerada errada. O resultado completo da avaliação está no quadro 2.

Quadro 2
Avaliação do tópico ‘Tuberculose’ do glossário do MS

Discussão

Destacamos quatro casos que representam a existência de informação ‘completa’, ‘incompleta’, ‘ausente’ e ‘incorreta’ na página avaliada.

O primeiro é do indicador desenvolvido no âmbito da dimensão de transmissão da tuberculose que pertence ao grupo ‘Geral’: ‘A tuberculose é transmitida pelo ar de uma pessoa para outra quando as bactérias são expelidas na forma de aerossol por uma pessoa com tuberculose pulmonar’ (Id 131, quadro 2). Ao investigar a página do glossário, apesar de redigida de forma distinta, consideramos que a informação encontrada está completa.

As evidências que embasaram o desenvolvimento desse indicador fazem referência a dois capítulos de livro2323 DynaMed. Record No. T116300. Pulmonary Tuberculosis. 2018. [ acesso em 2019 jul 23]. Disponível em: https://www.dynamed.com/topics/dmp~AN~T116300.
https://www.dynamed.com/topics/dmp~AN~T1...
. O primeiro é de um manual de microbiologia clínica que está na décima edição2727 Pfyffer G, Palicova F. Mycobacterium: General characteristics, laboratory detection, and staining procedures. In: Versalovic J, Carroll K, Funke G, et al., editores. Manual of Clinical Microbiology. 10. ed. Washington: American Society for Microbiology Press; 2011. p. 472-502.. O segundo é de um livro que está na oitava edição2828 Fitzgerald D, Sterling T, Haas D. Mycobacterium tuberculosis. In: Bennett J, Dolin RBM, editores. Mandell, Douglas, and Bennett’s Principles and Practice of Infectious Diseases. 8. ed. New York: Saunders; 2015. p. 2787-2818..

Ambas as referências são livros tradicionais voltados para o ensino. Eles contêm conhecimento que pode ser considerado consolidado. Também podem ser considerados desatualizados, porque o tempo necessário para sua produção não consegue acompanhar os avanços do conhecimento médico2929 Burwell DS. Acquiring the evidence: How to find current best evidence and have current best evidence find us. In: Straus SE, Glasziou P, Richardson WS, et al., editores. Evidence-based medicine: how to practice and teach EBM. 5. ed. Elsevier Health Sciences; 2019. p. 57-90.. Contudo, estão referenciados como a melhor evidência nesse caso.

A informação sobre a ‘transmissão da tuberculose’ pode ser considerada um conhecimento consolidado ou que poucas alterações sofreu ao longo dos anos. Nesse sentido, é uma informação tradicionalmente conhecida que o glossário disponibiliza de forma completa.

O segundo caso é do indicador desenvolvido no âmbito da dimensão ‘transmissão da tuberculose’ que integra o grupo ‘Fatores de risco e HIV’: ‘O HIV é o fator de risco mais importante para a tuberculose. As pessoas com HIV têm 20 a 30 vezes mais chances de desenvolver a tuberculose do que as pessoas HIV negativas. Fatores de risco incluem: (1) residência em regiões endêmicas de tuberculose, (2) contato próximo com pacientes com tuberculose, (3) alojamento lotado (incluindo encarceramento), (4) ventilação deficiente em ambientes de moradia ou trabalho, (5) má nutrição e (6) acesso limitado a cuidados de saúde de qualidade’. (Id 93, quadro 2).

No glossário, encontramos o seguinte:

Pessoas Vivendo com HIV (PVHIV)

A tuberculose em pessoas que vivem com HIV é uma das condições de maior impacto na mortalidade por HIV e por tuberculose no país. Essas pessoas têm maior risco de desenvolver a tuberculose, e muitas vezes, só têm o diagnóstico da infecção pelo HIV durante a investigação/ confirmação da tuberculose2626 Brasil. Ministério da Saúde. Tuberculose – Português (Brasil). 2022. [acesso em 2022 fev 24]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-dea-a-z/t/tuberculose/tuberculose.
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/...
.

Nesse caso, consideramos a informação do glossário ‘incompleta’.

As evidências2929 Burwell DS. Acquiring the evidence: How to find current best evidence and have current best evidence find us. In: Straus SE, Glasziou P, Richardson WS, et al., editores. Evidence-based medicine: how to practice and teach EBM. 5. ed. Elsevier Health Sciences; 2019. p. 57-90. que embasaram a construção desse indicador fazem referência a uma revisão que investigou o estado da arte do conhecimento sobre a relação entre o HIV e a tuberculose3030 DynaMed. Record No. T909352, Latent Tuberculosis Infection in Patients With HIV. 2019. [acesso em 2019 jul 22]. Disponível em: https://www.dynamed.com/topics/dmp~AN~T909352.
https://www.dynamed.com/topics/dmp~AN~T9...
. Os autores definem essa relação como uma sindemia, i.e., “convergência de duas ou mais doenças que agem sinergicamente para aumentar a carga da doença”3131 Kwan C, Ernst JD. HIV and tuberculosis: A deadly human syndemic. Clin Microbiol Rev. 2011; 24(2):351- 76.(352). Ela tem exercido consequências letais em todo o mundo.

O glossário do MS informa apenas que o HIV é “uma das condições de maior impacto na mortalidade”2626 Brasil. Ministério da Saúde. Tuberculose – Português (Brasil). 2022. [acesso em 2022 fev 24]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-dea-a-z/t/tuberculose/tuberculose.
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/...
. Essa informação se aproxima da afirmação do indicador de que o HIV é o fator de risco mais importante para a tuberculose. Entretanto, há uma diferença relevante: no Dynamed Plus dá maior destaque para o HIV, que confere maior centralidade para a relação entre as duas doenças, uma relação que é considerada indissociável atualmente3030 DynaMed. Record No. T909352, Latent Tuberculosis Infection in Patients With HIV. 2019. [acesso em 2019 jul 22]. Disponível em: https://www.dynamed.com/topics/dmp~AN~T909352.
https://www.dynamed.com/topics/dmp~AN~T9...
.

O mesmo pode ser dito em relação ao desenvolvimento da doença. No glossário do MS, consta que pessoas com HIV têm maior risco de desenvolver tuberculose2626 Brasil. Ministério da Saúde. Tuberculose – Português (Brasil). 2022. [acesso em 2022 fev 24]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-dea-a-z/t/tuberculose/tuberculose.
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/...
. No indicador, consta informação de que essa população tem de 20 a 30 vezes mais chances de desenvolver tuberculose do que pessoas sem HIV (Id 93, quadro 2). O indicador fornece informação acurada e quantificada quanto ao risco, o que ressalta a problemática dessa interação entre HIV e tuberculose.

Além disso, nem todos os fatores de risco contidos no indicador estão disponíveis no glossário. Portanto, avaliamos essa informação como ‘incompleta’.

O terceiro caso é do indicador construído no âmbito da dimensão de prevenção da tuberculose e do grupo ‘BCG’, que afirma que ‘Bebês não devem ser vacinados com a BCG nos dois casos seguintes: suspeita de infecção pelo HIV; ou nascerem de mulheres com HIV’ (Id 26, quadro 2).

Ao investigar a página do glossário2626 Brasil. Ministério da Saúde. Tuberculose – Português (Brasil). 2022. [acesso em 2022 fev 24]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-dea-a-z/t/tuberculose/tuberculose.
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/...
, não encontramos qualquer informação sobre contraindicação da vacina. Consideramos que essa informação esteja ‘ausente’ no glossário.

As evidências3232 DynaMed. Record No. T905489, Bacille Calmette- Guerin (BCG) Vaccine. 2018. [acesso em 2019 jul 18]. Disponível em: https://www.dynamed.com/topics/dmp~AN~T905489.
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que embasaram o desenvolvimento desse indicador fazem referência a duas publicações ligadas à Organização Mundial da Saúde (OMS). A primeira é uma publicação de 2007 do seu boletim epidemiológico semanal3333 World Health Organization. Revised BCG vaccination guidelines for infants at risk for HIV infection. Wkly Epidemiol Rec. 2007; 82(21):193-6.. A segunda é um documento publicado em 2015 por uma das principais organizações internacionais de combate à tuberculose: Stop TB Partnership3434 Stop TB. Partnership. The global plan to stop TB 2011- 2015: Transforming the fight towards elimination of tuberculosis. 2011 [acesso em 2022 out 5]. Disponível em: http://www.stoptb.org/assets/documents/global/plan/TB_GlobalPlanToStopTB2011-2015.pdf.
http://www.stoptb.org/assets/documents/g...
.

A primeira referência da evidência é uma revisão das diretrizes da vacina BCG para crianças em risco de HIV3333 World Health Organization. Revised BCG vaccination guidelines for infants at risk for HIV infection. Wkly Epidemiol Rec. 2007; 82(21):193-6.. Segundo o documento, a revisão partiu do Comitê Consultivo Global sobre Segurança de Vacinas (GACVS) após analisar dados mais recentes na ocasião. Esta revisão faz referência a dois estudos que produziram as evidências de contraindicação da BCG. Publicado em 2005, o primeiro analisou as complicações tardias da vacinação com BCG em crianças infectadas pelo HIV3535 Fallo A, Torrado L, Sanches A, et al. Delayed complications of Bacille Calmette-Guerin (BCG) vaccination in HIV-infected children. In: 3 IAS Conference on HIV Pathogenesis and Treatment. 2005 jul 25-27. Rio de Janeiro: International AIDS Society; 2005.. O segundo foi conduzido em um hospital na África do Sul que concluiu:

[ ] o risco de doença BCG disseminada aumenta várias centenas de vezes em bebês infectados pelo HIV, em comparação com o risco documentado em bebês não infectados pelo HIV3636 Hesseling AC, Marais BJ, Gie RP, et al. The risk of disseminated Bacille Calmette-Guerin (BCG) disease in HIV-infected children. Vaccine. 2007; 25(1):14-8.(14).

A revisão das diretrizes e a mudança na recomendação da vacina nesses casos demonstram a importância da prática da MBE para acompanhar o avanço do conhecimento médico. Os achados dos dois estudos mencionados são as evidências que desencadearam a atualização de guidelines. Por sua vez, levaram à atualização do texto clínico on-line encontrado no DynaMed Plus. O glossário do MS não está orientado por tais práticas, pois não há informação sobre os casos de contraindicação da vacina BCG. Além disso, os documentos que serviram de base para o Dynamed Plus foram publicados há pelo menos sete anos.

Esse terceiro caso é o do indicador considerado ‘ausente’. As ausências de informação foram a maioria em nossa avaliação, 29 dentre 43 indicadores utilizados. Diante dessa realidade, consideramos relevante fazer mais alguns comentários sobre esse caso.

Há ausência de informação em todas as cinco dimensões definidas para a tuberculose. Na ‘prevenção’, falta informação envolvendo a vacina BCG. Além disso, falta informação de prevenção destinada às populações de pessoas que vivem com o HIV, de crianças e de responsáveis por crianças que estão vulneráveis à tuberculose de alguma maneira. Em relação à ‘transmissão’, não foi encontrada informação sobre fatores de risco tanto para crianças como para a infecção por tuberculoses resistentes. A informação sobre sintomas específicos para a população de crianças também é outra ausência. Para o ‘diagnóstico’, falta informação específica para a população infectada com o HIV. Nessa dimensão, também há ausências de informação relacionada à população de crianças e às tuberculoses resistentes. Por último, falta informação sobre tratamentos destinados à população em geral e à população com HIV, além de informação sobre tratamento de tuberculose resistente e efeitos colaterais.

O quarto e último caso é o do indicador desenvolvido no âmbito da dimensão de sintomas da tuberculose e do grupo ‘Geral’: ‘Os sintomas sugestivos da tuberculose pulmonar são febre, fadiga, perda de peso, sudorese noturna, hemoptise (sangue no escarro) ou tosse por duas ou mais semanas. Esses sintomas combinados com pleurite (dor torácica na inspiração e expiração) também pode indicar tuberculose’ (Id 133, quadro 2).

Encontramos a seguinte informação no glossário do MS:

Quais são os sintomas da tuberculose?

  • Tosse por 3 semanas ou mais

  • Febre vespertina

  • Sudorese noturna

  • Emagrecimento

O principal sintoma da tuberculose pulmonar é a tosse. Essa tosse pode ser seca ou produtiva (com catarro).

IMPORTANTE: Recomenda-se que toda pessoa com sintomas respiratórios, ou seja, que apresente tosse por três semanas ou mais, seja investigada para tuberculose2626 Brasil. Ministério da Saúde. Tuberculose – Português (Brasil). 2022. [acesso em 2022 fev 24]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-dea-a-z/t/tuberculose/tuberculose.
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/...
.

Nesse caso, consideramos que a informação do glossário está ‘incorreta’.

Voltamos ao site do DynaMed Plus para verificar as evidências que embasaram o desenvolvimento desse indicador. Ele é resultado da análise de informação proveniente de três tópicos: ‘Hemoptysis – Approach to the Patient’3737 DynaMed. Record No. T920582, Hemoptysis – Approach to the Patient. 2018. [acesso em 2019 jul 19]. Disponível em: https://www.dynamed.com/topics/dmp~AN~T920582.
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, ‘Pleuritis – Approach to the Patient’3838 DynaMed. Record No. T922350, Pleuritis – Approach to the Patient. 2018. [acesso em 2019 jul 22]. Disponível em: https://www.dynamed.com/topics/dmp~AN~T922350.
https://www.dynamed.com/topics/dmp~AN~T9...
e ‘Pulmonary Tuberculosis’2323 DynaMed. Record No. T116300. Pulmonary Tuberculosis. 2018. [ acesso em 2019 jul 23]. Disponível em: https://www.dynamed.com/topics/dmp~AN~T116300.
https://www.dynamed.com/topics/dmp~AN~T1...
. As evidências disponíveis nesses tópicos fazem três referências.

A primeira é o capítulo do livro apresentado no primeiro caso do indicador sobre transmissão da tuberculose2828 Fitzgerald D, Sterling T, Haas D. Mycobacterium tuberculosis. In: Bennett J, Dolin RBM, editores. Mandell, Douglas, and Bennett’s Principles and Practice of Infectious Diseases. 8. ed. New York: Saunders; 2015. p. 2787-2818..

A segunda é um artigo e diz respeito à evidência que permitiu incluir no indicador a pleurite como um dos possíveis sintomas da tuberculose1818 Zhang Y, Sun Y, Xie B. Quality of health information for consumers on the web: A systematic review of indicators, criteria, tools, and evaluation results. J Assoc Inf Sci Technol. 2015; 66(10):2071-84.. A redação do indicador pondera a pleurite como sintoma. Contudo, essa informação não consta no glossário.

A terceira referência é o documento intitulado ‘International Standards For Tuberculosis Care, Edition 3’4040 World Health Organization. International Standards for Tuberculosis Care. 3. ed. 2014. [acesso em 2019 dez 5]. Disponível em: https://www.who.int/publications/m/item/international-standards-fortuberculosis-care-(istc).
https://www.who.int/publications/m/item/...
, publicado em 2014 com financiamento de importantes instituições que enfrentam a tuberculose4141 Management Sciences for Health. Home. 2020 [acesso em 2020 jan 4]. Disponível em: https://www.msh.org.
https://www.msh.org...
. O documento aborda o diagnóstico, o tratamento e assuntos de Saúde Pública, especialmente sobre normas. O ponto que destacamos desse documento está relacionado à informação sobre o sintoma da tosse.

A discussão da norma enfatiza a importância de incluir não somente a tosse, mas também febre, suores noturnos e perda de peso como indicativos para avaliação da tuberculose4040 World Health Organization. International Standards for Tuberculosis Care. 3. ed. 2014. [acesso em 2019 dez 5]. Disponível em: https://www.who.int/publications/m/item/international-standards-fortuberculosis-care-(istc).
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(6).

Há preocupação em destacar outros sintomas além da tosse. Em outro trecho do documento, na descrição da mesma norma, há a seguinte orientação:

Todos os pacientes, incluindo crianças, com tosse inexplicável com duração de duas ou mais semanas ou com sugestivos achados inexplicáveis de tuberculose nas radiografias de tórax deveriam ser avaliados para tuberculose4040 World Health Organization. International Standards for Tuberculosis Care. 3. ed. 2014. [acesso em 2019 dez 5]. Disponível em: https://www.who.int/publications/m/item/international-standards-fortuberculosis-care-(istc).
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(9).

Em seguida, o documento apresenta a justificativa e o resumo das evidências que fundamentam a norma. Os dados apresentados no documento consideram que a tosse é um dos sintomas, mas não é o único nem o principal.

Segundo a TB CARE I4040 World Health Organization. International Standards for Tuberculosis Care. 3. ed. 2014. [acesso em 2019 dez 5]. Disponível em: https://www.who.int/publications/m/item/international-standards-fortuberculosis-care-(istc).
https://www.who.int/publications/m/item/...
, as pesquisas indicam que 10 a 25% dos pacientes com tuberculose diagnosticada não relataram tosse. O documento cita um estudo realizado na Índia com 55.561 pacientes que comparou a tosse de duas ou mais semanas com a tosse de três ou mais semanas como motivo para realização de teste diagnóstico4242 Santha T, Garg R, Subramani R, et al. Comparison of cough of 2 and 3 weeks to improve detection of smearpositive tuberculosis cases among out-patients in India. Int J Tuberc Lung Dis. 2005; 9(1):61-8.. Afirma que a investigação de pacientes que apresentaram tosse de duas ou mais semanas aumentou em 61% os casos de suspeita de tuberculose e aumentou em 46% os casos confirmados4040 World Health Organization. International Standards for Tuberculosis Care. 3. ed. 2014. [acesso em 2019 dez 5]. Disponível em: https://www.who.int/publications/m/item/international-standards-fortuberculosis-care-(istc).
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. Santha et al.4242 Santha T, Garg R, Subramani R, et al. Comparison of cough of 2 and 3 weeks to improve detection of smearpositive tuberculosis cases among out-patients in India. Int J Tuberc Lung Dis. 2005; 9(1):61-8. concluíram que o critério de triagem para microscopia de escarro seja de tosse a partir de duas semanas.

Conforme mencionamos, esse quarto e último caso é o considerado ‘incorreto’ segundo a avaliação realizada da página sobre tuberculose do glossário do MS. Além de não apresentar os sintomas hemoptise e pleurite, o glossário apresenta o sintoma da tosse de forma imprecisa. Ele caracteriza a tosse como principal sintoma, ao passo que as evidências orientam sobre a importância de destacar os outros sintomas. Outro problema é a permanência do glossário com informação desatualizada sobre o tempo de duração da tosse como sintoma sugestivo de tuberculose. O estudo que identificou os benefícios de investigar a tuberculose em pacientes com tosse de duas ou mais semanas data de 20054242 Santha T, Garg R, Subramani R, et al. Comparison of cough of 2 and 3 weeks to improve detection of smearpositive tuberculosis cases among out-patients in India. Int J Tuberc Lung Dis. 2005; 9(1):61-8..

A tosse é o sintoma tradicionalmente conhecido e que tem sido informado. Por exemplo, no canal oficial do MS no YouTube, há um vídeo de uma campanha para estimular o diagnóstico precoce da tuberculose4343 Brasil. Ministério da Saúde. (472) #Tuberculose Filme oficial. [YouTube]. 2011. [acesso em 2019 ago 8]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Dt5zJQsnWzw.
https://www.youtube.com/watch?v=Dt5zJQsn...
. Ele aborda somente a tosse como sintoma. Assim como no glossário do MS, é afirmado que tosse com três ou mais semanas pode indicar tuberculose e a cura da doença depende do diagnóstico precoce. O tempo de duração da tosse, disponível na evidência utilizada do documento4040 World Health Organization. International Standards for Tuberculosis Care. 3. ed. 2014. [acesso em 2019 dez 5]. Disponível em: https://www.who.int/publications/m/item/international-standards-fortuberculosis-care-(istc).
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, é menor do que o tempo informado no glossário2626 Brasil. Ministério da Saúde. Tuberculose – Português (Brasil). 2022. [acesso em 2022 fev 24]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-dea-a-z/t/tuberculose/tuberculose.
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e na campanha4343 Brasil. Ministério da Saúde. (472) #Tuberculose Filme oficial. [YouTube]. 2011. [acesso em 2019 ago 8]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Dt5zJQsnWzw.
https://www.youtube.com/watch?v=Dt5zJQsn...
. Assim, a investigação da tuberculose em pacientes que apresentam tosse a partir de duas semanas poderia contribuir para o diagnóstico precoce da tuberculose e para a cura da doença.

Considerações finais

Os quatro casos discutidos ratificam a importância dos indicadores desenvolvidos neste trabalho a partir das práticas da MBE1919 Paolucci R, Neto A, Nadanovsky P. Avaliação da acurácia da informação em sites de saúde: Métodos para construção de indicadores baseados em evidência. Em Questão. 2021; 27(4):137-88.. Os 43 indicadores de acurácia da informação podem ser traduzidos para outros idiomas e utilizados para avaliar a qualidade de sites sobre tuberculose de qualquer país.

No Brasil, os indicadores podem ser utilizados para atualizar a página de tuberculose do glossário ‘Saúde de A a Z’ do MS2626 Brasil. Ministério da Saúde. Tuberculose – Português (Brasil). 2022. [acesso em 2022 fev 24]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-dea-a-z/t/tuberculose/tuberculose.
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/...
e deixá-la em conformidade com as melhores e mais atuais evidências científicas. O resultado da avaliação do glossário com esses indicadores pode ser entendido como um diagnóstico da qualidade da informação desse site. Os responsáveis pelo site podem acessar o resultado e verificar as alterações ou as inclusões de informação que podem ser realizadas.

Nesse sentido, todos os tópicos do glossário ‘Saúde de A a Z’ poderiam passar pelo mesmo processo de avaliação. Os métodos podem ser replicados para outros assuntos de saúde contidos no glossário1919 Paolucci R, Neto A, Nadanovsky P. Avaliação da acurácia da informação em sites de saúde: Métodos para construção de indicadores baseados em evidência. Em Questão. 2021; 27(4):137-88.. Eles permitirão obter as evidências científicas confiáveis para o desenvolvimento de indicadores de acurácia da informação sobre qualquer assunto de saúde. Este trabalho de avaliação do glossário deveria ser feito urgentemente para garantir que o site dessa instituição pública de referência nacional esteja constantemente atualizado e disponibilize informação correta.

Para nós, os problemas de baixa qualidade e ausência de informação em portais como o do MS estão diretamente relacionados à pouca importância da informação e da comunicação em saúde na internet para os gestores e pesquisadores de saúde pública. Os policy makers de ciência, tecnologia e inovação no Brasil devem estar atentos ao papel que as novas tecnologias de informação e comunicação têm desempenhado nas sociedades ao redor do planeta.

No quarto caso discutido nesse artigo, a investigação de pacientes que apresentaram tosse a partir de duas semanas aumentou em 61% os casos de suspeita de tuberculose e em 46% os casos confirmados4040 World Health Organization. International Standards for Tuberculosis Care. 3. ed. 2014. [acesso em 2019 dez 5]. Disponível em: https://www.who.int/publications/m/item/international-standards-fortuberculosis-care-(istc).
https://www.who.int/publications/m/item/...
. Esses dados indicam aumento significativo do diagnóstico precoce e, consequentemente, do tratamento precoce da doença. Essa é uma informação essencial que deveria ser corrigida no glossário ‘Saúde de A a Z’ do MS. A informação correta conforme altos padrões de acurácia da informação pode evitar complicações que levem a óbitos e, assim, salvar vidas.

Sendo assim, este artigo aborda assunto relevante no cenário acadêmico atual, onde, principalmente após a pandemia de Sars- CoV-2, a internet se tornou uma das fontes mais procuradas para informações sobre saúde. Entretanto, o interesse pela segurança da informação não teve a mesmo incremento. Recomendamos que outros estudos sejam realizados abordando esta discussão.

  • Suporte financeiro: não houve

Anexo 1
Primeira versão de 180 indicadores de ‘acurácia’ para TB

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Jan 2023
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2022

Histórico

  • Recebido
    15 Jul 2022
  • Aceito
    21 Set 2022
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