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Conformação da ‘moderna’ enfermagem brasileira e interfaces com os Saberes Psi: um estudo historiográfico - 1932-1988

Conformation of the ‘modern’ Brazilian nursing and interfaces with Psy Knowledge: a historiographical study - 1932-1988

RESUMO

Neste estudo, objetivou-se descrever e analisar a circulação de Saberes Psi - Psicologia, Psicanálise e Psiquiatria - na ‘Revista Brasileira de Enfermagem’ entre 1932 e 1988. Metodologicamente, é uma pesquisa historiográfica cujas fontes primárias foram 59 textos da referida revista que abordaram o conhecimento mencionado. Os resultados indicaram que os Saberes Psi eram objetos de interesse daquele coletivo que passou a divulgá-los no periódico e a introduzi-los nos currículos das escolas de enfermagem. Foram apropriados para compor o processo de conformação da enfermeira moderna por, pelo menos, três mecanismos: 1) ensino de psicologia voltado para a formação moral e comportamental da enfermeira; 2) ensino de psicologia, para sua capacitação na assistência ao doente, além da saúde do corpo; e 3) ensino de psiquiatria, para capacitar a enfermeira no cuidado com o adoecimento mental. Notam-se, portanto, os Saberes Psi circulando no coletivo de pensamento dos autores que publicavam na revista e, concomitantemente, coadunando com o estilo de pensamento Nightingaleano de formação da enfermeira considerada ideal. Logo, tais Saberes aludiram à conformação daquilo que seria considerada a enfermagem ‘moderna’ brasileira.

PALAVRAS-CHAVE
História da enfermagem; Psicologia (história); Escolas de enfermagem

ABSTRATCT

This study aims to describe and analyze the circulation of Psy Knowledge - Psychology, Psychoanalysis, and Psychiatry - in the journal ‘Revista Brasileira de Enfermagem’, between 1932 and 1988. Methodologically, it is a historiographical research whose primary sources were 59 texts from the aforementioned journal that addressed such Knowledge. The results indicated that the Psy Knowledge were subjects of interest to that collective that started to publicize it, in the journal, and to introduce it in the curricula of the Nursing Schools. They were appropriated to compose the process of conformation of the modern nurse by, at least, three mechanisms, namely: 1) teaching of Psychology toward the moral and behavioral training of nurses; 2) teaching of Psychology for the training in patient care, in addition to health of the body; and 3) Psychiatry teaching to train nurses in caring for mental illness. Therefore, Psy Knowledge circulated in the thought collective of those authors who published in the journal and, concomitantly, in line with the Nightingale style of thought for the ‘ideal’ training of nurses. Hence, such Knowledge alluded to the conformation of what would be considered the ‘modern’ Brazilian nursing.

KEYWORDS
History of nursing; Psychology (history); Schools; nursing

Introdução

A década de 1920 foi importante na conformação da enfermagem moderna no Brasil, no bojo da Reforma Sanitária, sob forte influência estadunidense11 Tamano LTO. “O movimento sanitarista no Brasil: a visão da doença como mal nacional e a saúde como redentora”. Khronos (São Paulo). 2017 [acesso em 2022 nov 23]; (4):102-115. Disponível em: https://doi.org/10.11606/khronos.v0i4.131909.
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2 Rizzotto MLF. História da Enfermagem e sua relação com a Saúde Pública. Goiânia: AB; 1999.

3 Ferreira VA, Kebian LVA, Acioli S. O cuidado de enfermagem no campo da saúde pública: reflexões sobre suas possibilidades. Saúde debate. 2011 [acesso em 2022 nov 23]; 35(90):437-444. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/4063/406341766011.pdf.
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-44 Rosário N. Oswaldo Cruz e a questão da Saúde. Saúde debate. 1977 [acesso em 2022 nov 23]; (4):29-34. Disponível em: https://docvirt.com/asp/acervo_cebes.asp?Bib=SAUDEDEBATE&PASTA=N.4&pesq=&x=85&y=5.
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. Essa Reforma ensejou a vinda de um grupo de enfermeiras dos Estados Unidos da América (EUA), conhecido como ‘Missão Parsons’, com o propósito de servir como agente à nova concepção de saúde pública. Essa concepção era capitaneada por Carlos Chagas (1879-1934), então diretor do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP). Recrutadas pela Fundação Rockefeller nos EUA, tais profissionais tiveram como missão no País, inicialmente, desenvolver um centro de treinamento para enfermeiras visitadoras de saúde pública no estado do Rio de Janeiro.

Diante disso, no ano de 1923, conforme o Decreto nº 16.330/1923, foi criada uma escola de enfermagem, nos moldes do padrão estadunidense, vinculada ao DNSP, que, em 1926, passou a se chamar Escola Anna Nery e, posteriormente, Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que serviu de modelo para equiparação e criação das demais escolas de enfermagem no Brasil. Permaneceu por 18 anos como mantenedora do papel hegemônico de referência nacional de formação, o que passou a ser atribuição da Diretoria de Ensino Superior do Ministério da Educação e Saúde no ano de 1940, por meio da Lei nº 775/194955 Kruse MHL. Enfermagem Moderna: a ordem do cuidado. Rev. Bras. Enferm. 2006 [acesso em 2022 nov 23]; 59(esp):403-10. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-71672006000700004.
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.

Por um lado, para os sanitaristas ligados ao DNSP, a necessidade de um novo agente nas questões de saúde do País visava complementar o trabalho do médico e resolver os problemas mais imediatos de sua prática cotidiana por meio da formação de enfermeiras visitadoras de saúde pública, com o objetivo de educação sanitária e controle das epidemias. Por outro, o propósito daquelas enfermeiras estadunidenses era sustentar o arquétipo da enfermeira moderna na sociedade brasileira e, assim, construir a imagem de uma enfermeira solidamente preparada.

Personagens do período sinalizam que, para a admissão das alunas no curso, na EEAN, foi estabelecido um processo de recrutamento com critérios de seleção das candidatas sob o ponto de vista físico, moral, intelectual e de aptidão profissional66 Paixão W. História da Enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Júlio C. Reis; 1979.. Assim, a formação da enfermeira ‘moderna’ era necessária como vetor de ‘modernização’ da saúde brasileira. Nesse ínterim, fez-se mister o ensino de psicologia e de psiquiatria na formação das enfermeiras66 Paixão W. História da Enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Júlio C. Reis; 1979., o que, por sua vez, aparecia no bojo dos pilares do Sistema Nightingale, particularmente, o ensino sistemático teórico e prático. Dessa forma, a disciplina de psicologia foi incluída no currículo de enfermagem por meio da Lei nº 775/1949; e, em 1962, o Conselho Federal de Educação, por meio do Parecer nº 271/1962, estabeleceu o ensino de psicologia geral entre os fundamentos de enfermagem.

Esta pesquisa objetiva identificar e analisar como os Saberes Psi - Psicologia, Psiquiatria e Psicanálise - apareciam nos debates sobre a formação brasileira em enfermagem. Apesar de a década de 1920 ser um período marcante na institucionalização dessa enfermagem moderna, foi apenas nos anos 1930 que houve condições para o estabelecimento de uma revista nacional específica para o campo, a ‘Annaes de Enfermagem’. O periódico foi escolhido por ser o primeiro veículo oficial da enfermagem brasileira, criado pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) para ser o meio oficial de divulgação das produções na área no Brasil, sobretudo, ser um canal de comunicação com as egressas e associadas e, assim, fomentar a profissão77 Mancia JR. Revista Brasileira de Enfermagem e seu papel na consolidação profissional. [tese]. Florianópolis: Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina; 2007. [acesso em 2022 nov 23]. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/90549.
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. Dessa forma, em decorrência das fontes primárias eleitas para o estudo, optou-se pelo recorte temporal de 1932 a 1988, compreendendo o ano de circulação do primeiro fascículo, 1932, até 1988, ano de criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Outrossim, esta análise compreende a conformação da enfermagem moderna no País à luz do modelo de saúde pública brasileiro ao longo desse período.

Material e métodos

Metodologicamente, esta investigação se insere no campo da história da saúde88 Teixeira LA, Pimenta TS, Hochman G, organizadores. História da Saúde no Brasil. São Paulo: Hucitec; 2018., na interface entre a história da enfermagem99 Padilha MI, Borenstein MS, Santos I, et al., organizadores. Enfermagem: história de uma profissão. 3. ed. São Paulo: Editora Difusão; 2020. e a história da psicologia1010 Portugal FT, Facchinetti C, Castro AC, organizadores. História social da psicologia. Rio de Janeiro: Nau; 2018.. A pesquisa apoiou-se, particularmente, nos conceitos de Coletivo de Pensamento e Estilo de Pensamento1111 Fleck L. Gênese e desenvolvimento de um fato científico. Belo Horizonte: Fabrefactum; 2010.. O primeiro conceito designa “a unidade social da comunidade de cientistas de uma disciplina”, e o segundo, “os pressupostos de pensamento sobre os quais o coletivo constrói seu edifício do saber”1111 Fleck L. Gênese e desenvolvimento de um fato científico. Belo Horizonte: Fabrefactum; 2010.(1616 Olinto P. Discurso proferido pelo paraninfo da turma de enfermeiros do hospital psiquiátrico em sessão de grau em dezembro de 1934. Annaes Enferm. 1935; (3)7:24-25.).

Definição do corpus documental

O periódico ‘Revista Brasileira de Enfermagem’ veiculou seu primeiro fascículo no ano de 1932, denominado ‘Annaes de Enfermagem’, veiculado de 1932 a 1942, o qual teve seu título modificado para ‘Anais de Enfermagem’ (1946-1954) e ‘Revista Brasileira de Enfermagem’ (de 1955 em diante). Entre 1932 e 1988, o periódico publicou um total de 209 fascículos e, nesse sentido, 2.805 entradas de variadas tipologias. As modalidades de entradas incluíam editoriais, comunicados, discursos e artigos, entre outros. Dentro desse conjunto, foram selecionados 59 textos que, no título, atenderam ao seguinte critério de inclusão: conter, em seu título, alguma palavra com o prefixo ‘Psi’, por exemplo, ‘Plano para melhorar o tratamento hospitalar dos psicopatas’, ‘Estudo de caso de Enfermagem Psiquiátrica’ e ‘Aspectos Psicológicos da Hospitalização Infantil’. As fontes foram analisadas de maneira mista. Quantitativamente, isso aconteceu por meio de uma estatística descritiva, isto é, a frequência de algumas ocorrências, a partir da tabulação no Microsoft Excel®. Qualitativamente, os textos foram lidos segundo as técnicas de leitura seletiva e leitura reflexiva1212 Lima TCS, Mioto RCT. Procedimentos metodológicos na construção do conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica. Rev Katálysis. 2007 [acesso em 2022 nov 23]; 10(esp):37-45. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1414-49802007000300004.
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para auxiliarem na interpretação do contexto de produção dos documentos. Como a nomenclatura que perdurou por mais tempo - tanto no geral quanto em nossa análise - foi ‘Revista Brasileira de Enfermagem’, optou-se por padronizar seu uso ao longo de todo o texto. Todavia, tem-se ciência de que as mudanças de nomes vieram associadas a outras potenciais alterações do próprio periódico.

Resultados e discussão

A análise das fontes destaca o ensino de psicologia e de psiquiatria, particularmente: 1) ensino de psicologia endereçado à formação moral e comportamental da enfermeira; 2) ensino de psicologia para a capacitação da enfermeira na assistência ao doente além da saúde do corpo, isto é, um cuidado social e psíquico; e 3) ensino de psiquiatria para capacitar a enfermeira no cuidado com o adoecimento mental. Vale ressaltar, de antemão, que não se identificou a palavra psicanálise nos títulos nem em discussões no corpo das fontes que a ela se referissem. Outrossim, novos estudos poderiam procurar correlações entre os autores e suas formações com o intuito de buscar padrões nas abordagens, entre elas, a psicanalítica.

A formação moral da enfermeira moderna

As publicações no campo Psi voltadas para a formação moral e comportamental da enfermeira se concentraram entre os anos de 1934 e 1946. O ensino de psicologia e de psiquiatria aplicadas para a capacitação da enfermeira no cuidado ao paciente ficou distribuído entre os anos de 1947 e 1987. Nessa vertente, depreende-se que o estilo de pensamento nas discussões no campo Psi relaciona-se com o momento histórico em que foram produzidas, nas quais, no primeiro período, buscava-se, por meio do discurso médico e da enfermagem, proclamar a identidade à nova profissão que aspirava o reconhecimento social. No segundo período, procurava-se crescimento, consolidação e aparelhamento profissional por meio do ensino da especialidade e diferenciação da formação, da assistência prestada pela enfermeira dos demais, por exemplo, atendentes e auxiliares de enfermagem.

Nessa direção, com a instituição da enfermagem dita profissional no Brasil pela missão Parsons, um dos principais anseios por parte dos médicos sanitaristas ligados ao DNSP e à Liga Brasileira de Higiene Mental (LBHM) era resolver questões despontadas pela Reforma Sanitária, especialmente a política de higiene mental, com a formação de enfermeiras visitadoras. Para isso, o desafio era recrutar e formar enfermeiras que atendessem às necessidades vigentes à época, tendo em vista o perfil de profissional que se desejava formar, por meio de um rigoroso aprendizado teórico e prático, nos moldes do ensino da medicina, porém realizados por uma enfermeira treinada, além de moldar traços de caráter considerados desejáveis a uma boa enfermeira1313 Backes VMS. O legado histórico do Modelo Nightingale: Seu estilo de pensamento e sua práxis. Rev. Bras. Enferm. 1999 [acesso em 2022 nov 23]; 52(2):251-264. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-71671999000200012
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. Nessa direção, Olinto1414 Olinto P. Aptidões e deveres da enfermeira de Hygiene Mental. Annaes Enferm. 1933; (2)2:16. indica:

Mais do que qualquer outra, a enfermeira de [higiene mental] precisa possuir dotes [físicos, morais e intelectuais]. Boa compleição, [fisionomia] agradável, gestos e maneiras delicadas são condições de apresentação que despertam a [simpatia] do doente e de seus assistentes, sejam parentes ou amigos, uns e outros tarados ou não. Todos os predicados [morais] são, por assim dizer, indispensáveis, pois a [higiene mental] é a própria moral1414 Olinto P. Aptidões e deveres da enfermeira de Hygiene Mental. Annaes Enferm. 1933; (2)2:16.(1616 Olinto P. Discurso proferido pelo paraninfo da turma de enfermeiros do hospital psiquiátrico em sessão de grau em dezembro de 1934. Annaes Enferm. 1935; (3)7:24-25.).

Concomitantemente, Pullen1515 Pullen LB. Obrigações da enfermeira no presente e no futuro. Annaes Enferm. 1935; (3)7:3-9., enfermeira estadunidense integrante da missão Parsons, que foi diretora da EEAN em duas gestões (1928-1931 e 1934-1938), apresenta conclusões sobre algumas funções das enfermeiras diplomadas. Entre tais considerações, ela assevera:

Todas as enfermeiras diplomadas devem poder aplicar, em qualquer situação profissional, os princípios de higiene mental que proporcionam um melhor entendimento dos fatores psicológicos da doença. As enfermeiras ainda não entraram no campo da Enfermagem psiquiátrica instituída, em qualquer número elevado, embora as necessidades de sua assistência sejam grandes1515 Pullen LB. Obrigações da enfermeira no presente e no futuro. Annaes Enferm. 1935; (3)7:3-9.(88 Teixeira LA, Pimenta TS, Hochman G, organizadores. História da Saúde no Brasil. São Paulo: Hucitec; 2018.).

Assim, nota-se que aspectos psicológicos eram parte indispensável do ‘ser enfermeira’, tais como seus ‘dotes’ e ‘gestuais’, aspectos esses que se vinculavam aos ‘predicados morais indispensáveis’ para o trabalho em higiene mental. Nesse campo, percebem-se duas leituras sobre a higiene mental: por um lado, sua vinculação à moral - fala de Olinto -; por outro, os fatores psicológicos associados ao adoecimento - discurso de Pullen.

Outro texto de Olinto1616 Olinto P. Discurso proferido pelo paraninfo da turma de enfermeiros do hospital psiquiátrico em sessão de grau em dezembro de 1934. Annaes Enferm. 1935; (3)7:24-25. auxilia na observação de narrativas sobre a relevância do campo Psi para a formação da enfermeira moderna. Na fonte, vê-se:

Diante do ansioso, do perseguido, do obsedado, do deprimido, do torturado que se debate no conflito de suas ideias delirantes, as vossas qualidades de bondade, de complacências de tolerância serão solicitadas a cada passo e é preciso possuir fonte inesgotável de tais virtudes, pois do contrário, a vossa missão não será exercida como todos nós esperamos de vós. Sais desta Escola, e vosso caráter deve ser plasmado nos exemplos de benevolência que nos legou JULIANO MOREIRA, entre os tesouros dos ensinamentos de sua herança que, a cada momento, encontramos em todos os recantos desta Casa1616 Olinto P. Discurso proferido pelo paraninfo da turma de enfermeiros do hospital psiquiátrico em sessão de grau em dezembro de 1934. Annaes Enferm. 1935; (3)7:24-25.(2424 Felix Maria SCJ. Desenvolvimento do Comportamento Psíquico e Emocional da Criança dos Três aos Cinco Anos. Rev. Bras. Enf. 1964; 17(3/4):98-113.).

Chamam a atenção as características apontadas como qualidades desejáveis à enfermeira (tais como bondade, complacência de tolerância etc.) e como elas seriam mais próprias à mulher e condizentes com profissões consideradas femininas. Ainda nas palavras de Olinto1414 Olinto P. Aptidões e deveres da enfermeira de Hygiene Mental. Annaes Enferm. 1933; (2)2:16.(66 Paixão W. História da Enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Júlio C. Reis; 1979.),

Toda a dedicação da mulher se exterioriza na enfermeira e na professora. Toda a dedicação da enfermeira e toda a dedicação da professora devem convergir na dedicação da monitora de [higiene] mental que é enfermeira e professora, que tem [sic] diante de si dores [físicas] e dores [morais] a mitigar.

Em face do exposto, observa-se que uma das formas de traçar o perfil da enfermeira moderna foi pelo ensino de conteúdos Psi, mediante uma abordagem sobre formação moral e comportamental da futura profissional. Essa característica também aparece em outras fontes analisadas, como exemplificam os textos de Desmarais, publicados no ano de 1946, nos quais comunicava a introdução da disciplina de psicologia no curso de graduação em enfermagem. Na fonte, lê-se:

Mas, como se sabe, há anjos bons e anjos maus. Conheci algumas enfermeiras, em minoria felizmente, que se serviam de seu prestígio para fins repreensíveis, como, por exemplo, para explorar financeiramente seus clientes ou utilizá-los para a satisfação de um amor culpável. Na verdade, seria um anjo mau a enfermeira que utilizasse seu prestígio para extorquir dinheiro de pobres indigentes, transformando assim sua bela profissão num odioso comércio. Anjo mau, também, a enfermeira que sentisse prazer em despertar amor naqueles de quem cuidasse. Sem pensar no verdadeiro amor, divertir-se-ia com seus triunfos efémeros, experimentando uma alegria diabólica em acender nos olhos de seus doentes a chama de um desejo perverso! Bom anjo, também, aquela que se esforça por tornar menos dolorosos, menos sombrios, os dias, os longos dias e os intermináveis meses dos doentes incuráveis. Bom anjo, enfim, aquela que se dedica desinteressadamente a um doente em agonia, durante dias e dias privando-se mesmo de suas folgas a fim de facilitar-lhe a passagem e assisti-lo durante esses momentos difíceis1717 Desmarais MM. Lições de Psicologia Aplicada à Enfermagem. Anais Enferm. 1946; 15(18):9-13.(99 Padilha MI, Borenstein MS, Santos I, et al., organizadores. Enfermagem: história de uma profissão. 3. ed. São Paulo: Editora Difusão; 2020.).

Nessa direção, nota-se que a enfermeira moderna teria que ocupar um certo lugar, ou seja, abnegada do seu tempo para ser boa. Esse lugar vai ao encontro das ideias de cuidado e como tais cuidados mantinham relação direta com o lugar das profissões femininas outrora aventadas por Olinto1616 Olinto P. Discurso proferido pelo paraninfo da turma de enfermeiros do hospital psiquiátrico em sessão de grau em dezembro de 1934. Annaes Enferm. 1935; (3)7:24-25.,1818 Desmarais MM. Lições de Psicologia Aplicada à Enfermagem: O amor e a Enfermeira. Anais Enferm. 1946; 15(20):13-16.. Além disso, quando Desmarais compara a enfermeira com um ‘anjo mau’ e descreve o ‘acender nos olhos de seus doentes a chama de um desejo perverso’, parece indicar a sedução sexual e, portanto, que havia algo do campo moral que precisava ser pensado, sobretudo, sobre um foco específico de população que era de ‘pobres indigentes’.

O mesmo autor apontou que o curso de psicologia experimental ajudaria a enfermeira a adquirir uma bela alma que a tornaria senhora do seu corpo, fazendo com se conservasse psicologicamente sã e irradiasse saúde psicológica em torno de si1717 Desmarais MM. Lições de Psicologia Aplicada à Enfermagem. Anais Enferm. 1946; 15(18):9-13.. Retornando às fontes: “A enfermeira que conhece psicologia, mais facilmente que as outras, pode ser e permanecer um anjo bom”1717 Desmarais MM. Lições de Psicologia Aplicada à Enfermagem. Anais Enferm. 1946; 15(18):9-13.(1010 Portugal FT, Facchinetti C, Castro AC, organizadores. História social da psicologia. Rio de Janeiro: Nau; 2018.). Nessa vertente, em outro artigo publicado no periódico no mesmo ano, o autor indica:

Uma vida moral limpa, vivida na generosidade vos fortificará, preparando-vos magnificamente e dando-vos ao mesmo tempo, um encanto sem par. Além de vos tornardes encantadoras por vossas virtudes, procurai tornar-vos também, de belas qualidades intelectuais. Formando o espírito, mobilizando-o com os conhecimentos da Enfermagem e de uma cultura geral, sabeis conversar sobre cousas sérias. Como sois diferentes daquelas moças, bonitinhas como bonecas, bem sarapintadas, mas de cabeça leviana, tão leviana, que só se ocupam de futilidades; aquelas senhoritas que não são capazes de formar duas frases com nexo, sobre um assunto sério, [...] Vós conheceis o valor das qualidades de espírito! Sérias, vós o sois, mas para ser ainda mais, será necessário o desinteresse pelas qualidades físicas? Não, senhora. Modéstia não é sinônimo de desleixo; séria não quer dizer feia e mal-arranjada. Não hesiteis, pois, em usar vestidos que estejam na moda, evitando a extravagância, vestidos muito bonitos, muito elegantes que cantem através dos salões a possibilidade de aliar-se a elegância à modéstia1818 Desmarais MM. Lições de Psicologia Aplicada à Enfermagem: O amor e a Enfermeira. Anais Enferm. 1946; 15(20):13-16.(1515 Pullen LB. Obrigações da enfermeira no presente e no futuro. Annaes Enferm. 1935; (3)7:3-9.-1616 Olinto P. Discurso proferido pelo paraninfo da turma de enfermeiros do hospital psiquiátrico em sessão de grau em dezembro de 1934. Annaes Enferm. 1935; (3)7:24-25.).

Destarte, as propostas de Desmarais sobre o papel do campo Psi na formação das enfermeiras, particularmente da psicologia, passavam pelo desenvolvimento moral que permitiria seu autocontrole para performar ‘o anjo bom’. Isso implicava padrões comportamentais específicos e, ainda, a forma como se apresentava. Tais elementos estiveram presentes, como se viu, em outras obras do período1414 Olinto P. Aptidões e deveres da enfermeira de Hygiene Mental. Annaes Enferm. 1933; (2)2:16.,1616 Olinto P. Discurso proferido pelo paraninfo da turma de enfermeiros do hospital psiquiátrico em sessão de grau em dezembro de 1934. Annaes Enferm. 1935; (3)7:24-25.. Entretanto, as fontes primárias sugerem que havia um duplo lugar para o ensino dos Saberes Psi - particularmente da psicologia -, a saber: ora como formação moral, ora como compreensão do adoecimento mental e, adicionalmente, o lugar do ‘psiquismo’ na relação com a doença.

A formação da enfermeira moderna e a assistência ao doente

O ensino dos Saberes Psi também objetivava capacitar a enfermeira para o cuidado com o paciente além da saúde do corpo, por meio de um cuidado social e psíquico, que iria contribuir para a reabilitação do paciente. Nas palavras de Prado1919 Prado DP. Psicologia e a sua influência na enfermagem. Annaes Enferm. 1934; 2(5):21.(2121 Verderese ML. Conceito Psico-somático da Enfermagem. Anais Enferm. 1948; 1(3):107-109.):

A Psicologia entra em todos os ramos da vida e age em todas as profissões. Em uma das nossas aulas sobre o assunto, lembra-me com precisão, ter o professor falado da grande, ou talvez, da maior necessidade, dentre os conhecimentos da enfermeira, o da Psicologia. É dentro da Enfermagem, que se nos deparam todas as qualidades de elementos, que podem compor uma coletividade. Observamos que esses indivíduos com os quais temos contato, são seres que estão num plano baixo, de vida fisiológica, seres que sofreram um desfalque no seu estado mental, porque a interdependência entre vida mental e vida orgânica é fato autêntico. Uma completa a outra. ‘As moléstias contrariam as tendencias [sic]’ afirmou um psicólogo. E prosseguiu: ‘Refletidos sobre o meio, os conflitos das tendencias [sic] dificultam os ajustamentos e o indivíduo sente-se embaraçado pelas suas próprias adaptações’. Concordo. Para um trabalho eficiente é deveras imprescindível que a enfermeira encare todas essas situações pondo no seu labor, muito do seu próprio ego, tendo o espírito bastante livre e a alma suficientemente elevada para colocar a verdade ao lado dessas considerações. O grau de percepção e de compreensão que possuímos é o fruto dos nossos esforços prolongados1919 Prado DP. Psicologia e a sua influência na enfermagem. Annaes Enferm. 1934; 2(5):21.(2121 Verderese ML. Conceito Psico-somático da Enfermagem. Anais Enferm. 1948; 1(3):107-109.).

Similarmente, Desmarais2020 Desmarais MM. Lições de Psicologia Aplicada à Enfermagem. Anais Enferm.1946; 15(19):9-12. discute sobre a necessidade do conhecimento da enfermeira sobre a natureza das paixões. Entender tal definição faria com que ela olhasse para o doente como um conjunto de corpo e alma, uma combinação de matéria e espírito. Assim, ela entenderia que o paciente não seria apenas um corpo em que os medicamentos devem provocar, mecanicamente, reações químicas determinadas. O paciente também seria um ser etéreo, no qual se encontrariam quase exclusivamente fenômenos psíquicos: imagens, lembranças, ideias, decisões etc.

A partir da mirada apresentada por Desmarais2020 Desmarais MM. Lições de Psicologia Aplicada à Enfermagem. Anais Enferm.1946; 15(19):9-12., a enfermeira seria capaz de acelerar a cura do seu paciente se soubesse despertar nele paixões positivas. Em suas palavras:

Toda enfermeira, com um pouco de experiencia [sic], sabe que não é indiferente estar o seu paciente sob o domínio desta ou daquela paixão. Ela sabe que existem paixões positivas capazes de acelerar a cura ou ao menos auxiliar a suportar uma moléstia incurável; são elas: o amor, o desejo, a alegria, a esperança, a audácia. Ela conhece também a existência das paixões negativas, que anulam, retardam o efeito dos melhores medicamentos, e são: o ódio, a aversão, a tristeza, o desespero, o temor [...] A enfermeira, desejosa de utilizar as paixões positivas como terapêutica complementar da terapêutica médica, vai, pois, envidar esforços, para criar condições psicológicas e fisiológicas capazes de fazer despontar e manter as paixões favoráveis2020 Desmarais MM. Lições de Psicologia Aplicada à Enfermagem. Anais Enferm.1946; 15(19):9-12.(1010 Portugal FT, Facchinetti C, Castro AC, organizadores. História social da psicologia. Rio de Janeiro: Nau; 2018.-1111 Fleck L. Gênese e desenvolvimento de um fato científico. Belo Horizonte: Fabrefactum; 2010.).

Assim, vê-se que os Saberes Psi apareciam também na atuação cotidiana da enfermagem considerada moderna, que não necessariamente estava vinculada à enfermagem psiquiátrica. Prado1919 Prado DP. Psicologia e a sua influência na enfermagem. Annaes Enferm. 1934; 2(5):21.(2121 Verderese ML. Conceito Psico-somático da Enfermagem. Anais Enferm. 1948; 1(3):107-109.) dá ênfase a “um desfalque no seu estado mental”, que guardaria relação com o adoecimento mental. Enquanto isso, Desmarais2121 Verderese ML. Conceito Psico-somático da Enfermagem. Anais Enferm. 1948; 1(3):107-109. põe em evidência o campo das paixões - eventos internos -, que poderiam ser evocados pela enfermeira para o comprometimento do paciente para sua terapêutica. Dessa maneira, infere-se que a enfermeira deveria ser alguém capaz de compreender a relação entre a vida mental e a vida física do paciente, ou seja, compreender que os ‘desajustamentos’ físicos e psíquicos estariam relacionados com mecanismos desadaptativos na relação com o mundo.

A circulação de publicações no campo Psi parecem ter relação direta com eventos e aspectos legais relacionados com o processo de institucionalização e conformação da enfermagem oficial no Brasil caso se olhe para, pelo menos, três contextos. Primeiro, a criação da escola oficial modelo e a implantação do Sistema Nigthingale como forma de consolidar a profissão moderna no País e torná-la uma carreira de prestígio. Em segundo lugar, a promulgação da Lei nº 775/1949, que regulou o ensino de enfermagem no Brasil e definiu dois níveis básicos para seu ensino, em que as escolas de enfermagem passaram a ser reconhecidas e não mais equiparadas à EEAN. Por fim, a promulgação da Lei nº 2.604/1955, que regulou o exercício da enfermagem profissional no País, porém, não definiu especificamente as atribuições das enfermeiras e auxiliares, sendo contempladas apenas em 1986, com a atual lei do exercício profissional, a Lei nº 7.498/1986.

Consequentemente, nota-se que os Saberes Psi como vetores de formação moral e comportamental da enfermeira se concentraram entre os anos de 1934 e 1946, indo ao encontro das necessidades de sua formação, da consolidação da profissão naquele período e da valorização de sua figura. O ensino daqueles Saberes objetivava modelar o comportamento das futuras enfermeiras, confluindo com o perfil idealizado desde 1923, com a criação da EEAN. As temáticas Psi aplicadas para a capacitação da enfermeira no cuidado ao paciente ficaram distribuídas, por sua vez, entre os anos de 1947 e 1987. Isso pode dever-se a diferentes fatores, tais como: 1) a promulgação da Lei nº 775/1949; 2) as mudanças nos critérios de seleção de candidatas para as escolas de enfermagem; e 3) a criação do curso de auxiliar de enfermagem. Conjuntamente, isso exigiria mudanças nas discussões sobre o perfil da Enfermeira, isto é, os critérios comportamentais e morais deixavam de ser o centro das discussões e davam lugar para discussões sobre capacitação e conhecimento científico, na busca por legitimar um saber especializado para a enfermagem, por campo de atuação, o qual convergiu para discussões sobre o ensino e a pós-graduação na carreira. Além disso, faziam-se necessárias as discussões sobre o conhecimento e o papel da enfermeira em detrimento dos auxiliares de enfermagem e dos atendentes de enfermagem.

Nesse cenário, a partir do ano de 1947, encontram-se discussões sobre o ‘conceito psicossomático da Enfermagem’ e o ‘valor psicológico no cuidado integral’. Tais debates destacavam os avanços no conhecimento da medicina relacionados com tratamento, cura e prevenção de doenças, bem como as funções da enfermeira diante desses progressos, entre eles, a necessidade do entendimento do conceito psicossomático contribuindo para um cuidado integral. Por exemplo, uma paciente negligenciada pelo marido, com colite ulcerativa, poderia sofrer uma recaída cada vez que ele a visitasse; ou, ainda, um homem com úlcera péptica enfrentando uma segunda hemorragia provavelmente nunca se restabeleceria, exceto se suas dificuldades conjugais fossem removidas. Nas fontes, vê-se:

Para que se possa compreender a etiologia de tais condições e planejar uma terapia racional é necessário o estudo da personalidade do paciente e dos problemas emocionais contra os quais ele muitas vezes procura reagir, mas falha. [...] Já é tempo para que nós enfermeiras substituamos o chamado ‘senso comum’ por uma observação científica e estudo do comportamento humano. [...] As enfermeiras devem, portanto, estar a par do dinamismo no desenvolvimento da personalidade, do papel que desempenha o meio nos ajustamentos humanos e das terapêuticas de suas prerrogativas e responsabilidades2121 Verderese ML. Conceito Psico-somático da Enfermagem. Anais Enferm. 1948; 1(3):107-109.(108).

Lê-se, ainda:

Compete-lhe [a enfermeira], não somente reconhecer sintomas físicos da doença, mas certas manifestações de desajustamento, tais como a ansiedade, conflitos e frustrações, manifestações que se acreditam ser resultantes de uma interação incompatível entre o homem e o meio2222 Verderese ML. Valor Psicológico no Cuidado Integral do Paciente em contraste com o Cuidado Funcional. Anais Enferm. 1949; 2(3):101-106.(102).

Assim, os Saberes Psi apareciam como ‘observação científica’ e ‘estudo do comportamento humano’, que poderiam auxiliar na compreensão da ‘personalidade’ e nos ‘ajustamentos humanos’. Isso, por sua vez, impactaria na adesão ao tratamento e, também, na compreensão do próprio adoecimento, por meio das características individuais dos pacientes. Os potenciais ganhos advindos do campo Psi apareciam, ainda, em outras esferas: 1) na assistência psicológica direcionada ao cuidado da criança e no cuidado com os pais2323 D’Andrea FF. Aspectos psicológicos da hospitalização infantil. Rev. Bras. Enf. 1962; 15(5):417-423.

24 Felix Maria SCJ. Desenvolvimento do Comportamento Psíquico e Emocional da Criança dos Três aos Cinco Anos. Rev. Bras. Enf. 1964; 17(3/4):98-113.
-2525 Martins HAL. Aspecto psicológico do cuidado dos recém-nascidos e problemas emocionais dos pais prematuros. Rev. Bras. Enf. 1956; 9(2):61-66.
; 2) no cuidado com o paciente cirúrgico2626 Gilbertoni J. Assistência psicológica ao paciente para a cirurgia. Rev. Bras. Enf. 1967; 20(4):278-289.,2727 Neder M. Implicações psicológicas nas cirurgias de mão. Rev. Bras. Enf. 1973; 26(3):209-213.; e 3) ao portador de cardiopatias congênitas2828 Barbato MG, Koizume MS, Engel ED. Problemas Psicossócio espirituais dos coronariopatas internados em unidades coronarianas. Rev. Bras. Enf. 1982; 35(1):7-16., entre outros2929 Garcia TR. Representações de gestantes adolescentes solteiras sobre aspectos de sua problemática psicossocial. Rev. Bras. Enf. 1985; 38(3/4):281-288.,3030 Horta WA, Lane STM, Cnandelier EM, et al. Significado psicológico da dor para enfermeiros e médicos. Rev. Bras. Enf. 1976;29: 96-99..

A formação da enfermeira moderna e a enfermagem psiquiátrica

Os Saberes Psi apareciam, concomitantemente, contribuindo para o ensino de psiquiatria no cuidado com o adoecimento mental. Um dos primeiros textos publicados nessa seara, em 1946, foi uma tradução de um manuscrito estadunidense feita por Amália Correia de Carvalho (1918-2011), então aluna da Escola de Enfermagem de São Paulo. O texto elencava problemas no tratamento hospitalar dos ‘psicopatas’ e, entre eles: 1) o número expressivo de pessoas hospitalizadas em instituições psiquiátricas nos EUA; 2) a falta de pessoal competente e de boas instalações nos hospitais destinados ao tratamento das doenças mentais; e 3) as medidas inadequadas para prevenir e tratar as doenças mentais confluindo com perdas para sociedade em função da diminuição da produtividade humana. No referido documento:

Aconselhamos fortemente, contudo, a cooperação entre os hospitais estaduais e essas escolas de Enfermagem, onde for possível, de sorte que as estudantes de Enfermagem possam fazer um bom estágio em psiquiatria e as enfermeiras do hospital recebam o forte estímulo de um ambiente educacional. Além disso, deveriam proporcionar-se cursos de orientação psiquiátrica ao corpo de Enfermagem3131 Carvalho AC. Saudação aos congressistas - feita pela presidente do I Congresso Regional Sul-americano do CICIAMS. Rev. Bras. Enf. 1976 [acesso em 2022 nov 23]; 29(3):14. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0034-716719760003000004.
https://doi.org/10.1590/0034-71671976000...
(3030 Horta WA, Lane STM, Cnandelier EM, et al. Significado psicológico da dor para enfermeiros e médicos. Rev. Bras. Enf. 1976;29: 96-99.)
.

Posto isso, entre as várias discussões para tratamento dos doentes mentais, havia aquela sobre a necessidade de formação de enfermeiras com experiência no cuidado com o doente mental, especialmente com estágio em hospitais psiquiátricos, durante o período de formação nas escolas de enfermagem.

Os principais objetivos da enfermagem psiquiátrica, apontados pelas fontes, deveriam ser a conquista do bem-estar do paciente e seu restabelecimento. Nessa direção:

De maneira geral e sumária, são principalmente os seguintes [encargos da enfermeira psiquiátrica]: Executar as ordens do médico, manter a rotina do pavilhão, preparar o paciente para os tratamentos e auxiliá-los no que necessitar. Procurar dar ao paciente o maior conforto, dentro das possibilidades de seu estado mental, principalmente, do ponto de vista emocional. Conseguir a simpatia e procurar modificar a conduta e as atitudes anômalas do paciente. Promover um ambiente hospitalar sadio, calmo e harmonioso, com atividades práticas, facilitando em tudo o trabalho do médico. Para finalizar, desejamos apenas lembrar que a Enfermagem psiquiátrica tem a sua característica especial: se uma pessoa que fratura um braço necessita receber cuidados eficientes de Enfermagem por uma enfermeira que compreenda a sua personalidade com todos os seus sentimentos de amor e ódio, muito mais ainda isto se torna necessário, quando se trata de um paciente mental3232 Arruda J. Considerações Gerais sobre Enfermagem Psiquiátrica. Anais Enferm. 1948; 1(2):80-87.(87).

No mesmo sentido, a enfermagem psiquiátrica, nas palavras de Barcellos3333 Barcelos E. Enfermagem Psiquiátrica. São Paulo. Anais Enferm. 1951; 4(1):86-89.(89), deveria ser

Uma arte através da qual a enfermeira auxilia seu paciente, por todos os meios possíveis, a se tornar socialmente ajustado. Ela não se limita a nenhum órgão específico ou aparelho do corpo humano pois trata do indivíduo como um todo. Em outras palavras, a enfermeira psiquiátrica é interessada no bem-estar físico de seus pacientes, em suas ideias sobre si mesmo, em suas reações com as pessoas que tentam o ajudar e no seu ajustamento às rotinas do hospital, aos outros pacientes, à sua família e amigos.

Nesse contexto, a autora especificou quais seriam, então, as funções da enfermeira psiquiátrica:

Antes de fazer qualquer tentativa para ajudar seu paciente, ela deverá observar e procurar descobrir o que o diferencia da média dos indivíduos bem ajustados. Em segundo lugar, deverá ter capacidade para compreender os sinais, sintomas e reações que observou; procurará compreender os problemas e conflitos dos pacientes e conhecer alguma coisa sobre o ambiente em que se desenvolveu sua moléstia e seu ajustamento à vida antes de se tornar um doente mental. Em terceiro lugar, ela deverá ter capacidade para anotar suas observações com tal precisão que outras pessoas possam se beneficiar com elas. Em quarto lugar, finalmente ela deverá fazer um plano de Enfermagem psiquiátrica, que siga os objetivos terapêuticos, para que cada paciente encontre neles aquilo que necessita individualmente3333 Barcelos E. Enfermagem Psiquiátrica. São Paulo. Anais Enferm. 1951; 4(1):86-89.(89).

Desse modo, ao tratar do perfil da enfermeira psiquiátrica, notam-se dois discursos em destaque: 1) o discurso médico, apontando para um comportamento esperado e estereotipado das enfermeiras, submisso ao médico e ao mesmo tempo produtivo; e 2) o discurso das enfermeiras, no qual a enfermeira psiquiátrica deveria ter preparo especializado no aspecto científico e psicológico, procurando dar visibilidade à profissão como essencial ao País, com impacto da sua imagem no cenário da saúde.

Nesse âmbito, notam-se discussões com ênfase no ensino teórico-prático das futuras enfermeiras e, particularmente, no campo da enfermagem psiquiátrica. Ungaretti3434 Ungaretti NM. Orientação da Cadeira de Enfermagem Psiquiátrica da Escola de Enfermagem de Porto Alegre. Rev. Bras. Enf. 1956; 9(4):285-294. sinaliza que os estudantes chegavam em seu estágio com uma ‘base de psicologia’ estudada nos anos anteriores e, com isso, já teriam conhecimento sobre “o dinamismo do comportamento humano e higiene emocional, ipso facto capacitados a compreenderem a Enfermagem psiquiátrica”3434 Ungaretti NM. Orientação da Cadeira de Enfermagem Psiquiátrica da Escola de Enfermagem de Porto Alegre. Rev. Bras. Enf. 1956; 9(4):285-294.(285). Assim, durante sua formação, a enfermeira moderna poderia observar “aquelas mesmas características das fases o desenvolvimento da personalidade [...] estudadas no indivíduo ‘normal’ [...] nos indivíduos anormais”. Similarmente, Fernandes3535 Fernandes DB. Plano de Ensino de Enfermagem Psiquiátrica. Rev. Bras. Enf. 1959; 12(4):380-403. diz:

É imprescindível que as estudantes façam um estágio em Clínica Neurológica antes de iniciarem Enfermagem Psiquiátrica, dada a grande relação existente entre essas duas especialidades e para que tenham oportunidade de conhecer as perturbações psíquicas determinadas por afecções neurológicas, bem como as doenças nevrológicas que, em um certo ponto de sua evolução, se tornam casos psiquiátricos3535 Fernandes DB. Plano de Ensino de Enfermagem Psiquiátrica. Rev. Bras. Enf. 1959; 12(4):380-403.(385).

Com isso, nota-se que a formação da profissional moderna passaria, necessariamente, por vivências práticas no campo Psi. Por um lado, isso aparecia na maneira de operacionalizar as ‘paixões’ indispensáveis para a terapêutica daqueles adoecidos2020 Desmarais MM. Lições de Psicologia Aplicada à Enfermagem. Anais Enferm.1946; 15(19):9-12.. Por outro, tais vivências auxiliariam na observação das distinções entre a ‘personalidade normal’ e a ‘anormal’ e, por conseguinte, as habilitaria ao trabalho na enfermagem psiquiátrica. As fontes sugerem que havia uma premissa amparando tais reflexões: a correlação entre instâncias psíquicas e físicas nos processos de adoecimento.

Como pano de fundo de tais propostas, consideram-se as mudanças legais no ensino e no exercício da enfermagem no Brasil. Entre as décadas de 1940 e 1950, foram instauradas as Leis nº 775/1949 e nº 2.604/1955, que delimitavam atribuições à enfermeira. Em vista disso, infere-se que, de modo geral, a circulação de textos no periódico, a partir da década de 1950, procurou indicar, especialmente, três principais questões: 1) adequar os currículos das escolas de enfermagem como forma de aprimorar o ensino e, consequentemente, formar enfermeiras capazes de atender às demandas de suas atribuições; 2) fomentar o papel da enfermeira em diversos campos de atuação, para além daqueles descritos na referida Lei nº 2.604/1955, compreendidos na atual lei do exercício profissional, Lei nº 7.498/1986; e 3) legitimar o status da enfermeira e os vários locais que deveriam ser ocupados pelas ‘diplomadas’, ainda exercidos por atendentes ou enfermeiras ‘não diplomadas’.

Considerações finais

Aos Saberes Psi, foram creditados, nas fontes pesquisadas, impactos na conformação da enfermeira moderna a partir do seu ensino. Inicialmente, a instrução de psicologia ensejando a formação moral e comportamental da enfermeira e, em seguida, objetivando a capacitação na assistência ao doente, além da saúde do corpo, isto é, um cuidado social e psíquico. Por fim, o ensino de psiquiatria contribuindo para o cuidado com o adoecimento mental.

Um exemplo do primeiro mecanismo são os textos que circularam sobre a aplicação da psicologia para a enfermagem no sentido de moldar um comportamento ideal de uma enfermeira, por exemplo, a comparação da enfermeira com um ‘anjo bom’ e outro ‘mau’; a influência do aspecto ‘psíquico’ sobre o corpo e a necessidade de a enfermeira possuir uma bela alma, senhora do seu corpo. No segundo caminho, há manuscritos destacando a necessidade de a enfermeira conhecer o doente integralmente, e não só cuidar de suas moléstias corporais, ou seja, cuidados com curativos e administração de medicamentos, mas considerar seu estado emocional, passível de alterações pela sua condição de saúde, convergindo para o desajustamento do indivíduo ao meio, o que prejudicaria o processo de reabilitação. Já no terceiro, há fontes sobre a necessidade do conhecimento em psiquiatria abordando, especialmente, a contribuição da enfermeira ao médico nos transtornos mentais, para o ajustamento daquele indivíduo.

Vê-se, portanto, que os Saberes Psi foram apropriados quando associados ao intuito de construir um perfil de enfermeira ideal, instrumentalizados por meio do ensino teórico e prático das disciplinas que passaram a compor a grade curricular das escolas de enfermagem do País. Os aspectos psicológicos eram parte indispensável do ‘ser enfermeira’, tais como seus ‘dotes’ e ‘gestuais’. Esses aspectos se vinculavam aos ‘predicados morais indispensáveis’ para o trabalho das enfermeiras. Nesse campo, por um lado, há o discurso médico, que procurou resolver questões despontadas pela Reforma Sanitária, especialmente a política de higiene mental; por outro, notam-se os fatores psicológicos associados à doença, no discurso da enfermagem, que aspiravam ao reconhecimento social. Além disso, viu-se o campo Psi indo ao encontro do estilo de pensamento Nightingaleano pela via da formação moral e comportamental da enfermeira. Logo, os resultados aludem às contribuições dos Saberes Psi para a ‘modernização’ da enfermagem e, portanto, para sua profissionalização. Tais Saberes tornar-se-iam relevantes no desenvolvimento dessa carreira.

Finalmente, faz-se mister reconhecer limitações da pesquisa - e, dentre essas, destacam-se três. Primeiro, homogeneizou-se a ‘Revista Brasileira de Enfermagem’ em decorrência dos critérios analíticos estabelecidos. Assim, perderam-se nuances das mudanças realizadas no periódico e, quiçá, nos próprios interesses gerais da ABEn, para além dos nomes. Dessa forma, novas pesquisas poderiam ter enfoque em analisar e contrastar os ‘Annaes de Enfermagem’ (1932), os ‘Anais de Enfermagem’ (1946) e a ‘Revista Brasileira de Enfermagem’ (1955 em diante) de forma não monolítica. Em segundo lugar, a história da enfermagem, como se observou nas fontes, articula-se à história da mulher e de sua inserção profissão no País. Não era interesse central desta investigação enfatizar tais aspectos, logo, novos estudos precisam lançar luz às compreensões da figura de mulher, claramente atravessada por marcadores étnico-raciais, classistas, etaristas etc. Por último, há necessidade de futuras discussões sobre como os currículos de formação da enfermeira ‘moderna’ bem como suas premissas apareciam tanto na revista quanto em suas predecessoras. Isso pode ajudar a desvelar nuances das relações entre saber e poder (por exemplo, médicos, enfermeiras etc.) bem como dos condicionantes filosóficos e teóricos de tal formação. Entretanto, as limitações não prejudicam as conclusões que ora se apresentam. De mais a mais, os resultados convidam a refletir sobre como determinados objetos do campo Psi circularam e foram apropriados pela enfermagem brasileira e como essa apropriação contribuiu para o processo de socialização do campo de conhecimento, bem como para a sua conformação como profissão moderna.

  • Suporte financeiro: Universidade Católica Dom Bosco - UCDB (bolsa colaborador; bolsa doutorado). Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (Chamada CNPq nº 09/2020 - Bolsa de Produtividade em Pesquisa). Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Programa de Apoio à Pós-graduação (Proap)

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Nov 2023
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2023

Histórico

  • Recebido
    28 Nov 2022
  • Aceito
    12 Jul 2023
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