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A psicopatologia fenômeno-estrutural e o Rorschach no transtorno de pânico

The structural psychopathology phenomenon and Rorschach of patients with panic disorders

Resumos

Objetivou-se verificar a ocorrência de mecanismos ou dinâmicas típicas de pacientes com transtorno de pânico, considerando os princípios da psicopatologia fenômeno-estrutural. Participaram quatro pacientes diagnosticados pela SCID-I, que responderam à tarefa proposta pelo método de Rorschach. As interpretações tiveram como base os mecanismos de ligação e corte. Os resultados não demonstraram um padrão de funcionamento psíquico nos pacientes, mas, no que diz respeito a esses mecanismos, evidenciaram queda de qualidade e deslizes de pensamento na transição entre os mecanismos de corte e ligação. Quando o estilo predominante era o epilepto-sensorial, observaram-se perdas na qualidade das associações nas passagens para o mecanismo de corte, diferentemente do estilo esquizo-racional, que demonstrava fracasso na integração quando os pacientes usavam o mecanismo de ligação. Conclui-se que a percepção e a comunicação foram mais adequadas quando estavam presentes os mecanismos de ligação para o estilo epilepto-sensorial, sendo, em contrapartida, o mecanismo de corte mais eficiente para um estilo esquizo-racional.

Ansiedade; Psicopatologia fenômeno-estrutural; Teste de Rorschach; Técnicas projetivas


The aim of this study was to verify the occurrence of typical mechanisms or dynamics of patients with panic disorder, according to the principles of the structural psychopathology phenomenon. Four patients participated in the study, assessed according to the criteria of Axle 1 of the Structuralized Clinical Interview for DSM-IV (SCID-I). The participants responded to the proposed task using the Rorschach methodology and the interpretations were based upon the switch on / switch off mechanisms in the structure of language. The results did not show a standard mechanism in the patients, but, with regard to these mechanisms, they demonstrated a definite inadequacy in terms of the transition between both mechanisms. When the epilepto-sensorial style was predominant, the more evident failures occurred with the transition to the switch off mechanism, while the schizo-rational style demonstrated a failure to integrate when the patients employed the switch on mechanism. Therefore the language and perception were more appropriate when using switch on mechanisms for the epilepto-sensorial style and the switch off mechanism for a schizo-rational style.

Anxiety; Phenomenon-structural psychopathology; Rorschach test; Projective techniques


ARTIGOS

A psicopatologia fenômeno-estrutural e o Rorschach no transtorno de pânico

The structural psychopathology phenomenon and Rorschach of patients with panic disorders

Anna Elisa de Villemor-AmaralI; Renata da Rocha Campos FrancoII; Flávia Helena Zanetti FarahIII

IUniversidade São Francisco, Curso de Graduação e do Programa de Pós-Gradução Stricto Sensu em Psicologia. R. Alexandre Rodrigues Barbosa, 45, 13251-040, Itatiba, SP, Brasil. Correspondência para/Correspondence to: A.E. VILLEMOR-AMARAL. E-mails: <anna.villemor@saofrancisco.edu.br>; <aevillemor@terra.com.br>

IIDoutoranda, Bolsista Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Universidade São Francisco, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia. Itatiba, SP, Brasil

IIIDoutoranda, Universidade São Francisco, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia. Itatiba, SP, Brasil

RESUMO

Objetivou-se verificar a ocorrência de mecanismos ou dinâmicas típicas de pacientes com transtorno de pânico, considerando os princípios da psicopatologia fenômeno-estrutural. Participaram quatro pacientes diagnosticados pela SCID-I, que responderam à tarefa proposta pelo método de Rorschach. As interpretações tiveram como base os mecanismos de ligação e corte. Os resultados não demonstraram um padrão de funcionamento psíquico nos pacientes, mas, no que diz respeito a esses mecanismos, evidenciaram queda de qualidade e deslizes de pensamento na transição entre os mecanismos de corte e ligação. Quando o estilo predominante era o epilepto-sensorial, observaram-se perdas na qualidade das associações nas passagens para o mecanismo de corte, diferentemente do estilo esquizo-racional, que demonstrava fracasso na integração quando os pacientes usavam o mecanismo de ligação. Conclui-se que a percepção e a comunicação foram mais adequadas quando estavam presentes os mecanismos de ligação para o estilo epilepto-sensorial, sendo, em contrapartida, o mecanismo de corte mais eficiente para um estilo esquizo-racional.

Unitermos: Ansiedade. Psicopatologia fenômeno-estrutural. Teste de Rorschach. Técnicas projetivas.

ABSTRACT

The aim of this study was to verify the occurrence of typical mechanisms or dynamics of patients with panic disorder, according to the principles of the structural psychopathology phenomenon. Four patients participated in the study, assessed according to the criteria of Axle 1 of the Structuralized Clinical Interview for DSM-IV (SCID-I). The participants responded to the proposed task using the Rorschach methodology and the interpretations were based upon the switch on / switch off mechanisms in the structure of language. The results did not show a standard mechanism in the patients, but, with regard to these mechanisms, they demonstrated a definite inadequacy in terms of the transition between both mechanisms. When the epilepto-sensorial style was predominant, the more evident failures occurred with the transition to the switch off mechanism, while the schizo-rational style demonstrated a failure to integrate when the patients employed the switch on mechanism. Therefore the language and perception were more appropriate when using switch on mechanisms for the epilepto-sensorial style and the switch off mechanism for a schizo-rational style.

Uniterms: Anxiety. Phenomenon-structural psychopathology. Rorschach test. Projective techniques.

A psicopatologia fenômeno-estrutural teve sua origem em Minkowski (1952), que elaborou uma compreensão psicopatológica que valorizava a diferença entre tempo cronológico-mensurável e tempo vivido como experiência interna. Segundo este autor, a mudança do comportamento em um tratamento só podia ser alcançada quando se compreendia o tempo interno de um indivíduo. Para tanto, Minkowski (1927/1997, citado por Amparo, 2002) utilizou o termo atmosfera para se referir a um mundo subjetivo e próprio para cada pessoa, e o termo ambiente para traduzir a idéia mensurável do mundo externo. No entanto, afirmava não ser possível falar dos conceitos ambiente e atmosfera de forma isolada, pois o tempo interno coexistia com o tempo externo. Segundo o autor, a experiência vivida não separa o interior do exterior, por isso, o termo atmosfera deve ser analisado como um prolongamento do indivíduo no ambiente, e é dentro deste que se estabelece uma importante relação com a noção de contato vital.

A psicopatologia fenômeno-estrutural, portanto, analisa a medida e o limite do "eu", considerando o mundo em que este vive. Sua maior contribuição está na área clínica, pois a análise visa compreender as particularidades de cada sujeito, o que favorece a compreensão de estilos próprios e particulares de organizações psíquicas (Amparo, 2002; Antúnez, 2006; Barthyelemy, 1992; Villemor-Amaral, 2004; Wawrzyniak, 1982). Este tipo de análise, que é pouco difundida no Brasil, apreende uma dimensão original do funcionamento da personalidade, permitindo uma aproximação peculiar ao sofrimento vivido, o que possibilita ações terapêuticas eficazes e próximas aos fenômenos manifestados por cada paciente.

Esse modelo teórico tem como base de interpretação o tempo vivido e a estrutura espaço-temporal, sendo essas duas instâncias fundamentais para observar o modo como operam as perturbações mentais. No que se refere à dimensão de espaço, Augras (1978) afirma que o corpo é a matriz responsável por orientar o deslocamento do indivíduo e estabelecer a relação com o mundo dos objetos. Se o indivíduo não consegue orientar o deslocamento de seu corpo no ambiente, sempre terá dificuldades para reconhecer a melhor conduta em diferentes contextos, escolher um caminho ou até mesmo construir seu próprio espaço.

O esquizofrênico, entre todas as psicopatologias, é o que mais tem problemas para se deslocar no espaço, começando pela própria dificuldade de reconhecer seu corpo como algo integrado. Transcendendo o limite do corpo, esses pacientes apresentam embotamento afetivo, com tendência ao isolamento e à dificuldade no funcionamento social, além de pensamentos truncados, incoerentes e cindidos, o que se reflete em um estilo de comunicação pouco estruturado (Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais -DSM-IV, 1995).

Segundo os princípios da psicopatologia fenômeno-estrutural, a linguagem oral é um bom medidor para se apreender as manifestações internas, ou seja, as limitações do tempo vivido quando medidas no tempo externo. Minkowski (1927/1997, citado por Amparo, 2002) percebeu que havia um descompasso entre os tempos cronológico e interno, e entre os espaços interno e externo. Independente da psicopatologia, a desordem psíquica (conflito) podia ser observada diante da relação que o indivíduo estabelecia com o tempo e espaço.

A esquizofrenia, por ter um acentuado descompasso entre a experiência interna e externa, serviu como base para Minkowski desenvolver sua teoria, sendo que, mais tarde, Minkowska reconhece a epilepsia como patologia oposta à esquizofrenia. Minkowski (1953, citado por Antúnez, 2006), em um de seus estudos com esquizofrênicos, observou que a falta de discernimento entre os tempos é a responsável pela mistura constante entre os elementos da realidade com elementos da fantasia, o que resulta na perda do contato vital com a realidade e com tudo aquilo que dá uma condição viva às relações do cotidiano. A confusão nos pensamentos e comportamentos, em função do descompasso dos tempos, impede o desempenho satisfatório e assertivo nas tentativas de interação com o ambiente. A falta de limite e de medida impede uma atuação concreta e objetiva com o mundo externo, comprometendo uma interação com o ambiente de forma mais lógica, racional e abstrata.

As verbalizações incoerentes e bizarras dos esquizofrênicos possibilitaram a compreensão de Minkowski a respeito do mundo interno desses pacientes. Sendo a linguagem uma forma de capturar as manifestações mentais, foi possível compreender aspectos inacessíveis da estrutura de personalidade dos esquizofrênicos. Considerando o valor da linguagem para a compreensão de fenômenos internos, Minkowska (1956) e Helman (1983), pioneiramente, adotaram o método de Rorschach, instrumento psicológico de caráter verbal, para apreender as mais variadas formas de expressão verbal e dinâmica psíquica do sujeito.

Minkowska (1956), além de reconhecer o método como uma forma segura para observar os fenômenos psíquicos, devido à padronização durante a aplicação, alertava sobre o "clima das pranchas", dizendo que as pessoas sem patologias graves reagiam bem ao clima intrínseco de cada prancha, atingindo um bom desempenho conforme o esperado, ou seja, respostas populares, com integrações e adequação da percepção das formas; ao passo que os pacientes psicopatológicos reagiam ao clima das pranchas de forma inadequada, não conseguindo ver o que a maioria das pessoas viam. Ocorre que, enquanto uma pessoa sem patologia sente a prancha III como um estímulo leve, propício para a expansão e movimentos, sendo freqüente a presença de sorrisos ao olhar a imagem, um paciente piscopatológico não se adapta ao clima da prancha, considerando-o desagradável ou reagindo de modo intenso ao despedaçamento das manchas (Antúnez, 2006). Assim, Minkowska observou que, se o paciente tinha maior tendência ao estilo epilepto-sensorial, realizava diversas ligações, demonstrando seu incômodo diante dos hiatos e, quando o paciente apresentava maior tendência ao pólo esquizo-racional, as respostas vinham impregnadas de rupturas de objetos isolados.

Outra autora que se empenhou no estudo da psicopatologia fenômeno-estrutural com o método de Rorschach foi Helman (1983), que alertava sobre a importância de se anotar as verbalizações exatamente como foram pronunciadas, pois a presença de artigos, verbos, adjetivos, substantivos, entre outros, utilizados de forma mais ou menos adequada, poderiam ser reveladores de características de personalidade que passariam despercebidas por outros métodos de análise. Segundo a autora, as imagens pouco estruturadas se constituem em um precioso meio para abordar os fatores psicológicos implícitos no processo de organização mental, pois revelam as diversas formas de se compreender a realidade. "Pode-se dizer que a psicopatologia fenômeno-estrutural encontrou no método de Rorschach um instrumento rico que permite observar o ato da fala durante seu processo de configuração das formas" (Helman, 1983, p.28).

Entre os diversos trabalhos realizados por Minkowska (1956) com o método de Rorschach, pode-se destacar como o mais importante o estudo que culminou na obra Le Rorschach, la recherche du monde des formes. A autora observou a existência de dois pólos extremos de personalidade. Um pólo tinha expressão máxima nos esquizofrênicos, que apresentaram muitas respostas simétricas, com tendências ao distanciamento temporal e abstração geométrica, sendo o elemento racional mais autônomo e a principal característica a disjunção, que, segundo Minkowski (citado por Minkowska, 1956), está relacionada a uma tendência de colocar de lado ou à distância os fatos desagradáveis, de não ver ou não fazer nada a respeito deles, fingindo não existir um determinado aspecto da vida. Já em outro pólo, situavam-se os epiléticos, que tinham a tendência de unir manchas separadas, sendo a percepção sugerida basicamente pela cor e pelo movimento. Do ponto de vista da linguagem, os verbos tinham a função de qualificar uma ação concreta do que estava sendo percebido. Diante dessas características, Minkowska (1956) constatou que o epilético, ao ver, sentia. Por isso, ele era atraído pelo vermelho e via as formas em movimento.

A autora também observou que a diferença psíquica entre os dois grupos estava na percepção da forma, no comportamento e na qualidade expressiva da linguagem. Enquanto o epilético era atraído por aspectos sensoriais como olfato, visão, tato, paladar e audição, o esquizofrênico era atraído pela precisão da forma, deixando as manifestações sensoriais freqüentemente no campo mental das alucinações. A autora afirma que os epiléticos são mais atentos aos estímulos sensoriais, mostrando-se mais próximos da realidade, enquanto que os esquizofrênicos são mais racionais e abstratos, mostrando-se mais distantes da realidade. Desse modo, o mecanismo essencial do chamado tipo epilepto-sensorial é a ligação, reforçando a idéia da necessidade de um contato com o mundo externo mais concreto e, para o tipo esquizo-racional, o mecanismo essencial é o corte, que reforça a idéia de distanciamento em relação ao mundo externo.

Segundo os autores da perspectiva da psicopatologia fenômeno-estrutural (Amparo, 2002; Antúnez, 2006; Barthelemy, 1992; Helman, 1983; Minkowska, 1956; Minkowski, 1952; Villemor-Amaral 2004; Wawrzyniak, 1982), as psicopatologias provêm de variações entre os dois pólos de personalidade, esquizo-racional e sensório-motor, podendo o sujeito estar mais propício a um dos extremos, ou oscilar entre os dois pólos. Tais evidências tiveram a sua origem em estudos com crianças, que, no curso do desenvolvimento, apresentavam etapas ora de sensorialidade, ora de racionalidade, e que podiam ser observadas e acompanhadas pelos mesmos mecanismos essenciais de ligação e corte. Assim, observa-se durante o desenvolvimento o predomínio da sensorialidade entre os três e seis anos, quando os mecanismos racionais começam a dominar, sendo fundamentais para a escolarização. As crianças são mais sensoriais que os adultos, mas, quando chegam à idade de seis e sete anos, precisam se tornar mais racionais para poder aprender, caso contrário teriam menores condições de se manterem sentadas e pensando, pois teriam ainda muita necessidade de movimento e de experienciar concretamente cada fenômeno ao seu redor. Se a criança não conseguir se afastar até certo ponto da sensorialidade, não conseguirá aprender satisfatoriamente (Vilemor-Amaral, 2004).

Wawrzyniak (1982), em seu estudo sobre a adolescência, verificou características que se aproximavam da psicose, mas que não prediziam a doença, confirmando a noção de que os mecanismos de ligação ou corte também são observados em não-pacientes psicopatológicos. No que se refere aos estudos com pacientes psicopatológicos, diversos autores buscaram compreender quais patologias tendiam mais ao pólo esquizo-racional e quais tendiam mais ao pólo sensório-motor (Amparo, 2002; Antúnez, 2006; Barthelemy, 1992).

Barthelemy (1992) realizou um estudo com pacientes depressivos e verificou que o mecanismo predominante na depressão era de ligação; no entanto, a ligação em si não necessariamente resultava em integrações bem sucedidas, podendo, ao contrário, originar imagens sobrepostas, aglutinadas ou fundidas, de modo bastante bizarro e confuso. Amparo (2002) estudou o processo de simbolização em quatro casos de pacientes esquizofrênicos, e verificou que a falha na construção simbólica apresenta raízes primárias do "eu" e do pensamento, organizadas por uma linguagem expressiva e não prática. Ou seja, a forma de simbolização foi permeada por uma lógica que misturava corpo e pensamento, dificultando os saltos qualitativos entre sensação, percepção, imaginação e linguagem. Nos quatro casos, o mecanismo do corte produziu um efeito dissociativo em vários níveis, resultando na abolição do tempo e do espaço vivido, fragmentação do corpo e da imagem, ambivalência afetiva com impulsividade diante do vermelho e angústia disfórica, discurso descontínuo e perda do ato de referência.

Villemor-Amaral e Barthelemy (2005) constataram diferenças qualitativas nos mecanismos de corte e ligação, denotando estados mais ou menos patológicos em pacientes borderline. Antúnez (2004) realizou um estudo com pacientes de transtorno obsessivo compulsivo e verificou uma tendência para o funcionamento esquizo-racional, embora ambos os pólos tenham se feito presentes nos pacientes. O mecanismo de corte indicou desestabilização na tomada de contato com a realidade, distanciamento frente à percepção de estímulos cromáticos, raciocínio mórbido e uma afetividade não vivida sendo descrita somente de forma racional.

Diante da inexistência de estudos de acordo com as concepções da psicopatologia fenômeno-estrutural com pacientes portadores do transtorno de pânico, este trabalho teve como objetivo verificar a ocorrência de mecanismos ou dinâmicas similares, considerando a qualidade desses fenômenos, a partir das variáveis ligação e corte.

Método

Participantes

A amostra foi composta por quatro pacientes com transtorno do pânico, sendo três mulheres e um homem, identificados aleatoriamente como casos A, B, C e D. A faixa etária variou de 40 a 50 anos. Os participantes provinham das classes sócio-econômicas média e baixa, e o nível de escolaridade variou entre o Ensino Médio e Superior incompleto. O critério de inclusão para esse grupo foi o diagnóstico da doença conforme os critérios do Eixo 1 da Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV- SCID-I (2000), que foi utilizada com o objetivo de confirmar o diagnóstico dado pelo psiquiatra da instituição e uniformizar a amostra. Todos os pacientes já haviam apresentado pelo menos um episódio sintomático de pânico, e estavam sendo medicados com Anfepramova, Diazepan e Fluoxetina.

Instrumentos

Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV - SCID I (1996)

A entrevista clínica estruturada (SCID- I) é um roteiro para uma entrevista semi-estruturada, que pode ser administrada por um psiquiatra ou por um profissional da área de saúde mental treinado e familiarizado com a classificação e critérios do DSM-IV (1995). A aplicação da SCID-I tem a duração de aproximadamente 1 hora e possibilita a avaliação de aspectos ligados à identificação, vida escolar e profissional, início, evolução e história do tratamento da enfermidade, contexto ambiental, problemas atuais e funcionamento social atual (Revisão Geral). A escala é composta de módulos que avaliam patologias do Eixo I - transtornos clínicos como depressão maior, transtorno somatoforme, esquizofrenia, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno de pânico e transtorno do uso do álcool.

Psicodiagnóstico de Rorschach (1921)

O método de Rorschach é um instrumento de avaliação da personalidade composto por um jogo de dez cartões, contendo o desenho de manchas de tinta simétricas e diferentes em cada cartão. A aplicação consiste em mostrar uma lâmina de cada vez e pedir para que a pessoa diga "o que aquilo poderia ser". Após mostrar os dez cartões e anotar as respostas dadas, voltam-se os cartões, fazendo o inquérito, a fim de se verificar "onde foi que a pessoa viu" e "o que na mancha fez com que parecesse aquilo que foi dito".

Procedimento de aplicação

Inicialmente, os diretores e coordenadores das instituições de saúde mental receberam o esclarecimento da pesquisa, sendo a eles solicitada a liberação dos pacientes para a aplicação dos instrumentos. Autorizado o estudo, os pacientes diagnosticados com transtorno de pânico foram listados, sendo, em seguida, agendadas as aplicações. Pediu-se aos pacientes que assinassem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, cumprindo as condições éticas que devem pautar qualquer pesquisa e, depois disso, foi iniciada a coleta de dados. Primeiramente, os pacientes respondiam às perguntas de identificação da SCID-I: nome, idade, escolaridade, profissão, estado civil, número de filhos, raça, religião, tratamento para uso de álcool ou drogas, o motivo da internação, início e curso dos sintomas, número de internações e medicações utilizadas. Em seguida, o método de Rorschach foi aplicado. O tempo de aplicação dos instrumentos foi de aproximadamente três horas, sendo uma hora para a SCID-I e cerca de duas horas para o Rorschach.

O procedimento para a análise dos dados foi feito de acordo com os pressupostos teóricos da psicopatologia fenômeno-estrutural, que se baseia na observação qualitativa de expressões verbalizadas e percepções de imagens. As análises foram feitas pelas duas autoras, que se apoiaram em um procedimento minucioso, verificando palavra por palavra, imagem por imagem, os fenômenos de ligação e corte.

A fim de se verificar a ocorrência e a qualidade de mecanismos ou dinâmicas típicas nos pacientes com transtorno do pânico, quatro categorias foram estipuladas: (1) mecanismo de corte adequado; (2) mecanismo de corte inadequado; (3) mecanismo de ligações adequado; (4) mecanismo de ligações inadequado.

Para a classificação como mecanismo de corte adequado, o critério adotado foi a presença de qualquer um dos seguintes indicadores: respostas de conteúdos pára-humanos ou pára-animais [(A); (Ad); (H); (Hd)]; palavras com maior nível de abstração; simbolização; poucos artigos; aumento do número de substantivos; respostas globais; respostas de forma (F; FD; FC', FC); respostas de conteúdo anatômico (An); referência a objetos separados, partidos, cortados em dois ou simétricos, desde que a adequação da forma estivesse preservada; presença de espaço (S); referência ao passado, sinalizando distanciamento do tempo. Já para avaliar se o mecanismo de corte foi mal sucedido, o critério adotado foi a presença de: verbalizações truncadas ou vagas; mecanismos de racionalização inadequados; estabelecimento de relações entre elementos que naturalmente não costumam estar relacionados; contradição em uma frase na qual aparecessem adjetivos ou substantivos com sentidos opostos; referência a elementos mutilados, desvitalizados e com ausência de volume, havendo, muitas vezes, distorção significativa na percepção da forma.

Com relação ao mecanismo de ligação adequado, o critério adotado foi a presença de qualquer um dos seguintes indicadores: respostas de movimento; respostas que envolvem a cor; respostas de conteúdos reais (A; Ad; H; Hd); palavras que indicam objetos concretos; aumento de verbos; estabelecimento de relações entre elementos naturalmente distantes na mancha; respostas de reações afetivas a tonalidades (Y, V, T); verbos no gerúndio; utilização de metáfora ao invés de símbolos, uma vez que a simbolização envolve um processo mais complexo de abstração; integrações de partes da mancha sem distorção da forma. Finalmente, para avaliar se o mecanismo de ligações foi mal sucedido, o critério foi: presença de aglutinação e superposição de imagens; continuidade da idéia ou da imagem de um estímulo para outro; verbalizações confusas.

Feitas as análises, todos os protocolos foram comparados, a fim de se verificar a ocorrência e a qualidade de mecanismos ou dinâmicas típicas nos pacientes com transtorno do pânico. Dada a extensão dos protocolos, compostos por mais de 30 repostas cada um, citar-se-á alguns exemplos, considerados mais ilustrativos, para demonstrar a maneira como se organiza a atividade psíquica dos pacientes com transtorno de pânico. As palavras, frases ou indagações entre parênteses referem-se às questões feitas pelo examinador para esclarecer as respostas e a localização das mesmas, e a sinalização ... refere-se à fase do inquérito.

Resultados e Discussão

A análise do Rorschach pelo método fenômeno-estrutural coloca no centro a idéia de realização. O "ver como" constitui o início para se dar um sentido comum entre contato vital e a realidade. Em todas as modalidades de realização, a tomada de consciência se dá em dois tempos: o do evento real (percepção das imagens no Rorschach) e o do pensamento (processamento mental). Assim, as vantagens citadas em relação ao método de Rorschach aparecem em vários estudos realizados na França (Barthelemy, 1992; Helman, 1983; Minkowska, 1956; Wawrzyniak, 1982), embora, no Brasil, sejam mais raros estudos nessa perspectiva (Villemor-Amaral, 2004).

As interpretações seguiram os princípios da psicopatologia fenômeno-estrutural, tendo como base a apreensão dos mecanismos de ligação e corte nas respostas dados ao Rorschach. A predominância do estilo de funcionamento mental foi determinada a partir da freqüência dos indicadores referentes aos pólos epilepto-sensorial e esquizo-racional.

A qualidade dos mecanismos foi obtida a partir da oscilação entre ligação e corte, o que não exclui a presença de respostas referentes aos mecanismos do pólo oposto ao predominante. Por exemplo, no caso B (esquizo-racional), resposta 3 da prancha II, o sujeito diz: "Uma flor, não sei, uma folha, acho que é só isso, não tem mais ... Porque é bonita parece o tronco, aqueles cactos. Parece uma florzinha nascendo, um botãozinho". Neste caso, observa-se a presença da sensorialidade "bonita, nascendo", mas o sujeito não faz referência à cor, justificando sua percepção em função do formato. Mesmo na presença de elementos sensoriais, predomina o mecanismo racional para manter o distanciamento do objeto. A relação com um cacto, ou seja, com uma flor que não se pode pegar nem cheirar, só pode ser estabelecida à distância. A boa qualidade do mecanismo racional se reflete na adequação da forma, da linguagem e da imagem.

Na mesma linha de pensamento, o caso D, de estilo predominante sensório-motor, diz na Prancha III: "Duas crianças brincando numa gangorra, duas pessoas parecem mais dois velhos ... . O queixo, o velho vai ficando queixudo, voltando à infância e brincando de gangorra". A resposta é tipicamente sensorial, pois envolve o movimento de duas crianças brincando de forma integrada com o objeto gangorra (mecanismo de ligação). No entanto, o destaque dessa resposta se dá pelo distanciamento do tempo "velhos voltando à infância", típico de um mecanismo de corte bem sucedido.

Desse modo, pode-se observar que, dentro de um mesmo protocolo, é natural encontrar os dois pólos, apesar de um geralmente se sobressair, e talvez por isso não seja possível identificar a predominância de um estilo no grupo. Assim sendo, 50% mostrou-se mais propenso ao pólo epilepto-sensorial, predominância do mecanismo de ligação, e 50% mais próximo do pólo esquizo-racional, predominância do mecanismo de corte. Como já mencionado, as análises fundamentadas na psicopatologia fenômeno-estrutural se pautam nas relações com o tempo e o espaço para aprofundar as especulações sobre o funcionamento psíquico de um determinado indivíduo e, sendo assim, é preciso analisar a resposta como um todo, sabendo selecionar quais os elementos que melhor descrevem a dinâmica mental do sujeito na perspectiva dessas duas dimensões, em dado momento.

Por exemplo, no caso C, prancha I, resposta 2, o sujeito diz: "nuvem, não sei ... porque tem aquele formato quando elas se arrumam no céu, quando era criança tinha vontade de derrubar elas lá de cima". Se a análise fosse feita somente pelo estilo de funcionamento, dir-se-ia que a relação com uma nuvem só pode ser estabelecida à distância, pois ninguém consegue pegar uma nuvem; assim, o mecanismo de corte prevalece. Entretanto, o que mais chama atenção nesta resposta não é o conceito 'nuvem', e sim a justificativa dada no inquérito "... quando elas se arrumam do céu, quando era criança tinha vontade de derrubar elas lá de cima". A idéia veiculada pela expressão "quando se arrumam" indica uma preocupação com a organização, que pressupõe um movimento de ligação eficaz. Neste caso, a reação que, inicialmente, era de se afastar da experiência por meio de um conceito vago, com referência a algo que é distante (pois a nuvem é amorfa e vaga), provoca a imediata necessidade de compensar o distanciamento, remetendo a uma lembrança do desejo infantil: "derrubar as nuvens lá de cima", trazendo-a para perto de si. Desse modo, o mais significativo dessa resposta é que o objeto transcendeu a distância no tempo e no espaço.

Outro exemplo que valoriza a importância de se analisar o tempo e espaço foi encontrado no caso A, prancha X, resposta 19. O sujeito diz: "Parece a minha cabeça quando estou em pânico, quando estou em crise. Fica como quem tá tudo repartido, algumas partículas de vazio, nada se junta, nada dá certo. ... Fica como se estivesse tudo partido, tudo sem se juntar, tudo vazio (partido?). Dividido, cada parte". Nessa prancha, em que uma diversidade de cores se dispõe de modo menos compacto, o sujeito ficou mais sensível ao despedaçamento da forma do que às cores, contrariamente ao que seria esperado para um tipo epilético-sensorial. A abstração representada pela percepção vaga registra um tempo e espaço real, que remetem a uma sensação vivida no ataque de pânico, interpretação esta que pode ser observada na resposta seguinte: "Uma explosão de alguma bomba. ... As partículas, tudo, sobre a figura e o que está acontecendo hoje: violência". Aqui, a verbalização no gerúndio "acontecendo hoje" pode ser interpretada como uma reação continuada no tempo e no espaço real. O desconforto corporal sentido na resposta anterior provocou um desvio para mecanismos racionais, na tentativa de controlar os impulsos corporais. Entretanto, essa fuga para o racional resultou em uma apreensão vaga e, portanto, precária e falha.

Observa-se que o sujeito buscou recuperar o equilíbrio, que foi alterado diante da prancha X, mas a sua retomada não foi eficiente. A tentativa de utilizar o mecanismo de racionalização não aliviou o impacto desagradável; pelo contrário, prejudicou a qualidade de sua produção. Ao transitar de um modo sensorial para racional, o sujeito perdeu a eficiência do processamento mental, e uma desorganização momentânea interferiu na clareza da sua comunicação. Esse tipo de deslize psíquico foi observado em todos os casos em que ocorria a alternância entre os mecanismos, como defesa ante a aproximação extremada em relação a algum dos pólos. Independente do estilo, a mudança de um mecanismo para o outro não melhora e nem mantém a qualidade do que estava sendo visto; pelo contrário, reflete a desordem mental, com interferência direta no produto final.

A seguir, duas tabelas ilustram tal argumentação. A Tabela 1 apresenta o estilo predominante do sujeito e o seu fracasso diante da oscilação para o mecanismo oposto ao seu estilo. A Tabela 2 apresenta o estilo predominante interagindo com o mecanismo correspondente do estilo em questão, revelando maior fluidez na expressão oral sobre o que está sendo percebido, ou seja, maior eficiência na comunicação.

Embora os resultados deste artigo não possam garantir um padrão de organização mental, e nem possam ser generalizados para todos os pacientes com transtorno de pânico, pois não há estudos empíricos que corroborem os dados aqui encontrados, eles demonstram um caminho a ser percorrido nas análises, visando à seqüência e sucessão dos mecanismos de ligação e corte.

Nessa perspectiva, constatou-se que os pacientes estudados apresentaram queda de qualidade e deslizes de pensamentos, evidenciados nos momentos de transição para os mecanismos que se opõem ao seu estilo predominante. A partir dessas observações, resolveu-se observar se as características intrínsecas das manchas estimulavam alternância mais abrupta dos mecanismos. Segundo Minkowska (1956), cada prancha do Rorschach apresenta uma característica intrínseca ao próprio estímulo, que causa climas diferenciados durante a aplicação, sendo as pranchas II, III, IV e VI consideradas as mais desagradáveis, e as pranchas VIII, IX e X as mais agradáveis.

Amparo (2002) constatou que esse padrão não foi respeitado nos pacientes esquizofrênicos, sendo outras as pranchas com caráter mais desagradável. Observou que as percepções regrediram de forma brusca nas pranchas II, VIII, IX e X, sinalizando deficiência afetiva e incapacidade para unir o que estava despedaçado. No caso deste estudo, como se observa na Tabela 3, a prancha I foi vista como a mais agradável, enquanto a prancha II surgiu como a mais desagradável, tendo em vista a qualidade das respostas.

Como já apontava Minkowska (1956), a prancha II naturalmente costuma gerar uma atitude de perplexidade ou estranheza, por causa do contraste do negro com o vermelho, o que justifica os deslizes significativos na qualidade da organização do pensamento. O que mais chamou atenção, no material analisado, foi o impacto desagradável sentido pelos sujeitos A e D diante das pranchas II e X, com destaque para os espaços vazios formados pela cor branca do fundo. As respostas da prancha II evidenciam a perturbação provocada pelo vermelho, mas a angústia é ainda mais evidente ante a presença maciça do espaço branco. Sendo A e D indivíduos com predominância do mecanismo de ligação, nota-se que o elemento perturbador é justamente o desafio à aproximação das áreas negra e vermelha, que o branco impõe.

Já na prancha X, o branco é tão intenso que a presença de respostas anatômicas é muito freqüente nos indivíduos com predomínio do pólo epilepto-sensorial, revelando um incômodo corpóreo vivido diante desta prancha. Observa-se que o sujeito do caso D tentou disfarçar o impacto negativo, agregando um conceito vago e menos comprometedor do ponto de vista da acuidade da forma, mas, nas respostas seguintes, esse controle se perdeu, e as respostas de anatomia se tornaram freqüentes.

Considerações Finais

O método da psicopatologia fenômeno-estrutural propõe caminhos para a compreensão da organização mental, visando encontrar as particularidades do indivíduo no seu modo de enfrentar a complexidade do real. Faz isto a partir da estrutura da linguagem, que reflete as dimensões de espaço e tempo vividos. Neste sentido, o psicodiagnóstico de Rorschach é um instrumento adequado para entender a forma como se desenvolvem os princípios mais profundos de ordem estrutural, pois as verbalizações tornam o mental algo físico e visível, permitindo uma maior compreensão dos diferentes modelos de funcionamento mental.

Este estudo procurou, dentro dessa perspectiva teórica, subsídios para compreender o transtorno de pânico, mas os resultados não demonstraram uma predominância de estilo de funcionamento, sendo as diferenças qualitativas importantes nas alternâncias dos mecanismos de corte e ligação, sobretudo nas alternâncias para o mecanismo oposto ao predominante em cada sujeito. Assim, o mecanismo de corte mostrou-se mais inadequado para o estilo sensorial, assim como o mecanismo de ligação pareceu menos eficiente para o tipo racional.

O recurso ao psicodiagnóstico de Rorschach e aos pressupostos teóricos da psicologia fenômeno estrutural para compreender os quadros psicopatológicos parece promissor, mas novos estudos devem ser feitos para aprofundar os dados aqui encontrados.

Recebido em: 26/7/2006

Aprovado em: 27/6/2007

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Abr 2008
  • Data do Fascículo
    Mar 2008

Histórico

  • Aceito
    27 Jun 2007
  • Recebido
    26 Jul 2006
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