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Trabalho noturno e o novo papel paterno: uma interface difícil

Working night shifts and the co-parenting role for fathers: a difficult balancing act

Resumos

Aumentou a demanda por trabalhadores noturnos, ao mesmo tempo em que o papel masculino familiar se ampliou. Neste estudo, objetivou-se comparar as condições de trabalho, o bem-estar pessoal e o envolvimento familiar entre pais dos turnos diurno (n=36) e noturno (n=22), que preencheram um questionário composto por diferentes escalas. Comparados aos trabalhadores do turno diurno, os do noturno relataram ter maior apoio dos colegas de trabalho e dos supervisores, maior satisfação quanto aos benefícios e salário, menor freqüência de interrupções durante o expediente de trabalho, mas menor satisfação quanto ao turno em que trabalhavam e menos tempo com os filhos. Os dois grupos de trabalhadores apresentaram pontuação média no nível de Stress e na satisfação quanto ao envolvimento familiar. Apesar de condições de trabalho mais favoráveis, os pais do noturno estavam insatisfeitos com seu turno, aparentemente em função da falta de tempo com familiares.

Condições de trabalho; Relação trabalho e família; Turnos de trabalho


The demand for night shift workers is increasing at the same time as the role of the father within the family has expanded. The objective of this study was to compare workplace conditions, personal well-being and family involvement between fathers working on the day shift (n=36) and on night shift (n=22). Workers completed a questionnaire that used various scales to evaluate these issues. Compared to the day shift workers, the night shift workers indicated that they received greater support from work colleagues and supervisors, felt more satisfied with their benefits and salary and had a lower frequency of interruptions during the workday, but felt less satisfied about the shift they worked and about spending less time with their children. With regard to family involvement, both groups experienced moderate to high levels of stress and only a moderate level of satisfaction. Despite the more favorable working conditions, fathers on the night shift were less satisfied with their work hours, seemingly due to the lack of time spent with family members.

Work conditions; Family work relationship; Shifts workday


Trabalho noturno e o novo papel paterno: uma interface difícil

Working night shifts and the co-parenting role for fathers: a difficult balancing act

Fabiana CiaI; Elizabeth Joan BarhamII

Universidade Federal de São Carlos, Centro de Educação e Ciências Humanas, Departamento de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Educação Especial. Rod. Washington Luís, km 235, Caixa Postal 676, 13565-905, São Carlos, SP, Brasil. Correspondência para/Correspondence to: F. CIA. E-mail: <fabianacia@hotmail.com>

RESUMO

Aumentou a demanda por trabalhadores noturnos, ao mesmo tempo em que o papel masculino familiar se ampliou. Neste estudo, objetivou-se comparar as condições de trabalho, o bem-estar pessoal e o envolvimento familiar entre pais dos turnos diurno (n=36) e noturno (n=22), que preencheram um questionário composto por diferentes escalas. Comparados aos trabalhadores do turno diurno, os do noturno relataram ter maior apoio dos colegas de trabalho e dos supervisores, maior satisfação quanto aos benefícios e salário, menor freqüência de interrupções durante o expediente de trabalho, mas menor satisfação quanto ao turno em que trabalhavam e menos tempo com os filhos. Os dois grupos de trabalhadores apresentaram pontuação média no nível de Stress e na satisfação quanto ao envolvimento familiar. Apesar de condições de trabalho mais favoráveis, os pais do noturno estavam insatisfeitos com seu turno, aparentemente em função da falta de tempo com familiares.

Unitermos: Condições de trabalho. Relação trabalho e família. Turnos de trabalho.

ABSTRACT

The demand for night shift workers is increasing at the same time as the role of the father within the family has expanded. The objective of this study was to compare workplace conditions, personal well-being and family involvement between fathers working on the day shift (n=36) and on night shift (n=22). Workers completed a questionnaire that used various scales to evaluate these issues. Compared to the day shift workers, the night shift workers indicated that they received greater support from work colleagues and supervisors, felt more satisfied with their benefits and salary and had a lower frequency of interruptions during the workday, but felt less satisfied about the shift they worked and about spending less time with their children. With regard to family involvement, both groups experienced moderate to high levels of stress and only a moderate level of satisfaction. Despite the more favorable working conditions, fathers on the night shift were less satisfied with their work hours, seemingly due to the lack of time spent with family members.

Uniterms: Work conditions. Family work relationship. Shifts workday.

A teoria de papéis sociais tem mostrado que a saúde do indivíduo e a percepção de sua qualidade de vida refletem o quanto ele está conseguindo cumprir as expectativas que possui acerca do seu papel social (Barnett & Gareis, 2006). A problematização da relação entre envolvimentos profissionais e familiares tem focado a investigação de desajustes entre as duas esferas, com base no pressuposto de que a dedicação exclusiva a cada uma delas favorece resultados melhores. Por exemplo, a teoria do transbordamento de demandas envolve a idéia da invasão do trabalho profissional em horários e posturas familiares; a teoria da segmentação dos envolvimentos leva à dicotomização do trabalho profissional e familiar; e, segundo a teoria de conflitos entre trabalho e família, supõe-se que um envolvimento em uma esfera, como a profissional, vai chocar com um envolvimento em outra, como a familiar (Zedeck & Mosier, 1990). Assim, espera-se que o tempo dedicado aos filhos reduza a qualidade do desempenho profissional e, ao mesmo tempo, espera-se que a ausência dos pais no lar deixe lacunas no desenvolvimento sócio-emocional e na educação dos filhos. Com base neste raciocínio negativo, a maior parte dos estudos sobre iniciativas para melhorar o equilíbrio entre trabalho e família enfoca as dificuldades e as necessidades das mulheres.

No entanto, teorias mais recentes estão revendo a maneira como se entende a relação entre trabalho profissional e familiar, propondo impactos benéficos de papéis múltiplos para a saúde do indivíduo e o bem-estar de seus familiares (Barnett & Gareis, 2006), por exemplo, a teoria de enhancement ou facilitação, que analisa como cada envolvimento complementa e melhora o outro. Segundo esta abordagem, foi possível perceber melhorias na saúde mental de mulheres com envolvimentos profissionais, em relação a mulheres donas-de-casa, melhorando seu desempenho em papéis familiares em função de sua maior auto-estima.

Neste trabalho, investiga-se alguns impactos positivos de papéis múltiplos para homens. Sabe-se que a entrada maciça de mulheres no mercado de trabalho afetou o papel familiar dos homens, criando oportunidades significativas para seu desenvolvimento sócio-emocional por meio de um maior envolvimento no lar, especialmente nos cuidados e na educação dos filhos (Crzywacz & Dooley, 2003; Tiedje, 2004). Assim, espera-se que homens que não podem se envolver da forma esperada no convívio familiar, em função de seu turno de trabalho, sintam-se privados de algo valorizado.

Durante este mesmo período em que o papel paterno mudou, a demanda por trabalhadores no período noturno também aumentou, sendo que existe um número significativamente maior de homens do que mulheres trabalhando nesse período. Nesta pesquisa, busca-se mais informações sobre o trabalho em turnos, do ponto de vista de pais de família, comparando a percepção dos funcionários dos turnos diurno e noturno em relação a suas condições de trabalho e a alguns aspectos específicos do seu envolvimento com os filhos, os quais são de grande importância para praticar um papel paterno mais moderno, que implica em assumir uma parte dos cuidados diretos para com os filhos.

Impactos do trabalho noturno

No Brasil, como em outros países, está aumentando o número de empresas que funcionam durante as 24 horas do dia, o que aumenta significativamente o número de trabalhadores com expediente de trabalho noturno (Fischer, 1996; Rotenberg, Portella, Marcondes, Moreno & Nascimento, 2001; Strazdins, Korda, Lim, Broom & D'Souza, 2004).

O trabalho noturno pode acarretar intercorrências nos âmbitos biológico, psicológico e social da vida dos trabalhadores. Considerando os aspectos biológicos, as pessoas que trabalham à noite têm maior probabilidade de apresentar as seguintes perturbações: irritabilidade, sonolência de dia, sensação de ressaca e mau funcionamento do aparelho digestivo, que levam, após certo tempo, a doenças relacionadas aos sistemas gastrointestinal, cardiovascular e nervoso (Fischer, 2004; Fischer & Metzner, 2001; Moreno & Louzada, 2004). Isto ocorre, em parte, porque o trabalhador noturno tem que inverter os períodos de sono e vigília, de forma contrária ao funcionamento natural dos processos biorrítmicos humanos (Fischer, 1996; Rotenberg et al., 2001).

Além dos impactos biológicos, o trabalho noturno também traz maior isolamento social, em função dos horários não-normativos, repercutindo negativamente sobre a vida do trabalhador e de sua família. No que diz respeito à vida familiar, quando alguém trabalha no período noturno, é preciso modificar rotinas básicas da casa para evitar ruídos que possam perturbar o sono diurno dessa pessoa, como os horários para uso de eletrodomésticos e controle do barulho associado com interações familiares e atividades de lazer, como falar alto, gritos e brincadeiras de crianças, assistir à televisão ou ouvir rádio em alto volume (Fischer, 2004; Fischer et al., 1993; Fischer & Metzner, 2001; Martinez & Oliveira, 1997; Seligmann, 1994). O trabalho noturno também costuma acarretar problemas para o funcionário participar de atividades ou responsabilidades familiares importantes, tais como realizar refeições junto com a família, dividir tarefas domésticas, acompanhar o progresso acadêmico dos filhos e participar de reuniões escolares (Akerstedt, Fredlund, Gilberg & Jonsson, 2002; Bildt & Michelsen, 2002).

Estudo brasileiro, realizado em uma empresa de vigilância, mostrou que os funcionários trabalhando em um turno indesejado (por exemplo, noturno), quando comparados com os funcionários que trabalham em turno desejado (por exemplo, diurno), apresentavam significativamente mais dificuldades para conciliar suas obrigações profissionais e familiares (realizar atividades com os filhos) e sofreram maior stress (Pereira, 2003).

Nesta mesma direção, Strazdins et al. (2004) investigaram a influência do trabalho em horários não normativos (à noite ou em turnos alternados) sobre o relacionamento entre pais e filhos e o bem-estar infantil, com 4 433 famílias de crianças entre dois e 11 anos. Pôde-se verificar que os pais que trabalhavam em horários não-normativos e que tinham menor nível sócio-econômico passavam menos tempo com os filhos do que os de mesmo nível sócio-econômico que trabalhavam em horários normativos. Os filhos dos pais que trabalhavam em horários não-normativos apresentaram mais dificuldades comportamentais e emocionais, as quais foram citadas como indicativas de stress infantil. Além disso, as condições de trabalho (por exemplo: ambiente de trabalho, sobrecarga e stress) exerceram influência direta no relacionamento entre pais e filhos.

No contexto brasileiro, Cia e Barham (2005) investigaram a influência da qualidade do relacionamento com o pai (freqüência de diferentes tipos de comunicação entre pai e filho e freqüência da participação do pai nos cuidados com o filho) sobre o autoconceito da criança. Participaram desta pesquisa 58 homens e seus filhos em idade escolar, de classe socioeconômica baixa, vivendo com ambos os pais biológicos. Observou-se que os pais do noturno passavam menos tempo interagindo com seus filhos e apresentaram menor qualidade de relacionamento com eles, quando comparados com os pais do diurno. Por sua vez, o envolvimento dos pais estava positiva e significativamente correlacionado com o autoconceito acadêmico dos filhos: o autoconceito acadêmico das crianças foi menor, quanto menor o envolvimento dos seus pais, o que foi mais comum entre pais do noturno.

Vale ressaltar que as pesquisas sobre o impacto do trabalho noturno ainda não buscaram verificar as percepções dos funcionários, especialmente os que são pais, sobre suas condições de trabalho, e também não levantaram a freqüência de interação destes trabalhadores com os seus filhos em relação a questões mais específicas dos cuidados e da educação dos mesmos. Assim, necessita-se de dados que investiguem a influência do turno de trabalho sobre a possibilidade de os homens assumirem o novo papel paterno, considerando que os mesmos prezam um envolvimento direto com os seus filhos muito mais amplo do que aquele que os pais tinham com os filhos no passado. Neste sentido, é importante considerar os achados de estudos que documentam o surgimento desse novo papel.

Transformações nos papéis feminino e masculino

O ingresso das mulheres no mercado de trabalho contribuiu para a maior estabilidade socioeconômica da família e alterou as relações de poder entre homens e mulheres, pois as mulheres estão, aos poucos, conquistando eqüidade de poder com os homens, tanto no ambiente profissional quanto no familiar. Essa mudança está levando a uma transformação nos papéis sociais ligados ao gênero, no que diz respeito à participação em trabalho fora e dentro de casa (Bertolini, 2002; Crzywacz & Dooley, 2003; Rodrigues, Assmar & Jablonski, 2002; Tiedje, 2004).

Diante dessas mudanças nos papéis profissionais e familiares femininos, muitos homens também estão enfrentando novas demandas, nesse novo contexto de papéis múltiplos, uma vez que as mulheres estão exigindo (e permitindo) um maior envolvimento paterno, tanto na educação, quanto nos cuidados dos filhos (Bertolini, 2002; Brandth & Kvande, 2002; Cabrera, Tamis-Lemonda, Bradley, Hofferth & Lamb, 2000). Estudos mostram que, ao longo das últimas décadas, uma porcentagem cada vez maior dos homens participa ativamente da vida familiar e atribui maior importância a esta esfera, desenvolvendo uma nova identidade no que diz respeito à sua atuação familiar (Coley, 2001; Dessen & Costa, 2005; Flouri, 2005; Lamb, 1997). Aos poucos, a formação da identidade de homens, como no caso das mulheres, está passando a depender tanto do seu desempenho no trabalho como do seu desempenho na família (Cabrera et al., 2000; Cooper & Lewis, 2000; Dessen & Costa, 2005).

Pensando no papel paterno ideal, nos tempos atuais, e voltando à questão de trabalho noturno, levantam-se as perguntas: 1) como este esquema de trabalho é percebido por funcionários que são pais? e 2) quanto o turno de trabalho afeta o desempenho destes funcionários no papel paterno?. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi o de comparar as condições de trabalho, o bem-estar pessoal e o envolvimento familiar entre pais dos turnos diurno e noturno.

Método

Participantes

Participaram deste estudo 58 pais, sendo que 36 trabalhavam no turno diurno e 22 no noturno, com média de idade de 39 anos (variando entre 31 e 61 anos). No que diz respeito aos recursos financeiros, 93,1% dos participantes tinham renda familiar entre R$500,00 a R$1.000,00, e 6,9% tinham renda familiar de R$250,00 a R$500,00. Em relação ao grau de escolaridade, 41,4% dos trabalhadores possuíam 2º grau completo, 37,9% possuíam 1º grau completo e 20,7% possuíam 1º grau incompleto.

Todos os participantes eram casados e tinham um filho na 5ª ou 6ª série do Ensino Fundamental, e exatamente metade dos filhos era do sexo feminino, e a outra metade, do sexo masculino. Nessa faixa etária, as crianças não dependem de ajuda para realizar as atividades da vida diária, mas ainda procuram o pai para realizar atividades. Para a participação dos pais na pesquisa, os mesmos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, estabelecido pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Carlos, o qual deliberou pela execução deste estudo.

Local

A coleta de dados ocorreu em uma escola da rede de ensino Serviço Social da Industria (SESI), localizada em uma cidade no interior do estado de São Paulo. Assim, conseguiu-se coletar dados referentes a funcionários de várias empresas, mas controlando alguns dos fatores que possam afetar o envolvimento familiar dos pais, por exemplo, a faixa salarial predominante, o nível de escolaridade necessário para obter o emprego, o nível socioeconômico, entre outros, além da questão de trabalhar no turno diurno ou noturno.

Uma das metas prioritárias da rede de ensino Serviço Social da Indústria (SESI) é a de manter um relacionamento sistemático com as famílias dos alunos, criando uma parceria pais-escola que possa trazer uma melhoria na qualidade de vida e no desempenho escolar do aluno. As reuniões entre os professores e os pais são realizadas no início da manhã (às 7 horas) ou no final da tarde (após as 18 horas), permitindo que todos os pais possam comparecer, mesmo quando trabalham no período noturno.

Instrumentos

Os participantes preencheram o questionário "Avaliação das condições de trabalho e da vida pessoal e familiar", que foi construído com base em instrumentos já existentes (Cia & Barham, 2005; Pereira, 2003) e que está dividido em três tópicos: a) condições de trabalho; b) bem-estar pessoal; e c) envolvimento familiar.

As condições de trabalho são avaliadas pela Escala de apoio para questões pessoais e familiares no ambiente interpessoal de trabalho (α=0,70), pela Escala de satisfação com o trabalho (α=0,87) e pela Escala de problemas com o desempenho no trabalho (α=0,77). O bem-estar pessoal é mensurado pela Escala de Estresse (α=0,75). O envolvimento familiar é investigado pela Escala de adequação do desempenho no papel familiar (α=0,77), pela Escala de participação do pai nas atividades escolares, culturais e de lazer do filho (α=0,77), e inclui, ainda, um item sobre o tempo que o pai passa, por dia, realizando atividades com o filho.

Procedimentos

O primeiro contato com os participantes se deu por meio de uma reunião de pais, que ocorre bimestralmente. Nessa reunião, explicou-se os objetivos do estudo e como seria a participação dos mesmos. Em seguida, foi entregue o questionário e explicou-se cada item deste instrumento para os trabalhadores que quiseram participar. O preenchimento do instrumento teve duração média de 45 minutos.

Os dados quantitativos obtidos com o questionário foram analisados estatisticamente segundo medidas de tendência central e dispersão. Com os itens que faziam parte de escalas, foi realizada uma análise da consistência interna (alpha de Cronbach) da escala como um todo, como uma forma de avaliar a confiabilidade das medidas utilizadas (Cozby, 2002). Para comparar os resultados dos trabalhadores dos turnos diurno e noturno, foi utilizado o Teste-t e Multiple Analysis of Variance - MANOVA (SPSS 10.0 for Windows).

Resultados e Discussão

Na Tabela 1, compara-se as percepções dos respondentes dos turnos diurno e noturno em relação ao apoio para assuntos pessoais e familiares no ambiente interpessoal de trabalho.

Apesar da imagem negativa do trabalho noturno, de maneira geral, os respondentes deste turno indicaram que o apoio interpessoal em relação a questões pessoais e familiares era tão bom quanto no caso dos respondentes do turno diurno, ou até melhor (três itens). Isto pode ocorrer, por exemplo, pelo fato de os funcionários do noturno estarem juntos, em um contexto de trabalho atípico, e por terem oportunidades restritas para apoio social fora do trabalho, criando um clima de maior interdependência e companheirismo à noite do que durante o dia. Esse apoio é apontado na literatura como facilitador da diminuição de stress, ajudando na resolução de problemas e contribuindo para uma maior produtividade (Gottlieb, Kelloway & Barham, 1998; Robbins, 1998). Em um ambiente interpessoal de trabalho adequado, existem oportunidades para os funcionários conversarem com colegas e supervisores sobre seus problemas pessoais ou familiares, recebendo, assim, apoio psicológico e prático na resolução das suas dificuldades (Figueroa, Schufer, Muiñoes, Mano & Corea, 2001; Tamayo & Trócolli, 2002).

No geral, os pais de ambos os turnos estavam igualmente satisfeitos com diferentes aspectos do seu trabalho, apresentando um nível de satisfação geral apenas mediano (3,5 pontos) (Tabela 2). Porém, apareceram duas diferenças estatisticamente significativas, referentes à satisfação com a renda e à satisfação com o turno de trabalho.

Em comparação com os respondentes do turno diurno, os respondentes do noturno mostraram-se menos insatisfeitos em relação aos benefícios e ao salário que recebiam. Isto reflete as diferenças na renda de funcionários do diurno versus noturno, uma vez que a legislação trabalhista brasileira determina que o trabalho no período noturno seja recompensado com um adicional de salário.

Quanto a não poder trabalhar no turno que gostaria, os trabalhadores noturnos apresentaram um resultado menos favorável. Embora um indivíduo possa fazer muitos esforços para se adaptar a um esquema de trabalho noturno, um pai de filho em idade escolar deve sentir mais dificuldades para conciliar sua necessidade de descanso com os horários nos quais seus filhos estão em casa (de manhã ou de tarde). Ele precisa ter o apoio constante dos demais familiares, além de, muitas vezes, ter que reestruturar a sua vida e as dos demais membros da família (Akerstedt et al., 2002; Bildt & Michelsen, 2002; Fischer, 2004; Fischer & Metzner, 2001).

Ser pai de família aumenta as demandas sobre um funcionário, podendo criar dificuldades para manter um desempenho ideal no trabalho. Assim, a Tabela 3 compara os respondentes dos turnos diurno e noturno no que diz respeito à freqüência com que ocorriam problemas com o desempenho no trabalho.

Os pais do turno diurno apontaram ter que interromper o trabalho para fazer outras coisas, em função de necessidades pessoais ou familiares, com uma freqüência maior do que os trabalhadores do noturno. Isto possivelmente ocorra porque a resolução de problemas envolvendo familiares (por exemplo, levar a esposa ou um filho doente ao médico) pode requerer serviços oferecidos durante o período entre 8 e 18 horas, criando interrupções durante o expediente de trabalho para funcionários do turno diurno, que lhes permitam acessar estes serviços. Além disso, os familiares dos funcionários do noturno estão dormindo a maior parte do tempo, à noite, reduzindo a probabilidade de procurar o pai durante este período.

No que diz respeito às condições de trabalho, em suma, os pais que trabalham à noite mostraram-se cientes de diversas vantagens profissionais em relação aos pais do turno diurno. A despeito disso, muitos pais do turno noturno almejavam uma mudança para o turno diurno.

Bem-estar pessoal

Além da percepção de suas condições de trabalho, é importante constatar como os pais avaliaram seu bem-estar pessoal. Comparou-se os dois grupos de pais em relação ao stress, e não houve diferenças estatisticamente significativas entre os participantes de ambos os turnos. No entanto, pôde-se verificar que, de modo geral, os trabalhadores apresentaram um nível de stress dentro da média. Problemas de stress podem contribuir para a existência de conflitos familiares (Cooper & Lewis, 2000; Gottlieb et al., 1998) e para os trabalhadores terem menos tempo, energia ou vontade para realizar atividades com seus filhos (Brandth & Kvande, 2002; Dessen & Costa, 2005). Além das questões investigadas, o stress destes trabalhadores pode estar relacionado ao baixo nível socioeconômico que, por sua vez, influencia direta e negativamente o relacionamento familiar e o trabalho (Conger et al., 2002).

Envolvimento familiar

Levando em conta as informações obtidas sobre a percepção dos pais de ambos os turnos em relação às suas condições de trabalho e ao seu bem-estar, o interesse principal desse estudo foi o de avaliar os impactos do turno de trabalho sobre o envolvimento familiar dos pais. Primeiro, analisou-se as percepções dos pais no que diz respeito à adequação do seu desempenho no papel familiar. Nenhum item foi avaliado de forma significativamente diferente pelos trabalhadores dos dois turnos. Assim, a Tabela 4 apresenta os resultados referentes a esses itens, juntando os respondentes dos dois turnos.

A maior parte dos respondentes fez uma avaliação pouco positiva da qualidade dos diferentes aspectos do seu desempenho. As avaliações menos positivas apareceram em relação ao suporte financeiro proporcionado à família, a não estar colaborando com a família como gostariam de estar e a não estar dando conta de tudo que precisavam fazer para o filho. Esta avaliação negativa quanto ao seu desempenho no papel familiar pode ser uma conseqüência das suas condições de trabalho e da baixa qualidade do bem-estar pessoal, pois a literatura aponta que os aspectos do trabalho e da vida pessoal estão correlacionados, havendo uma influência mútua entre eles (Cooper & Lewis, 2000; Gottlieb et al., 1998; Zedeck & Mosier, 1990).

Além desta avaliação mais global de diferentes aspectos do seu envolvimento familiar, também foi analisada a freqüência de determinados tipos de interação entre pais e filhos, como mostram os dados da Tabela 5.

Ao comparar os dois grupos de pais em relação à sua participação nestas atividades, pôde-se verificar que há uma diferença estatisticamente significativa na freqüência de participação dos pais de cada turno em relação a quatro itens. Além disso, realizou-se uma análise MANOVA, comparando a participação dos dois grupos de pais neste conjunto de itens. Observou-se que, em comparação com os pais do turno noturno, os do diurno relataram um envolvimento consistentemente maior com seus filhos F(1,44)=5,09, p<0,05.

Coerente com isso, apareceu uma diferença significativa entre os dois turnos em relação ao tempo que os pais passavam fazendo atividades com seu filho, todo dia. Em média, os pais que trabalhavam durante o dia passavam quase uma hora a mais, por dia, interagindo com seu filho (2h30min), do que os pais que trabalhavam à noite (1h35min), t (45,5)=2,72, p<0,01.

A avaliação pouco positiva apresentada pelos pais quanto ao seu desempenho no papel familiar, apesar de um envolvimento diário com seus filhos, mostra as exigências dos homens quanto à avaliação da qualidade do seu envolvimento com a família, o que pode ser um indicativo do desejo de assumir um papel maior dentro dela, em sintonia com o novo papel paterno. Embora os pais que trabalhavam à noite tenham apresentado várias vantagens em relação às suas condições de trabalho, indicaram menor envolvimento com os seus filhos e menor desejo de continuar neste turno, quando comparados com os pais do diurno. Sabe-se que os dois grupos de pais passavam o mesmo número de horas trabalhando. Assim, parece que estar em casa no período diurno influencia negativamente as oportunidades para realizar atividades com os filhos, pois estes vão à escola de manhã ou à tarde e não estão disponíveis para um maior convívio com o pai que, por sua vez, precisa dormir durante parte deste período. Esta diferença torna-se importante na medida em que as pesquisas apontam para uma correlação positiva entre o envolvimento paterno e a maximização de diversas áreas do desenvolvimento infantil, tais como o desenvolvimento sócio-emocional, cognitivo e o desempenho acadêmico (Carlson, 2006; Cia & Barham, 2005; Lamb, 1997).

Em um momento no qual as expectativas e normas sociais em relação à freqüência e à abrangência de participação de homens no ambiente familiar estão se ampliando, trabalhar à noite representa uma desvantagem importante para cumprir este novo papel paterno, que ajuda a conquistar uma série de vantagens para o desenvolvimento sócio-emocional dos pais e para o bem-estar e desenvolvimento de seus familiares.

Considerações Finais

Este estudo levantou questões sobre a influência do turno de trabalho na satisfação com as condições de trabalho e com o bem-estar pessoal e o envolvimento familiar de trabalhadores no setor industrial, pais de filhos em idade escolar. Pôde-se verificar que os trabalhadores do noturno apontaram condições de trabalho um pouco mais favoráveis. Todavia, apontaram menor satisfação quanto ao turno em que trabalhavam e menor envolvimento com os seus filhos. Ou seja, pelo menos no setor industrial, estes resultados apontam para mais uma dificuldade na vida pessoal e familiar de funcionários do noturno, além dos reconhecidos problemas com a saúde física. Tendo em vista que os funcionários do noturno descreveram suas condições de trabalho como sendo melhores do que as do diurno, parece que seu desejo de mudar de turno reflete o valor que os pais dão para uma participação familiar maior, mais próximo às novas normas sociais, como descrito por Cia, William e Aiello (2005).

Infelizmente, a probabilidade de sair do turno noturno é baixa, uma vez que o número de trabalhadores deste período está aumentando. Assim, estes resultados também apontam para a importância de buscar maneiras de ajudar funcionários que trabalham à noite a melhorarem suas relações familiares, atentando para maneiras de se criar oportunidades para interagirem com seus filhos. Ressalta-se que estão surgindo algumas informações novas sobre a questão de como melhor sensibilizar e preparar homens para assumir um papel mais ativo na esfera familiar, mas, por enquanto, como adaptar estas técnicas para realmente suprir algumas das dificuldades enfrentadas por pais do noturno ainda não foi abordada.

Apesar da insatisfação dos pais desta amostra com seu envolvimento familiar, a rede de ensino SESI é reconhecida por sua capacidade de manter um clima de seriedade junto aos alunos e de acompanhamento e envolvimento por parte dos pais. Assim, em estudos futuros, seria importante estudar a influência de políticas e práticas escolares, diferentes das do SESI, ou mesmo a influência do nível socioeconômico dos pais, que possam estimular ou até desestimular o envolvimento dos pais dos seus alunos. Uma vantagem da coleta de dados na rede de ensino SESI foi que possibilitou encontrar uma amostra mais homogênea, porque os pais trabalhavam em indústrias, tendo uma rotina de trabalho semelhante, com menor probabilidade de ter variáveis, além do turno, que pudessem influenciar os resultados.

Estudos longitudinais seriam também indicados para monitorar a influência do turno de trabalho sobre a satisfação com a vida profissional, pessoal e familiar, ao longo das diferentes fases de desenvolvimento do indivíduo. Além disso, percebe-se a importância de obter outros dados para aprofundar a interpretação das diferenças que apareceram, como a comparação da satisfação das esposas dos dois grupos de pais ou da participação dos pais na educação dos filhos, além de procurar entender mais sobre a postura geral dos pais nos dois grupos, examinando variáveis tais como estilo parental e nível de ansiedade.

Em suma, com base na literatura mostrando os benefícios do envolvimento paterno, seria extremamente importante desenvolver pesquisas que pudessem contribuir para melhor entender fatores que influenciam o envolvimento de pais do turno noturno, em contraste com pais do turno diurno, e para desenvolver estratégias visando a maximizar o envolvimento familiar dos pais do turno noturno. Este grupo de pais está cada vez maior, e está na contramão das normas sociais emergentes, quanto ao papel paterno, colocando não só seus filhos em maior condição de risco para seu desenvolvimento pleno, bem como a qualidade de todo o convívio familiar.

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Recebido em: 27/7/2006

Versão final reapresentada em: 26/3/2007

Aprovado em: 13/4/2007

Apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Jul 2008
  • Data do Fascículo
    Jun 2008

Histórico

  • Aceito
    13 Abr 2007
  • Recebido
    27 Jul 2006
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