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Comunicação em pediatria: revisão sistemática de literatura

Pediatric communication: A systematic literature review

Resumos

A qualidade da comunicação em Pediatria influencia diretamente o sucesso do tratamento, ao promover níveis satisfatórios de adesão, retenção de informações e acolhimento a demandas biopsicossociais. Constituiu objetivo deste trabalho realizar uma revisão sistemática da literatura referente à comunicação em pediatria publicada entre 2000 e 2010. Foram selecionados trabalhos incluídos nas bases de dados PubMed/MedLine, Bireme/BVS e ScienceDirect, Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e SciELO. Os 61 trabalhos selecionados indicam prevalência de delineamentos descritivos e técnicas de análise qualitativas e quantitativas, em detrimento de estudos experimentais e uso de técnicas mistas para análise de dados. A literatura indica a importância da inclusão do paciente pediátrico no processo de comunicação e do acolhimento a demandas psicossociais, destacando que programas para melhoria da comunicação têm obtido bons resultados. Destaca-se a importância de estudos sistemáticos que possibilitem compreender os fatores envolvidos na comunicação em pediatria e a inserção de programas psicossociais eficientes.

Comunicação; Criança; Literatura de revisão como assunto; Relações médico-paciente


The quality of Pediatric communication directly influences the treatment success, by promoting satisfactory adherence levels, information retention, and the inclusion of biopsychosocial demands. The main aim of this study was to perform a systematic literature review concerning pediatric communication, with papers published between 2000 and 2010. The selected studies were included in the following databases: PubMed/MedLine, Bireme/BVS and ScienceDirect, Capes Papers Online site, and SciELO. The 61 selected papers indicate the prevalence of descriptive designs and qualitative or quantitative analysis techniques, over experimental studies and the use of mixed data analysis techniques. The literature indicated the need to include the pediatric patient in the communication process and to consider psychosocial demands, highlighting the good results achieved by programs related to better communication patterns. The need is highlighted for systematic studies that can comprehend the factors involved in pediatric communication, and the inclusion of efficient psychosocial programs.

Communication; Child; Review literature as topic; Physician-patien


PSICOLOGIA DE SAÚDE

Comunicação em pediatria: revisão sistemática de literatura

Pediatric communication: A systematic literature review

Marina KohlsdorfI; Áderson Luiz Costa JuniorII

IUniversidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde. Campus Universitário Darcy Ribeiro, Asa Norte, 70910-000, Brasília, DF, Brasil. Correspondência para/Correspondence to: M. KOHLSDORF. E-mail: <marinak@unb.br>

IIUniversidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Escolar. Brasília, DF, Brasil

RESUMO

A qualidade da comunicação em Pediatria influencia diretamente o sucesso do tratamento, ao promover níveis satisfatórios de adesão, retenção de informações e acolhimento a demandas biopsicossociais. Constituiu objetivo deste trabalho realizar uma revisão sistemática da literatura referente à comunicação em pediatria publicada entre 2000 e 2010. Foram selecionados trabalhos incluídos nas bases de dados PubMed/MedLine, Bireme/BVS e ScienceDirect, Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e SciELO. Os 61 trabalhos selecionados indicam prevalência de delineamentos descritivos e técnicas de análise qualitativas e quantitativas, em detrimento de estudos experimentais e uso de técnicas mistas para análise de dados. A literatura indica a importância da inclusão do paciente pediátrico no processo de comunicação e do acolhimento a demandas psicossociais, destacando que programas para melhoria da comunicação têm obtido bons resultados. Destaca-se a importância de estudos sistemáticos que possibilitem compreender os fatores envolvidos na comunicação em pediatria e a inserção de programas psicossociais eficientes.

Unitermos: Comunicação; Criança; Literatura de revisão como assunto; Relações médico-paciente.

ABSTRACT

The quality of Pediatric communication directly influences the treatment success, by promoting satisfactory adherence levels, information retention, and the inclusion of biopsychosocial demands. The main aim of this study was to perform a systematic literature review concerning pediatric communication, with papers published between 2000 and 2010. The selected studies were included in the following databases: PubMed/MedLine, Bireme/BVS and ScienceDirect, Capes Papers Online site, and SciELO. The 61 selected papers indicate the prevalence of descriptive designs and qualitative or quantitative analysis techniques, over experimental studies and the use of mixed data analysis techniques. The literature indicated the need to include the pediatric patient in the communication process and to consider psychosocial demands, highlighting the good results achieved by programs related to better communication patterns. The need is highlighted for systematic studies that can comprehend the factors involved in pediatric communication, and the inclusion of efficient psychosocial programs.

Uniterms: Communication; Child; Review literature as topic; Physician-patien.

O investimento na atenção básica a crianças e adolescentes contribui para modificar o perfil de adoecimento e mortalidade desta população e destaca a importância de compreender como pacientes e seus familiares vivenciam o processo saúde-doença para implementar intervenções preventivas ao desenvolvimento de doenças e que promovam melhor qualidade de vida durante tratamentos. Estabelecida na década de 1970, a Psicologia Pediátrica pode ser caracterizada como uma subárea da Psicologia da Saúde, de intervenção multidisciplinar, que focaliza comportamentos determinantes e condicionantes do processo saúde-doença na faixa etária entre zero e 18 anos de idade (Viana & Almeida, 1998).

Um foco de recente interesse para investigação em Psicologia Pediátrica refere-se aos processos de comunicação estabelecidos entre médicos, familiares e pacientes, considerando que o modo como os médicos se comunicam com os usuários tem um impacto crucial na recepção do diagnóstico e vivência do tratamento pelos pacientes e seus cuidadores. A comunicação eficiente tem consequências diretas sobre a satisfação do usuário com o atendimento, adesão aos cuidados e recomendações, recordação e compreensão sobre instruções relativas ao tratamento e medicação, melhoria de respostas fisiológicas e sintomas, manejo de eventos estressores, melhor percepção sobre suporte social e melhor adaptação ao planejamento terapêutico (Coleman, 2002; Darby, 2002; Howells & Lopez, 2008).

Além disso, a interação verbal e não verbal durante consultas representa um contexto extremamente importante para a promoção do desenvolvimento da criança, pois possibilita abordar temas sobre cuidados, proteção e fatores psicossociais relevantes. Estudos conduzidos por Barbara Korsch e colaboradores, na década de 1960, são pioneiros na avaliação sobre a comunicação estabelecida neste contexto (Nobile & Drotar, 2003). Em um destes trabalhos, Korsch, Gozzi e Francis (1968) já destacavam a necessidade de ampliar a compreensão sobre comunicação em Pediatria para além de bases intuitivas, incluindo a investigação sistemática de fatores envolvidos nesta interação.

Em contexto de atenção à saúde pediátrica, o atendimento é necessariamente caracterizado pela presença, no mínimo, de um profissional de saúde, do paciente e de um cuidador, na maioria das vezes a mãe da criança ou adolescente (Sobo, 2004; Tates & Meeuwesen, 2001). Portanto, o atendimento pediátrico envolve a interação mínima em tríades (médico-acompanhante-paciente), situação que envolve uma dinâmica interativa bastante diferente das consultas a pacientes adultos em que apenas uma díade, em geral, participa dos processos comunicativos (Gabe, Olumide & Bury, 2004; Howells & Lopez, 2008; Liu, Harris, Keyton & Frankel, 2007; Nobile & Drotar, 2003; Tates & Meewuesen, 2001). Considerando a importância da comunicação para o sucesso no tratamento de crianças e adolescentes e a promoção de seu desenvolvimento, constitui objetivo deste trabalho apresentar uma revisão sistemática de literatura sobre comunicação em contextos pediátricos publicada entre 2000 e 2010.

Método

Procedimentos

Foi realizado um levantamento sistemático de artigos publicados entre janeiro de 2000 e dezembro de 2010, a fim de analisar criticamente os principais elementos relacionados à interação entre médicos, cuidadores e pacientes pediátricos. As bases de dados analisadas incluíram PubMed/MedLine, Bireme/BVS e ScienceDirect e revistas disponibilizadas no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). As palavras-chave utilizadas incluíram communication, consultation, information e interaction e variações, combinadas, quando relevante, aos termos child, pediatric, parent, physician e provider e variações. Os termos correspondentes na língua portuguesa foram empregados para levantamento em revistas nacionais disponíveis na Scientific Electronic Library Online (SciELO) e foi também realizada busca não sistemática complementar em publicações internacionais e brasileiras.

Critérios para seleção dos estudos incluíram a comunicação envolvendo o médico e/ou pediatra em contexto de atendimento e/ou consulta com crianças. Não foram incluídos estudos sobre dificuldades de tradução entre inglês e espanhol ou com participantes incluindo crianças com atrasos no desenvolvimento, portadoras de dificuldades de comunicação, com sequelas de tratamentos médicos, em cuidados paliativos ou com transtornos psicopatológicos, por se considerar que tais contextos exigem um padrão de interação bastante específico, cuja temática não é pertinente ao tema central deste artigo.

Foram selecionados 61 trabalhos (9 estudos nacionais) que corresponderam aos critérios estabelecidos. Tais artigos foram classificados de acordo com data de publicação, objetivos, instrumentos ou técnicas utilizados, participantes, delineamento, tipo de análise e principais resultados obtidos.

Resultados e Discussão

A Figura 1 indica uma distribuição aproximadamente regular dos trabalhos selecionados ao longo dos anos, com menos publicações em 2001. A maioria dos estudos foi baseada em delineamento descritivo e/ou exploratório (n=34), seguido por revisões de literatura (n=11), pesquisas em caráter experimental ou semiexperimental (n=8, sendo 2 estudos com sujeito como próprio controle), revisões teóricas (n=3) e construção ou validação de questionários padronizados sobre comunicação (n=5). O tipo de análise apresentada nos estudos indicou predominância de análises qualitativas (n=24) ou quantitativas (n=25) em detrimento de análises mistas (n=12). As técnicas de coleta de dados incluíram diversificação entre gravações em áudio e vídeo, entrevistas, questionários específicos ou padronizados, observação de consultas e grupos focais (Anexo).


Influência da qualidade da comunicação na vivência de cuidadores pediátricos

A literatura indica que a qualidade da comunicação em contexto pediátrico influencia de forma relevante a adaptação dos pais ao tratamento e a qualidade dos cuidados aos pacientes, constituindo elemento imprescindível para um processo terapêutico eficiente. Segundo Crossley e Davies (2005), DiMatteo (2004), Drotar (2009), Howells e Lopez (2008) e, ainda, Nobile e Drotar (2003), a qualidade das informações referidas pelo médico tem relação direta com a adesão aos autocuidados, compreensão sobre diagnóstico e tratamento, satisfação com o serviço, manejo de fatores psicossociais, melhor recordação das explicações e menos retornos ambulatoriais. Os autores também destacam que a satisfação de cuidadores com habilidades interpessoais de comunicação modifica a vivência de pais e profissionais, ao implicar: a) confiança no médico; b) provisão de mais informações pelos pais; c) alívio das sobrecargas psicossociais; d) melhor compreensão e recordação das orientações; e) diminuição da sobrecarga.

No estudo de Clark et al. (2000), por exemplo, dois grupos de pediatras, submetidos a um programa de treinamento sobre comunicação, foram comparados a partir das habilidades comunicativas estabelecidas em consultas. Os autores destacam que a qualidade da comunicação esteve diretamente associada com a melhor adesão às recomendações: o grupo de médicos submetido à intervenção incluiu mais habilidades instrumentais em suas consultas (protocolos educativos e instruções escritas sobre sintomas), aspectos que foram salientados pelos cuidadores como relevantes à comunicação. Como resultado, as crianças atendidas por este grupo tiveram menos internações e visitas à emergência, em comparação ao grupo controle e às ocorrências anteriores ao treinamento.

Tradicionalmente, a satisfação dos cuidadores com a comunicação tem sido o principal foco de estudo na literatura, com índices de 82% de aprovação (Hart, Kelleher, Drotar & Scholle, 2007). Goore, Mangione-Smith, Elliott, McDonald e Kravitz (2001) analisaram a associação entre a satisfação dos cuidadores e a quantidade de tempo investido pelo médico nas explicações e respostas a dúvidas. Os resultados apontaram maior satisfação com explicações detalhadas em tempo breve a moderado, e não com respostas muito demoradas, mas apenas 62% dos cuidadores referiram que o médico havia devidamente abordado suas dúvidas e solicitações. Por outro lado, Brown e Wissow (2008) analisaram a relação entre como o médico aborda as preocupações e sobrecargas vivenciadas pelas mães e a satisfação das cuidadoras. Segundo os autores, mães que discutiram fatores estressores do tratamento, durante o atendimento, indicaram maior satisfação com a comunicação.

O estudo de Hart, Drotar, Gori e Lewin (2006) analisou a influência de um treinamento breve para médicos sobre a satisfação de cuidadores com o atendimento. Neste trabalho, residentes participaram de uma apresentação interativa e educacional baseada no desenvolvimento de habilidades interpessoais eficientes, tais como empatia, colaboração e fornecimento de suporte social. Os resultados apontaram que os médicos foram mais bem avaliados após o treinamento, mas mudanças mais específicas nas habilidades comunicativas não foram percebidas pelos pais. Em outros estudos, cuidadores e pacientes destacaram fatores preponderantes que podem promover uma comunicação satisfatória: habilidades clínicas de diagnóstico, interações interpessoais, aptidões instrumentais, qualidade das explicações sobre o tratamento, uso de linguagem acessível, informações claras e detalhadas e promoção de acolhimento frente a incertezas e ansiedade (Crossley & Davies, 2005; Drotar, 2009; Fisher & Broome, 2010; Périco, Grosseman, Robles & Stoll, 2006; Wissow & Kimel, 2002).

Outros fatores relevantes incluem adaptação da linguagem técnica, disponibilidade de tempo para perguntas, identificação de pais e pacientes pelo nome próprio e estabelecimento de vínculo colaborativo entre médico e cuidadores (Hammond & McLean, 2009; Hart et al., 2007). Há uma tendência recente em avaliar a contribuição do uso de computadores nas consultas e alguns estudos têm formulado instrumentos padronizados para avaliar a satisfação com interações online (Co, Mohamed, Kelleher, Edgman-Levitan & Perrin, 2008; Crossley, Eiser & Davies, 2005; Johnson et al., 2008; Moseley, Clark, Gebremariam, Sternthal & Kemper, 2006; Wissow, Brown & Krupnick, 2010).

Muitas vezes, as dificuldades na comunicação são promovidas pela própria organização do atendimento, tais como condições no ambiente de espera pela consulta, o excessivo número de pacientes e o longo tempo de espera, que podem estabelecer um contexto propício ao desgaste prévio e à minimização de interações eficientes na consulta (Gabe et al., 2004; Wissow & Kimel, 2002). A inclusão de temas adicionais às informações de cunho biomédico também constitui um aspecto importante salientado pela literatura, considerando que dificuldades de ordem emocional e psicossocial podem ser geradas em função do tratamento e potencializam as exigências deste contexto (Coleman, 2002; Patistea & Babatsikou, 2003; Schuster, Duan, Regalado & Klein, 2000). A literatura indica que a comunicação em pediatria caracteriza-se prioritariamente por interações instrumentais, em detrimento de abordagens psicossociais ou afetivo-emocionais. O trabalho de Wassmer et al. (2004) destacou que a comunicação estabelecida pelos médicos foi 84% instrumental (incluindo perguntas sobre o estado físico da criança, fornecimento de informações e instruções), 13% afetiva (expressar preocupações e fornecer suporte social) e apenas 3% social (estabelecer vínculos com cuidador e criança).

Blumberg e O'Connor (2004) e Clarke e Fletcher (2003) destacaram que as preocupações dos cuidadores frequentemente ultrapassam os cuidados em saúde, incluindo apreensões sobre a dinâmica familiar e assuntos psicossociais. Segundo os autores, a comunicação em atendimento pediátrico depende também da predisposição dos cuidadores: pais com melhor humor são propensos a indicar suas preocupações em consultas e receber instruções sobre cuidados. Por outro lado, pais com humor agressivo ou deprimido podem julgar irrelevante a discussão de assuntos psicossociais. Van Dulmen (2004) enfatiza a importância de estabelecer temas psicossociais no acompanhamento pediátrico, mas destaca que pouco se sabe a respeito do quanto os médicos estão engajados nesse comportamento.

Conforme descrito, muitos estudos destacam a importância de ampliar a comunicação em consultas pediátricas além da abordagem tradicional, centralizada em informações biofisiológicas, para uma abordagem biopsicossocial, que inclua a discussão de dúvidas, aspectos afetivo-emocionais e vivência psicossocial de dificuldades associadas ao tratamento (Blumberg & O'Connor, 2004; Brown & Wissow, 2008; Schuster et al., 2000; Zwaanswijk et al., 2007). Muitas vezes, os médicos podem evitar incluir assuntos de ordem psicossocial pela crença de que tais temas são demasiadamente intrusivos, por não haver tempo disponível ou por não terem treinamento para lidar com tais elementos (Brown & Wissow, 2008; Hayutin, Reed-Knight, Blount, Lewis & McCormick, 2009; Schuster et al., 2000). Em outras ocasiões, os cuidadores, apesar de reconhecerem suas demandas psicossociais, também não incluem essas dificuldades na consulta, por considerarem a discussão de tais fatores inviável ou irrelevante (Hayutin et al., 2009; Tates & Meeuwesen, 2001; Wildman, Stancin, Golden & Yerkey, 2004).

Influência da comunicação na vivência de pacientes pediátricos

A literatura recente é unânime em sinalizar que a interação em contexto de atendimento pediátrico ainda ocorre entre os polos adultos, excluindo a criança ou adolescente da comunicação. Embora a participação do paciente pediátrico nas consultas venha aumentando ao longo dos últimos vinte anos, comumente é estabelecido um contexto em que a criança participa apenas como provedor de informações básicas (Armelin, Wallau, Sarti & Pereira, 2005; Nobile & Drotar, 2003; Tates & Meeuwesen, 2000; 2001; Tates, Meeuwesen, Elbers & Bensing, 2002c; Young, Dixon-Woods, Windridge & Heney 2003). Segundo Tates, Elbers, Meeuwesen e Bensing (2002a), em geral os próprios pais são os principais responsáveis pela situação excludente, mediando a interação e respondendo perguntas inicialmente dirigidas ao paciente. Esses autores indicam ainda que, em seu estudo, apenas 12% dos médicos informaram diretamente às crianças acima de dez anos sobre seu diagnóstico e tratamento.

Os trabalhos de Tates e Meeuwesen (2000), e também Tates et al. (2002a), com pacientes a partir de quatro anos de idade, indicam aumento da participação dos pacientes nas consultas nos últimos vinte anos (de 7,9% para 8,5%), mas, em 90,0% dos casos, a interação caracteriza-se por um padrão não participativo do paciente. De modo geral, a interação médico-paciente concentra-se em aspectos distrativos durante o exame físico, mas as orientações de cuidados e abordagem a dúvidas são majoritariamente direcionadas aos pais (Tates et al., 2002a; Van Dulmen, 2004; Van Dulmen & Holl, 2000; Wissow & Kimel, 2002; Young et al., 2003).

Estudos que focalizaram a inserção de cada participante da tríade no processo comunicativo apontaram resultados importantes. O médico geralmente direciona as interações, sendo responsável por 52% a 61% de iniciativas à comunicação (Tates & Meeuwesen, 2001; Tates, Meeuwesen, Bensing & Elbers, 2002b; Wassmer et al., 2004). Por outro lado, os cuidadores contribuem com 26% a 39% da interação, e os pacientes pediátricos têm sua participação reduzida, entre 2% e 14% (Nova, Vegni & Moja, 2005; Tates & Meeuwesen, 2000; 2001; Tates et al., 2002b; Wassmer et al., 2004). No trabalho de Wassmer et al. (2004), a iniciativa dos cuidadores concentrou-se em fornecer informações (83%) e buscar esclarecimentos (13%), enquanto a solicitação de informações por parte da criança foi restrita a 3% das interações.

Dados sociodemográficos dos cuidadores têm sido associados à quantidade e qualidade das informações providas pelos médicos, com menos informações a pais com renda e escolaridade mais baixas (Miller, Drotar, Burant & Kodish, 2005; Moseley et al., 2006). Além disso, a idade do paciente é referida como um aspecto importante à interação: crianças com mais idade e adolescentes tendem a iniciar mais interações e ser mais incluídos na comunicação (Drotar, 2009; Howells, Davies, Silverman, Archer & Mellon, 2010; Perosa & Ranzani, 2008; Tates et al., 2002a; Tates et al., 2002b; Tates, et al., 2002c). Entretanto, muitos autores destacam que pacientes pediátricos, desde três anos de idade, já vivenciam de forma intensa o tratamento, buscam explicações para a doença, tentam esclarecer dúvidas, refletem sobre incertezas e precisam administrar grande quantidade de informações recebidas (Märtenson & Fägerskiöld, 2007; Märtenson, Fägerskiöld & Berteró, 2007; Nova et al., 2005; Vatne, Slaughter & Ruland, 2009).

Aprendizagem e aquisição de habilidades comunicativas

A literatura destaca que a formação técnica para médicos não inclui treinamento satisfatório sobre interação em atendimento pediátrico. Dubé, LaMonica, Boyle, Fuller e Burkholder (2003) destacaram a insuficiência da prática sobre comunicação ao longo da formação acadêmica de residentes: mais da metade da amostra não observou qualquer consulta com pacientes pediátricos e 12% indicaram a ausência de treino formal para comunicar-se com pacientes. Os médicos participantes do estudo de Perosa e Ranzani (2008) e Rider, Volkan e Hafler (2008) destacaram a importância de abordar, durante a graduação, o treinamento de habilidades de comunicação em Pediatria, mas poucos referiram que receberam tal conteúdo durante sua formação.

Considerando o treinamento sobre comunicação geralmente insatisfatório na formação acadêmica de pediatras, a literatura destaca que intervenções breves, após o início da prática profissional, têm se mostrado promissoras, ao alterar o repertório de comportamentos interativos em contextos pediátricos, indicando que os profissionais podem se beneficiar de treinamentos. Programas breves, incluindo palestras, grupos focais e role play, conduziram à ampliação do repertório de habilidades comunicativas em atendimento, maior satisfação dos cuidadores com os grupos submetidos a intervenções e percepção de maior autoeficácia (Farrell, Ryan & Langrick, 2001; Felt & O'Connor, 2003; Gough, Frydenberg, Donath & Marks, 2009; Hart et al., 2006; Kemper, Foy, Wissow & Shore, 2008; Nikendei et al., 2010; Van Dulmen & Holl, 2000).

Estudos descritivos e trabalhos com

intervenção psicossocial

A literatura indica primazia de estudos descritivos sobre os processos comunicativos estabelecidos em atendimento pediátrico, em detrimento de trabalhos com caráter intervencionista que analisam mudanças específicas em padrões comportamentais de médicos, cuidadores e pacientes. Algumas pesquisas sobre intervenções em processos de comunicação em contexto pediátrico merecem destaque e são analisadas a seguir.

O estudo experimental de Clark et al. (2000) comparou dois grupos de médicos pediatras em relação aos padrões comunicativos antes e após intervenção (um seminário breve sobre habilidades facilitadoras à comunicação). Os resultados indicaram avanços consequentes à intervenção, relativos a habilidades de interação dos médicos e adesão aos cuidados por parte de cuidadores e pacientes, destacando que as reflexões fornecidas em palestras podem promover mudanças nos padrões de interação. Já o trabalho de Felt e O'Connor (2003) comparou dois grupos quanto à influência do uso de um questionário comportamental sobre os filhos, respondido pelos pais, e a abordagem a temas psicossociais nas consultas subsequentes, a partir da disponibilidade do instrumento durante o atendimento. Os cuidadores que utilizaram o questionário discutiram mais os temas referidos no instrumento e mencionaram maior satisfação com o atendimento.

O estudo de Hart et al. (2006) comparou os efeitos de uma palestra educativa sobre as habilidades interpessoais de comunicação de médicos residentes e os resultados indicaram que este breve procedimento resultou em mudanças estatisticamente significativas no padrão comunicativo, além de maior satisfação com o atendimento. Destaca-se ainda o estudo de Van Dulmen e Holl (2000), em que dois grupos foram comparados quanto a habilidades comunicativas após um treinamento breve. O grupo submetido ao programa de intervenção incluiu mais fatores psicossociais em suas consultas, estabeleceu mais contato visual e permitiu maior participação das díades nas consultas, além de emitir mais expressões de concordância e disponibilizar mais espaço às dúvidas. Já a pesquisa de Hayutin et al. (2009) analisou o efeito de um questionário, respondido por pais e utilizado na consulta, em comparação a um grupo submetido ao atendimento padrão. O preenchimento e o uso do questionário em consultas resultaram em mais temas psicossociais abordados no atendimento e maiores escores de satisfação dos cuidadores.

Os trabalhos analisados na presente pesquisa enfatizam principalmente a satisfação com a comunicação como medida observável sobre a qualidade da interação, mas poucas pesquisas descrevem de fato os elementos que constituem a dinâmica triádica no atendimento. A satisfação do usuário com a interação é um elemento essencial para promover um serviço cada vez mais eficiente, entretanto este é apenas um aspecto relacionado ao contexto interativo, que não descreve de modo fidedigno o processo comunicativo estabelecido (Darby, 2002). Wissow e Kimel (2002) destacam que há uma grande incidência de estudos sobre a satisfação dos pais em relação à comunicação, mas os relatos podem sofrer efeitos de desejo de aceitação social, inexatidão de respostas e percepção distorcida sobre a relação, indicando a importância de observações diretas sobre a interação, menos suscetíveis a vieses.

Patistea e Babatsikou (2003) destacam a necessidade de melhorar a organização do serviço de atendimento, considerando que este contexto tem papel decisivo para a qualidade da comunicação. Melhorar o sistema de consultas, enfatizar o treino em habilidades comunicativas na formação do estudante de Medicina, organizar o atendimento e diminuir a burocracia são fatores preponderantes para melhorar a qualidade da comunicação.

Darby (2002), Goore et al. (2001), Mack, Wolf, Grier, Cleary e Weeks (2006) e também Howells e Lopez (2008) indicam que as preferências pela quantidade e tipo de informação constituem um aspecto bastante individual e subjetivo, destacando a necessidade de intervenções específicas a pacientes e familiares que contribuam para o processo de comunicação de acordo com as demandas individuais. Autores como Darby (2002), Howells e Lopez (2008), Tates e Meeuwesen (2000; 2001), Wassmer et al. (2004), são enfáticos ao destacar a importância de incluir o paciente pediátrico no processo comunicativo, a fim de garantir sua autonomia e envolvê-lo ativamente no próprio tratamento. Wassmer et al. (2001) e Wildman et al. (2004) destacam a importância de incluir elementos afetivo-emocionais e psicossociais na rotina de atendimento, bem como a modificação na forma de abordar elementos para além da linguagem técnica.

Considerando a comunicação como um processo dinâmico, são também importantes estudos de acompanhamento que analisem mudanças nessa interação ao longo do tempo, especialmente em contextos de tratamento crônico (Nobile & Drotar, 2003; Tates et al., 2002a). Por fim, são necessários mais estudos de intervenção que avaliem a influência de programas psicossociais sobre a interação comunicativa em atendimento pediátrico para além das pesquisas sobre satisfação com a interação, conforme Nobile e Drotar (2003).

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Recebido em: 28/4/2011

Versão final em: 20/3/2012

Aprovado em: 23/4/2012

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Jan 2014
  • Data do Fascículo
    Dez 2013

Histórico

  • Recebido
    28 Abr 2011
  • Aceito
    23 Abr 2012
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