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Tradução e adaptação cultural da COVID-19 Anxiety Scale no Brasil

Resumo

Objetivo

Este estudo objetivou traduzir e adaptar culturalmente a COVID-19 Anxiety Scale para o contexto brasileiro.

Método

Trata-se de um estudo transversal e metodológico, que seguiu as seguintes etapas: tradução inicial, síntese das traduções, retrotradução, revisão por um comitê de especialistas e pré-teste.

Resultados

Inicialmente dois tradutores fizeram uma primeira tradução da COVID-19 Anxiety Scale para o português. Depois, estabeleceu-se a versão consensual, que foi retrotraduzida para o idioma inglês por outro tradutor. Posteriormente, as versões da COVID-19 Anxiety Scale foram revistas por oito especialistas. Após a análise, dois dos sete itens da escala foram modificados, obtendo--se a versão pré-final da COVID-19 Anxiety Scale. Por fim, essa última versão do instrumento foi pré-testada com 47 pessoas, que consideraram a escala clara e compreensível.

Conclusão

Conclui-se, portanto, que a COVID-19 Anxiety Scale foi adequadamente traduzida e adaptada para o contexto brasileiro e almeja-se dar seguimento à pesquisa para verificar evidências de validade da escala.

Palavras-chave
Ansiedade; Coronavírus; Estudos de validação; Saúde mental

Abstract

Objective

This study aimed to translate and culturally adapt the COVID-19 Anxiety Scale for the Brazilian context.

Method

Cross-sectional and methodological study that encompassed the following stages: initial translation, synthesis of translations, back-translation, expert committee review, and pre-testing.

Results

The COVID-19 Anxiety Scale was initially translated into Portuguese by two translators. A consensus version was established and then back-translated into English by a different translator. Eight experts reviewed these versions, resulting in modifications to two of the seven scale items. This led to the creation of the pre-final version of the COVID-19 Anxiety Scale. Finally, the pre-testing of this version was conducted with 47 individuals, who found the scale to be clear and understandable.

Conclusion

In conclusion, the COVID-19 Anxiety Scale was adequately translated and culturally adapted for the Brazilian context, and further research is intended to verify evidence of the scale’s validity.

Keywords
Anxiety; Coronavirus; Mental health; Validation studies

Em dezembro de 2019, um surto de pneumonia causada por um β-coronavírus recém-identificado ocorreu em Wuhan, distrito de Hubei, China (Guo et al., 2020Guo, Y. R., Cao, Q. D., Hong, Z. S., Tan, Y. Y., Chen, S. D., Jin, H. J., Tan, K. S., & Yan, Y. (2020). The origin, transmission and clinical therapies on coronavirus disease 2019 (COVID-19) outbreak–an update on the status. Military Medical Research, 7(1), 1-10. https://doi.org/10.1186/s40779-020-00240-0
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). No início de março de 2020, com a alta disseminação em nível global, a velocidade de contágio e do aumento do número de mortes pela doença fez com que a Organização Mundial da Saúde declarasse a pandemia da doença causada pelo Coronavírus 2019 (COVID-19) (World Health Organization, 2020aWorld Health Organization. (2020a). WHO coronavírus (COVID-19) Dashboard. https://covid19.who.int/
https://covid19.who.int/...
).

No dia 19 de dezembro de 2022, o número de casos confirmados mundialmente era de 649.038.437, incluindo 6.645.812 mortes. Nessa mesma data o Brasil contava com 35.751.411 casos confirmados e 691.449 óbitos (World Health Organization, 2020bWorld Health Organization. (2020b). WHO Director-General’s opening remarks at the media briefing on COVID-19. https://www.who.int/dg/speeches/detail/who-director-general-s-opening-remarks-at-the-media-briefing-on-covid-19%2D%2D-11-march-2020
https://www.who.int/dg/speeches/detail/w...
). Com alta transmissibilidade, crescimento vertiginoso do número de casos e gravidade clínica, é impossível desconsiderar seus efeitos psicológicos (Silva, Santos, et al., 2020Silva, W. A. D., Sampaio Brito, T. R., & Pereira, C. R. (2020). COVID-19 anxiety scale (CAS): Development and psychometric properties. Current Psychology, 41, 5693-5702. https://doi.org/10.1007/s12144-020-01195-0
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).

Alguns estudos relatam que no curto período em que a pandemia se expandiu, ocorreu um aumento da prevalência de Transtornos Mentais Comuns, principalmente agressividade, estresse, depressão, ansiedade e episódios de pânico, não apenas nos profissionais da saúde, mas na população de modo geral (Cruz et al., 2020Cruz, R. M., Borges-Andrade, J. E., Moscon, D. C. B., Micheletto, M. R. D., Esteves, G. G. L., Delben, P. B., & Queiroga, F., Carlotto, P. A. C. (2020). COVID-19: emergência e impactos na saúde e no trabalho. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho, 20(2), 1-3. http://dx.doi.org/10.17652/rpot/2020.2
https://doi.org/10.17652/rpot/2020.2...
; Vindegaard & Benros, 2020Vindegaard, N., & Benros, M. E. (2020). COVID-19 pandemic and mental health consequences: Systematic review of the current evidence. Brain, Behavior, and Immunity, 89, 531-542. https://doi.org/10.1016/j.bbi.2020.05.048
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).

Campos et al. (2020)Campos, J. A. D. B., Martins, B. G., Campos, L. A., Marôco, J., Saadiq, R. A., & Ruano, R. (2020). Early psychological impact of the COVID-19 pandemic in Brazil: a national survey. Journal of Clinical Medicine, 9(9), e2976. https://doi.org/10.3390/jcm9092976
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realizaram um estudo com 12.196 adultos brasileiros com o objetivo de avaliar a saúde mental da população brasileira durante a pandemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2) e sua relação com as características demográficas e de saúde. Foi encontrada alta prevalência de depressão (61,3 %), ansiedade (44,2 %), estresse (50,8 %) e impacto psicológico (54,9 %) devido ao isolamento vivenciado em decorrência da pandemia. Os autores ainda relatam que as pessoas do sexo feminino, com menor nível econômico e educacional estavam mais predispostas a desenvolver sintomas psicológicos.

Alzueta et al. (2021)Alzueta, E., Perrin, P., Baker, F. C., Caffarra, S., Ramos-Usuga, D., Yuksel, D., & Arango-Lasprilla, J. C. (2021). How the COVID-19 pandemic has changed our lives: a study of psychological correlates across 59 countries. Journal of Clinical Psychology, 77(3), 556-570. https://doi.org/10.1002/jclp.23082
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examinaram os efeitos da pandemia de COVID-19 na saúde mental de adultos na população geral de cinco regiões globais. Participaram do estudo 6.882 pessoas de 59 países; a faixa etária dos participantes variou de 18 a 94 anos, com maior prevalência de mulheres (78,8 %). Em relação aos resultados, a maioria da amostra apresentou níveis baixos ou leves de sintomas de depressão e ansiedade durante a pandemia, enquanto uma proporção significativa dos entrevistados relatou sintomas moderados a graves de depressão (25,4 %) e ansiedade (19,5 %). O estudo também evidenciou, entre os fatores demográficos, que pessoas mais jovens, que não tinham parceiro e que moravam em um país de alta renda estavam mais predispostas a níveis mais elevados de sintomas de depressão e ansiedade durante a pandemia.

Nesse contexto, confirma-se a identificação de sintomas de depressão, ansiedade e estresse frente à pandemia de COVID-19 na população geral (Wang et al., 2020Wang, C., Pan, R., Wan, X., Tan, Y., Xu, L., Ho, C. S., & Ho, R. C. (2020). Immediate psychological responses and associated factors during the initial stage of the 2019 coronavirus disease (COVID-19) epidemic among the general population in china. International Journal of Environmental Research and Public Health, 17(5), 1729. https://doi.org/10.3390/ijerph17051729
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). Barros et al. (2021)Barros, L., Mastala, A., Mabunda, D., & Mocumbi, A. (2021). Psicointervenção para manejo da ansiedade e depressão através de plataformas digitais. Revista Moçambicana de Ciências de Saúde, 7(1), 14-18. salientam que é essencial o rastreio de doenças mentais comuns, como ansiedade, em populações de risco.

No mundo há recentes publicações de escalas de mensuração da ansiedade relacionadas à COVID-19, com evidências de confiabilidade e validade e alta aplicabilidade para o contexto atual (Bernardo et al., 2020Bernardo, A. B., Mendoza, N. B., Simon, P. D., Cunanan, A. L. P., Dizon, J. I. W. T., Tarroja, M. C. H., & Saplala, J. E. G. (2020). Coronavirus pandemic anxiety scale (CPAS-11): development and initial validation. Current Psychology, 1-9. https://doi.org/10.1007/s12144-020-01193-2
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; Caycho-Rodríguez et al., 2022Caycho-Rodríguez, T., Valencia, P. D., Vilca, L. W., Carbajal-León, C., Vivanco-Vidal, A., Saroli-Araníbar, D., Reyes-Bossio, M., White, M., Rojas-Jara, C., Polanco-Carrasco, R., Gellegos, M., Cervigni, M., Martino, P., Palácios, D. A., Moreta-Herrera, R., Samaniego-Pinho, A., Lobos-Rivera, M. E., Figares, A. B., Puerta-Cortés, D. X., ... Flores-Mendoza, C. (2022). Cross-cultural validation of the new version of the Coronavirus Anxiety Scale in twelve Latin American countries. Current Psychology, 1-18. https://doi.org/10.1007/s12144-021-02563-0
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; Chandu et al., 2020Chandu, V. C., Pachava, S., Vadapalli, V., & Marella, Y. (2020). Development and initial validation of the COVID-19 anxiety scale. Indian Journal of Public Health, 64(6). https://doi.org/10.4103/ijph.IJPH_492_20
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; Lee, 2020Lee, S. A. (2020). Coronavirus Anxiety Scale: A brief mental health screener for COVID-19 related anxiety. Death Studies, 44(7), 393-401. https://doi.org/10.1080/07481187.2020.1748481
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; Petzold et al., 2020Petzold, M. B., Bendau, A., Plag, J., Pyrkosch, L., Maricic, L. M., Rogoll, J., Betzler, F., Brobe, J., & Ströhle, A. (2020). Development of the COVID-19-Anxiety Questionnaire and first psychometric testing. BJPsych Open, 6(5), 1-4. https://doi.org/10.1192/bjo.2020.82
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; Riad et al., 2020Riad, A., Huang, Y., Zheng, L., & Elavsky, S. (2020). COVID-19 induced anxiety and protective behaviors during COVID-19 outbreak: Scale development and validation. SSRN 3594370. Fundamentos de Pesquisa em Enfermagem, 164-98. http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3594370
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; Silva, Sampaio Brito, et al., 2020Silva, H. G. N., Santos, L. E. S., & Oliveira, A. K. S. (2020). Efeitos da pandemia do novo Coronavírus na saúde mental de indivíduos e coletividades. Journal of Nursing and Health, 10(4), e20104007. https://doi.org/10.15210/jonah.v10i4.18677
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).

Silva, Sampaio Brito, et al. (2020)Silva, H. G. N., Santos, L. E. S., & Oliveira, A. K. S. (2020). Efeitos da pandemia do novo Coronavírus na saúde mental de indivíduos e coletividades. Journal of Nursing and Health, 10(4), e20104007. https://doi.org/10.15210/jonah.v10i4.18677
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construíram e validaram a COVID-19 Anxiety Scale no Brasil baseada na definição do DSM-5 (Severity Measure for Specific Phobia–Adult Scale). Broche-Pérez et al. (2020)Broche-Pérez, Y., Fernández-Castillo, E., Fernández-Fleites, Z., Jiménez-Puig, E., Vizcaíno-Escobar, A., Ferrer-Lozano, D., Martínez-Rodríguez, L., & Martín-González, R. (2020). Adaptation of the Cuban version of the Coronavirus Anxiety Scale. Death Studies, 1-5. https://doi.org/10.1080/07481187.2020.1855610
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realizaram a adaptação da Coronavirus Anxiety Scale (versão cubana), que foi desenvolvia e validada em inglês por Lee (2020)Lee, S. A. (2020). Coronavirus Anxiety Scale: A brief mental health screener for COVID-19 related anxiety. Death Studies, 44(7), 393-401. https://doi.org/10.1080/07481187.2020.1748481
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. Caycho-Rodríguez et al. (2022)Caycho-Rodríguez, T., Valencia, P. D., Vilca, L. W., Carbajal-León, C., Vivanco-Vidal, A., Saroli-Araníbar, D., Reyes-Bossio, M., White, M., Rojas-Jara, C., Polanco-Carrasco, R., Gellegos, M., Cervigni, M., Martino, P., Palácios, D. A., Moreta-Herrera, R., Samaniego-Pinho, A., Lobos-Rivera, M. E., Figares, A. B., Puerta-Cortés, D. X., ... Flores-Mendoza, C. (2022). Cross-cultural validation of the new version of the Coronavirus Anxiety Scale in twelve Latin American countries. Current Psychology, 1-18. https://doi.org/10.1007/s12144-021-02563-0
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realizaram a validação transcultural da Coronavirus Anxiety Scale (Lee, 2020Lee, S. A. (2020). Coronavirus Anxiety Scale: A brief mental health screener for COVID-19 related anxiety. Death Studies, 44(7), 393-401. https://doi.org/10.1080/07481187.2020.1748481
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) em 12 países da América Latina. Caycho-Rodríguez et al. (2022)Caycho-Rodríguez, T., Valencia, P. D., Vilca, L. W., Carbajal-León, C., Vivanco-Vidal, A., Saroli-Araníbar, D., Reyes-Bossio, M., White, M., Rojas-Jara, C., Polanco-Carrasco, R., Gellegos, M., Cervigni, M., Martino, P., Palácios, D. A., Moreta-Herrera, R., Samaniego-Pinho, A., Lobos-Rivera, M. E., Figares, A. B., Puerta-Cortés, D. X., ... Flores-Mendoza, C. (2022). Cross-cultural validation of the new version of the Coronavirus Anxiety Scale in twelve Latin American countries. Current Psychology, 1-18. https://doi.org/10.1007/s12144-021-02563-0
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indicaram, no transcorrer do estudo, outras medidas que foram desenvolvidas além da COVID-19 Anxiety Scale (Lee, 2020Lee, S. A. (2020). Coronavirus Anxiety Scale: A brief mental health screener for COVID-19 related anxiety. Death Studies, 44(7), 393-401. https://doi.org/10.1080/07481187.2020.1748481
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), sendo elas: a COVID-19 Anxiety Syndrome Scale (C-19ASS), construída nos Estados Unidos por Nikčević and Spada (2020)Nikčević, A. V., & Spada, M. M. (2020). The COVID-19 anxiety syndrome scale: Development and psychometric properties. Psychiatry Research, 292, 113322. https://doi.org/10.1016/j.psychres.2020.113322
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; o COVID-19 Anxiety Questionnarie (C-19-A), construído na Alemanha por Petzold et al. (2020)Petzold, M. B., Bendau, A., Plag, J., Pyrkosch, L., Maricic, L. M., Rogoll, J., Betzler, F., Brobe, J., & Ströhle, A. (2020). Development of the COVID-19-Anxiety Questionnaire and first psychometric testing. BJPsych Open, 6(5), 1-4. https://doi.org/10.1192/bjo.2020.82
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; a COVID-19 Anxiety Scale (CAS), desenvolvida no Brasil por Silva, Sampaio Brito, et al. (2020)Silva, H. G. N., Santos, L. E. S., & Oliveira, A. K. S. (2020). Efeitos da pandemia do novo Coronavírus na saúde mental de indivíduos e coletividades. Journal of Nursing and Health, 10(4), e20104007. https://doi.org/10.15210/jonah.v10i4.18677
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, e outra desenvolvida na Índia por Chandu et al. (2020)Chandu, V. C., Pachava, S., Vadapalli, V., & Marella, Y. (2020). Development and initial validation of the COVID-19 anxiety scale. Indian Journal of Public Health, 64(6). https://doi.org/10.4103/ijph.IJPH_492_20
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.

Frente ao exposto, torna-se notória a importância de disponibilizar instrumentos de avaliação de aspectos relacionados à ansiedade no contexto da COVID-19 para aplicação no Brasil, especialmente para que os profissionais de saúde sejam capazes de fazer um rápido rastreio e também para o acompanhamento assistencial.

É importante que a equipe multiprofissional tenha à disposição diferentes escalas, com evidências de validade e confiabilidade para sua cultura, para o rastreio precoce de transtornos mentais relacionados à COVID-19, como os instrumentos específicos de avaliação de ansiedade.

Nesse contexto, almejou-se no presente estudo realizar o processo de tradução e adaptação da COVID-19 Anxiety Scale (CAS), que foi desenvolvida na Índia por Chandu et al. (2020)Chandu, V. C., Pachava, S., Vadapalli, V., & Marella, Y. (2020). Development and initial validation of the COVID-19 anxiety scale. Indian Journal of Public Health, 64(6). https://doi.org/10.4103/ijph.IJPH_492_20
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. Ela possui apenas sete itens e contempla dois domínios. Os autores verificaram que a CAS, após as análises das propriedades psicométricas, evidenciou satisfatória validade de face e de conteúdo, consistência interna e validade estrutural.

A COVID-19 Anxiety Scale desenvolvida por Chandu et al. (2020)Chandu, V. C., Pachava, S., Vadapalli, V., & Marella, Y. (2020). Development and initial validation of the COVID-19 anxiety scale. Indian Journal of Public Health, 64(6). https://doi.org/10.4103/ijph.IJPH_492_20
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aborda o “medo de interação social” e a “ansiedade sobre a doença”, e tem como vantagens ser um instrumento breve e rapidamente administrável o que a difere da COVID-19 Anxiety Scale construída por Silva, Sampaio Brito, et al. (2020)Silva, H. G. N., Santos, L. E. S., & Oliveira, A. K. S. (2020). Efeitos da pandemia do novo Coronavírus na saúde mental de indivíduos e coletividades. Journal of Nursing and Health, 10(4), e20104007. https://doi.org/10.15210/jonah.v10i4.18677
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, que inclui os sintomas relacionados ao Transtorno de Ansiedade Generalizada.

Vale salientar que a CAS ainda não foi adaptada e validada para uso em outros países. A disponibilização dessa medida pode ajudar profissionais da saúde a reconhecerem os impactos psicológicos que a COVID-19 ocasionou e a desenvolverem intervenções psicológicas para ajudar pessoas com ansiedade disfuncional causada pela pandemia. Por isso a importância e escolha desse instrumento. Frente ao exposto, o objetivo da presente pesquisa foi traduzir e adaptar culturalmente a CAS para o contexto brasileiro.

Método

Trata-se de um estudo transversal e metodológico (Polit et al., 2004Polit, D. F. B. C. T., & Hungler, B. P. (2004). Fundamentos de pesquisa em enfermagem: métodos, avaliação e utilização (5th ed.). Artmed.), que seguiu as etapas propostas por Beaton et al. (2020)Beaton, D. E., Bombardier, C., Guillemin, F., & Ferraz, M. B. (2000). Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine, 25(24), 3186-3191. para realização do processo de tradução e adaptação da CAS no Brasil. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Carlos sob parecer nº 4.536.845.

As cinco etapas realizadas no transcorrer da pesquisa estão ilustradas na Figura 1.

Figura 1
Etapas de tradução e adaptação cultural da COVID-19 Anxiety Scale

Etapa 1 – Tradução inicial: a CAS foi encaminhada para tradução inicial do inglês (versão original) para o português brasileiro, que foi feita por dois tradutores independentes e qualificados, com fluência em ambos os idiomas e experiência na tradução de textos científicos da área da saúde.

Etapa 2 – Síntese das traduções: os dois tradutores e os pesquisadores realizaram uma síntese dos resultados das traduções com o intuito de verificar possíveis divergências e identificar os itens que mais se aproximavam e que apresentavam o melhor significado na língua portuguesa.

Etapa 3 – Retrotradução: um terceiro tradutor, que desconhecia a finalidade do estudo e que tinha o inglês como língua materna, traduziu a versão consensual da CAS, vertendo a escala do português brasileiro para a língua inglesa (idioma original).

Etapa 4 – Revisão por um comitê de especialistas: constituído por oito especialistas, com formação em diferentes áreas (Gerontologia, Enfermagem, Fisioterapia, Psicologia e Letras). Esses especialistas foram convidados por e-mail, tendo sido informados sobre os objetivos da escala e a quantidade de itens propostos. Após o aceite, foi encaminhado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o questionário on-line para avaliação da escala. Os especialistas revisaram as sínteses das traduções e analisaram quatro tipos de equivalência: (1) equivalência semântica, (2) equivalência idiomática, (3), equivalência experimental e (4) equivalência conceitual. Além disso, foi analisado o Índice de Validade de Conteúdo (IVC) e as sugestões feitas pelos especialistas, e, após essa análise, algumas palavras foram modificadas para melhor compreensão e adequação da escala para o contexto brasileiro.

Etapa 5 – Pré-teste: a escala foi submetida a uma amostra de 47 pessoas para ser avaliada quanto à clareza, compreensão e relevância dos itens. Os participantes da pesquisa foram convidados através da divulgação nas mídias sociais e e-mail, e os voluntários que possuíam critério de elegibilidade (ter idade igual ou superior a 18 anos, possuir grau mínimo de instrução para leitura e acesso à internet) eram convidados para participar da pesquisa. Aos que aceitassem participar, era fornecido o link do formulário de coleta de dados, que inicialmente tinha o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a coleta de dados on-line e, se o indivíduo selecionasse o item “Li e concordo em participar da pesquisa”, já abriam-se os instrumentos de coleta de dados – instrumento de caracterização sociodemográfica e condições de saúde (nome, idade, telefone, data de nascimento, sexo, etnia, estado civil, escolaridade, renda familiar, ocupação, religião e prática da crença religiosa, número de pessoas que moram no mesmo domicílio que o participante, número de doenças associadas e medicamentos em uso, uso de bebida alcoólica e uso de cigarro), a versão pré-final da CAS e algumas questões referentes à clareza, compreensão e relevância dos itens para que os participantes preenchessem em relação aos itens da CAS. Caso o indivíduo não concordasse em participar da pesquisa, bastava fechar a página do navegador.

A CAS foi desenvolvida por Chandu et al. (2020)Chandu, V. C., Pachava, S., Vadapalli, V., & Marella, Y. (2020). Development and initial validation of the COVID-19 anxiety scale. Indian Journal of Public Health, 64(6). https://doi.org/10.4103/ijph.IJPH_492_20
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e avalia a ansiedade relacionada à COVID-19. É um instrumento de uso livre composto por sete itens em uma escala semântica, com variação de 4 quatro pontos, que mede o medo de interação social e a ansiedade sobre a doença. A pontuação da CAS varia de 7 a 28 pontos, sendo que pontuações < 13 são consideradas baixa ansiedade e pontuações > 21 são consideradas alta ansiedade. Portanto, quanto maior a pontuação, maior o nível de ansiedade relacionada à COVID-19.

Os autores da CAS autorizaram a realização do processo de tradução e adaptação cultural do instrumento para o contexto brasileiro.

No pré-teste, além do preenchimento dos itens da versão brasileira pré-final da CAS, os participantes eram questionados sobre a clareza, compreensão e relevância dos itens da escala e podiam indicar sugestões.

Em relação às análises estatísticas, incialmente os dados foram digitados em uma planilha do programa Excel for Windows 7 TM e transportados para o programa IBM®SPSS® (versão 22.0) para a realização de análise descritiva, com confecção de tabelas de frequência, medidas de posição (média, mediana, mínima e máxima) e dispersão (desvio-padrão).

Também foi analisado o IVC, que indica o grau de equivalência entre as versões da CAS através de escala tipo Likert, com quatro opções de resposta: 1 = não equivalente; 2 = pouco equivalente; 3 = equivalente e 4 = muito equivalente. Para a análise do IVC foi utilizado o critério proposto por Lynn (1986)Lynn, M. R. (1986). Determination and quantification of content validity. Nursing Research, 35(6), 382.386. https://doi.org/10.1097/00006199-198611000-00017
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, que preconiza que para seis ou mais juízes o valor esperado é IVC ≥ 0,78.

Também foi calculado o coeficiente alfa de Cronbach para análise da consistência interna da versão brasileira final da CAS. Valores ≥ 0,70 foram considerados satisfatórios (Terwee et al., 2007Terwee, C. B., Bot, S. D., de Boer, M. R., Van der Windt, D. A., Knol, D. L., Dekker, J., Bouter, L. M., & de Vet, H. C. W. (2007). Critérios de qualidade foram propostos para propriedades de medida de questionários de estado de saúde. Journal of Clinical Epidemology, 60(1), 34-42. https://doi.org/10.1016/j.jclinepi.2006.03.012
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).

Resultados

Conforme as etapas preconizadas na literatura por Beaton et al. (2000)Beaton, D. E., Bombardier, C., Guillemin, F., & Ferraz, M. B. (2000). Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine, 25(24), 3186-3191., a CAS foi inicialmente traduzida e, logo após, foi realizada a síntese das traduções e a retrotradução (Tabela 1).

Tabela 1
Instrumento original e síntese das traduções da COVID-19 Anxiety Scale

Um comitê composto por oito especialistas (duas gerontólogas, duas enfermeiras, duas psicólogas, uma fisioterapeuta e uma formada em letras) analisou as versões da CAS. Dos oito especialistas, dois possuíam pós-doutorado, dois possuíam doutorado, dois eram doutorandos, um mestrando e outro com especialização em tradução. Além disso, dois dos juízes citados eram professores universitários. Vale informar ainda que os membros do comitê de especialistas possuíam experiências prévias com o processo de tradução e validação de escalas, inclusive com participação em projetos multicêntricos.

Para cada item da escala analisado pelos juízes, foi calculado o IVC. Dos sete itens que compunham a CAS, cinco apresentaram valores de IVC = 1, sendo esses considerados equivalentes e mantidos na versão pré-final do instrumento. Os outros dois itens foram reanalisados e modificados pelas pesquisadoras de acordo com a sugestão dos especialistas, como conforme verifica-se na Tabela 2.

Tabela 2
Versão consensual da COVID-19 Anxiety Scale e versão pré final

No item 1 a palavra “receio” foi substituída por “medo” e alterou-se “adquirir a COVID-19” por “ser contaminado pela COVID-19”. Então o item (1) “Você tem receio de adquirir a COVID-19 quando sai em público?” foi substituído por “Você tem medo de ser contaminado pela COVID-19 quando sai em público?”;

Já no item 7 ocorreu a inversão da ordem das palavras, modificando-se “O quanto você fica preocupado(a) quando uma pessoa tosse ou espirra devido ao medo de ser contaminado pela COVID-19?” para “O quanto você fica preocupado(a) de ser contaminado pela COVID-19 quando uma pessoa tosse ou espirra?” (Tabela 2). Constituiu-se assim a versão pré-final da CAS.

No pré-teste, essa versão pré-final foi avaliada por 47 pessoas, a maioria do sexo feminino (63,8%), parda (48,9%), católicos (42,4%) e praticantes de alguma religião (55,35%), com média de idade e de escolaridade de 33,53 (± 13,05) e de 10,76 (± 5,15) anos, respectivamente (Tabela 3). Os participantes dessa etapa consideraram a escala clara e compreensível, uma vez que não houve sugestões de modificações dos itens do instrumento, estabelecendo-se assim a versão brasileira final adaptada da CAS.

Tabela 3
Características sociodemográficas e condições de saúde da população

Ainda no pré-teste da escala, os 47 participantes preencheram o instrumento para avaliação do nível de ansiedade relacionada à COVID-19, tendo sido obtido o escore médio de 16,06 (± 4,43), com a pontuação variando de 8,0 a 25,0 pontos. 51,1% (n = 24) dos respondentes do pré-teste apresentavam ansiedade relacionada ao coronavírus. Além disso, a consistência interna da versão final da CAS foi satisfatória, já que o valor de alfa de Cronbach foi de 0,798.

Discussão

Este estudo realizou a tradução e a adaptação cultural da CAS para uso no Brasil, conforme as recomendações e etapas metodológicas propostas por Beaton et al. (2000)Beaton, D. E., Bombardier, C., Guillemin, F., & Ferraz, M. B. (2000). Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine, 25(24), 3186-3191.. O processo de tradução e adaptação de um instrumento para outra linguagem é uma metodologia complexa. Às vezes, uma simples tradução pode não ser realizada devido às diferenças culturais e de linguagem. Deve-se levar em consideração o idioma, o contexto cultural e o estilo de vida (Alexandre & Coluci, 2011Alexandre, N. M. C., & Coluci, M. Z. O. (2011). Validade de conteúdo nos processos de construção e adaptação de instrumentos de medidas. Ciência & Saúde Coletiva, 16(7), 3061-3068.). Os especialistas tornam-se indispensáveis durante o processo de tradução e adaptação dos instrumentos e esse comitê deve assegurar que a versão final seja totalmente compreensível para avaliar a sua equivalência cultural (Alexandre & Coluci, 2011Alexandre, N. M. C., & Coluci, M. Z. O. (2011). Validade de conteúdo nos processos de construção e adaptação de instrumentos de medidas. Ciência & Saúde Coletiva, 16(7), 3061-3068.).

Na presente pesquisa, os especialistas analisaram cuidadosamente todos os itens da CAS, verificando a necessidade de adequações de dois itens da escala. Sabe-se que a revisão por um comitê de especialistas é essencial para análise das traduções, e eles têm o papel de tomar decisões críticas e de modificar palavras que sejam usuais na cultura e na linguística, que apresentam particularidades, já que os países têm características socioeconômicas e etnias diferente – como é o caso da população brasileira (Santos et al., 2015Santos, R. M., Ribeiro-Ferreira, F., Alves, M. R., Epstein, J., & Novaes, P. (2015). Enhancing the cross-cultural adaptation and validation process: linguistic and psychometric testing of the Brazilian–Portuguese version of a self-report measure for dry eye. Journal of Clinical Epidemiology, 68(4), 370-378. https://doi.org/10.1016/j.jclinepi.2014.07.009
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).

A versão brasileira adaptada da CAS possui equivalência à escala original inglesa desenvolvida na Índia por Chandu et al. (2020)Chandu, V. C., Pachava, S., Vadapalli, V., & Marella, Y. (2020). Development and initial validation of the COVID-19 anxiety scale. Indian Journal of Public Health, 64(6). https://doi.org/10.4103/ijph.IJPH_492_20
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, inclusive apresentou todos os IVC com valores ≥ 0,87, indicando validade de conteúdo satisfatória. Além disso, os 47 participantes do pré-teste consideraram todos os itens da escala claros e compreensíveis, não sugerindo modificações.

Os participantes do pré-teste eram, em sua maioria, mulheres (63,8%), de raça parda (48,9%), solteiros (55,3%), católicos (42,4%) e praticantes de alguma religião (55,3%). A média de idade dos respondentes foi de 33,53 anos (± 13,05) e a escolaridade média, de 10,76 anos (± 5,15), variando de 2 a 17 anos ou mais no item escolaridade. Características semelhantes foram encontradas no perfil dos participantes do estudo desenvolvido por Bernardo et al. (2020)Bernardo, A. B., Mendoza, N. B., Simon, P. D., Cunanan, A. L. P., Dizon, J. I. W. T., Tarroja, M. C. H., & Saplala, J. E. G. (2020). Coronavirus pandemic anxiety scale (CPAS-11): development and initial validation. Current Psychology, 1-9. https://doi.org/10.1007/s12144-020-01193-2
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para construção da CPAS-11 nas Filipinas a partir de uma busca sistemática por escalas de ansiedade já existentes. Participaram da pesquisa 925 pessoas, com predomínio de mulheres (71,14%), com média de idade de 35,26 anos. Além disso, a maioria era solteira (58,27%) e trabalhava (60,86%). Os autores indicaram que a CPAS-11 evidenciou boa consistência interna e validade, sendo uma ferramenta eficiente e confiável para a pesquisa e a pratica clínica.

Outra pesquisa que apresentou características sociodemográficas semelhantes às do presente estudo foi a Padovan-Neto (2021)Padovan-Neto, F. E., Lee, S. A., Guimarães, R. P., Godoy, L. D., Costa, H. B., Zerbini, F. L. S., & Fukusima, S. S. (2021). Brazilian adaptation of the coronavirus anxiety Scale: a psychometric investigation of a measure of coronaphobia. OMEGA Journal of Death and Dying, 86(3), 744-1140. https://doi.org/10.1177/0030222821991325
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, realizada no Brasil, cujo objetivo era examinar as propriedades psicométricas de uma adaptação brasileira da Coronavirus Anxiety Scale (CAS-BR), que foi originalmente desenvolvida por Lee (2020)Lee, S. A. (2020). Coronavirus Anxiety Scale: A brief mental health screener for COVID-19 related anxiety. Death Studies, 44(7), 393-401. https://doi.org/10.1080/07481187.2020.1748481
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. Os autores indicam que criaram uma versão adaptada da CAS-BR utilizando um processo de tradução padrão e posteriormente realizaram a coleta de dados on-line, da qual participaram 505 pessoas, sendo a maioria do sexo feminino (60,39%), com média de idade de 32 anos, branca (76,6%), casada (39,4%), seguidas de solteiras (38,4%) e com ensino superior (68,9%). A CAS-BR evidenciou boa consistência interna e validade para avaliação da ansiedade causada pelo coronavírus.

No presente estudo também observou-se consistência interna satisfatória (alfa de Cronbach de 0,798) da versão brasileira adaptada da CAS desenvolvida por Chandu et al. (2020)Chandu, V. C., Pachava, S., Vadapalli, V., & Marella, Y. (2020). Development and initial validation of the COVID-19 anxiety scale. Indian Journal of Public Health, 64(6). https://doi.org/10.4103/ijph.IJPH_492_20
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, que foi respondida por 47 participantes no pré-teste, sendo inclusive similar ao resultado obtido pelos autores do instrumento na etapa de análise das propriedades psicométricas da escala (alfa de Cronbach de 0,730). Vale salientar que até o momento não foram encontrados outros estudos que realizaram a adaptação e/ou validação dessa escala para outras culturas.

Outras escalas de avaliação da ansiedade relacionada à COVID-19 também obtiveram consistência interna satisfatória, como no estudo de Caycho-Rodríguez et al. (2022)Caycho-Rodríguez, T., Valencia, P. D., Vilca, L. W., Carbajal-León, C., Vivanco-Vidal, A., Saroli-Araníbar, D., Reyes-Bossio, M., White, M., Rojas-Jara, C., Polanco-Carrasco, R., Gellegos, M., Cervigni, M., Martino, P., Palácios, D. A., Moreta-Herrera, R., Samaniego-Pinho, A., Lobos-Rivera, M. E., Figares, A. B., Puerta-Cortés, D. X., ... Flores-Mendoza, C. (2022). Cross-cultural validation of the new version of the Coronavirus Anxiety Scale in twelve Latin American countries. Current Psychology, 1-18. https://doi.org/10.1007/s12144-021-02563-0
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, que validou transculturalmente a Coronavírus Anxiety Scale (Lee, 2020Lee, S. A. (2020). Coronavirus Anxiety Scale: A brief mental health screener for COVID-19 related anxiety. Death Studies, 44(7), 393-401. https://doi.org/10.1080/07481187.2020.1748481
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) em 12 países da América Latina com a avaliação de 5.196 pessoas, tendo sido verificada boa consistência interna, com coeficientes de alfa de Cronbach ≥ 0,78. Petzold et al. (2020)Petzold, M. B., Bendau, A., Plag, J., Pyrkosch, L., Maricic, L. M., Rogoll, J., Betzler, F., Brobe, J., & Ströhle, A. (2020). Development of the COVID-19-Anxiety Questionnaire and first psychometric testing. BJPsych Open, 6(5), 1-4. https://doi.org/10.1192/bjo.2020.82
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desenvolveram uma pesquisa com 6.262 participantes para construção e validação do COVID-19 Anxiety Questionnarie na Alemanha e também verificaram uma consistência interna satisfatória (alfa de Cronbach 0,860).

Silva, Sampaio Brito, et al. (2020) também obtiveram consistência interna satisfatória (alfa de Cronbach de 0,890) nas análises psicométricas da COVID-19 Anxiety Scale desenvolvida no Brasil, e Isik et al. (2022) também relataram boa consistência interna da versão turca da Coronavirus Anxiety Scale, desenvolvida originalmente por Lee (2020)Lee, S. A. (2020). Coronavirus Anxiety Scale: A brief mental health screener for COVID-19 related anxiety. Death Studies, 44(7), 393-401. https://doi.org/10.1080/07481187.2020.1748481
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, que foi aplicada em 720 pessoas e obteve coeficiente de alfa Cronbach de 0,864.

É importante salientar que, apesar da boa consistência interna na etapa do pré-teste, a versão brasileira adaptada da CAS será aplicada em uma amostra maior, com vista a analisar várias propriedades psicométricas da referida escala, incluindo a confiabilidade por meio da consistência interna e da estabilidade teste-reteste.

Em relação ao nível de ansiedade dos participantes do pré-teste, também avaliado na presente pesquisa, obteve-se o escore médio de 16,06 (± 4,43) na versão brasileira adaptada da CAS. O estudo de Chandu et al. (2020)Chandu, V. C., Pachava, S., Vadapalli, V., & Marella, Y. (2020). Development and initial validation of the COVID-19 anxiety scale. Indian Journal of Public Health, 64(6). https://doi.org/10.4103/ijph.IJPH_492_20
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verificou uma pontuação média similar na CAS (16,93 ± 3,71), assemelhando-se aos achados do presente estudo na etapa do pré-teste. Tem-se que 51,1 % dos entrevistados no pré-teste do presente estudo apresentavam ansiedade relacionada ao coronavírus. No estudo de Sahu et al. (2021)Sahu, D. P., Pradhan, S. K., Sahoo, D. P., Patra, S., Singh, A. K., & Patro, B. K. (2021). Fear and anxiety among COVID-19 Screening Clinic Beneficiaries of a tertiary care hospital of Eastern India. Asian Journal of Psychiatry, 57, 102543. https://doi.org/10.1016/j.ajp.2020.102543
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, realizado na Índia, a prevalência foi de 20,4%.

Caycho-Rodríguez et al. (2022)Caycho-Rodríguez, T., Valencia, P. D., Vilca, L. W., Carbajal-León, C., Vivanco-Vidal, A., Saroli-Araníbar, D., Reyes-Bossio, M., White, M., Rojas-Jara, C., Polanco-Carrasco, R., Gellegos, M., Cervigni, M., Martino, P., Palácios, D. A., Moreta-Herrera, R., Samaniego-Pinho, A., Lobos-Rivera, M. E., Figares, A. B., Puerta-Cortés, D. X., ... Flores-Mendoza, C. (2022). Cross-cultural validation of the new version of the Coronavirus Anxiety Scale in twelve Latin American countries. Current Psychology, 1-18. https://doi.org/10.1007/s12144-021-02563-0
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citam estudos (Pappa et al., 2020Pappa, S., Ntella, V., Giannakas, T., Giannakoulis, V. G., Papoutsi, E., & Katsaounou, P. (2020). Prevalence of depression, anxiety, and insomnia among healthcare workers during the COVID-19 pandemic: a systematic review and meta-analysis. Brain, Behavior, and Immunity, 88, 901-907. https://doi.org/10.1016/j.bbi.2020.05.026
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; Wu et al., 2020Wu, T., Jia, X., Shi, H., Niu, J., Yin, X., Xie, J., & Wang, X. (2020). Prevalence of mental health problems during the COVID-19 pandemic: a systematic review and meta-analysis. Journal of Affective Disorders, 281, 91-98. https://doi.org/10.1016/j.jad.2020.11.117
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; Xiong et al., 2020Xiong, J., Lipsitz, O., Nasri, F., Lui, L. M., Gill, H., Phan, L., Chen-Li, D., Lacobucci, M., Ho, R., Majeed, A., & Mclntyre. R. S. (2020). Impact of COVID-19 pandemic on mental health in the general population: A systematic review. Journal of Affective Disorders, 277, 55-64. https://doi.org/10.1016/j.jad.2020.08.001
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) que indicam que a prevalência mundial de ansiedade associada à COVID-19 varia de 6,33 % a 50,9 % e, especificamente na América Latina, essa diferença foi de 5,61 % a 81,90 % (Alzueta et al., 2021Alzueta, E., Perrin, P., Baker, F. C., Caffarra, S., Ramos-Usuga, D., Yuksel, D., & Arango-Lasprilla, J. C. (2021). How the COVID-19 pandemic has changed our lives: a study of psychological correlates across 59 countries. Journal of Clinical Psychology, 77(3), 556-570. https://doi.org/10.1002/jclp.23082
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; Goularte et al., 2021Goularte, J. F., Serafim, S. D., Colombo, R., Hogg, B., Caldieraro, M. A., & Rosa, A. R. (2021). COVID-19 and mental health in Brazil: Psychiatric symptoms in the general population. Journal of Psychiatric Research, 132, 32-37. https://doi.org/10.1016/j.jpsychires.2020.09.021
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; Krüger-Malpartida et al., 2020Krüger-Malpartida, H., Pedraz-Petrozzi, B., Arevalo-Flores, M., Samalvides-Cuba, F., Anculle-Arauco, V., & Dancuart-Mendoza, M. (2020). Effects on mental health after the COVID-19 lockdown period: Results from a population survey study in Lima, Peru. Clinical Medicine Insights: Psychiatry, 11. https://doi.org/10.1177/1179557320980423
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; Orellana & Orellana, 2020Orellana, C. I., & Orellana, L. M. (2020). Predictores de síntomas emocionales durante la cuarentena domiciliar por pandemia de COVID-19 en El Salvador. Actualidades en Psicología, 34(128), 103-120. https://doi.org/10.15517/ap.v34i128.41431
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; Paz et al., 2020Paz, C., Mascialino, G., Adana-Díaz, L., Rodríguez-Lorenzana, A., Simbaña-Rivera, K., Gómez-Barreno, L., Troya, M., Páez, M. I., Cárdenas, J., Gerstner, R. M., & Ortiz-Prado, E. (2020). Anxiety and depression in patients with confirmed and suspected COVID-19 in Ecuador. Psychiatry and Clinical Neurosciences, 74(10), 554-555. https://doi.org/10.1111/pcn.13106
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).

Nesse contexto, verifica-se o quanto o rastreio precoce e o desenvolvimento de intervenções com vistas à redução do nível de ansiedade das pessoas na pandemia de COVID-19 são importantes. É importante ter escalas com evidências de confiabilidade e validade disponíveis para uso em diferentes culturas. Silva, Sampaio Brito, et al. (2020)Silva, H. G. N., Santos, L. E. S., & Oliveira, A. K. S. (2020). Efeitos da pandemia do novo Coronavírus na saúde mental de indivíduos e coletividades. Journal of Nursing and Health, 10(4), e20104007. https://doi.org/10.15210/jonah.v10i4.18677
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salientam que é extremamente necessário desenvolver instrumentos psicológicos válidos e confiáveis para verificar como os indivíduos estão reagindo a essa situação pandêmica (Silva, Santos, et al., 2020Silva, H. G. N., Santos, L. E. S., & Oliveira, A. K. S. (2020). Efeitos da pandemia do novo Coronavírus na saúde mental de indivíduos e coletividades. Journal of Nursing and Health, 10(4), e20104007. https://doi.org/10.15210/jonah.v10i4.18677
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).

Sendo assim, é importante destacar que o presente estudo desenvolveu com bastante rigor todas as etapas previstas no método e alcançou o objetivo proposto. Como limitações do estudo, tem-se a seleção da amostra por conveniência e também a dificuldade na coleta de dados, visto que foi um grande desafio, em decorrência do isolamento social, coletar dados do pré-teste de forma on-line por meio de autoavaliação.

Conclusão

Com base nos objetivos propostos e resultados obtidos, pode-se concluir que a versão brasileira da COVID-19 Anxiety Scale está traduzida e adaptada para o contexto brasileiro. Para estudos futuros, as pesquisadoras estão desenvolvendo a etapa de análises das propriedades psicométricas, a fim de poder disponibilizar a escala para amplo uso no Brasil e, assim, contribuir para a instrumentalização dos profissionais de saúde no rastreio de ansiedade associadas à COVID-19.

  • Como citar esse artigo: Ferreira, L. G. S., Pellegrini, A. R., Santos, D. G. M., Carvalho, D. N. R., & Orlandi, F. S. (2023). Tradução e adaptação cultural da COVID-19 Anxiety Scale no Brasil. Estudos de Psicologia (Campinas), 40, e220017. https://doi.org/10.1590/1982-0275202340e220017
  • Support

    Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Process nº 88887508031/2020-001) and Fundação Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Process nº 2020.12915-7).

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Editora responsável

Tatiana de Cássia Nakano

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Nov 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    14 Fev 2022
  • Revisado
    01 Fev 2023
  • Aceito
    28 Set 2023
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