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Processo discursivo e subjetividade na avaliação em LE (inglês) no ensino universitário

Resumo

In this paper I discuss some representations of oral evaluation in the learning of English as a Foreign Language (FL) in a Brazilian undergraduate institution for FL teachers. My analysis includes questions and concepts from applied linguistics, discourse analysis and psychoanalysis. In this perspective, subjectivity is constituent of discourse; subject-teachers take contradictory positions during the assessment of their students' learning process. These positions are characterized as gestures of interpretation because they answer demands, in this case, from scientific, technical, juridical and political/transferencial voices. The corpus was constructed with discursive practices of teachers and students at the end of a 4 year-course of study. In my analysis, I use the concept of Discursive Formations (DF), understood as enunciative regularities within a field of knowledge. I take as themes the elements of traditional oral evaluation, such as fluency and pronunciation, and representations of communicative competence/proficiency. As a result, I show that, in the process of assessment, people take stands within DFs that I have named “Including” and “Excluding”, as well as some of its modulations, “Unconditional inclusion”, and “Excluding perfection”. The “Excluding” DF is characterized by the representation of perfection which contradictorily excludes both the students' fault and excellence. The “Inclusive” DF accepts the student's faults and progress, turning relative their performance. In this DF a progress and a passing grade above an abstract minimum are guaranteed to all or most students.

evaluation; subjectivity; dicourse


evaluation; subjectivity; dicourse

ARTIGOS

Processo discursivo e subjetividade na avaliação em LE (inglês) no ensino universitário* * Texto resultante da Tese de Doutorado “Processo discursivo e subjetividade: vozes preponderantes na avaliação da oralidade em língua estrangeira no ensino universitário” apresentada ao Curso de Lingüística Aplicada - Ensino/Aprendizagem de LE/SL - do Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp, defendida em 2002, sob a orientação da Prof. Dra. Silvana Mabel Serrani. 1 No discurso, o real é um limite posto pelo real da língua e pelo real da história (esta tem uma materialidade e não outra). Tudo está em movimento contínuo. No jogo entre a formulação e a constituição do dizer e dos sentidos, que produz o efeito de exterioridade, o sentido-lá, está o real. O real, para Orlandi, (1998b:21) é “função das determinações históricas que constituem as condições de produção materiais. 2 Vale pontuar aqui a reformulação lacaniana da questão da realidade. Reinterpretando o texto de Freud, Mais Além do Princípio do Prazer, Lacan (1985) propõe que o princípio do prazer é que cesse o prazer, e como o princípio de realidade opera respondendo ao princípio do prazer, a função deste último consiste em fazer com que o jogo dure, ou seja, que o prazer se renove, que seja resguardado, já que o prazer tende a cessar. Por fim, resume Castelo Branco (1995: 48), “a pulsão de morte opera para regular os outros dois princípios em direção ao recomeço deste jogo”. Castelo Branco aponta que a formulação das relações entre princípio do prazer, princípio de realidade e pulsão de morte põem em xeque a noção de realidade que se refere ao mundo exterior (mundo objetivo) ou ao mundo construído pela experiência (entendimento). A noção de realidade em Lacan só pode ser compreendida à luz do aparelho psíquico. É considerada como contingente e plural; arranjos da linguagem, mundos sociais onde a linguagem vige, diversas configurações subjetivas que entram em cena na construção de um mundo, dentro dos vários mundos possíveis. “Cada realidade se funda e se define de um discurso” e “o ser da realidade, em sua multiplicidade, depende, sobretudo, das formas de vida e dos discursos que o condicionam e o delimitam”, resume Castelo Branco (p.50-1) citando Lacan. 3 Conceitos baseados em Bakhtin (1979) e Vigotsky (1987), dentre outros. 4 Sobre o uso de portfolio, conduzi uma pesquisa que resultou na monografia intitulada “O portfolio na aprendizagem de língua estrangeira”, desenvolvida para o Curso de Especialização em Avaliação a Distância – UNB – Faculdade de Educação e Cátedra Unesco de Educação a Distância, iniciado em 1997 e concluído em 1998 (não publicada). Ver, também O'Malley & Pierce (1996); Herman et al. (1992) e Genesee & Upshur (1996). 5 Ver, por exemplo, Oxford (1990), Reid (1995), O'Malley & Chamot (1990). 6 Por exemplo, ver em Dickinson (1987) e Nunan (1989).

Maralice S. Neves

UFMG

ABSTRACT

In this paper I discuss some representations of oral evaluation in the learning of English as a Foreign Language (FL) in a Brazilian undergraduate institution for FL teachers. My analysis includes questions and concepts from applied linguistics, discourse analysis and psychoanalysis. In this perspective, subjectivity is constituent of discourse; subject-teachers take contradictory positions during the assessment of their students' learning process. These positions are characterized as gestures of interpretation because they answer demands, in this case, from scientific, technical, juridical and political/transferencial voices. The corpus was constructed with discursive practices of teachers and students at the end of a 4 year-course of study. In my analysis, I use the concept of Discursive Formations (DF), understood as enunciative regularities within a field of knowledge. I take as themes the elements of traditional oral evaluation, such as fluency and pronunciation, and representations of communicative competence/proficiency. As a result, I show that, in the process of assessment, people take stands within DFs that I have named “Including” and “Excluding”, as well as some of its modulations, “Unconditional inclusion”, and “Excluding perfection”. The “Excluding” DF is characterized by the representation of perfection which contradictorily excludes both the students' fault and excellence. The “Inclusive” DF accepts the student's faults and progress, turning relative their performance. In this DF a progress and a passing grade above an abstract minimum are guaranteed to all or most students.

Keywords: evaluation, subjectivity, dicourse.

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  • VIGOTSKY, L S. (1987). Pensamento e Linguagem. São Paulo: Hucitec.
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    Texto resultante da Tese de Doutorado “Processo discursivo e subjetividade: vozes preponderantes na avaliação da oralidade em língua estrangeira no ensino universitário” apresentada ao Curso de Lingüística Aplicada - Ensino/Aprendizagem de LE/SL - do Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp, defendida em 2002, sob a orientação da Prof. Dra. Silvana Mabel Serrani.
    1 No discurso, o real é um limite posto pelo real da língua e pelo real da história (esta tem uma materialidade e não outra). Tudo está em movimento contínuo. No jogo entre a formulação e a constituição do dizer e dos sentidos, que produz o efeito de exterioridade, o sentido-lá, está o real. O real, para Orlandi, (1998b:21) é “função das determinações históricas que constituem as condições de produção materiais.
    2 Vale pontuar aqui a reformulação lacaniana da questão da realidade. Reinterpretando o texto de Freud, Mais Além do Princípio do Prazer, Lacan (1985) propõe que o princípio do prazer é que cesse o prazer, e como o princípio de realidade opera respondendo ao princípio do prazer, a função deste último consiste em fazer com que o jogo dure, ou seja, que o prazer se renove, que seja resguardado, já que o prazer tende a cessar. Por fim, resume Castelo Branco (1995: 48), “a pulsão de morte opera para regular os outros dois princípios em direção ao recomeço deste jogo”. Castelo Branco aponta que a formulação das relações entre princípio do prazer, princípio de realidade e pulsão de morte põem em xeque a noção de realidade que se refere ao mundo exterior (mundo objetivo) ou ao mundo construído pela experiência (entendimento). A noção de realidade em Lacan só pode ser compreendida à luz do aparelho psíquico. É considerada como contingente e plural; arranjos da linguagem, mundos sociais onde a linguagem vige, diversas configurações subjetivas que entram em cena na construção de um mundo, dentro dos vários mundos possíveis. “Cada realidade se funda e se define de um discurso” e “o ser da realidade, em sua multiplicidade, depende, sobretudo, das formas de vida e dos discursos que o condicionam e o delimitam”, resume Castelo Branco (p.50-1) citando Lacan.
    3 Conceitos baseados em Bakhtin (1979) e Vigotsky (1987), dentre outros.
    4 Sobre o uso de portfolio, conduzi uma pesquisa que resultou na monografia intitulada “O portfolio na aprendizagem de língua estrangeira”, desenvolvida para o Curso de Especialização em Avaliação a Distância – UNB – Faculdade de Educação e Cátedra Unesco de Educação a Distância, iniciado em 1997 e concluído em 1998 (não publicada). Ver, também O'Malley & Pierce (1996); Herman et al. (1992) e Genesee & Upshur (1996).
    5 Ver, por exemplo, Oxford (1990), Reid (1995), O'Malley & Chamot (1990).
    6 Por exemplo, ver em Dickinson (1987) e Nunan (1989).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      16 Jan 2014
    • Data do Fascículo
      Dez 2004
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