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O teatro como estratégia para a construção da paz

El teatro como estrategia para la construcción de la paz

Resumos

Descrever a experiência na elaboração de um espetáculo teatral com participação de adolescentes para estimular a reflexão sobre a realidade e contribuir para a redução da violência. Foram selecionados 10 adolescentes, alunos de escolas públicas que participaram de processo de formação teatral e produção de um espetáculo com temas oriundos de suas vivências no meio social e familiar. Ao longo do ano de 2006, a peça foi exibida em 20 apresentações, inclusive como parte de eventos organizados pela Prefeitura do Município de Embú - SP, como a Conferência Municipal de Saúde e o calendário de apresentações que acompanhou as festas de fim de ano. No total, cerca de 3.000 pessoas assistiram ao espetáculo. Na opinião das autoras, esta é uma estratégia válida, como ferramenta de mobilização e empoderamento dos atores, professores e comunidade local, para a promoção da saúde, enfrentamento e redução da violência. Considera-se que para esta estratégia ser efetiva em situações semelhantes, deve ser construída coletivamente, respeitando a cultura, a história e o contexto social do público alvo.

Violência; Drama; Saúde escolar; Promoção da saúde


Describir la experiencia en la elaboración de un espectáculo teatral con participación de adolescentes para estimular la reflexión sobre la realidad y contribuir para la reducción de la violencia. Fueron seleccionados 10 adolescentes, alumnos de escuelas públicas que participaron del proceso de formación teatral y producción de un espectáculo con temas oriundos de sus vivencias en el medio social y familiar. A lo largo del año de 2006, la pieza fue exhibida en 20 presentaciones, inclusive como parte de eventos organizados por la Municipalidad de Embú, en el estado de Sao Paulo, como la Conferencia Municipal de Salud y el calendario de presentaciones que acompañó las fiestas de fin de año. En total, cerca de 3.000 personas asistieron al espectáculo. En la opinión de las autoras, esta es una estrategia válida, como herramienta de movilización y empoderamiento de los actores, profesores y comunidad local, para la promoción de la salud, enfrentamiento y reducción de la violencia. Se considera que para conseguir que la estrategia sea efectiva en situaciones semejantes, debe ser construida colectivamente respetando la cultura, la historia y el contexto social del público que se desea alcanzar.

Violencia; Drama; Salud escolar; Promoción de la salud


Describe the experience of a theatrical piece production with the participation of adolescents to stimulate thinking about reality and contribute to the reduction of violence. Were selected 10 teenagers, public school students who participated in the training and producing processes of a theatrical show with themes that arise out of his experiences in the social and family environment. Throughout the year 2006, the piece was exhibited in 20 shows, as part of events organized by the Municipality of Embu, in Sao Paulo state, such as the Municipal Health Conference and the schedule for presentations that accompanied the end of the year festivities. In total, nearly 3,000 people attended the shows. In the opinion of the authors, this is a valid strategy as a tool for mobilization and empowerment of the actors, teachers and local community to promote health, to confront and to reduce violence. It was considered that in order to achieve the effectiveness of the strategy in similar situations, it should be built collectively respecting the culture, history and social context of the public to whom is aimed.

Violence; Drama; School health; Health promotion


RELATO DE EXPERIÊNCIA

O teatro como estratégia para a construção da paz

El teatro como estrategia para la construcción de la paz

Maria de Jesus Castro Sousa HaradaI; Glaura César PedrosoII; Sônia Regina PereiraIII

IDoutora em Enfermagem. Professora Adjunto do Departamento de Enfermagem, Disciplina de Enfermagem Pediátrica da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brasil

IIMestre em Pediatria. Médica do Departamento de Pediatria, Disciplina de Pediatria Geral e Comunitária da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brasil

IIIDoutora em Enfermagem. Professora Adjunto do Departamento de Enfermagem, Disciplina de Enfermagem Pediátrica da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brasil

Autor Correspondente Autor Correspondente: Maria de Jesus Castro Sousa Harada R. Prof. Ferreira Paulino, 169 - Apto. 92 - Vila Augusta Guarulhos (SP) Brasil CEP. 07020-025 E-mail: jjharada@uol.com.br

RESUMO

Descrever a experiência na elaboração de um espetáculo teatral com participação de adolescentes para estimular a reflexão sobre a realidade e contribuir para a redução da violência. Foram selecionados 10 adolescentes, alunos de escolas públicas que participaram de processo de formação teatral e produção de um espetáculo com temas oriundos de suas vivências no meio social e familiar. Ao longo do ano de 2006, a peça foi exibida em 20 apresentações, inclusive como parte de eventos organizados pela Prefeitura do Município de Embú - SP, como a Conferência Municipal de Saúde e o calendário de apresentações que acompanhou as festas de fim de ano. No total, cerca de 3.000 pessoas assistiram ao espetáculo. Na opinião das autoras, esta é uma estratégia válida, como ferramenta de mobilização e empoderamento dos atores, professores e comunidade local, para a promoção da saúde, enfrentamento e redução da violência. Considera-se que para esta estratégia ser efetiva em situações semelhantes, deve ser construída coletivamente, respeitando a cultura, a história e o contexto social do público alvo.

Descritores: Violência; Drama; Saúde escolar; Promoção da saúde

RESUMEN

Describir la experiencia en la elaboración de un espectáculo teatral con participación de adolescentes para estimular la reflexión sobre la

realidad y contribuir para la reducción de la violencia. Fueron seleccionados 10 adolescentes, alumnos de escuelas públicas que participaron

del proceso de formación teatral y producción de un espectáculo con temas oriundos de sus vivencias en el medio social y familiar. A lo largo

del año de 2006, la pieza fue exhibida en 20 presentaciones, inclusive como parte de eventos organizados por la Municipalidad de Embú, en

el estado de Sao Paulo, como la Conferencia Municipal de Salud y el calendario de presentaciones que acompañó las fiestas de fin de año. En

total, cerca de 3.000 personas asistieron al espectáculo. En la opinión de las autoras, esta es una estrategia válida, como herramienta de

movilización y empoderamiento de los actores, profesores y comunidad local, para la promoción de la salud, enfrentamiento y reducción de

la violencia. Se considera que para conseguir que la estrategia sea efectiva en situaciones semejantes, debe ser construida colectivamente

respetando la cultura, la historia y el contexto social del público que se desea alcanzar.

Descriptores: Violencia; Drama; Salud escolar; Promoción de la salud

INTRODUÇÃO

Na sociedade contemporânea, a violência representa um problema de saúde pública de grande magnitude e provoca forte impacto na morbidade e mortalidade da população. Os óbitos por causas externas, apesar de ocorrerem com menor frequência do que as doenças cardiovasculares, representam maior número de Anos Potenciais de Vida Perdidos, por atingirem diretamente maior número de pessoas jovens. Segundo o Ministério da Saúde(1), as violências e acidentes juntos constituem a segunda causa de óbito no quadro de mortalidade geral brasileira. Atingem toda a infância e adolescência, uma vez que, nas idades de 1 a 9 anos, 25% das mortes são devidas a estas causas; dos 5 aos 19 anos, ocupam o primeiro lugar entre as causas de morte(2).

No Estado de São Paulo, dados do Grupo Técnico de Prevenção de Acidentes e Violências(3) mostram o aumento da incidência de internações por causas externas (representando a quinta causa de internação no Estado) ficando as agressões com a maior taxa de letalidade hospitalar. Os autores apontam que a prevenção de acidentes e violências deve ser prioridade nas agendas de governos, envolvendo, além do setor saúde, os setores de segurança pública, educação e promoção social.

Em 2001, o Ministério da Saúde publicou a Portaria MS/GM n.º737/2001, que trata da Política Nacional de Redução de morbidade e mortalidade por Acidentes e Violências. Esta Portaria define violência como "o evento representado por ações realizadas por indivíduos, grupos, classes, nações, que ocasionam danos físicos, emocionais, morais e/ou espirituais a si próprio ou a outros" e aponta as seguintes diretrizes: adoção de comportamentos e de ambientes seguros e saudáveis; monitorização da ocorrência de acidentes e violências; sistematização, ampliação e consolidação do atendimento pré-hospitalar; assistência interdisciplinar e intersetorial às vítimas de acidentes e de violências; estruturação e consolidação do atendimento voltado à recuperação e à reabilitação; capacitação de recursos humanos e apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas(1).

Por ser a violência um fenômeno multicausal complexo e de difícil abordagem, é indiscutível que as medidas que objetivem sua redução devem ter como referência uma estratégia de intervenção que envolva e integre diferentes saberes em uma atuação interdisciplinar e intersetorial, tornando-se fundamental o desenvolvimento de pesquisas que contribuam para o planejamento, implementação e avaliação dessas intervenções, buscando uma abordagem voltada à promoção da saúde(4), em especial, no que diz respeito ao campo de implementação de políticas públicas saudáveis. Neste sentido, a Escola Promotora da Saúde caracteriza-se como importante estratégia, com três componentes principais: educação para saúde com enfoque integral; criação de entorno saudável; e, provisão de serviços de saúde(5).

Mediante esta perspectiva, muitos e diferentes estudos foram e estão sendo realizados, para quantificá-la, caracterizá-la ou explicá-la, buscando compreender e captar as variáveis envolvidas nesse processo.

Documento do Fundo das Nações Unidas para a Infância - Unicef(6) chama à responsabilidade, os profissionais e cientistas da saúde, com outros setores das sociedades a se preocuparem e intervirem de maneira efetiva, no combate à violência.

Um aspecto que se mantém recorrente nos estudos e que permeia o imaginário da sociedade é que os comportamentos violentos e a delinquência acontecem em sua grande maioria entre a população pobre e que vive em condições sociais precárias. Desta maneira, a violência ou cada indício da mesma, é amplificado, supervalorizado e divulgado, perpetuando a idéia única e monolítica de que esses são os comportamentos prevalentes(7). Inversamente as ações que resistem ou se contrapõem à violência são muito menos evidenciadas. Neste artigo, apresentamos o resultado preliminar, sob a perspectiva dos professores do Ensino Fundamental e Médio, de um trabalho desenvolvido com adolescentes moradores de um município do Estado de São Paulo, utilizando-se a estratégia do teatro, como forma de discutir a questão da violência e implementar a construção da cultura da paz.

A cultura, entendida como um conjunto de valores, atitudes e comportamentos que predominam e caracterizam o funcionamento de um determinado grupo, permite antever a maneira como esses grupos sentemse, posicionam-se e quais mecanismos utilizam para resolver os problemas que os afligem(8).

Nesta perspectiva, a utilização de estratégias que envolvem criatividade artística pode ser entendida, como uma atividade-meio que busca sensibilizar e despertar nos adolescentes uma "consciência crítica sobre seus direitos e deveres"(8), apresentando para esses jovens, novas alternativas de vivenciarem o sentimento de cidadania.

Este trabalho é parte do Projeto "Escolas Promotoras de Saúde: prevenção de morbidade por causas externas no município de Embu", com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP.Este Projeto faz parte do Programa Escola Promotora de Saúde, uma parceria entre a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e as Secretarias Municipais de Saúde e Educação do município do Embu/Estado de São Paulo envolvendo, ainda, a Diretoria de Ensino de Taboão da Serra, responsável pelas Escolas Estaduais do Embu.

O relato teve por objetivo descrever a experiência na elaboração de um espetáculo teatral com participação de adolescentes para estimular a reflexão sobre a realidade e contribuir para a redução da violência.

LOCAL DA INTERVENÇÃO: A intervenção foi realizada no município de Embu, pertencente à Região Metropolitana de São Paulo, com população de 244.642 habitantes em 2006(9) - 40% com menos de 20 anos de idade. É uma área afetada por altos índices de desemprego, pela violência e pela exclusão social. Vários esforços governamentais e da sociedade civil organizada vem conseguindo reduzir os índices de mortalidade por causas externas, sobretudo, homicídios, em adolescentes e adultos jovens. Entretanto, a taxa de mortalidade por homicídios (38,51 por 100.000 habitantes em 2005) permanece elevada em relação à média do Estado de São Paulo(9).

Desde 1970, a Unifesp atua no Sistema Local de Saúde, por meio do Programa de Integração Docente-Assistencial do Embu, com representação no Conselho Municipal de Saúde e parcerias com a comunidade local.

As escolas públicas (municipais, estaduais e conveniadas) atendem a mais de 60.000 alunos (cerca de 98% dos estudantes matriculados no Ensino Fundamental e Médio). O Programa de Saúde Escolar foi idealizado, a partir de 1984, e, desde 1987, está sob coordenação da Secretaria Municipal da Saúde e integrado ao Sistema Único de Saúde. Em 2002, foi implantado o Programa Escola Promotora de Saúde, com seus três princípios básicos: educação para a saúde com enfoque integral; criação de entorno saudável e provisão de serviços de saúde. O Programa foi aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde e está incluído no Plano Municipal de Saúde.

ESTRATÉGIA: Em consonância com os princípios da Escola Promotora de Saúde, adotou-se o teatro como estratégia de intervenção para redução da violência. Para tanto, foi realizado um processo seletivo para alunos de escolas públicas desse município, resultando na formação de um grupo de dez adolescentes que passou por extenso trabalho de preparação teatral, incluindo, preparação corporal, compreensão de texto e também um processo de resgate de suas histórias pessoais e de família.

A partir desse momento, foi idealizada uma peça teatral com textos escolhidos, considerando os dados epidemiológicos sobre os tipos de violência mais frequentes nessa comunidade e os conteúdos do trabalho realizado com esses jovens nas oficinas de vivência. Os textos, diálogos e falas traduziam a essência da problemática vivenciada, possibilitando uma reflexão sobre quais caminhos poderiam ser adotados para a construção da paz.

Por permitir vislumbrar a alegria, a beleza das relações humanas, o valor que as pessoas têm diante da sua própria vida, foi adotada a técnica do clown, como recurso para abordar as questões presentes no texto, construído coletivamente baseado em autores consagrados e, também, em composições do próprio grupo e dos arte-educadores, com sugestões da equipe de pesquisa. O espetáculo teve a construção da paz, como pano de fundo e retratou cenas do cotidiano de crianças e adolescentes: o resgate da infância; os sonhos e dificuldades do adolescer; a cidadania; a maturidade e a velhice; fracasso; discriminação; justiça e injustiça; preconceitos; uso de drogas; violência; a função da família(10). Esta abordagem visou, ainda, formar alianças e parcerias com a comunidade, como parte de uma estratégia de sensibilização e enfrentamento da violência, fortalecendo o engajamento de todos.

Durante o processo de construção do espetáculo e formação dos atores, estabeleceu-se um vínculo com as famílias dos adolescentes, discutindo-se o cotidiano e a responsabilidade que cada um (educador, ator, familiar) assume na construção da paz e no projeto.

A peça foi apresentada no Centro Cultural do Embu, durante 2006, para a comunidade de professores, alunos, familiares e demais moradores do município. O transporte dos alunos foi garantido pela Secretaria Municipal de Educação. No transcorrer das apresentações, o trabalho obteve enorme repercussão na a comunidade, extrapolando os objetivos iniciais com apresentações em diversos eventos, passando a integrar a agenda cultural do município. Ao longo do ano de 2006, o espetáculo foi exibido em 20 apresentações, atingindo cerca de 3.000 pessoas.

Para obter um registro da experiência, os pesquisadores, antes de finalizar esta intervenção, aplicaram um questionário, nas duas últimas apresentações do grupo teatral, aos professores sobre a efetividade da estratégia como intervenção na redução da violência, entendendo que essa população é um aliado essencial na construção e desenvolvimento da cultura da paz.

Para tanto, foi elaborado um instrumento contendo perguntas sobre a produção do espetáculo (tempo de duração, cenário, iluminação, conteúdo, trilha sonora, figurino, compreensão das cenas e interpretação dos atores), bem como sobre os temas abordados e se o teatro poderia ser uma estratégia efetiva na construção da paz. Dos 37 respondentes, 35 professores consideraram o teatro, como uma estratégia efetiva para a construção da cultura da paz. A produção do espetáculo (tempo de duração, cenário, iluminação, conteúdo, trilha sonora, figurino, compreensão das cenas e interpretação dos atores) foi avaliada favoravelmente pela maior parte dos respondentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todo tipo de desempenho cultural, incluindo, ritual, teatro, cerimônia e carnaval, pode ser compreendido como uma forma de explicação da vida. No caso da performance teatral, esta pode ser vista como um olhar distanciado do cotidiano que se dirige às interrupções e coisas não resolvidas na vida social, com o intuito de resolvê-las por meio da inversão de papéis possibilitada pelo teatro(11).

A representação artística é uma ferramenta para transformação. Assim, as pessoas, ao usarem o teatro, têm acesso a um meio de experimentar, atuar e efetuar mudanças, tornando-se outros sem deixar de serem si mesmos, mudanças essas que ocorrem não só com os atores, mas também com o público(12).

A interpretação da performance teatral leva à compreensão do significado dessas ações simbólicas e, consequentemente, à compreensão daquela cultura, entendida como "uma teia de significados tecida pelos próprios atores sociais"(13). Toda essa complexidade e simbologia do teatro fazem com que essa arte seja tão eficaz na educação e no processo de construção de conhecimentos e atitudes.

Desta forma, "qualquer manifestação cultural ou prática social que produza efeito positivo sobre um determinado grupo de pessoas, comunidades, o faz pela rede de sentidos que ela permite construir e pela mobilização de recursos internos ou externos que empoderam essas pessoas no interior de relações sociais concretas"(7).

Esta afirmação reflete-se no relato de alguns professores, conforme descrito abaixo:

"O teatro é capaz de expressar com mais intensidade os assuntos que se pretende atingir, sensibilizando e contribuindo para mudanças internas".

"O teatro aproxima as pessoas, pois os atores praticamente falam conosco, nos envolvendo nos temas que estão abordando".

Para que essa comunicação seja efetiva em sua complexidade e seu potencial transformador, é necessário buscar a qualidade técnica e estética, que incluem além do trabalho dos atores, a preparação de cenários, figurinos eiluminação adequados ao espetáculo e seu contexto. É preciso ressaltar que este grupo de adolescentes não tinha contato anterior com o teatro, a não ser por espetáculos improvisados, com propósitos educativos, apresentados nas escolas. Essas atividades, vistas por eles, como de má qualidade podem ter limitado seu impacto junto ao público-alvo por não serem capazes de tecer uma rede de sentidos que leve à mobilização e empoderamento. Assim, por solicitação do grupo de atores e arte-educadores, o espetáculo foi apresentado em um espaço teatral convencional, com recursos de iluminação, cenário, figurino e trilha sonora, dentro das possibilidades orçamentárias do projeto.

Na opinião dos professores, esta estratégia permitiu trabalhar com temas sérios e polêmicos, pois estes apresentaram uma síntese da realidade e dos conflitos com os quais os jovens convivem diariamente, além de propiciar a reflexão e autoavaliação de seu papel na sociedade.

A maioria dos respondentes relatou que o espetáculo possibilitou uma reflexão sobre a vida, o cotidiano e o ser humano, ao mesmo tempo em que despertou vários sentimentos, como esperança, paz, serenidade, emoção, além de alegria. Consideraram o espetáculo como uma estratégia para abordar assuntos polêmicos e importantes, como drogas, gravidez na adolescência, respeito aos outros e a si mesmo, a importância do estudo, preconceito, e a importância de convivermos bem com as diferenças individuais do próximo.

Na opinião das autoras, esta é uma estratégia válida, como ferramenta de mobilização e empoderamento dos atores, professores e comunidade local, para a promoção da saúde, enfrentamento e redução da violência.

Considera-se que para esta estratégia ser efetiva em situações semelhantes, deve ser construída coletivamente, respeitando a cultura, histórico e o contexto social do público-alvo.

Agradecimentos: Projeto financiado pela FAPESP - Projeto 03/06417-9

Artigo recebido em 15/12/2008 e aprovado em 24/03/2010

  • 1
    Brasil. Ministério da Saúde. Política nacional de redução da morbimortalidade por acidentes e violências. Portaria GM/MS nº 737 de 16/05/01. Diário Oficial da União: Brasília; 2001.
  • 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Política nacional de redução da morbimortalidade por acidentes e violência. Rev Saúde Pública = J Public Health. 2000;34(4):427-30.
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  • 12. Turner VW. "Introduction". In: Turner VW. From ritual to theatre: the human seriousness of play. New York: PAJ Publications; 1982. 128p.
  • Autor Correspondente:

    Maria de Jesus Castro Sousa Harada
    R. Prof. Ferreira Paulino, 169 - Apto. 92 - Vila Augusta
    Guarulhos (SP) Brasil CEP. 07020-025
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      29 Jul 2010
    • Data do Fascículo
      Jun 2010

    Histórico

    • Aceito
      24 Mar 2010
    • Recebido
      15 Dez 2008
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