Acessibilidade / Reportar erro

Perfil fenotípico e genotípico de Staphylococcus aureus isolados de estudantes de enfermagem, 2008

Perfil fenotípico y genotípico del Staphylococcus aureus aislados de estudiantes de enfermería, 2008

Resumos

OBJETIVO: Verificar a prevalência de carreamento nasal, perfil fenotípico e genotípico de S. aureus isolados de estudantes de enfermagem. MÉTODOS: Estudo transversal, com população composta por 101 alunos, cursando as três primeiras séries do curso de graduação em Enfermagem no ano de 2008. S. aureus foi isolado de material biológico obtido dos vestíbulos nasais através de swab. A susceptibilidade à oxacilina e vancomicina foi determinada pelo teste de concentração inibitória mínima. A presença do gene MecA foi determinada pelo teste de reação em cadeia da polimerase. RESULTADOS: Verificou-se 90,1% de positividade para S. aureus. A frequência de resistência à oxacilina foi de 9,8% e todas as amostras foram sensíveis à vancomicina. A oito amostras resistentes À oxacilina apresentaram o gene MecA. CONCLUSÃO: A prevalência foi elevada. A resistência à oxacilna foi expressiva e todas as amostras foram sensíveis à vancomicina. As amostras resistentes à oxacilina carreavam o gene MecA.

Staphylococcus aureus; Resistência; Colonização


OBJETIVO: Verificar la prevalencia de transporte nasal, perfil fenotípico y genotípico de S. aureus aislados de estudiantes de enfermería. MÉTODOS: Estudio transversal, con población compuesta por 101 alumnos, cursando las tres primeras series del Pregrado en Enfermería en el año 2008. El S. aureus fue aislado del material biológico obtenido de los vestíbulos nasales a través de swab. La susceptibilidad a la oxacilina y vancomicina fue determinada por el test de concentración inhibitoria mínima. La presencia del gen MecA fue determinada por el test de reacción en cadena de la polimerasa. RESULTADOS: Se verificó el 90,1% de positividad para el S. aureus. La frecuencia de resistencia a la oxacilina fue de 9,8% y todas las muestras fueron sensibles a la vancomicina. Las ocho muestras resistentes a la oxacilina presentaron el gen MecA. CONCLUSION: La prevalencia fue elevada. La resistencia a la oxacilina fue expresiva y todas las muestras fueron sensibles a la vancomicina. Las muestras resistentes a la oxacilina transportaban el gen MecA.

Staphylococcus aureus; Resistência; Colonización


OBJECTIVE: To investigate the prevalence of nasal entrainment, phenotypic and genotypic profile of Staphylococcus aureus, asisolated from nursing students. METHODS: A cross-sectional population of 101 students enrolled in the first three grades of the undergraduate nursing course in 2008. Staphylococcus aureus was isolated from biological material obtained from the swab through the nasal vestibules. Susceptibility to oxacillin and vancomycin was determined by minimum inhibitory concentration test. The mecA gene was identified by testing the polymerase chain reaction. RESULTS: There was a 90.1% positive finding of Staphylococcus aureus. The frequency of oxacillin resistance was 9.8%; all samples were sensitive to vancomycin. The eight strains resistant to oxacillin carried the mecA gene. CONCLUSION: The prevalence of Staphylococcus aureus was high. Oxacillin resistance was significant, but all strains were sensitive to vancomycin. Isolates resistant to oxacillin carried the mecA gene.

Staphylococcus aureus; Drug resistance; Colonization


ARTIGO ORIGINAL

Perfil fenotípico e genotípico de Staphylococcus aureus isolados de estudantes de enfermagem, 2008* * Trabalho realizado na Universidade Estadual de Maringá - UEM- Maringá (PR), Brasil.

Perfil fenotípico y genotípico del Staphylococcus aureus aislados de estudiantes de enfermería, 2008

Suelen Teixeira FariaI; Aline Cristina Rissato PiekarskiI; Maria Cristina Bronharo TognimII; Sueli Donizete BorelliIII; João BedendoIV

IPós-graduanda ( Mestrado) em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá - UEM- Maringá (PR), Brasil

IIDoutora,Professora do Departamento de Microbiologia, Universidade Estadual de Maringá - UEM- Maringá (PR), Brasil

IIIDoutora, Professora do Departamento de Imunologia, Universidade Estadual de Maringá - UEM- Maringá (PR), Brasil

IVDoutor, Professora do Departamento de Enfermagem, Universidade Estadual de Maringá - UEM- Maringá (PR), Brasil

Autor Correspondente Autor Correspondente: Suelen Teixeira Faria Av. Lucílio de Held, 1000 Maringá - PR - Brasil CEP. 87033-230 E-mail: suelentfaria@hotmail.com

RESUMO

OBJETIVO: Verificar a prevalência de carreamento nasal, perfil fenotípico e genotípico de S. aureus isolados de estudantes de enfermagem.

MÉTODOS: Estudo transversal, com população composta por 101 alunos, cursando as três primeiras séries do curso de graduação em Enfermagem no ano de 2008. S. aureus foi isolado de material biológico obtido dos vestíbulos nasais através de swab. A susceptibilidade à oxacilina e vancomicina foi determinada pelo teste de concentração inibitória mínima. A presença do gene MecA foi determinada pelo teste de reação em cadeia da polimerase.

RESULTADOS: Verificou-se 90,1% de positividade para S. aureus. A frequência de resistência à oxacilina foi de 9,8% e todas as amostras foram sensíveis à vancomicina. A oito amostras resistentes À oxacilina apresentaram o gene MecA.

CONCLUSÃO: A prevalência foi elevada. A resistência à oxacilna foi expressiva e todas as amostras foram sensíveis à vancomicina. As amostras resistentes à oxacilina carreavam o gene MecA.

Descritores:Staphylococcus aureus; Resistência; Colonização

RESUMEN

OBJETIVO: Verificar la prevalencia de transporte nasal, perfil fenotípico y genotípico de S. aureus aislados de estudiantes de enfermería.

MÉTODOS: Estudio transversal, con población compuesta por 101 alumnos, cursando las tres primeras series del Pregrado en Enfermería en el año 2008. El S. aureus fue aislado del material biológico obtenido de los vestíbulos nasales a través de swab. La susceptibilidad a la oxacilina y vancomicina fue determinada por el test de concentración inhibitoria mínima. La presencia del gen MecA fue determinada por el test de reacción en cadena de la polimerasa.

RESULTADOS: Se verificó el 90,1% de positividad para el S. aureus. La frecuencia de resistencia a la oxacilina fue de 9,8% y todas las muestras fueron sensibles a la vancomicina. Las ocho muestras resistentes a la oxacilina presentaron el gen MecA.

CONCLUSION: La prevalencia fue elevada. La resistencia a la oxacilina fue expresiva y todas las muestras fueron sensibles a la vancomicina. Las muestras resistentes a la oxacilina transportaban el gen MecA.

Descriptores:Staphylococcus aureus; Resistência; Colonización

INTRODUÇÃO

Staphylococcus aureus (S. aureus) é um importante patógeno envolvido na etiologia das infecções humanas, sendo encontrado, como flora normal, nas fossas nasais, virília e axilas(1).

A colonização nasal de S. aureus é a principal responsável pela colonização da superfície cutânea, tornando-se motivo de preocupação ao considerarmos a prevalência destes micro-organismos na população e entre os trabalhadores hospitalares(2-3). A identificação do portador nasal de S. aureus é importante para que se possa compreender a epidemiologia das infecções(4), avaliar o risco para a sua aquisição e transmissão(5-6).

A prevalência de portadores assintomáticos de S. aureus, entre indivíduos da comunidade universitária tem sido de 40%(7), sendo observado um percentual expressivo de cepas multirresistentes, particularmente entre aqueles elementos que fazem parte do staff hospitalar(3). A colonização de trabalhadores em ambiente hospitalar pode variar de 30% a 70%, podendo atingir 90%, dependendo das condições ambientais, dos pacientes atendidos, do uso de antimicrobianos e da própria estrutura do hospital. Em adultos sem ligação com o ambiente hospitalar, a variação deveria se limitar entre 20% e 50%(8).

Estudantes do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá inicialmente desenvolvem sua formação acadêmica em ambientes extra hospitalar que, posteriormente, é concluída com estágios práticos em hospitais, Centros e Postos de Saúde. Esta mudança de ambiente durante a formação acadêmica poderia implicar, para esses indivíduos, uma alteração na frequência de carreamento nasal de S. aureus, bem como mudança no perfil fenotípico e genotípico das cepas albergadas.

Ao longo dos anos, S aureus de origem hospitalar tornou-se, resistente à maioria das drogas usualmente empregadas na prática clínica e, atualmente, um percentual significativo destas estirpes, de procedência comunitária, também tem apresentado multirresistência(9). A oxacilina é um importante marcador de resistência para outros antimicrobianos e, na atualidade, diversos estudos vêm demonstrando aumento da frequência de resistência a esta droga entre cepas de S. aureus, tanto de origem comunitária como hospitalar(9-10).

Hoje, no Brasil, o uso da vancomicina representa uma das últimas linhas de tratamento da infecção estafilocócica, sendo ainda escassos os estudos que demonstraram o isolamento de estirpes resistentes. Esta resistência, entretanto, já se encontra disseminada em diversos países, conforme relatado em alguns estudos(3,9,11) e a vigilância epidemiológica é importante para detectar o surgimento de resistência em nosso meio.

A partir da década de 1990, intensificaram-se os relatos de infecções associadas à resistência à oxacilina e à vancomicina. O Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) recomenda que a detecção destas resistências seja realizada pelo teste de Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM)(12). O CIM é um método considerado padrão para a avaliação quantitativa da resistência bacteriana aos antimicrobianos(9).

A produção de penicilinas semissintética, a partir de 1959 resultou na criação da meticilina que contém um anel betalactâmico que interage com as proteínas ligadoras de penicilina da membrana, impedindo a formação completa da camada de peptideoglicano da parede celular bacteriana. O gene mecA, responsável pela resistência à meticilina altera essas proteínas de membrana, codificando uma nova proteína de ligação denominada PBP2a com baixa afinidade por â-lactâmicos, e dois genes regulatórios, o mecI e o mecRI, constituindo o complexo cromossômico mec estafilocócico (SCCmec). O gene que codifica a resistência bacteriana às drogas pode localizar-se no cromossomo ou em plasmídeos, sendo o DNA plasmidial transmitido mais facilmente por conjugação(13). A identificação do tipo de resistência e a forma pela qual é transmitida é um instrumental importante na prevenção e controle da infecção estafilocócica(1,13).

O presente estudo teve por objetivo verificar a prevalência do carreamento nasal de S. aureus entre estudantes de enfermagem de uma Universidade Estadual do Paraná e os perfis genotípico e fenotípico das amostras isoladas.

MÉTODOS

É uma pesquisa do tipo transversal, realizada entre maio e dezembro de 2008 e a população envolvida compôs-se por 101 acadêmicos de enfermagem da Universidade Estadual de Maringá (UEM), distribuídos da seguinte forma: 40 alunos do 1º ano de graduação, 27 do 2º ano de graduação e 24 do 3º ano de graduação.

Participaram da pesquisa todos os acadêmicos de enfermagem que concordaram e que no momento da coleta não apresentavam sinais e sintomas clínicos de infecção. Foram respeitados todos os preceitos contidos na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde(14), do Ministério da Saúde, que disciplina as pesquisas com Seres Humanos e aprovados pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa, envolvendo seres humanos (COPEP) da UEM sob o Parecer n.º 536/2008.

Os alunos foram orientados quanto aos objetivos da pesquisa e as dúvidas foram esclarecidas, antes da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do preenchimento de um questionário estruturado que foi enumerado para facilitar a tabulação dos dados.

Os S. aureus foram isolados com base no material biológico dos vestíbulos nasais, empregando-se swab estéril que, posteriormente, foi armazenado em tubos contendo caldo de Soja Tripticaseína (TSB) enriquecido com 6,5% de Cloreto de Sódio (NaCl). O cultivo bacteriano inicial deu-se em estufa a 37º C overnight.

Em seguida, o caldo de crescimento foi semeado na superfície de placas de Petri (90X15mm), contendo Agar Manitol Salgado (AMS), (Becton Dicksenson and Company, BD Diagnostic Systems, USA), com e sem oxacilina, em uma concentração de 4μg/ml e incubado, novamente, por 24-48 horas a 37º C. Nesta etapa de semeadura, foram utilizadas amostras controle de S. aureus da American Type Culture Collection (ATCC), sendo uma amostras sensível à oxacilina (ATCC 25923) e uma resistente (ATCC 43300).

Colônias suspeitas de pertencerem a S. aureus foram submetidas ao teste de Coloração de Gram(15) e as identificadas como cocos Gram positivo agrupadas em cachos, foram transferidas para TSB adicionado 6,5% de NaCl. Após 6 horas de incubação, foi realizado o Teste de Coagulase em tubo empregando-se plasma de coelho liofilizado (Coagulo-Plasma LB, Laborclin produtos para laboratório Ltda, Pinhais Paraná, Brasil). Os S. aureus foi identificado após a formação de um coágulo sendo as leituras realizadas em 30 min., 4 horas e 24 horas(16).

Após a identificação, as amostras de S. aureus foram submetidas ao teste para determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) em meio sólido para oxacilina e vancomicina, e o Teste de Disco Difusão para os seguintes antimicrobianos: penicilina G, oxacilina, cefoxitina, eritromicina, clindamicina, trimetropina sulfametoxazol, vancomicina, telitromicina, linezolida, tetraciclina, doxiciclina, rifampicina, gentamicina, ofloxacina e teicoplanina, conforme protocolo do CLSI(12).

Para o CIM, foram usadas diferentes concentrações de antimicrobianos, iniciando com 0,06 μg/ml até 256 μg/ml para a oxacilina e de 0,06 μg/ml até 16 μg/ml para a vancomicina. A amostra controle ATCC 29213 foi utilizada como controle negativo para ambos os antimicrobianos e como controle positivo para a oxacilina empregou se a ATCC 33591.

O DNA bacteriano foi extraído por intermédio da metodologia proposta por pesquisadores(17), com algumas alterações. As amostras, após plaqueadas em Agár Miller Hinton, foram transferidas para eppendorf contendo Tris-EDTA (TE) e centrifugadas a 8000 rpm. O sobrenadante foi desprezado e o pellet suspenso em 600 µl de Cetyl Trimethylammonium Bromide (CTAB) e 40 µl de clorofórmio álcool-iso-amílico (CIA), e, em seguida, aquecidos em banho-maria à 65ºC por 30 min. Posteriormente, foram acrescentados 800 µl de CIA e centrifugados a 12000 rpm por 5 min. Aproximadamente 600 µl do sobrenadante foram transferidos para um tubo eppendorf, adicionou-se igual volume de isopropanol gelado e que foi deixado em freezer a -20ºC overnight para a preciptação do DNA. Em seguida, as amostras foram centrifugadas a 14000 rpm a 4ºC por 20 minutos, eliminando-se o sobrenadante. Ao pellet, foram adicionados 200 µl de etanol 70%., centrifugou-se a 14000 rpm e a seguir eliminou-se o sobrenadante. Após a secagem, o DNA obtido foi diluído em 200 µl de TE e armazenado em freezer a -20º C.

As amostras de S. aureus identificadas como resistentes à oxacilina foram avaliadas pela técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) para identificação do gene Mec A, conforme a metodologia proposta por Vannuffel(18), com algumas alterações. Para a reação com 25 µl, foram utilizados como reagentes, 12,1 µl de água Milli Q estéril, 2,5 µl de Tampão 10X, 0,4 µl de Taq polimerase 5U/L, 1,5 µl de dNTP 200 µM, 1,5 µl de Cloreto de Magnésio, 1,5 µl de cada primer à 50 pmol, e 3,0 µl de DNA. As reações foram realizadas em termociclador com a seguinte ciclagem: 95ºC por 10 minutos, 30 ciclos de: 95ºC por 30 segundos, 52 ºC por 30 segundos., 72 ºC por 1 minuto., e um ciclo final a 72 ºC por 10 minutos. A cepa S. aureus ATCC 33591, foi empregada como controle positivo na reação de PCR. A eletroforese dos produtos amplificados foi realizada em gel de agarose a 1,5% corado com brometo de etídio, por 1h a 90 volts. A detecção de um fragmento com 154 pares de base (PB) confirmou a presença do gene MecA.

RESULTADOS

Dentre os 101 voluntários amostrados, verificou-se uma positividade de 90,1% (91/101) para o S. aureus. A idade dos indivíduos variou entre 17 e 33 anos, com 59,3% entre 17 e 20 anos.

Todas as amostras foram sensíveis à vancomicina, e o CIM variou entre 0,5μg/ml e 2μg/ml. Em relação à oxacilina, oito amostras foram resistentes e destas, sete apresentavam um CIM em relação à vancomicina de 2μg/ml. Os dados da Tabela 1 apresentam a distribuição acumulativa da CIM para oxacilina nos diferentes anos da graduação.

Com relação ao antibiograma, observou-se um aumento da resistência bacteriana com o decorrer dos anos de graduação, o que pode ser observado nos dados da Tabela 2. As amostras resistentes à oxacilina apresentaram 100% (8/8) de resistência à penicilina, ao trimetropina-sulfametoxazol e à tetraciclina, 87,5% (7/8) de resistência à eritromicina e à telitromicina, e 75% (6/8) de resistência à clindamicina e à doxiciclina.

As amostras resistentes à oxacilina pelo método do CIM foram submetidas à técnica de PCR, pois todas apresentaram o gene Mec A, conforme mostrado nos dados da Figura 1.


DISCUSSÃO

Os estudantes do curso de enfermagem apresenta um perfil característico, composto sobretudo pelo sexo feminino e por uma população jovem. Os alunos de enfermagem nas universidades públicas, entre 17 e 19 anos, representam uma clientela de 48%(19).

O S. aureus está presente na pele e mucosas dos seres humanos, em especial, nas fossas nasais. Indivíduos que albergam S. aureus e não apresentam sintomatologia são genericamente conhecidos como "portadores são", e são considerados uma das principais fontes de transmissão da infecção, tanto nosocomial como comunitária(2,6,20). Em se tratando de portador assintomático, particularmente estudante durante a prática acadêmica hospitalar, é difícil a aplicação de medidas de prevenção e controle em razão da proximidade física entre o prestador da assistência e o paciente(2).

A prevalência de carreamento nasal de S. aureus entre os 101 estudantes de enfermagem, investigados neste estudo foi de 90,1% (91/101), uma prevalência alta. Indivíduos que trabalham em ambiente hospitalar possuem uma prevalência entre 30% e 70%, podendo atingir até 90%(8). A utilização de TSB enriquecido com NaCl para cultivo inicial incrementa o isolamento de S. aureus, conforme já demonstrado em outros estudos(4,21-23).

A distribuição da frequência de carreamento nasal de S. aureus, de acordo com a periodicidade do curso, mostrou que no primeiro ano 100% (40/40) eram portadores; no 2º, 84,4% (27/32) e no 3º, 82,8% (24/29). A taxa de carreamento nasal entre alunos do 1º ano do curso em relação aos demais deveria ser menor, pois, além de serem procedentes da comunidade não mantêm estágio em hospitais e unidades básicas de saúde, resultado que não se confirmou.

Entre as 91 amostras de S. aureus isoladas 8 (8,8%) mostraram-se resistentes à oxacilina, e a faixa de crescimento bacteriano deu-se entre 4 μg/m e 256 μg/. Este percentual é expressivo em se tratando de indivíduos assintomáticos, pois a oxacilina é um importante marcador de resistência para outros antimicrobianos, como os aminoglicosídeos, macrolídeos, cloranfenicol, tetraciclina e fluoroquinolonas(24). Taxas importantes de resistência à oxacilina entre indivíduos assintomáticos da comunidade também têm sido observadas por alguns autores(1,25).

Todas as amostras avaliadas neste estudo foram sensíveis à vancomicina . A susceptibilidade reduzida dos S. aureus à vancomicina (VISA) surgiu, em 1996, no Japão e, em 2002, nos Estados Unidos da América foi identificada a primeira cepa resistente (VRSA)(3,9). No Brasil, em 2000, foi encontrada a primeira cepa resistente à vancomicina, em um hospital de Queimados no Rio de Janeiro(3) entretanto esta disseminação ainda não se configurou em nosso meio, sendo restrita a casos isolados.

As medidas de prevenção para aquisição de infecção por S. aureus incluem a descontaminação nasal. Um agente tópico bactericida vem sendo utilizado para a erradicação em fossas nasais, axilas, virílias e em mão de pacientes e trabalhadores da saúde. Por meio dessa medida é possível reduzir as taxas de infecção, entre aqueles pacientes que serão submetidos a cirurgias(26).

CONCLUSÃO

A presença de S. aureus resistente à oxacilina em portadores são ou assintomáticos torna-se uma ameaça e uma importante fonte de micro-organismo; ao considerarmos que, esses estudantes estarão em ambiente de trabalho em pouco tempo.

O objetivo desta pesquisa foi verificar a prevalência de carreamento nasal de S. aureus entre estudantes de enfermagem, contribuindo para a epidemiologia desse micro-organismo, e possibilitando ao profissional a oportunidade de prevenir a transmissão, e uma reflexão a respeito das técnicas de descontaminação nasal.

Os resultados demonstraram uma alta prevalência de S. aureus entre os estudantes e uma resistência expressiva à oxacilina. O conhecimento dos estudantes de enfermagem sobre resistência bacteriana proporciona ao paciente, ao serviço e ao profissional, informação necessária para a construção de estratégias de prevenção.

Artigo recebido em 07/01/2010 e aprovado em 04/12/2010

  • 1. Menegotto FR, Picoli SU. Staphylococcus aureus oxacilina resistente (MRSA): incidência de cepas adquiridas na comunidade (CA-MRSA) e importância da pesquisa e descolonização em hospital. Rev Bras Anal Clin. 2007;39(2):147-50.
  • 2. Oliveira Santos BM, Darini ALC. Colonização por Staphylococcus aureus em portadores são relacionados de uma creche de hospital universitário. Medicina (Ribeirão Preto). 2002;35(2):160-72.
  • 3. Santos AL, Santos DO, Freitas CC, Ferreira BL, Afonso IF, Rodrigues CR, Castro HC. Staphylococcus aureus: visitando uma cepa de importância hospitalar. J Bras Patol Med Lab. 2007;43(6):413-23.
  • 4. Cardoso MP. Aquisição nasal de Staphylococcus aureus por recém-nascidos saudáveis [dissertação]. Maringá: Universidade Estadual de Maringá; 2007.
  • 5. Kuehnert MJ, Kruszon-Moran D, Hill HA, McQuillan G, McAllister SK, Fosheim G, et al. Prevalence of Staphylococcus aureus nasal colonization in the United States, 2001-2002. J Infect Dis. 2006;193(2):172-9.
  • 6. Lu P, Chin LC, Peng CF, Chiang YH, Chen TP, Ma L, Siu LK. Risk factors and molecular analysis of community methicillin-resistant Staphylococcus aureus carriage. J Clin Microbiol. 2005;43(1):132-9.
  • 7. Prates KA. Detecção de portadores de Staphylococcus aureus resistentes a oxacilina em uma comunidade estudante universitária [dissertação]. Maringá: Universidade Estadual de Maringá; 2008.
  • 8. Santos BM. Monitoramento da colonização pelo Staphylococcus aureus em alunos de um curso de auxiliar de enfermagem durante a formação profissional. Rev Latinoam Enferm. 2000;8(1):67-73.
  • 9. Mimica MJ, Mendes CMF. Diagnóstico laboratorial da resistência à oxacilina em Staphylococcus aureus J Bras Patol Med Lab. 2007;43(6):399-406.
  • 10. Moreira M, Medeiros EAS, Pignatari ACC, Wey SB, Cardo DM. Efeito da infecção hospitalar da corrente sanguínea por Staphylococcus aureus resistente à oxacilina sobre a letalidade e o tempo de hospitalização. Rev Assoc Med Bras (1992). 1998;44(4):263-8.
  • 11. Cui L, Iwamoto A, Lian JQ, Neoh HM, Maruyama T, Horikawa Y, Hiramatsu K. Novel mechanism of antibiotic resistance originating in vancomycin-intermediate Staphylococcus aureus Antimicrob Agents Chemother. 2006;50(2):428-38.
  • 12
    Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI). Performance standards for antimicrobial susceptibility testing; approved standard. Document M100-S16. Wayne, PA, USA: CLSI, 2006.
  • 13. Neves MC, Rossi Júnior OD, Alves EC, Lemos MV. Detecção de genes de resistência antimicrobiana em cromossomos e plasmídeos de Staphylococcus aureus SPP. Arq Inst Biol. 2007;74(3):207-13.
  • 14
    Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996. Aprova diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília (DF): MS/FIOCRUZ; 1996.
  • 15. Dias Filho BP, Abreu Filho BA, Cardoso CL, Nakamura CV, Garcia LB, Guilhermetti M, Tognim MCB, et al. Manual de aulas práticas: enfermagem. Universidade Estadual de Maringá: Departamento de Análises Clínicas; 2001.
  • 16. Konemam EW, Allen SD, Janda WM, Schreckenberger PC, Winn WC. Diagnóstico microbiológico: texto e atlas colorido. 5a ed. Rio de Janeiro: Medsi; 2001.
  • 17. Doyle JJ, Doyle JL. A rapid DNA isolation procedure for small quantities of fresh leaf tissue. Phytochem Bull. 1987;19:11-5.
  • 18. Vannuffel P, Gigi J, Ezzedine H, Vandercam B, Delmee M, Wauters G, Gala JL. Especific detection of methicillin-resistant Staphylococcus species by multiplex PCR. J Clin Microbiol. 1995;33(11):2864-7. Comment in: J Clin Microbiol. 1996;34(6):1599.
  • 19. Spíndola T, Martins ER, Francisco MT. Enfermagem como opção: perfil de graduandos de duas instituições de ensino. Rev Bras Enferm. 2008;61(2):164-9.
  • 20. Onanuga A, Oyi AR, Onaolapo JA. Prevalence and susceptibility pattern of methicillin-resistant Staphylococcus aureus isolates among healthy women in Zaria, Nigeria. Afr J Biotechnol. 2005;4(11):1321-4.
  • 21. Cookson BD, Webster M, Phillips I. Control of epidemic methicillin-resistant Staphylococcus aureus Lancet. 1987;1(8534):696.
  • 22. Sautter RL, Brown WJ, Mattman LH. The use of a selective staphylococcal broth v direct plating for the recovery of Staphylococcus aureus Infect Control Hosp Epidemiol. 1988;9(5):204-5.
  • 23. Paiano M, Bedendo J. Resistência antimicrobiana de amostras de Staphylococcus aureus isoladas de recém-nascidos saudáveis. Rev Eletronica Enferm. 2009;11(4).
  • 24. Mandell GL, Bennett JE, Dolin R. Mandell, Douglas, and Bennett's principles and practice of infectious diseases. 6th ed. Philadelphia: Churchill Livingstone; 2005.
  • 25. Charlebois ED, Bangsberg DR, Moss NJ, Moore MR, Moss AR, Chambers HF, Perdreau-Remington F. Population-based community prevalence of methicillin-resistant Staphylococcus aureus in the urban poor of San Francisco. Clin Infect Dis. 2002;34(4):425-33. Comment in: Clin Infect Dis. 2002;35(9):1135.
  • 26. Doebbeling BN, Breneman DL, Neu HC, Aly R, Yangco BG, Holley HP Jr, et al. Elimination of Staphylococcus aureus nasal carriage in health care workers: analysis of six clinical trials with calcium mupirocin ointment. Clin Infect Dis. 1993;17(3):466-74.
  • Autor Correspondente:
    Suelen Teixeira Faria
    Av. Lucílio de Held, 1000
    Maringá - PR - Brasil CEP. 87033-230
    E-mail:
  • *
    Trabalho realizado na Universidade Estadual de Maringá - UEM- Maringá (PR), Brasil.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      14 Out 2011
    • Data do Fascículo
      2011

    Histórico

    • Recebido
      07 Jan 2010
    • Aceito
      04 Dez 2010
    Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo R. Napoleão de Barros, 754, 04024-002 São Paulo - SP/Brasil, Tel./Fax: (55 11) 5576 4430 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: actapaulista@unifesp.br