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Desafios da produção e divulgação do conhecimento científico da Enfermagem

EDITORIAL

Desafios da produção e divulgação do conhecimento científico da Enfermagem

Maria Helena Palucci Marziale

Prof. Titular da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo. Coordenadora do Portal de Revistas REV@ENF da BVS-Enfermagem.

Nos últimos anos, constatamos por meio dos índices bibliométricos e dos rankings um aumento significativo da produção científica nas áreas de saúde e de Enfermagem, porém, a internacionalização do conhecimento produzido ainda se mostra tímida em países como o Brasil, quando comparada à produção de países anglosaxônicos.

Na Enfermagem, como nas demais áreas do conhecimento, o incremento da produção científica, é atribuído, predominantemente, à expansão dos Programas de Pós-Graduação. Estamos nos referindo a mais de 50 programas reconhecidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), os quais apresentam uma produção de cerca de três mil artigos científicos/ano. No entanto, também merece destaque a produção científica originária dos 535 grupos de pesquisas cadastrados no Diretório de Grupos de Pesquisa do Brasil - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnólogico (CNPq) com o descriptor enfermagem.

Tais indicadores revelam as potencialidades da área, no entanto, muitos autores tem enfrentado problemas para divulgar os resultados de suas pesquisas em revistas internacionais de elevado impacto na comunidade científica o que nos leva a incentivar a todos a refletir sobre o problema, uma vez que, a internacionalizaçao dos resultados dos estudos possibilitam conhecer as diversidades regionais, o avanço da ciência e aplicar os resultados das pesquisas possibilitando a melhoria da qualidade de vida das pessoas e da prática profissional.

Qual é o problema?

Segundo alguns pesquisadores e editores, o padrão que leva a rejeição de artigos nas revistas internacionais é a pobreza na qualidade da ciência e a apresentação/estilo da ciência (1). Os problemas vão desde a reprodutibilidade científica até os associados à qualidade da produção textual. Entre os primeiros, destacam-se a ausência de hipóteses e/ou objetivos claros de investigação; métodos ausentes ou apresentados de maneira vaga; uso vago ou incorreto da análise dos dados; e o uso restrito e inadequado da literatura científica. Entre os outros motivos destacam-se a falta de investimento na qualidade do texto e da redação, a sinalização clara da contribuição que o artigo pode trazer para a literatura internacional (2).

Nos chama a atenção a supremacia dos estudos do tipo descritivo produzido pela enfermagem brasileira em detrimento a outros tipos de pesquisa. Considerando a necessidade de fortes evidências científica na estrutura da prática clínica é preciso ampliar o número de estudos com metodologias mais arrojadas.

Outro aspecto importante é a seleção do periódico.

Onde publicar?

As revistas científicas de maior qualidade editorial publicam artigos oriundos de pesquisas originais inéditas e têm a missão explicita que possibilita ao autor identificar a temática da publicação e o seu público-alvo. Assim, o autor deve levar em conta antes de enviar o seu artigo para uma revista o idioma e o público-alvo de seu artigo e o da revista; o tipo de contribuição ao conhecimento que o seu artigo resulta; a capacidade de generalização dos dados apresentados; além do índice de citações; a velocidade de publicação e o acesso livre da revista (2). Lembramos que a seleção inadequada de um periódico para o envio do artigo pode acarretar prejuízos econômicos e emocionais ao autor.

Assim, o desafio dos pesquisadores da área da Enfermagem é perseguir a excelência produzindo e publicando achados de suas pesquisas em revistas nacionais e internacionais reconhecidas pela comunidade científica apresentando estudos fundamentados em referenciais teóricos e metodológicos robustos e de qualidade que permitam a replicação de método, a generalização dos dados e o avanço da ciência.

O fato de que muitos enfermeiros pesquisadores brasileiros estão rompendo a barreira de publicar internacionalmente mostra que os obstáculos não são intransponíveis e os desafios aqui apresentados nos motivam a planejar novas estratégias individuais e coletivas.

  • 1. Victora CG, Moreira CB. [North-South relations in scientific publications: editorial racism?]. Rev Saude Publica. 2006;40(Spec no):36-42. Portuguese.
  • 2. Albuquerque UP. [Quality of scientific puplications - considerations of an editor at the end of the mandate]. ActaBot Bras. 2009;23(1):292-6.Portuguese.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Jul 2012
  • Data do Fascículo
    2012
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