Acessibilidade / Reportar erro

Validação de mensagens telefônicas para promoção da saúde de pessoas com HIV

Resumo

Objetivo

Avaliar a opinião de experts sobre o conteúdo de mensagens telefônicas para a promoção da saúde de pessoas vivendo com HIV.

Métodos

Estudo de desenvolvimento metodológico direcionado à validação de dez mensagens telefônicas, com participação de 11 experts que avaliaram sua clareza e grau de relevância. O índice de validade de conteúdo relativo a cada mensagem foi calculado e estabeleceu-se uma concordância mínima de 75%.

Resultados

Foram consideradas mensagens claras (79,1%) e muito relevantes (98,2%). O índice de validade de conteúdo geral foi 0,98. Principais alterações sugeridas: inclusão de um questionamento sobre o tema no início de cada mensagem; adequação para uma linguagem mais simples e interativa; substituição de termos específicos e exclusão de palavras ou expressões relacionadas ao HIV.

Conclusão

Os experts consideraram as mensagens claras e relevantes para a promoção da saúde das pessoas vivendo com HIV.

HIV; Mensagem de texto; Comunicação; Promoção da saúde; Estudos de validação

Abstract

Objective

To evaluate the opinion of experts about the content of phone messages to promote health in people with HIV.

Methods

Methodological development study to validate 10 phone messages, with participation of 11 experts that assessed their clarity and relevance. The content validity index of each phone message was calculated and a minimum concordance of 75% was established.

Results

The messages were considered clear (79.1%) and very relevant (98.2%). The general content validity index was 0.98. Main suggested alterations: inclusion of a series of short questions about the subject at the beginning of every message; adjustment to a simpler and more interactive language; replacement of specific terms and exclusion of words or expressions related to HIV.

Conclusion

The experts considered the messages clear and relevant to promote health in people with HIV.

HIV; Text messaging; Communication; Health promotion; Validation studies

Introdução

Diante do estigma associado à infecção, das repercussões emocionais associadas ao viver com o vírus e do incipiente apoio social recebido após o diagnóstico,11. Galvão MT, Soares LL, Pedrosa SC, Fiuza ML, Lemos LA. Qualidade de vida e adesão à medicação antirretroviral em pessoas com HIV. Acta Paul Enferm. 2015; 28(1):48-53. torna-se um desafio promover a saúde das pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA). Para o alcance de resultados efetivos na prática clínica, a equipe de saúde necessita de ferramentas que possam estreitar vínculos e potencializar a educação em saúde, com o objetivo de preservar a autonomia e oferecer recursos para gestão adequada do estado de saúde.22. Deeks SG, Lewin SR, Havlir DV. The end of aids: HIV infection as a chronic disease. Lancet. 2013; 382 (9903):1525-32.

A utilização de tecnologias de informação e comunicação direcionadas à promoção da saúde PVHA é considerada promissora, por possibilitar o apoio ao autocuidado, o estímulo à adoção de hábitos saudáveis, a troca de informações e o suporte emocional. Dentre essas tecnologias, destaca-se o telefone, o qual pode ser utilizado para realização de ligações e envio de mensagens, com eficácia comprovada sobre a adesão ao tratamento e bom custo-benefício.33. Lima IC, Galvão MT, Alexandre HO, Lima FE, Araujo TL. Information and communication technologies for adherence to antiretroviral treatment in adults with HIV/AIDS. Int J Med Inform. 2016; 92:54-61.

As mensagens de texto com ênfase na educação em saúde apresentam vantagens quando comparadas às ligações, pois podem ser lidas rapidamente, a qualquer momento e em qualquer lugar, não exigindo grandes esforços por parte dos clientes e dos profissionais responsáveis pelo envio.44. Thomas K, Linderoth C, Bendtsen M, Bendtsen P, Müssener U. Text message-based intervention targeting alcohol consumption among university students: findings from a formative development study. JMIR Mhealth Uhealth. 2016;4(4):e119. As evidências apontam para o uso positivo do Short Message Service (SMS) para envio de mensagens de texto com o intuito demotivar hábitos saudáveisentre clientes com condições crônicas.55. Mendez RD, Rodrigues RC, Spana TM, Cornélio ME, Gallani MC, Pérez-Nebra AR. Validation of persuasive messages for the promotion of physical activity among people with coronary heart disease. Rev Lat Am Enfermagem. 2012; 20(6):1015-23.

6. Yazdanshenas H, Bazargan M, Jones L, Vawer M, Seto TB, Farooq S, et al. Engaging gatekeeper-stakeholders in development of a mobile health intervention to improve medication adherence among african american and pacific islander elderly patients with hypertension. JMIR mHealth uHealth. 2016; 4(4):e116.

7. Chow CK, Islam SM, Farmer A, Bobrow K, Maddision R, Whittaker R, et al. Text2PreventCVD: protocol for a systematic review and individual participant data meta-analysis of text message-based interventions for the prevention of cardiovascular diseases. BMJ Open. 2016; 6:e012723.
-88. Quintiliani LM, Mann DM, Puputti M, Quinn E, Bowen DJ. Pilot and feasibility test of a mobile health-supported behavioral counseling intervention for weight management among breast cancer survivors. JMIR Cancer. 2016; 2(1):e4.

Com o advento da expansão do uso da internet, os aplicativos de smartphone, a exemplo do WhatsApp Messenger têm potencializado a comunicação instantânea entre cliente e profissional, e a educação em saúde a partir de uma variedade de recursos de interação,99. Veneroni L, Ferrari A, Acerra S, Massimino M, Clerici CA. Considerations on the use of WhatsApp in physician-patient communication and relationship. Recenti Prog Med. 2015; 106(7): 331-6. ampliado as possibilidades de uso das mensagens de texto na saúde.

A utilização de tecnologias para promoção da saúde de PVHA é imprescindível para melhorar o sistema imune, prevenir comorbidades, promover a qualidade de vida e a adesão ao tratamento. No entanto, devem ser adequadamente desenvolvidas e validadas para assegurar sua eficácia e aceitação junto ao público-alvo.1010. Benevides JL, Coutinho JFV, Pascoal LC, Joventino ES, Martins MC, Gubert FA, et al. Development and validation of educational technology for venous ulcer care. Rev Esc Enferm USP. 2016;50(2):306-12.Estudos com esse enfoque poderão oferecer aos profissionais e pesquisadores subsídios para ampliação do acesso às ações de educação em saúde no contexto dessa importante condição crônica.

Nesse sentido, objetivou-se avaliar a opinião de experts sobre o conteúdo de mensagens telefônicas para a promoção da saúde de pessoas vivendo com HIV.

Métodos

Trata-se de um estudo de desenvolvimento metodológico, realizado em agosto de 2016, com participação de 11 experts. Esse termo se refere ao profissional que reúne alto grau de conhecimentos e habilidades na prática clínica, no ensino ou na pesquisa, sendo reconhecido no seu campo de atuação.1111. Jasper MA. Expert: a discussion of the implications of the concept as used in nursing. J Adv Nurs. 1994; 20(4):769-76. O presente estudo constituiu a etapa inicial de uma pesquisa experimental com o objetivo de avaliar os efeitos de mensagens telefônicas enviadas via whatsapp na promoção da saúde de pessoas vivendo com HIV/Aids.

As mensagens telefônicas foram criadas a partir das diretrizes descritas em manuais nacionais sobre a assistência às PVHA1212. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST/Aids. Alimentação e nutrição para pessoas que vivem com HIV e Aids. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2006.

13. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Guia para o cuidador domiciliar de pessoas que vivem com HIV/Aids. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2010.

14. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Recomendações para a prática de atividades físicas para pessoas vivendo com HIV e aids. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2012.
-1515. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites virais. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para manejo da infecção pelo HIV em adultos. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2015.e envolveram as seguintes temáticas: adesão à terapia antirretroviral; atividade física; apoio social; autoestima; ansiedade e depressão; hábitos alimentares; comportamento preventivo e sexualidade. Também foram avaliadas duas mensagens adicionais, uma relativa à apresentação do acompanhamento telefônico e outra, a sua finalização.

Houve seleção de experts mediante amostragem por conveniência e intencional que apresentaram dois ou mais dos seguintes critérios de inclusão: possuir título de mestre ou doutor na área da saúde; ter trabalho publicado sobre cuidados às PVHA; participar de grupo/projetos de pesquisa sobre essa temática; ser docente em cursos da área da saúde sobre a assistência às PVHA e ter experiência profissional em hospitais ou ambulatórios de referência em HIV/Aids.

A triagem dos possíveis participantes foi realizada a partir da Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, sendo obtidos um total de 13 experts. Após convite realizado por meio de contato telefônico e/ou via correio eletrônico, 11 experts manifestaram interesse em contribuir com a validação. A seguir, receberam via correio eletrônico o termo de consentimento livre e esclarecido, o formulário de caracterização dos experts, as mensagens telefônicas e o instrumento de avaliação, sendo estipulado um prazo de 15 dias para entrega da avaliação.

O instrumento de avaliação investigou a percepção do expert quanto à clareza e o grau de relevância das mensagens. A clareza foi avaliada a partir de itens dicotômicos, do tipo sim ou não e o grau de relevância foi analisado por meio de uma escala de likert com as opções: irrelevante, pouco relevante e muito relevante. No instrumento havia espaço para inclusão de considerações adicionais e sugestões.

As informações do instrumento de avaliação foram organizadas no Excel for Windows e analisados a partir do Índice de Validade de Conteúdo (IVC), que consiste na mensuração da proporção de experts que estão em concordância sobre a avaliação das mensagens.1616. Alexandre NM, Coluci MZ. Content validity in the development and adaptation processes of measurement instruments. Ciênc Saude Coletiva. 2011;16(7):3061-8. O IVC foi calculado a partir de três equações matemáticas: O S-CVI/Ave (média dos índices de validação de conteúdo para todas mensagens), S-CVI/UA (proporção de itens de avaliados que atinge escores 3 - muito relevante, por todos os experts) e o I-CVI (validade de conteúdo dos itens individuais).1717. Polit D, Beck CT. The Content Validity Index: are you sure you know what’s being reported? Critique and recommendations. Res Nurs Health. 2006;29(5):489-97. Foi estabelecido como padrão o IVC de 0,90 para estabelecer a excelência da validade de conteúdo das mensagens.1818. Polit DF, Beck CT. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: avaliação de evidências para a prática de enfermagem. Porto Alegre: Artmed; 2011.

Além disso, foi avaliada a porcentagem de concordância geral dos experts em relação à clareza das mensagens a partir da fórmula: número de itens com resposta sim divido pelo número total de itens avaliados, multiplicando-se o resultado por 100. Foi atribuída uma taxa de concordância mínima de 75%.1616. Alexandre NM, Coluci MZ. Content validity in the development and adaptation processes of measurement instruments. Ciênc Saude Coletiva. 2011;16(7):3061-8.

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará, parecer número 1.482.508.

Resultados

No tocante à caracterização dos experts, todos eram do sexo feminino e tinham idade entre 26 e 57 anos (média: 38,1), sendo dez enfermeiras e uma médica. Com relação ao tempo de formação, variou de quatro a 32 anos (média: 14,8). Quanto à titulação, quatro eram mestres, seis eram doutores e um era pós-doutor. Todos tinham experiência em grupos de pesquisa, sete possuíam aproximadamente dez anos de experiência docente e oito tinham em média 11,6 anos de experiência clínica no cuidado às pessoas com HIV.

A tabela 1 apresenta as mensagens telefônicas e a avaliação dos experts quanto à clareza de cada mensagem. Metade das mensagens teve percentual de concordância acima de 75%, porém a mensagem que abordou o tema ansiedade e depressão apresentou avaliação mais baixa (63,6%). Todas as mensagens com concordância menor que 75% foram alteradas conforme sugestão dos experts. Ressalta-se que no início de cada mensagem havia a seguinte saudação: “Oi, Bom dia/Boa tarde/Boa noite!”. As mensagens de texto possuíram uma média de 298 caracteres.

Tabela 1
Avaliação dos experts quanto à clareza de cada uma das mensagens telefônicas - Fortaleza, CE, Brasil, 2016

A porcentagem concordância geral dos experts em relação à clareza das mensagens constatou que 79,1% dos experts consideraram as informações das mensagens claras. Com relação ao grau de relevância, a maioria dos experts (98,2%) considerou os temas abordados como muito relevantes para promoção da saúde de PVHA. A avaliação do IVC relativo ao grau de relevância revelou um I-CVI acima de 0,90 na maioria das mensagens, S-CVI/Ave de 0,98 e S-CVI/UA de 0,80 (Tabela 2).

Tabela 2
Avaliação dos experts quanto ao grau de relevância de cada uma das mensagens telefônicas

As principais alterações realizadas foram a inclusão de um questionamento sobre o tema no início de algumas mensagens, a adequação das mensagens para uma linguagem mais simples e interativa, com substituição de termos específicos da área da saúde como, por exemplo,“medicamento” por“remédio”. Outra recomendação foi a exclusão de palavras ou expressões que pudessem remeter à infecção pelo HIV, tais como “número de vírus”, “imunidade” e “células de defesa” (Quadro 1).

Quadro 1
Descrição das mensagens telefônicas após a validação dos experts

Discussão

As mensagens telefônicas são uma forma de incentivo à adoção e fortalecimento de um estilo saudável em pessoas com condições crônicas,77. Chow CK, Islam SM, Farmer A, Bobrow K, Maddision R, Whittaker R, et al. Text2PreventCVD: protocol for a systematic review and individual participant data meta-analysis of text message-based interventions for the prevention of cardiovascular diseases. BMJ Open. 2016; 6:e012723. a exemplo da infecção pelo HIV/Aids, pois permitem ampliar seus conhecimentos e encorajar hábitos saudáveis.1919. Flickinger TE, DeBolt C, Waldman AL, Reynolds G, Cohn WF, Beach MC, Ingersoll K, Dillingham R. Social support in a virtual community: analysis of a clinic-affiliated online support group for persons living with HIV/AIDS. AIDS Behav. 2016. [Epub ahead of print].,2020. Alexandre HO, Galvão MT, Lima IC, Guedes DS, Pedrosa SC, Cunha GH, Cavalcante EF. Perceptions that people newly diagnosed with hiv have on health. Int Arch Med. 2016; 9(130):1-6.O seu uso pode auxiliar o cliente a fazer escolhas para cuidar da saúde mental e física, a ter uma visão positiva da vida e a evitar comportamentos de risco.88. Quintiliani LM, Mann DM, Puputti M, Quinn E, Bowen DJ. Pilot and feasibility test of a mobile health-supported behavioral counseling intervention for weight management among breast cancer survivors. JMIR Cancer. 2016; 2(1):e4.

De acordo com a avaliação dos experts, os temas das mensagens foram considerados muito relevantes para a promoção da saúde de PVHA indo ao encontro das diretrizes nacionais que orientam a assistência a esse público.1515. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites virais. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para manejo da infecção pelo HIV em adultos. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2015. Em consonância, um estudo realizado com pessoas recém-diagnosticadas demonstrou que a maioria dos participantes considerou importante manter um equilíbrio físico, mental e comportamentalpara ter uma vida saudável. Houve preocupação com os hábitos de saúde após a descoberta da infecção, como diminuição do consumo de bebidas alcoólicas e cigarro, uso do preservativo, além da busca por uma alimentação saudável e prática de atividade física.1616. Alexandre NM, Coluci MZ. Content validity in the development and adaptation processes of measurement instruments. Ciênc Saude Coletiva. 2011;16(7):3061-8.

Um cuidado importante durante a construção das mensagens direcionadas à promoção da saúde de PVHA foi dar ênfase aos benefícios (gain-framed) dos comportamentos saudáveis ao invés de focar nos riscos da não adoção de um comportamento alvo, recomendação avaliada como eficaz para o incentivo à prática de atividade física em um estudo com clientes acometidos por doença arterial coronária.55. Mendez RD, Rodrigues RC, Spana TM, Cornélio ME, Gallani MC, Pérez-Nebra AR. Validation of persuasive messages for the promotion of physical activity among people with coronary heart disease. Rev Lat Am Enfermagem. 2012; 20(6):1015-23.

Outra questão foi o uso de uma linguagem que motivasse o empoderamento e a liberdade de escolha, não instigando o autoritarismo. A preservação da autonomia é um fato imprescindível no processo de educação em saúde e evidências demonstram que as recomendações sobre estilo de vida saudável são mais efetivas quando estimulam a tomada de decisão a partir de argumentos que preservam a liberdade dos envolvidos.2121. Bigi S. Communication skills for patient engagement: argumentation competencies as means to prevent or limit reactance arousal, with an example from the italian healthcare system. Front Psychol. 2016; 7 (1472):1-7.

Não houve menção por parte dos especialistas em relação ao número de caracteres das mensagens de texto. O número de caracteres recomendado para mensagens enviadas pelo sistema Short Message Service (SMS) é 160.2222. Zurovac D, Sudoi RK, Akhwale WS, Ndiritu M, Hamer DH, Rowe AK, et al. The effect of mobile phone text-message reminders on Kenyan health workers’ adherence to malaria treatment guidelines: a cluster randomised trial. Lancet. 2011;378(9793):795-803. No entanto, como a proposta é enviar essas mensagens pelo aplicativo Whatsapp, não há evidências que indiquem o número adequado de caracteres. Desse modo, a realização de futuros estudos poderá avaliar essa questão.

No presente estudo, os experts sugeriram ainda adequações na linguagem das informações das mensagens, de maneira a torná-las mais diretas e acessíveis para favorecer a compreensão das informações, a partir da substituição de termos técnicos. De modo semelhante, uma pesquisa realizada com idosos hipertensos demonstrou o interesse em receber mensagens telefônicas objetivas e simples que estimulassem a adesão ao tratamento.66. Yazdanshenas H, Bazargan M, Jones L, Vawer M, Seto TB, Farooq S, et al. Engaging gatekeeper-stakeholders in development of a mobile health intervention to improve medication adherence among african american and pacific islander elderly patients with hypertension. JMIR mHealth uHealth. 2016; 4(4):e116.

Em relação a esse fato, ressalta-se que a comunicação eficaz entre cliente e profissional é um aspecto central na assistência em saúde. Para tanto, faz-se necessário fornecer informações a partir de uma linguagem adequada ao nível educacional e cultural do cliente.1010. Benevides JL, Coutinho JFV, Pascoal LC, Joventino ES, Martins MC, Gubert FA, et al. Development and validation of educational technology for venous ulcer care. Rev Esc Enferm USP. 2016;50(2):306-12. Nesse sentido, a substituição de termos técnicos pode favorecer a compreensão das mensagens e tornar as informações mais atrativas.

A sugestão dos experts em excluir palavras ou expressões que pudessem remeter à infecção pelo HIV foi considerada imprescindível para assegurar e resguardar o sigilo em relação ao diagnóstico dos futuros participantes da pesquisa.2323. Paula CC, Clarissa B, Zanon BP, Brum CN, Padoin SM. Ética na pesquisa com adolescentes que vivem com HIV/Aids. Rev Bioét. 2015; 23(1):161-8. Esse cuidado se relaciona ao princípio da não maleficência, ou seja, a intenção de não causar mal e/ou danos aos participantes da pesquisa.2424. Brasil. Ministério da Saúde. Resolução N° 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde. Brasília (DF): Conselho Nacional de Saúde; 2016.

Ademais, o medo da revelação do status sorológico é um aspecto que afeta a qualidade de vida das pessoas com HIV,11. Galvão MT, Soares LL, Pedrosa SC, Fiuza ML, Lemos LA. Qualidade de vida e adesão à medicação antirretroviral em pessoas com HIV. Acta Paul Enferm. 2015; 28(1):48-53. por isso, a preservação do sigilo em relação ao diagnóstico deve ser considerada como prioritária nas intervenções telefônicas destinadas à promoção da saúde junto a este público-alvo.33. Lima IC, Galvão MT, Alexandre HO, Lima FE, Araujo TL. Information and communication technologies for adherence to antiretroviral treatment in adults with HIV/AIDS. Int J Med Inform. 2016; 92:54-61.

Conclusão

De uma forma geral, os experts consideraram as mensagens telefônicas claras e relevantes para a promoção da saúde de PVHA, sendo o IVC total das mensagens 0,98. Alguns experts sugeriram alterações na linguagem, de maneira a oferecer mais clareza e objetividade às informações. Esse estudo ofereceu um conjunto de mensagens validadas por experts que podem ser replicadas em outras pesquisas e na assistência às PVHA nos serviços de atenção especializada. Como limitações, considerou-se a não participação de experts de outras categorias profissionais e a ausência de validação das mensagens junto ao público-alvo. Uma pesquisa futura com uso das mensagens validadas poderá suscitar a necessidade de novas adaptações.

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CNPq; bolsa de doutorado).

Referências

  • 1
    Galvão MT, Soares LL, Pedrosa SC, Fiuza ML, Lemos LA. Qualidade de vida e adesão à medicação antirretroviral em pessoas com HIV. Acta Paul Enferm. 2015; 28(1):48-53.
  • 2
    Deeks SG, Lewin SR, Havlir DV. The end of aids: HIV infection as a chronic disease. Lancet. 2013; 382 (9903):1525-32.
  • 3
    Lima IC, Galvão MT, Alexandre HO, Lima FE, Araujo TL. Information and communication technologies for adherence to antiretroviral treatment in adults with HIV/AIDS. Int J Med Inform. 2016; 92:54-61.
  • 4
    Thomas K, Linderoth C, Bendtsen M, Bendtsen P, Müssener U. Text message-based intervention targeting alcohol consumption among university students: findings from a formative development study. JMIR Mhealth Uhealth. 2016;4(4):e119.
  • 5
    Mendez RD, Rodrigues RC, Spana TM, Cornélio ME, Gallani MC, Pérez-Nebra AR. Validation of persuasive messages for the promotion of physical activity among people with coronary heart disease. Rev Lat Am Enfermagem. 2012; 20(6):1015-23.
  • 6
    Yazdanshenas H, Bazargan M, Jones L, Vawer M, Seto TB, Farooq S, et al. Engaging gatekeeper-stakeholders in development of a mobile health intervention to improve medication adherence among african american and pacific islander elderly patients with hypertension. JMIR mHealth uHealth. 2016; 4(4):e116.
  • 7
    Chow CK, Islam SM, Farmer A, Bobrow K, Maddision R, Whittaker R, et al. Text2PreventCVD: protocol for a systematic review and individual participant data meta-analysis of text message-based interventions for the prevention of cardiovascular diseases. BMJ Open. 2016; 6:e012723.
  • 8
    Quintiliani LM, Mann DM, Puputti M, Quinn E, Bowen DJ. Pilot and feasibility test of a mobile health-supported behavioral counseling intervention for weight management among breast cancer survivors. JMIR Cancer. 2016; 2(1):e4.
  • 9
    Veneroni L, Ferrari A, Acerra S, Massimino M, Clerici CA. Considerations on the use of WhatsApp in physician-patient communication and relationship. Recenti Prog Med. 2015; 106(7): 331-6.
  • 10
    Benevides JL, Coutinho JFV, Pascoal LC, Joventino ES, Martins MC, Gubert FA, et al. Development and validation of educational technology for venous ulcer care. Rev Esc Enferm USP. 2016;50(2):306-12.
  • 11
    Jasper MA. Expert: a discussion of the implications of the concept as used in nursing. J Adv Nurs. 1994; 20(4):769-76.
  • 12
    Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST/Aids. Alimentação e nutrição para pessoas que vivem com HIV e Aids. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2006.
  • 13
    Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Guia para o cuidador domiciliar de pessoas que vivem com HIV/Aids. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2010.
  • 14
    Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Recomendações para a prática de atividades físicas para pessoas vivendo com HIV e aids. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2012.
  • 15
    Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites virais. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para manejo da infecção pelo HIV em adultos. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2015.
  • 16
    Alexandre NM, Coluci MZ. Content validity in the development and adaptation processes of measurement instruments. Ciênc Saude Coletiva. 2011;16(7):3061-8.
  • 17
    Polit D, Beck CT. The Content Validity Index: are you sure you know what’s being reported? Critique and recommendations. Res Nurs Health. 2006;29(5):489-97.
  • 18
    Polit DF, Beck CT. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: avaliação de evidências para a prática de enfermagem. Porto Alegre: Artmed; 2011.
  • 19
    Flickinger TE, DeBolt C, Waldman AL, Reynolds G, Cohn WF, Beach MC, Ingersoll K, Dillingham R. Social support in a virtual community: analysis of a clinic-affiliated online support group for persons living with HIV/AIDS. AIDS Behav. 2016. [Epub ahead of print].
  • 20
    Alexandre HO, Galvão MT, Lima IC, Guedes DS, Pedrosa SC, Cunha GH, Cavalcante EF. Perceptions that people newly diagnosed with hiv have on health. Int Arch Med. 2016; 9(130):1-6.
  • 21
    Bigi S. Communication skills for patient engagement: argumentation competencies as means to prevent or limit reactance arousal, with an example from the italian healthcare system. Front Psychol. 2016; 7 (1472):1-7.
  • 22
    Zurovac D, Sudoi RK, Akhwale WS, Ndiritu M, Hamer DH, Rowe AK, et al. The effect of mobile phone text-message reminders on Kenyan health workers’ adherence to malaria treatment guidelines: a cluster randomised trial. Lancet. 2011;378(9793):795-803.
  • 23
    Paula CC, Clarissa B, Zanon BP, Brum CN, Padoin SM. Ética na pesquisa com adolescentes que vivem com HIV/Aids. Rev Bioét. 2015; 23(1):161-8.
  • 24
    Brasil. Ministério da Saúde. Resolução N° 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde. Brasília (DF): Conselho Nacional de Saúde; 2016.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Jun 2017

Histórico

  • Recebido
    16 Dez 2016
  • Aceito
    5 Jun 2017
Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo R. Napoleão de Barros, 754, 04024-002 São Paulo - SP/Brasil, Tel./Fax: (55 11) 5576 4430 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: actapaulista@unifesp.br