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Diagnósticos e intervenções de enfermagem para a pessoa com úlcera venosa

Diagnóstico e intervenciones de enfermería para la persona con úlcera venosa

Resumo

Objetivo

Elaborar e validar o Subconjunto terminológico CIPE® para o cuidado à pessoa com úlcera venosa, orientado pela teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Aguiar Horta.

Métodos

Estudo metodológico para elaboração de subconjuntos terminológicos da CIPE®. Inicialmente, fez-se uma revisão integrativa, buscando evidências para a prática de enfermagem à pessoa com úlcera venosa dispostas na literatura, a fim de responder à seguinte pergunta: Quais as evidências empíricas apresentadas na pessoa com úlcera venosa? As bases acessadas foram o Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e a Literatura Latino-Americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (LILACS), e também a Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL). Utilizaram-se os seguintes critérios de inclusão: ter resumo disponível nos idiomas português, inglês ou espanhol; e publicados entre 2012 e 2016. Como critérios de exclusão: relatos de casos, teses, monografias, manuais e trabalhos que não apresentavam manifestações clínicas da úlcera venosa.

Resultados

84 diagnósticos, resultados de enfermagem e 306 intervenções foram validados por um grupo de juízes enfermeiros, expertises em tratamento de úlcera venosa. Dos diagnósticos elaborados, 62 são constantes na CIPE® e 23 são novos diagnósticos, não constantes.

Conclusão

A CIPE® evidenciou-se como uma taxonomia que pode ser compatível e aplicável à clínica do enfermeiro, com potencial para a organização do processo de trabalho, seja no âmbito ambulatorial ou hospitalar.

Terminologia padronizada em Enfermagem; Diagnóstico de enfermagem; Processo de enfermagem; Classificação; Úlcera varicosa/classificação

Resumen

Objetivo

Elaborar y validar el Subconjunto terminológico CIPE® para el cuidado de la persona con úlcera venosa, orientado por la teoría de las Necesidades Humanas Básicas de Wanda Aguiar Horta.

Métodos

Estudio metodológico para elaboración de subconjuntos terminológicos de CIPE®. Inicialmente, se realizó revisión integrativa, buscando evidencias de la práctica de enfermería a la persona con úlcera venosa dispuestas en la literatura, para responder la pregunta: ¿Cuáles son las evidencias empíricas presentadas en la persona con úlcera venosa? Se buscó en las bases Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Literatura Latinoamericana y del Caribe en Ciencias de la Salud (LILACS) y Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL). Se utilizaron los siguientes criterios de inclusión: contar con resumen disponible en portugués, inglés o español; y publicación entre 2012 y 2016. Como criterios de exclusión: relatos de casos, tesis, monografías, manuales y trabajos que no expresaban manifestaciones clínicas de la úlcera venosa.

Resultados

84 diagnósticos, resultados de enfermería y 306 intervenciones fueron validadas por un grupo de expertos enfermeros, especializados en tratamiento de úlcera venosa. De los diagnósticos elaborados, 62 constan en la CIPE® y 23 son nuevos.

Conclusión

La CIPE® se evidenció como taxonomía compatible y aplicable a la clínica del enfermero, con potencial para organización del proceso de trabajo, tanto en el ámbito ambulatorio como hospitalario.

Terminología normalizada de enfermería; Diagnóstico de enfermería; Proceso de enfermería; Clasifi cación; Úlcera varicosa/ clasifi cación

Abstract

Objective

To develop and validate the terminological subset of ICNP® for the care of people with venous ulcer guided by Wanda Aguiar Horta’s theory of Basic Human Needs.

Methods

Methodological study for the development terminological subsets of ICNP®. Initially, was conducted an integrative review in order to search for evidence in the literature for the nursing practice to people with venous ulcer, and answer the following question: What are the empirical evidences found in the person with venous ulcer? The accessed databases were the Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), the Latin American and Caribbean Literature on Health Sciences Information (LILACS), and the Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL). Inclusion criteria were the following: abstracts available in Portuguese, English or Spanish; and published between 2012 and 2016. Exclusion criteria were case reports, theses, monographs, manuals and papers that did not present clinical manifestations of venous ulcer.

Results

A group of nurse judges experienced in the treatment of venous ulcer validated 84 nursing diagnoses and outcomes, and 306 interventions. Of the diagnoses developed, 62 are included in ICNP® and 23 are new diagnoses, not included.

Conclusion

The ICNP® has proved to be a taxonomy that can be compatible and applicable to nurses’ clinic with potential for organization of the work process, whether in the outpatient or hospital setting.

Standardized nursing terminology; Nursing diagnosis; Nursing process; Varicose ulcer/classification

Introdução

As úlceras venosas se constituem como um grave problema de saúde pública, já que causam incapacidade, sofrimento, isolamento social e serem de alto custo, tanto por consumirem recursos para o cuidado, quanto por causarem prejuízos à qualidade de vida.(11. Green J, Jester R, McKinley R, Pooler A. The impact of chronic venous leg ulcers: a systematic review. J Wound Care. 2014;23(12):601–12.,22. Torres G de V, Balduino LSC, Costa IKF, Mendes FRP, Vasconcelos QLD de AQ de. Comparação dos domínios da qualidade de vida de clientes com úlcera venosa. Rev Enferm UERJ. 2014; 22(1):57–64.) Ainda, os tratamentos são longos e apresentam recidiva de 70%.(33. Araújo RO, Silva DC, Souto RQ, Pergola-Marconato AM, Fernandes Costa IK, Torres GV. Impacto de úlceras venosas na qualidade de vida de indivíduos atendidos na atenção primária. Aquichan. 2016;16(1):56–66.) Possuem prevalência na população mundial em torno de 1% a 1,5%(44. O’Donnell TF, Passman MA, Marston WA, Ennis WJ, Dalsing M, Kistner RL, et al. Management of venous leg ulcers: Clinical practice guidelines of the Society for Vascular Surgery® and the American Venous Forum. J Vasc Surg. 2014;60(2):3S – 59S.,55. Oliveira SB, Pires PS, Soares DA. Prevalência de úlceras venosas e fatores associados entre adultos de um centro de saúde de Vitória da Conquista, BA. Rev Pesqui Cuid Fundam Online. 2015;7(3):2659–69.) e no Brasil acometem aproximadamente 3% da população.(66. Torres SM, Monteiro VG, Salvetti MD, Melo GD, Torres GD, Maia EM. Sociodemographic, clinic and health characterization of people with venous ulcers attended at the family health strategy. Rev Pesqui Cuid Fundam Online. 2014;6(5):50.)

A conduta do profissional é fundamental para evolução ou não da ferida, sendo que as escolhas dos cuidados ofertados podem contribuir para a melhora ou piora do quadro clínico.(77. Oliveira BG, Castro JB, Ganjeiro JM. Panorama epidemiológico e clínico de pacientes com feridas crônicas tratados em ambulatório. Rev Enferm UERJ. 2013; 21(1): 612–7.) A enfermagem, desde a sua concepção, tem na sua prática rotineira o cuidado a pessoas com feridas. E, na busca por qualificar essa assistência prestada, deve-se utilizar o processo de enfermagem como instrumento metodológico e sistemático para a prestação do cuidado às pessoas com úlcera venosa.(88. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN no 358/2009, de 15 de outubro de 2009 [Internet]. COFEN; 2009.[citado 2018 Maio 22]. Disponível em: htt://site.portalcofen.gov.br/node/4384
htt://site.portalcofen.gov.br/node/4384...
)

Para a implementação do processo de enfermagem, faz-se necessária a utilização de sistemas de classificação que auxiliem na identificação de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem e, dentre as taxonomias, a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®) mostra-se apropriada, principalmente quando direcionada a uma população ou prioridade de saúde específica, representada pelos subconjuntos terminológicos.(99. Araújo AA, Nóbrega MM, Garcia TR. Diagnósticos e intervenções de enfermagem para pacientes portadores de insuficiência cardíaca congestiva utilizando a CIPE®. Rev Esc Enferm USP. 2013;47(2):385-92.)

Os subconjuntos são conjuntos de enunciados de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem direcionados a determinadas condições de saúde, especialidades ou contextos de cuidados, ou ainda fenômenos de enfermagem, objetivando facilitar a documentação da prática e simplificar o uso da classificação CIPE®.(1010. International Council of Nurses (ICN). Guidelines for ICNP® Catalogue Development: International Classification for Nursing Practice Program. Geneva: ICN; 2008.) Faz-se crescente a necessidade de desenvolvimento de subconjuntos terminológicos e até o momento foram publicados sete subconjuntos, no entanto, ainda não existe um que seja direcionado à pessoa com úlcera venosa.

A abordagem aos pacientes com úlcera venosa precisa ser holística e integral, já que a etiologia é complexa, com vários fatores associados e que interferem diretamente na qualidade de vida dessas pessoas.(33. Araújo RO, Silva DC, Souto RQ, Pergola-Marconato AM, Fernandes Costa IK, Torres GV. Impacto de úlceras venosas na qualidade de vida de indivíduos atendidos na atenção primária. Aquichan. 2016;16(1):56–66.,66. Torres SM, Monteiro VG, Salvetti MD, Melo GD, Torres GD, Maia EM. Sociodemographic, clinic and health characterization of people with venous ulcers attended at the family health strategy. Rev Pesqui Cuid Fundam Online. 2014;6(5):50.) Nessa perspectiva, a Teoria das Necessidades Humanas Básicas, de Wanda Aguiar Horta, apresenta-se como adequada enquanto aporte teórico na organização do cuidado de enfermagem à pessoa com úlcera venosa, pois para a teoria, a enfermagem respeita e mantém a unicidade, autenticidade e individualidade do ser humano.(1111. Horta WA. Processo de enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011.)

Justifica-se, portanto, a relevância do presente estudo, com o objetivo de elaborar e validar o subconjunto terminológico CIPE®, para o cuidado à pessoa com úlcera venosa, orientado pela teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Aguiar Horta.

Métodos

Estudo metodológico que se baseou no método de Nobrega et al(1212. Carvalho CM, Cubas MR, Nóbrega MM. Método brasileiro para desenvolvimento de subconjuntos terminológicos da CIPE®: limites e potencialidades. Rev Bras Enferm. 2017;70(2):449–54.) para elaboração de subconjuntos terminológicos da CIPE®. Inicialmente, fez-se uma revisão integrativa, buscando evidências para a prática de enfermagem à pessoa com úlcera venosa dispostas na literatura, a fim de responder à seguinte pergunta: Quais as evidências empíricas apresentadas na pessoa com úlcera venosa?

As bases acessadas foram o Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e a Literatura Latino-Americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (LILACS), e também a Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL).

A busca foi realizada no portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior utilizando os Descritores em Ciência da Saúde (DeCS), cruzando-os de dois em dois por meio do operador booleano AND, a seguir: “Úlcera Varicosa” e “Enfermagem”, em inglês: “Varicose Ulcer”, “Nursing”, e em espanhol: “Úlcera Varicosa”, “Enfermería”. Para a busca na CINAHL foram utilizados os termos do “Medical Subject Headings” (MESH): “Varicose Ulcer”, “Nursing”. Utilizaram-se os seguintes critérios de inclusão: ter resumo disponível nos idiomas português, inglês ou espanhol; e publicados entre 2012 e 2016. Como critérios de exclusão: relatos de casos, teses, monografias, manuais e trabalhos que não apresentavam manifestações clínicas da úlcera venosa.

As buscas e análises dos títulos e resumos foram realizadas por dois pesquisadores. Após a seleção, os artigos foram lidos pelos dois pesquisadores, fato que permitiu a extração manual das evidências empíricas. Essa listagem inicial passou por um processo de análise, agrupamento e normatização por três pesquisadores, resultando em 88 evidências.

Na etapa seguinte do estudo, iniciou-se a construção dos enunciados de diagnóstico e resultados de enfermagem através do cruzamento das evidências empíricas, com os termos da CIPE®, versão 2015. Para cada evidência empírica, selecionou-se um termo constante do eixo Foco e um termo do eixo Julgamento, com a inclusão de termos adicionais quando necessário, resultando em 73 diagnósticos e resultados. Foram criados 23 novos diagnósticos e resultados de enfermagem, por não constarem na CIPE®, versão 2015. Também foi considerada a norma ISO 18.104:2014 - Informática em saúde: estruturas categoriais para representação de diagnósticos de enfermagem e ações de enfermagem em sistemas terminológicos, na qual um diagnóstico pode ser expresso por foco mais de julgamento ou um achado clínico.(1313. International Oranization for Standardization (ISO). Health Informatics: Categorial tructures for representation of nursing diagnoses and nursing actions in terminological systems (ISO/FDIS 18104: 2014). Geneva: ISO; 2014. [cited 2018 May 28]. Available from: <http://www.iso.org/iso/iso_catalogue/catalogue_tc/catalogue_detail.htm?csnumber=59431. Acesso em novembro de 2015.
http://www.iso.org/iso/iso_catalogue/cat...
) Nessa mesma etapa, foram construídas as definições operacionais para cada diagnóstico, utilizando-se as definições da CIPE® para os termos constantes e de artigos científicos, manuais, livros-texto da Enfermagem e dicionários para os não constantes. Para esta construção, utilizou-se a definição canônica, quando forma-se pelo “termo que representa o objeto” + verbo ser + “artigo definido ou indefinido” + “classe a que pertence o objeto” + “características da espécie”.(1414. Garcia TR. Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®): versão 2015. Porto Alegre: Artmed; 2016. 340 p.)

Para cada diagnóstico, foi elaborado um bloco de enunciados de intervenções de Enfermagem, utilizando-se um termo do eixo Ação e um termo Alvo da CIPE®, que pode pertencer a qualquer um dos eixos, exceto do eixo Julgamento. Considerou-se, também, a norma ISO 18.104:2014, com um descritor para ação e pelo menos um descritor para alvo, exceto quando o alvo é o próprio sujeito do registro.(1313. International Oranization for Standardization (ISO). Health Informatics: Categorial tructures for representation of nursing diagnoses and nursing actions in terminological systems (ISO/FDIS 18104: 2014). Geneva: ISO; 2014. [cited 2018 May 28]. Available from: <http://www.iso.org/iso/iso_catalogue/catalogue_tc/catalogue_detail.htm?csnumber=59431. Acesso em novembro de 2015.
http://www.iso.org/iso/iso_catalogue/cat...
) Além do mapeamento cruzado com a CIPE®, versão 2015, fez-se uso de livros-guia de referência na área de úlcera venosa(44. O’Donnell TF, Passman MA, Marston WA, Ennis WJ, Dalsing M, Kistner RL, et al. Management of venous leg ulcers: Clinical practice guidelines of the Society for Vascular Surgery® and the American Venous Forum. J Vasc Surg. 2014;60(2):3S – 59S.) e de Enfermagem,(1515. Cubas MR, Nóbrega MM. Atenção Primária em Saúde: Diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem. Rio de Janeiro: Elsevier; 2015.,1616. Garcia TR, Cubas MR. Diagnósticos, intervenções e resultados de Enfermagem: subsídios para a sistematização da prática profissional. Rio de Janeiro: Elsevier; 2012.) além da experiência dos pesquisadores.

O subconjunto terminológico foi submetido à validação de conteúdo por consenso com juízes enfermeiros, tendo como critérios trabalhar em uma Unidade Básica de Saúde do Município de Vitória - ES e atender às pessoas com úlcera venosa. A escolha dos juízes enfermeiros deu-se por conveniência, por indicação dos pesquisadores e da enfermeira estomaterapeuta, referência em feridas, coordenadora do grupo de cuidados com a pele pela Prefeitura. Para essa etapa, foram convidados, via carta-convite, 13 enfermeiros, além da coordenadora do grupo de cuidados com a pele.

No início da reunião, fez-se uma orientação a respeito da pesquisa, da Teoria das Necessidades Humanas Básicas e da CIPE®. A seguir, foi entregue aos enfermeiros o subconjunto, um questionário para caracterização dos juízes e as definições operacionais dos diagnósticos, solicitando a leitura e que fossem assinaladas as concordâncias/discordâncias no subconjunto. Após isso, foram discutidos somente os itens onde havia discordância e, por consenso, tomadas as decisões de permanência, retirada ou reescrita do enunciado. Destaca-se que os enunciados foram considerados válidos na presença de 100% de consenso.

O tempo do encontro de validação foi de três horas e meia. Após esse momento, as alterações propostas foram redigidas pela pesquisadora, e socializadas com os participantes via correio eletrônico, que tiveram o tempo de sete dias para leitura e apontamentos quanto à redação.

Não havendo discordância, procedeu-se a reestruturação do subconjunto, seguindo as recomendações do CIE e orientação pelo referencial teórico das Necessidades Humanas Básicas.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo sob CAAE nº 61423516.7.0000.5060.

Resultados

Na revisão integrativa de literatura, foram encontrados 43 artigos na LILACS, 56 na MEDLINE e 01 na CINAHL, somando um total de 100 artigos. Destes, 06 foram excluídos por não terem o resumo disponível e 07 excluídos por estarem em repetição. Após leitura dos 87 resumos, 66 artigos foram excluídos seguindo os critérios de exclusão. Por fim, foram selecionados para leitura, na íntegra, 21 artigos (Figura 1).

Figura 1
Fluxograma PRISMA do processo de busca e seleção dos estudos incluídos na revisão integrativa

Desses artigos foram extraídas, manualmente, 88 evidências. Além do termo “úlcera venosa”, presente em todos os artigos, o mais citado foi “dor”, em 71,4% das publicações. Em seguida, os termos relacionados à insuficiência venosa com 66,6%; a redução da mobilidade funcional teve 61,9%; os termos “exsudato”; “infecção” e “isolamento social” com 52,3% cada; “odor” em 42,8%, “cicatrização”, “hiperglicemia” e “edema” em 38,9%; “repouso diminuído” e “diminuição da capacidade para o trabalho” em 33,3%; “necrose”, “recidiva”; “alterações no padrão de sono” e “baixa autoestima” citados em 28,5%. Outros termos tiveram 5 ou menos citações e, embora pouco citados, foram considerados para a criação dos diagnósticos.

Por meio do cruzamento das evidências extraídas com os termos constados no eixo foco da CIPE®, versão 2015, elaboraram-se 73 diagnósticos e resultados de enfermagem. Além disso, foram criados 23 novos diagnósticos e resultados de enfermagem, já que essas evidências não foram encontradas na CIPE®, versão 2015. Totalizando um número de 96 diagnósticos e resultados de enfermagem, quando, oportunamente, também foram estabelecidas as definições operacionais para cada diagnóstico.

A fim de facilitar o raciocínio clínico, os diagnósticos foram organizados dentro dos campos das Necessidades Humanas Básicas, descritas por Wanda Aguiar Horta e, para cada diagnóstico de enfermagem, foi elaborado um bloco de enunciados de intervenções de enfermagem, num total de 306, considerando o Modelo 7 Eixos da CIPE®, versão 2015.

Os enunciados foram submetidos à validação de conteúdo por consenso de 13 enfermeiros, sendo que 84 diagnósticos e resultados de enfermagem foram considerados válidos por 100% dos juízes. Dos 23 diagnósticos não constantes na CIPE®, 16 permaneceram inalterados, três foram excluídos e quatro sofreram alterações na redação do enunciado. Houve sugestões de alterações e ajustes em algumas intervenções. Assim, a configuração final do subconjunto está descrita no quadro 1.

Quadro 1
Subconjunto terminológico CIPE® para o cuidado à pessoa com úlcera venosa

A distribuição dos diagnósticos e das intervenções de enfermagem pelas necessidades humanas básicas podem ser observados no quadro 2.

Quadro 2
Distribuição dos diagnósticos e das intervenções pelas necessidades humanas básicas

Discussão

Diante da complexidade da assistência a pessoas com úlcera venosa, o enfermeiro deve contar com uma abordagem holística de modo a contemplar o indivíduo em sua plenitude, sobretudo por se tratar de um ser humano especificamente fragilizado, biopsicossocialmente impactado.(1717. Ferreira AM, Bogamil DD, Tormena PC. O enfermeiro e o tratamento de feridas: em busca da autonomiado cuidado. Arq Ciênc Saúde. 2008;15(3):103–5.) Fato que corrobora com a pertinência da escolha da Teoria das Necessidades Humanas Básicas, pois demonstra sua aplicabilidade para atender às necessidades dessa população e colabora com a organização dos diagnósticos de forma integral e abrangente.

As necessidades psicobiológicas apresentaram a maioria dos diagnósticos, com foco na integridade cutaneomucosa. Afinal, a úlcera venosa é comumente caracterizada por localizar-se na porção inferior da perna, de profundidade superficial ou espessura parcial, atingindo apenas a epiderme e a derme, com tecido de granulação em seu leito, de bordas irregulares e com exsudação de média a grande quantidade, de aspecto seroso ou serossanguinolento.(66. Torres SM, Monteiro VG, Salvetti MD, Melo GD, Torres GD, Maia EM. Sociodemographic, clinic and health characterization of people with venous ulcers attended at the family health strategy. Rev Pesqui Cuid Fundam Online. 2014;6(5):50.,1818. Budó ML, Durgante VL, Rizzatti SJ, Silva DC, Gewehr M, Farão EM. Úlcera venosa, índice tornozelo braço e dor nas pessoas com úlcera venosa em assistência no ambulatório de angiologia. Rev Enferm Centro-Oeste Min. 2015;5(3):1794–804.,1919. Oliveira BG, Nogueira GA, Carvalho MR, Abreu AM. Caracterização dos pacientes com úlcera venosa acompanhados no ambulatório de reparo de feridas. Rev Eletrônica Enferm. 2012;14(1):156–63.) Estima-se que por volta de 70% das úlceras venosas melhoradas sofrerão recidivas.(33. Araújo RO, Silva DC, Souto RQ, Pergola-Marconato AM, Fernandes Costa IK, Torres GV. Impacto de úlceras venosas na qualidade de vida de indivíduos atendidos na atenção primária. Aquichan. 2016;16(1):56–66.,2020. Sant’Ana SM, Nunes CA, Santos QR, Bachion MM, Malaquias SG, Oliveira BGRB. Úlceras venosas: caracterização clínica e tratamento em usuários atendidos em rede ambulatorial. Rev Bras Enferm. 2012;65(4):637–44.)

Sabe-se que a principal etiologia da úlcera venosa é a Insuficiência Venosa Crônica (IVC), sendo a mais prevalente das doenças venosas, afetando 2% da população ocidental.(2121. Weller C, Evans S. Venous leg ulcer management in general practice--practice nurses and evidence based guidelines. Aust Fam Physician. 2012;41(5):331–7.) Assim, na necessidade psicobiológica de regulação, observou-se que a estase venosa provocada pela IVC tem como consequência alterações cutâneas e na microcirculação, ocasionando edema, lipodermatoesclerose, veias varicosas, hiperpigmentação, eczema, dermatite e celulite ou erisipela, que culminarão na ulceração.(44. O’Donnell TF, Passman MA, Marston WA, Ennis WJ, Dalsing M, Kistner RL, et al. Management of venous leg ulcers: Clinical practice guidelines of the Society for Vascular Surgery® and the American Venous Forum. J Vasc Surg. 2014;60(2):3S – 59S.,55. Oliveira SB, Pires PS, Soares DA. Prevalência de úlceras venosas e fatores associados entre adultos de um centro de saúde de Vitória da Conquista, BA. Rev Pesqui Cuid Fundam Online. 2015;7(3):2659–69.)

Na necessidade psicobiológica de percepção, a dor é um sintoma bem frequente nas pessoas com úlcera venosa e a sua prevalência nessa população é de em torno de 80%.(1818. Budó ML, Durgante VL, Rizzatti SJ, Silva DC, Gewehr M, Farão EM. Úlcera venosa, índice tornozelo braço e dor nas pessoas com úlcera venosa em assistência no ambulatório de angiologia. Rev Enferm Centro-Oeste Min. 2015;5(3):1794–804.,2222. Silva DC, Torres GV, Budó ML, Schimith MD, Salvetti MG. Personal pain relief strategies used by venous ulcer patients. Rev Dor. 2015;16(2):86–9.,2323. Salvetti MG, Costa IK, Dantas DV, Freitas CC, Vasconcelos QL, Torres GV. Prevalência de dor e fatores associados em pacientes com úlcera venosa. Rev Dor. 2014;15(1):17–20.) Por ser crônica, está intimamente relacionada à diminuição da capacidade funcional e para o trabalho, distúrbios no padrão de sono, aumento no tempo de cicatrização da ferida e até o isolamento social, reduzindo significativamente a qualidade de vida dessas pessoas.(33. Araújo RO, Silva DC, Souto RQ, Pergola-Marconato AM, Fernandes Costa IK, Torres GV. Impacto de úlceras venosas na qualidade de vida de indivíduos atendidos na atenção primária. Aquichan. 2016;16(1):56–66.,1818. Budó ML, Durgante VL, Rizzatti SJ, Silva DC, Gewehr M, Farão EM. Úlcera venosa, índice tornozelo braço e dor nas pessoas com úlcera venosa em assistência no ambulatório de angiologia. Rev Enferm Centro-Oeste Min. 2015;5(3):1794–804.,2222. Silva DC, Torres GV, Budó ML, Schimith MD, Salvetti MG. Personal pain relief strategies used by venous ulcer patients. Rev Dor. 2015;16(2):86–9.)

Quanto às necessidades psicossociais, a presença da úlcera afeta a autoimagem corporal, a autoestima, o convívio social e familiar, a capacidade para o trabalho e para atividades diárias, causando prejuízos importantes para a pessoa acometida.(11. Green J, Jester R, McKinley R, Pooler A. The impact of chronic venous leg ulcers: a systematic review. J Wound Care. 2014;23(12):601–12.,2424. Dias TY, Costa IK, Melo MD, Torres SM, Maia EM, Torres GV. Avaliação da qualidade de vida de pacientes com e sem úlcera venosa. Rev Lat Am Enfermagem. 2014;22(4):576–81.)

Pode-se observar que a maioria das evidências se refere às necessidades psicobiológicas, com foco na lesão. Assim, caberá ao enfermeiro, no exercício do cuidado, utilizando-se da criticidade e da mediação através do diálogo com o paciente, tornar esse fio condutor de sua prática, que é o subconjunto, uma tecnologia dura, numa tecnologia leve, considerando a pessoa como o sujeito da aprendizagem para o seu autocuidado, compreendendo-o como sujeito histórico e autônomo.

A submissão dos diagnósticos de enfermagem à validação permite aperfeiçoar e legitimar a taxonomia, possibilitando a generalização e aumento da sua predição.(2525. Lopes MV, Silva VM, Araujo TL. Validação de diagnósticos de enfermagem: desafios e alternativas. Rev Bras Enferm. 2013;66(5):650-5.) Não foi definida pelo CIE uma proposta metodológica de validação para os subconjuntos.(1212. Carvalho CM, Cubas MR, Nóbrega MM. Método brasileiro para desenvolvimento de subconjuntos terminológicos da CIPE®: limites e potencialidades. Rev Bras Enferm. 2017;70(2):449–54.)

A validação por consenso permite uma exaurida discussão em um grupo potencial, aprofundamento do conhecimento a respeito e ampliação do uso da classificação.(2626. Azzolin K, Souza EN, Ruschel KB, Mussi CM, Lucena AF, Rabelo ER. Consensus on nursing diagnoses, interventions and outcomes for home care of patients with heart failure. Rev Gaúcha Enferm. 2012;33(4):56–63.) Pode ser observada a participação de todos os enfermeiros nas discussões quanto à permanência ou retirada de alguns diagnósticos e intervenções, como a mudança de redação de itens do subconjunto de forma adequar-se à prática profissional.

Acredita-se que o subconjunto CIPE® para pessoas com úlcera venosa, validado no presente estudo, pode qualificar a assistência de enfermagem a essas pessoas, já que, enquanto instrumento de documentação, apoia, melhora a prática clínica e facilita a incorporação da CIPE® na prática dos enfermeiros. Todavia, ressalta-se que os catálogos não substituem o juízo clínico do enfermeiro na tomada de decisão para o cuidado individualizado.(1212. Carvalho CM, Cubas MR, Nóbrega MM. Método brasileiro para desenvolvimento de subconjuntos terminológicos da CIPE®: limites e potencialidades. Rev Bras Enferm. 2017;70(2):449–54.)

Embora se mostre evidente a importância do subconjunto, alguns pontos devem ser considerados: o processo de validação ocorreu em um grupo pequeno e de população específica, fato que pode limitar a aplicabilidade deste em outros cenários. Contudo, as bases científicas para a sua construção emergiram de estudos e diretrizes clínicas nacionais e internacionais publicadas em periódicos indexados. Submeter o presente subconjunto a uma validação clínica e suas variáveis, assim como, uma validação externa que considere diversos cenários e extratos culturais pode melhorar sua sensibilidade e especificidade.

Conclusão

O estudo possibilitou o desenvolvimento e a validação de um subconjunto terminológico com 84 diagnósticos e resultados de enfermagem, e 306 intervenções para o cuidado a pessoa com úlcera venosa a partir da CIPE®, estruturado na Teoria das Necessidades Humanas Básicas. Essa teoria, além de servir de sustentáculo para a organização do subconjunto, ofertou aporte teórico-conceitual para a pesquisa. A CIPE® evidenciou-se como uma taxonomia compatível à clínica do enfermeiro, já que o seu vocabulário é usual na prática profissional. Foi perceptível a potencialidade dessa terminologia para a organização do processo de trabalho do enfermeiro, seja no âmbito ambulatorial ou hospitalar. Espera-se que o instrumento proposto seja objeto de outros estudos, a fim de incluí-lo na prática profissional de enfermeiros que cuidam de pessoas com úlcera venosa, sendo mecanismo para melhora da assistência prestada.

Referências

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Jun 2018

Histórico

  • Recebido
    29 Abr 2018
  • Aceito
    28 Maio 2018
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